Basta uma picada no dedo para ficar a saber se esteve em contacto com o SARS-CoV-2, mas é preciso interpretar com cautela o resultado deste teste serológico, que dá uma resposta ao fim de dez minutos.
Introduzido no mercado nacional pela start-up portuguesa Healthyfi, foi desenvolvido pela britânica SureScreen Diagnostics – e já está a ser usado num hospital público londrino.
Enquanto os testes de diagnóstico (como os PCR) detetam a carga viral existente na amostra analisada, os testes serológicos são sensíveis aos anticorpos específicos da infeção por SARS-CoV-2, ou seja, este teste está vocacionado para avaliar se a pessoa rastreada tem defesas contra o vírus – e não para diagnosticar a doença.
Os testes serológicos são sensíveis aos anticorpos específicos da infeção por SARS-CoV-2.
Ao detetar as imunoglobulinas, os anticorpos que fazem parte do nosso organismo, o teste permite saber se houve algum tipo de contacto com o vírus. Depois de uma picada no dedo, semelhante à dos testes à glicemia, o sangue é colocado numa tira e interage com os anticorpos que se ligam aos biomarcadores específicos da Covid-19, a imunoglobulina G (IgG) e a imunoglobulina M (IgM). A IgM é a primeira a ser produzida e pode ser indiciadora de uma infeção em estado inicial. Já a IgG surge numa fase mais tardia da infeção.
Além do sangue, o teste também é sensível a amostras de soro ou plasma.
Se apenas for visível a linha de controlo na tira, o resultado para a presença de anticorpos é negativo. Caso seja visível a linha correspondente a uma ou a ambas as imunoglobulinas, o resultado é positivo. Se só for identificável a linha correspondente à IgM, tal pode significar que a pessoa foi infetada há pouco tempo e até pode estar assintomática.
O expectável será quem tem suspeitas de ter a doença ser encaminhado pelos serviços de saúde para, eventualmente, realizar um teste de diagnóstico PCR, mas tal não invalida que a infeção possa ser descoberta com um teste serológico.
“Nunca se pode ficar totalmente descansado quando o resultado é negativo porque depende muito do momento em que se faz o teste. Se eu for infetado hoje, é natural que amanhã o teste não detete anticorpos nenhuns”, sublinha João Morais, sócio da Healthyfi, uma vez que as defesas só surgem, habitualmente, sete ou mais dias após a infeção.
Não estando indicado para o diagnóstico da doença, o teste da SureScreen Diagnostics revela se se esteve em contacto com o vírus, mas não diz há quanto tempo terá sido a infeção, ela pode até estar numa fase inicial ou pode já nem estar ativa.
Os testes da SureScreen Diagnostics serão realizados nas farmácias, sem necessidade de receita médica, de forma a garantir que são respeitadas todas as condições de segurança necessárias para garantir um resultado fiável. O preço ronda os €30.