“A locomotiva das infeções não está nas escolas.” Henrique de Barros, epidemiologista do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, apresentou na reunião do Infarmed o tema “Risco, Prognóstico a Longo Prazo e Expetativas” e explicou que as escolas não são o problema. “As infeções não ocorrem nas escolas, mas fora delas”.
Dizendo que “não há uma resposta única” quando olhamos para o que se passa com os contágios por Covid-19 em cada faixa etária, o especialista em saúde pública mostrou que a epidemia “está com mais força” no grupo que vai dos 20 anos aos 49 anos. E que, mesmo neste grupo, “onde há muitos estudantes universitários”, os estudos indicam que “quem está na universidade infeta-se menos”.
Em relação à mobilidade, para as residências, trabalho, compras ou idas à farmácia, Henrique Barros frisa que “não há uma relação clara entre o número de casos e a mobilidade”, não querendo isto dizer que as medidas de restrição “não tenham efeito”. Até porque, sublinha, nos fins de semana em que houve confinamentos em vários concelhos houve “uma diminuição diária de 0,7%” no número de infetados.
Já no que diz respeito à doença, o perito revelou os resultados de um inquérito feito a 1 200 doentes que estiveram internados com Covid-19. Cerca de 25% a 30% mantiveram sintomas “para lá dos oito ou nove meses”, o que quer dizer, nota, que a “Covid se tornou numa doença crónica”, aconselhando que é necessário manter os infetados sob observação e acompanhamento.