Apesar de, como já se sabe, a imunidade tender a descer após meses depois da vacinação contra a Covid-19, um novo estudo vem sugerir que o ritmo a que essa descida ocorre não é igual para todos.
O estudo, publicado esta semana no New England Journal of Medicine, contou com 4868 participantes – todos profissionais de saúde em Israel, vacinados com a vacina Pfizer BioNTech. Durante os seis meses que se seguiram à vacinação, os participantes foram observados e testados mensalmente para a presença de anticorpos, tendo em conta diferenças de sexo, idade e condições pré-existentes e a sua relação com a resposta imunitária.
De acordo com os resultados do estudo, os anticorpos decresceram rapidamente durante os primeiros 80 dias depois da segunda dose da vacina, seguindo-se uma descida mais lenta. Mas em ambos os períodos – no “pico” de imunidade, logo a seguir à segunda dose, e seis meses depois – os níveis de anticorpos eram mais altos nas mulheres do que nos homens.
O estudo concluiu também que os níveis de anticorpos eram mais baixos nas pessoas com 65 ou mais anos, em comparação com as pessoas entre os 18 e os 45 anos, e ainda nas pessoas imunodeprimidas. Estas faixas da população têm assim uma resposta imunitária menos robusta contra a Covid-19.
O estudo aponta também uma razão pela qual os casos de infeção em pessoas vacinadas são muito mais numerosos do que os em pessoas que recuperaram da doença: é que em pessoas que recuperaram da Covid-19, o nível de anticorpos “decresce de maneira modesta apenas oito a dez meses depois da infeção”, lê-se.
Estes dados foram apoiados por um outro estudo, realizado no Qatar e publicado na mesma revista científica, que confirmou igualmente que a proteção conferida pela vacina Pfizer desce ao longo do tempo. No entanto, como aponta Laith Abu-Raddad, co-autor do estudo, as vacinas continuam a ser eficazes a evitar hospitalizações e infeções graves. “Os dados são consistentes. A proteção contra hospitalização e morte é muito forte, e mais duradoura do que a proteção contra a infeção”.
Mesmo assim, descobertas como esta podem ser um incentivo à causa das vacinas de reforço – que já estão a ser administradas às pessoas de maior risco em vários países do mundo. De acordo com Gili Regev-Yochay, co-autora do estudo, os EUA, que para já restringiram a recomendação da terceira dose apenas a pessoas idosas e grupos vulneráveis, irão provavelmente seguir Israel na decisão de oferecer uma terceira dose a toda a população.
Em Portugal, a administração da terceira dose da vacina a pessoas com mais de 65 anos começa a partir da próxima semana.