Para compreendermos os benefícios (cientificamente comprovados) da drenagem linfática, temos de entender como funciona a nossa rede linfática (vasos e órgãos), localizada, na sua grande maioria, debaixo da pele, ou seja, superficialmente e, por isso, “acessível” à massagem manual específica que é a drenagem linfática. O sistema linfático é um importante aliado do nosso sistema imunitário, porque “filtra” e limpa o nosso corpo, eliminando microrganismos, toxinas e outras substâncias prejudiciais que transitoriamente surgem no sangue ou nos tecidos. Quem já não sentiu um gânglio inflamado na axila ou na virilha (“íngua”) depois de ter feito um corte/ferida ou simplesmente depois da depilação? Uma conjuntivite viral pode dar origem a uma inflamação de gânglios linfáticos junto à orelha! Quando os agentes patogénicos (vírus, bactérias) ganham acesso ao organismo humano, o sistema linfático responde de imediato para os conter e eliminar. É um sistema que nos ajuda a compensar alterações no equilíbrio do organismo – pós-operatório, traumatismo, inchaço depois de uma viagem ou durante o ciclo menstrual.
O objetivo da drenagem é eliminar esses líquidos que se acumulam entre as nossas células, especialmente nas pernas e no abdómen, que são as regiões mais fustigadas pela agitação do dia a dia. A drenagem linfática é uma massagem rítmica, suave, sem pressão (ao contrário do que muitos pensam) e, ao estimular o nosso sistema linfático, consegue aliviar o inchaço, a acumulação de líquidos, melhorando a oxigenação dos tecidos e desintoxicando as células. A drenagem linfática deve respeitar uma sequência específica: parte do centro para as extremidades, de proximal para distal. Inicia-se com a estimulação dos gânglios linfáticos que drenam a área que vai ser trabalhada, para os “esvaziar” do líquido que contêm e, assim, ficarem preparados para receber a linfa mobilizada pela drenagem realizada nessa região corporal. É como esvaziar um copo para voltar a enchê-lo novamente.
É um processo indolor, relaxante, com movimentos suaves, sem pressão, uma vez que a linfa corre à superfície, debaixo da pele. É diferente de uma massagem comum, que é mais intensa e trabalha em profundidade os nossos músculos.
O sistema linfático é um importante aliado do nosso sistema imunitário, porque “filtra” e limpa o nosso corpo
É um processo manual, adaptado à situação de cada um, muito benéfico no período pós-operatório de várias intervenções cirúrgicas, designadamente a lipoaspiração. A cirurgia acaba por lesar os vasos linfáticos da região operada e, através da drenagem, a linfa acumulada é redirecionada para outros locais, acelerando a recuperação.
Além dos benefícios mencionados, a drenagem linfática tem um efeito anticelulítico, porque, ao proporcionar a drenagem eficaz dos líquidos acumulados e das toxinas que intoxicam as nossas células (vida sedentária, falta de exercício, tabaco, álcool e má alimentação), vai melhorar a pele casca de laranja e reduzir a sensibilidade ou dor, associada à presença do edema.
Sintomas causados pela insuficiência venosa, como dor nas pernas, cansaço ou inchaço, podem ser aliviados pela drenagem linfática. As varizes são veias tortuosas, dilatadas e insuficientes que geralmente ocorrem na parte mais superficial da pele. A principal causa é de origem genética; nesses casos, existe uma forte pré-disposição para uma fraqueza estrutural na parede dos vasos (nas veias) que têm como função a condução do sangue no caminho de volta ao coração. Quando essas veias apresentam algum problema nas válvulas, que ajudam o sangue a fluir em direção ao coração, não funcionam corretamente, o sangue volta para trás e acumula-se, acabando por fazer inchar as veias.
As varizes acontecem com mais frequência nas mulheres, mas podem também aparecer nos homens, porque os fatores que influenciam a ocorrência das varizes são muitos, podendo ocorrer pelo facto de as pessoas ficarem muito tempo sentadas ou em pé, sem movimento.
Pessoas com problemas de varizes podem encontrar alívio na drenagem linfática, que facilita o retorno sanguíneo, já que estimula a circulação a fluir mais facilmente de volta ao coração, aliviando o desconforto/dor nas pernas e a sensação de as ter inchadas.
Pensando em problemas específicos do sexo feminino, outro importante benefício da drenagem linfática é o alívio da tensão pré-menstrual e, noutra fase da vida, o impacto benéfico da drenagem na menopausa. A tensão pré-menstrual corresponde a um conjunto de sintomas que ocorre até 15 dias antes da menstruação e cessa no início do fluxo menstrual (sendo que muitos estudos já comprovaram a existência dos sintomas dessa síndrome durante toda a menstruação e um pouco após o término também, ou seja, existem mulheres que têm de conviver com esses sintomas praticamente o mês inteiro). Entre os sintomas mais comuns estão a irritabilidade, alterações de humor, comportamento depressivo, fadiga, dor nas mamas e nas costas, inchaço na região abdominal e nas extremidades, insónia, aumento de peso temporário (podendo aumentar até 2 kg), enxaqueca, aumento do apetite, desaceleração do metabolismo. Estes sintomas são causados por um desequilíbrio hormonal entre estrogénios e progesterona, bom como alterações nas concentrações de endorfina e serotonina (que são as hormonas da felicidade e do prazer). E como a progesterona durante a tensão pré-menstrual fica presente numa quantidade maior do que o normal, acaba por causar uma flacidez na parede dos vasos sanguíneos que os torna “mais grossos”, mais flácidos e com mais dificuldade em transportar o sangue para o resto do corpo. Tudo isto leva a alterações negativas na circulação sanguínea, dificultando a distribuição de oxigénio para todo o corpo. Maior cansaço, mais sonolência. As próprias hormonas inibitórias da tensão pré-menstrual têm mais dificuldade em reverter a situação. Dessa forma, a drenagem linfática vai eliminar as toxinas que causam a irritação, diminuir a retenção de líquidos, ativar a circulação sanguínea, gerando uma sensação de bem-estar, conduzindo ao relaxamento do corpo e da mente e, por conseguinte, à diminuição dos sintomas. Muitas vezes, só o alívio da retenção de líquidos é o suficiente para que a mulher se sinta melhor, mais enérgica. O seu metabolismo recupera mais rápido desse estado de entorpecimento. A menopausa, por sua vez, é um evento comum a todas as mulheres e, em média, ocorre entre os 45 e os 55 anos. Os principais sintomas prendem-se com as mudanças corporais e emocionais. É notória a retenção de líquidos, daí o conhecido “inchaço na menopausa”, principalmente na região abdominal. O “inchaço na menopausa” normalmente resulta da redução dos níveis das hormonas femininas. A drenagem linfática volta a ter um papel primordial, uma vez que ajudará na diminuição do inchaço, através da eliminação de líquidos e toxinas, melhorando o aporte de oxigénio a todo o corpo, incluindo a pele. É um facto que, após drenagens regulares, a pele assume uma aparência mais saudável. Pelo facto de os músculos também receberem mais oxigénio, a mulher volta a sentir-se mais enérgica, menos cansada. Tudo isto acaba por ter um impacto psicológico muito positivo, melhorando o bem-estar e a saúde.
O período pós-parto é outro momento em que a drenagem pode fazer a diferença, melhorando a retenção dos líquidos num corpo que ainda se está a habituar à nova realidade.
É importante acrescentar que uma sessão não é suficiente para benefícios consistentes e a longo prazo. A drenagem linfática deve ser realizada com regularidade, sendo o ritmo imposto pelas caraterísticas e necessidades de cada um de nós.
