Quem tem um histórico familiar de demência tem, também, 72% mais probabilidade de vir a sofrer este transtorno, que provoca deterioração no desempenho cognitivo e comportamental, relativamente a pessoas que não têm qualquer ligação com a condição. Esta é a conclusão de um novo estudo, que acompanhou mais de 300 mil pessoas, que não tinham sinais de demência no início do estudo e que preencheram questionários sobre o historial familiar e o estilo de vida, durante cerca de oito anos.
A equipa, que falou sobre as conclusões do estudo numa conferência da American Heart Association, registou e analisou seis comportamentos dos voluntários, todos entre os 50 e os 73 anos: seguir uma dieta saudável, com muitas frutas e vegetais e menos carne processada, dormir entre seis e nove horas por noite, fazer 150 minutos semanais de atividade física moderada a intensa, manter um peso considerado saudável, consumir álcool de forma moderada e não fumar.
A partir da avaliação destes fatores, os investigadores deram conta de que, de todos os voluntários, com e sem histórico de demência na família, os que seguiram à risca os seis comportamentos reduziram o risco de virem a ter demência em 51%, relativamente aos participantes que não adotaram comportamentos tão saudáveis. Ainda em comparação com estes últimos, os participantes com histórico de demência na família e que seguiram à risca três dos seis comportamentos reduziram o risco de virem a ter esse transtorno em 25% a 35%.
A equipa registou, ainda, 1698 casos de demência no total de participantes, o que representa uma percentagem de 0,6% de todos os voluntários, e concluiu, também, que os que tinham histórico familiar desta doença têm, no geral, um risco 70% maior de demência, em comparação com os participantes sem familiares com esta condição.
Em Portugal, estima-se que existam cerca de 200 mil pessoas com demência e que esse número aumentará muito até 2050, chegando a mais de meio milhão de pessoas no País e a cerca de 135 milhões em todo o mundo. Pode haver, no entanto, formas de manter o cérebro ativo e diminuir o risco de demência, mesmo em pessoas com histórico familiar desta condição, sugere ainda a investigação, publicada na revista Circulation, se forem adotados certos comportamentos que incentivem um estilo de vida mais saudável e menos sedentário. “Temos reparado que essas atividades também podem reduzir o risco de declínio cognitivo e demência, e melhorar a saúde do cérebro”, referiu, na conferência, o presidente da American Heart Association, Mitchell Elkind.
Claro que o estudo tem limitações: os investigadores não conseguiram provar, por exemplo, que o estilo de vida pode provocar ou prevenir a demência, apenas que os dois estão relacionados, além de não terem realizado testes genéticos que confirmassem o histórico familiar de casos de demência, tendo em conta apenas as respostas aos questionários dos participantes do estudo.