A planta de nome psychotria insularum, conhecida na Samoa como matalafi, é há muito usada na medicina tradicional pelos seus poderes curativos. Agora, um novo estudo revela que a planta tem de facto um poder anti-inflamatório tão eficaz como o do ibuprofeno, podendo ter ainda muitas outras utilizações. Pode vir a ser usada como tratamento na doença de Parkinson, diabetes, doenças cardiovasculares e em alguns tipos de cancro.
Tradicionalmente, a planta é usada por curandeiros para tratar a inflamação associada à febre, dores no corpo, infeções respiratórias, infeções cutâneas e mal-estar abdominal, entre outras condições. Mas descobriu-se agora que os seus usos podem ir mais além: de acordo com os autores do estudo, a planta pode ser usada no tratamento para o cancro, doenças neurodegenerativas, diabetes, doenças cardiovasculares e até contra a Covid-19. O estudo será publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America.
Os autores do estudo reconhecem que, apesar de as plantas medicinais terem contribuído largamente para a aprovação de compostos naturais como fármacos na medicina moderna, a medicina tradicional samoana é, em contraste, relativamente pouco estudada. Agora, as descobertas deste grupo de cientistas vêm confirmar a eficácia de uma planta há muito reconhecida pela medicina tradicional samoana.
Seeseei Molimau-Samasoni, autora do estudo, reconheceu que estava cética ao início, em particular porque “havia muita superstição em torno desta planta em particular, mesmo na medicina tradicional”, disse em declarações do jornal britânico The Guardian. “Mas eu estava interessada em saber se poderia dar algum mérito científico aos medicamentos tradicionais do povo samoano”, continua.
Molimau-Samasoni é neta de uma curandeira tradicional samoana, e aprendeu com a avó alguns métodos da medicina tradicional. As folhas são cortadas em pedaços para extrair um líquido que é administrado aos doentes. As folhas também podem ser esfregadas na pele, ou aplicadas em feridas para ajudar no processo de cicatrização, explica.
“Eu sei que muitas pessoas pensam que a medicina tradicional é apenas esmagar e misturar folhas, e que as pessoas recorrem a ela apenas pelo efeito placebo, mas é preciso não esquecer que a medicina tradicional tem dado contribuições significativas para o mundo dos medicamentos modernos, de que são exemplos as aspirinas”, afirma, defendendo ainda que a medicina tradicional e a medicina moderna podem ser usadas de modo complementar.
Os cientistas esperam ainda que, além dos potenciais usos para a planta matalafi, possam ser estudadas outras plantas medicinais e métodos da medicina tradicional samoana, que acreditam ter um grande potencial. A equipa já tem laboratórios dedicados ao estudo dos benefícios antimicrobianos e à atividade anti-diabetes e anti-cancerígena da medicina tradicional.