O grande número de pessoas que começou a queixar-se de ter mais dores de cabeça ou enxaquecas devido ao uso prolongado da máscara ou viseira levou a Migra – Associação Portuguesa de Doentes com Enxaqueca e Cefaleias e a Sociedade Portuguesa de Cefaleias (SPC) a juntarem-se para promoverem um inquérito à população. “Recebemos testemunhos de doentes que viram agravar as suas crises nesta retoma ao trabalho e que aumentaram a frequência das mesmas, não as conseguindo controlar”, nota Madalena Plácido, presidente da Migra, e farmacêutica de profissão.
Não havendo estudos sobre o impacto da utilização de máscaras nas enxaquecas da população em geral, as duas instituições lançaram um inquérito no dia 12 de setembro com o objetivo de, depois de analisados os dados, ser feito um artigo científico. “Há estudos sobre o efeito nos profissionais de saúde, mas não na população e é isso que gostaríamos de saber”, diz Raquel Gil-Gouveia, neurologista especialista em cefaleias que vai, em parceria com outro neurologista, estudar as respostas, e membro da direção da SPC.
A médica explica que há dois fatores a ter em conta: a pressão contínua que os elásticos ou a armação das viseiras fazem na cabeça (como a que os elásticos dos óculos fazem aos nadadores) e o tempo de uso que pode provocar dores de cabeça. “Pensa-se que tem a ver com o facto de a nossa respiração ficar acumulada, porque, embora não haja falta de oxigénio a entrar, quando temos a máscara colocada há restos de expiração que ficam e que voltamos a inspirar, mas não há certezas”, explica.
Faça pausas regulares para tirar a máscara, beber água e comer
Madalena Plácido diz que a desidratação e o jejum prolongado também podem ter efeito nas cefaleias. “Há tendência para não se tirar a máscara para beber água ou fazer um pequeno lanche como habitual”. Por isso, a Migra recomenda que se façam pausas no horário de trabalho, sempre de forma segura, para tirar a máscara durante uns minutos, beber água e comer.
O inquérito, que se pretende seja respondido por, “pelo menos três mil pessoas, para ter alguma representatividade”, segundo a neurologista, pode ser respondido por quem tem ou não dores de cabeça ou enxaquecas. “Aliás, é mesmo esse o objetivo, para que tenhamos elementos de comparação.