Um mês depois do início do plano de vacinação contra a Covid-19 no nosso país, o seu responsável vem a público dar conta do ponto de situação, mostrando-se convicto que será possível cumprir o que está previsto até março. Mas reconheceu que há sempre “possíveis acidentes e incidentes” e outros fatores que não controlam: “o nosso principal obstáculo é o fornecimento de vacinas”, acabou por dizer Francisco Ramos.
Contas feitas, os dados disponíveis apontam para mais de 74 mil pessoas vacinadas em Portugal com a vacina da Pfizer e 5,4 mil com a da Moderna. Para tal, especificou, o País recebeu 377 770 doses da vacina da Pfizer e 8400 da vacina da Moderna.
“Está tudo a decorrer como previsto, mas há sempre fatores que não controlamos”, disse ainda Francisco Ramos, lembrando que as da Astrazeneca aguardam ainda aprovação – e que as das outras farmacêuticas ( Janssen e Sanofi) estão atrasadas.
Nada que tenha perturbado o plano até agora, sublinhou, antes de especificar: “a vacinação nos lares e unidades de cuidados continuados está praticamente concluída” – salve aqueles onde foram detetados surtos – e há também 57 500 profissionais de saúde do Serviço Nacional da Saúde com a vacinação completa e 16 mil que já tomaram a primeira dose.
Além destes, nos hospitais privados e misericórdias, 2 370 profissionais também iniciaram a vacinação, embora ainda nenhum a tenha completado e há ainda outras 12 mil pessoas com mais de 50 anos que já levaram a primeira toma – grupo que acaba de ser alargado, naquilo que o coordenador do plano considerou “a mais importante alteração ao plano”, que é incluir já também todas as pessoas com mais de 80 anos, “independentemente de qualquer comorbilidade ou patologia que tenham”.
Em relação às duas vacinas já aprovadas, Francisco Ramos fez saber que Portugal espera receber 1,5 milhões de doses no primeiro trimestre e cinco milhões no segundo. Amanhã deverá ser aprovada a vacina da AstraZeneca/Oxford, e Portugal espera receber mais de 6 milhões de doses desta multinacional farmacêutica, com a possibilidade de adquirir mais.
“Órgãos de soberania no plano era uma proposta antiga da DGS…”
Já sobre a integração dos títulares dos órgãos de soberania e proteção no dito plano, Francisco Ramos frisou que “era uma proposta antiga da DGS” e que “agora foi possível dar resposta por razões óbvias. São decisores com responsabili dades importantes para a nossa vida em comum”, assumindo ainda que serão, no total, cerca de mil pessoas.
Congratulando-se por haver apenas 0,65 por cento de reações adversas, “algo que está em linha com o que conhecemos do resto da Europa”, Francisco Ramos fez ainda questão de sublinhar que em marcha está a criação dos centros de vacinação – “com todas as cautelas para não provocar aglomerações de pessoas” – que deverão ocorrer nos centros de saúde, deixando para já as farmácias de fora.
Quanto aos alegados casos de tomas indevidas, Francisco Ramos recordou que está em curso já uma auditoria da inspeção geral das atividades em saúde para avaliar as situações. “Sanções para esses casos? Não nos compete a nós. A nossa função é criar os mecanismos para que o processo decorra da melhor forma possível.”