O líder da equipa a atuar em Lisboa é o médico Jens-Peter Evers, do comando de emergência rápida médica. Numa entrevista ao jornal alemão Süddeutsche Zeitung, o militar mostrou-se impressionado com o trabalho dos profissionais de saúde portugueses e, também, com o facto de alguns deles trabalharem 120 horas por semana. “Há uma grande falta de pessoal”, afirmou.
A delegação que veio ajudar Portugal a combater a pandemia é composta por por oito médicos e 18 enfermeiros militares especializados em cuidados intensivos. Como os hospitais públicos da região de Lisboa e Vale do Tejo não tinham capacidade para criar uma nova unidade de cuidados intensivos, a ajuda alemã vai ficar concentrada no Hospital da Luz, em Lisboa. No entanto, apesar de esta ser uma unidade privada, os doentes tratados serão desviados dos hospitais públicos mais sobrecarregados.
Além dos recursos humanos, a ajuda de Berlim também inclui 40 ventiladores móveis e dez estacionários, 150 bombas de infusão e 150 camas hospitalares, este material será distribuído pelos hospitais do Estado com maiores carências destes meios.
Os 26 profissionais alemães terão ao seu cuidado oito doentes críticos. O porta-voz da missão, o tenente-coronel Kieron Kleinert, assegurou que a equipa terá capacidade para os tratar “24 horas por dia, sete dias por semana”, sublinhando que apenas vão cuidar de doentes com covid-19. As oito camas de intensivos estão individualizadas em boxes e, no meio da enfermaria, está o centro de monitorização dos doentes.
Questionado pelo Süddeutsche Zeitung por apenas cuidarem de oito doentes, quando estão mais de 800 pessoas em estado crítico internadas em Portugal, Jens-Peter Evers respondeu que “cada vida humana vale o esforço”. E afirmou não ter dúvidas de que a ajuda alemã “é urgentemente necessária”.
À agência Lusa, o porta-voz Kieron Kleinert explicou que nos últimos dias os profissionais de saúde alemães estiveram a “familiarizar-se e a aprender” os procedimentos, os protocolos e as diretrizes utilizados em Portugal, que têm diferenças face ao que é praticado na Alemanha, de forma “a evitar qualquer erro que possa vir a ser fatal”.
Kieron Kleinert referiu que a equipa “foi muito bem recebida e que tem tido todo o apoio e material necessários”, o que deixa estes profissionais “sensibilizados” e agradecidos pela forma como foram acolhidos e estão a ser tratados pelas autoridades portuguesas.
Também o médico Jens-Peter Evers se mostrou impressionado com a receção, contando à mesma publicação alemã que os condutores dos automóveis apitam quando os veem passar. E até o entregador de pizzas lhes agradeceu o seu trabalho. “Tenho muita experiência internacional, mas nunca me tinha acontecido nada assim”, garantiu.
A equipa alemã vai permanecer no país por um período de três semanas, estando prevista a sua substituição a cada 21 dias, até ao final de março, caso seja necessário. A eventual substituição desta equipa “vai depender do evoluir da situação pandémica”, mas também de uma decisão política.
Todos os profissionais alemães que se encontram atualmente em Portugal já receberam, pelo menos, a primeira dose da vacina contra o vírus SARS-CoV-2.
O coordenador geral da missão, o cirurgião geral Ulrich Baumgärtner, que regressou à Alemanha depois de trazer a equipa a Portugal, considera-a um “sinal de solidariedade europeia”.
Às três da tarde desta segunda-feira, 8, realiza-se uma conferência de imprensa com a presença dos profissionais de saúde alemães no Hospital da Luz, em Lisboa.
Ontem, Portugal registou 204 mortes relacionadas com a covid-19 e 3 508 novos casos de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS). Há um mês que o País não registava um número de novos casos abaixo dos quatro mil.
No domingo, estavam internadas 6 248 pessoas com a doença, mais 90 do que no sábado, das quais 865 em unidades de cuidados intensivos, menos 26.