Portugal deve reduzir progressivamente as restrições em vigor por causa da Covid-19 à medida que o Plano de Vacinação abrange mais pessoas. Este é o conselho dos especialistas para o Governo, transmitido, nesta terça-feira, no Infarmed, pela pneumologista Raquel Duarte, da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte e do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto.
A proposta dos peritos é a criação de um plano de alívio das restrições com quatro níveis – o primeiro onde o País se encontra agora e o último “pode implicar a imunidade de grupo”, que, segundo Raquel Duarte, estará agora avaliada acima dos 85% por causa da variante Delta (mais contagiosa). À medida que o País avança na escala, passa a ser possível estarem mais pessoas na mesma mesa num restaurante; os casamentos e batizados podem aumentar o número de convidados em relação à lotação do espaço e podem realizar-se eventos de dimensões maiores.
É, no entanto, aconselhada a manutenção do teletrabalho, sempre que possível, e os horários desencontrados nas escolas; fazer atividade ao ar livre em vez de em espaços fechados preferencialmente; manter a distância física na praia e no campismo, a máscara obrigatória em locais fechados e evitar todas as situações não controladas de aglomeração populacional.
E, seja em que nível for, há três expressões-chave a reter: ventilação; utilização do Certificado Digital Covid e autoavaliação de risco.
Ou seja, as medidas farmacológicas não devem ser abandonadas, para já. Mas a partir do nível 2, Raquel Duarte já admite que se anule a obrigatoriedade do uso de máscara ao ar livre.
Durante a sua apresentação, a especialista sublinhou ainda a importância da reavaliação constante e do controlo das fronteiras aéreas, marítimas e terrestres.
A curva epidemiológica portuguesa encontra-se “ligeiramente crescente a estável”, de acordo com André Peralta Santos, o diretor de serviços de informação e análise da Direção-Geral da Saúde, o primeiro orador da reunião no Infarmed.
Portugal apresenta uma incidência superior a 400 casos por cem mil habitantes a 14 dias, ou seja, uma média de três mil novas infeções, por dia, com focos mais preocupantes nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo, do Norte e do Algarve, segundo André Peralta Santos. No entanto, o especialista referiu que a “velocidade [dos novos casos] tem vindo a decrescer”. Sendo que a maioria dos contágios ainda se verifica entre os adultos jovens, com uma tendência para aumentarem entre a população mais vulnerável; refletindo-se esta circunstância nos internamentos e na mortalidade, que, apesar de atenuados com a progressão do plano de vacinação, subiram nos últimos tempos.