“Tivessemos nós começado a fazer isto em janeiro e poderíamos ter vacinado mais dezenas, talvez centenas de milhões de pessoas”, acredita Alex Tabarrok, economista na Universidade de George Mason, no estado americano da Virginia, citado na Nature.
Nos primeiros ensaios clínicos da vacina de mRNA da Moderna, foram testadas três doses: de 25, 100 e 250 microgramas. A dose mais alta mostrou ser tóxica, a mais baixa levou à resposta imunitária mais fraca e optou-se, então, pelos 100 microgramas, capazes de desencadear uma boa resposta imunitária com efeitos secundários aceitáveis. É esta a dosagem que está a ser usada, atualmente, em dezenas de países.
Mais tarde, os investigadores da Moderna concluíram que metade dessa dose parecia ter o mesmo efeito e, daí, passaram a testar se uma dose ainda inferior poderia conferir a proteção necessária em relação à infeção com o SARS-CoV-2 e a doença grave. Para isso, analisaram as amostras de sangue de 35 participantes no ensaio clínico original que tinham recebido 25 microgramas de cada vez, com 28 dias de intervalo. Seis meses depois da segunda vacina, quase todos apresentavam anticorpos neutralizantes. No estudo pré-publicado no início deste mês, lê-se que o sangue dos participantes continha também uma boa quantidade de tipos diferentes de células-T capazes de destruir céluas infetadas e outras células envolvidas na defesa imunitária. No geral, os níveis de anticorpos e células-T eram comparáveis aos detetados nas pessoas que já tinham recuperado da Covid-19.
“É bastante notável – e muito promissor – que se possa detetar respostas durante tanto tempo”, considera a imunologista Daniela Weiskopf, do Instituto para a Imunologia La Jolla, na Califórnia, co-autora do estudo, ainda a aguarda revisão pelos pares.
A Pfizer, cuja vacina também tem por base a tecnologia de mRNA, está também a comparar uma dose mais baixa com a atualmente usada, num estudo que está a decorrer na Bélgica.
A grande vantagem desta opção é óbvia: se de uma dose se tirarem quatro, a vacinação a nível global pode acelerar significativamente.