“Atingimos 86% de primeiras doses e 81,5% de vacinação completa”, começou por sublinhar o coordenador do grupo de trabalho da vacinação contra a covid-19, Henrique Gouveia e Melo, na reunião que juntou representantes políticos e especialistas em saúde pública no Infarmed, em Lisboa.
“Agora, com inteligência, temos de continuar, porque a guerra não acabou, mas a primeira batalha está ganha”, anunciou. O vice-almirante estima que Portugal atinja 85% da população com a vacinação completa no final de setembro, o mais tardar na primeira semana de outubro.
Gouveia e Melo estima que Portugal atinja 85% da população com a vacinação completa no final de setembro, o mais tardar na primeira semana de outubro
Atualmente, faltam vacinar cerca de 400 mil pessoas em território nacional, destas, 150 mil tiveram a doença há menos de três meses e ainda não podem ser inoculadas. “Estamos a falar de não atingirmos 2,5 a 3% da população elegível”, contabilizou o responsável pela task force.
Até agora, foram administradas em território continental 15 milhões de vacinas, mas o País mantém 1, 1 milhões de injeções de reserva, o suficiente para garantir doses adicionais acima dos 65 anos, “se for necessário”.
Até ao segundo trimestre, chegaram sempre menos vacinas do que aquelas que estavam contratualizadas, mas no terceiro trimestre deste ano houve um aumento significativo do número de encomendas, também “fruto do esforço do Ministério da Saúde junto dos nossos parceiros europeus”, especificou Gouveia e Melo. “Tudo isto conduziu-nos a um processo de vacinação que é um dos primeiros a nível mundial”, concluiu.
No quarto trimestre, prevê-se que cheguem vacinas em quantidade suficiente para cumprir as próximas metas do plano de vacinação e, até, “para eventuais alterações”, como a administração de doses adicionais ou de reforço.
Os próximos passos da task force
“Os cidadãos estrangeiros, contactáveis em território nacional, são cerca de 614 mil e já vacinámos mais de 437 mil”, afirmou o militar. Mesmo os grupos etários mais novos têm uma elevada percentagem de vacinação: foram administradas 87% primeiras doses dos 12 aos 19 anos. Se também forem considerados os jovens recuperados e infetados, que ainda não podem ser inoculados, significa que 94% desta faixa etária foi imunizada.
Também entre os 12 e os 17 anos 600 mil têm a vacinação iniciada e 56% já receberam a segunda dose. O grupo de trabalho tem a perspetiva de, no próximo fim de semana, concluir a vacinação de 85,6% desta faixa etária.
A partir da segunda semana de outubro, irá iniciar-se a vacinação contra a gripe, que deverá estar concluída na segunda quinzena de dezembro
O vice-almirante admite que, apesar de haver capacidade para inocular, “as pessoas é que não têm comparecido nesta fase final”, porque já se está a entrar “na faixa de quem não quer ser vacinado, que é muito baixa”. As ilhas e o Algarve são as regiões mais atrasadas na vacinação.
Gouveia e Melo mostrou alguns dados que comprovam como a incidência da infeção começou a baixar assim que 55% da população atingiu a vacinação completa e como voltou a haver uma queda abrupta dos contágios quando 70 a 75% das pessoas ficaram totalmente imunizadas. Por isso, o coordenador da task force acredita que “pode-se concluir que vai haver proteção de grupo e, eventualmente, imunidade de grupo, o que ainda tem de ser verificado, quando atingirmos 85% [da população com a vacinação finalizada]”.
O esforço de imunizar em massa terminará, em princípio, no dia 26 de setembro, mas continuarão a ser administradas segundas doses e algumas primeiras doses e os recuperados também serão inoculados.
A partir da segunda semana de outubro, irá iniciar-se a vacinação contra a gripe, que deverá estar concluída na segunda quinzena de dezembro, data a partir da qual, eventualmente, começará a ser dada uma dose adicional da vacina contra a covid-19 aos maiores de 65 anos, uma operação que deverá prolongar-se até meados de março.