Os fumadores correm um maior risco de ter Covid-19 e estados mais graves da doença, apresentando também uma maior probabilidade de hospitalização. Esta é a afirmação feita por um estudo conjunto das universidades de Oxford, Bristol e Nottingham, que apontam o tabagismo também como fator de maior risco para morrer após a infeção por SARS-CoV-2.
Publicado na revista científica Thorax, do BJM Group, o estudo dá conta que os atuais fumadores são 60% a 80% mais propensos a ser hospitalizados devido à Covid-19.
Para o estudo, a equipa liderada pela médica e investigadora Ashley Clift recorreu à análise de vários dados de 421 469 pessoas, recolhidos de janeiro a agosto de 2020. Entre as informações analisadas estavam resgistos de saúde, resultados de testes de deteção de Covid-19, dados de hospitalizações e atestados de óbito. Além disso, numa segunda parte da investigação, os cientistas recorreram à randomização Mendeliana de dados do UK Biobank, uma técnica que usa variantes genéticas no lugar de um fator de risco específico. Para este estudo, foram usadas variantes genéticas que ajudam a determinar se uma pessoa tem mais probabilidade de fumar.
Todos estes fatores ajudaram a identificar associações entre o tabagismo e a gravidade da Covid-19, uma vez que foi possível detetar que os fumadores apresentavam um risco até 80% maior de hospitalização do que aqueles que, à data, não fumavam. O risco de morte entre os fumadores mostrou-se também maior (cerca de 35%), conta o The Guardian, que revela ainda que a análise de randomização Mendeliana, apesar das suas limitações, ajudou a perceber que uma predisposição genética ao tabagismo está associada a um risco 45% maior de infeção. Já a predisposição ao fumo por parte dos chamados fumadores pesados (aqueles que, por norma, consomem 20 ou mais cigarros por dia) aumentou a probabilidade de infeção em 2,5 vezes, de hospitalização em cinco vezes e de morte por Covid-19 em dez vezes.