Estudos realizados no norte da Europa e em Israel, bem como dados da Autoridade de Saúde do Canadá, apontam para um risco acrescido em jovens com menos de 30 anos em desenvolver miocardites após a segunda dose das vacinas de mRNA. Suécia, Dinamarca e Finlândia suspenderam esta semana a inoculação dos grupos etários mais jovens com a vacina da Moderna, mas sublinham que a medida foi tomada como uma forma de “precaução”.
A Suécia foi a primeira a anunciar a suspensão da vacina Moderna até ao próximo dia 1 de dezembro para as pessoas com menos de 30 anos, perante o risco “muito pequeno” de miocardite e pericardite. “A ligação é especialmente evidente quando se trata da vacina da Moderna, Spikevax, particularmente após a segunda dose” declarou a agência de saúde pública sueca.
Apesar de ainda não ter detetado qualquer caso no país e de já usar preferencialmente a vacina da Pfizer para os jovens entre os 12 e os 17 anos de idade, a Direção Geral da Saúde da Dinamarca referiu “precaução” perante a decisão de suspender o uso da vacina da Moderna em indivíduos com menos de 18 anos.
Já o diretor do Instituto Nacional de Saúde da Finlândia (THL), Mika Salmien, referiu esta quarta feira que a vacina da Moderna apresenta um risco “ligeiramente” maior que outras vacinas no desenvolvimento de miocardite, segundo um estudo recente elaborado nos países nórdicos.
Os finlandeses chegaram à conclusão que “a maioria destas miocardites são leves e transitórias e curam-se, após alguns dias de acompanhamento, mas, mesmo assim, existe risco”. Mika Salminen referiu ainda que este risco é mais elevado em “homens jovens” depois de serem inoculados com a segunda dose.
A Noruega não foi tão drástica, mas Geir Bukholm, chefe do Controlo de Infecções do Instituto Norueguês de Saúde Pública aconselhou “os homens de 30 anos a considerar a escolha da Cominarty quando forem vacinados”. O país já recomendava esta vacina ao menores de idade.
Apesar de os estudos realizados no norte da Europa e de dados recentes da Autoridade de Saúde Canadiana apontarem a vacina da Moderna como a mais provável de provocar casos muito raros de miocardites, um estudo conduzido em Israel, publicado a 6 de outubro no New England Journal of Medicine, estimou que quase 11 em cada 100 mil homens entre os 16 e os 29 anos desenvolveram miocardite, inflamação do coração, três a cinco dias após terem sido totalmente vacinados com a vacina da Pfizer.
A maior incidência revelou-se em jovens entre os 16 e os 19 anos, mas, também segundo o estudo israelita, o risco absoluto ainda é muito pequeno, a condição temporária e as miocardites observadas foram leves ou moderadas.
Vacinar é sempre mais seguro
Ainda assim, o risco de miocardite parece ser mais elevado após uma infeção por SARS-CoV-2 do que devido à vacinação.
Segundo a agência de notícias Reuters, um porta-voz da Moderna afirmou, através de um e-mail, que “estes são normalmente casos leves e os indivíduos tendem a recuperar num curto período de tempo, após o tratamento padrão e repouso. O risco de miocardite é substancialmente acrescido para aqueles que contraem Covid-19, e a vacinação é a melhor forma de proteção contra tal”.
Com base nos dados disponíveis em junho, também os conselheiros dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos da América (CDC) votaram por unanimidade para recomendar a vacina, afirmando que os benefícios superavam em muito o risco.
Segundo o CDC, para cada milhão de vacinados com idades entre 12 e 17 anos, as vacinas podem causar no máximo 70 casos de miocardite, mas evitariam 5.700 infeções, 215 hospitalizações e duas mortes.