O estudo, realizado por especialistas da University College London, no Reino Unido, e publicado no Journals of Gerontology, revela que é possível prevenir o declínio da visão à medida que se envelhece, olhando apenas uns minutos para uma luz vermelha profunda.
Se os resultados revelarem desenvolvimentos em estudos futuros, e forem aprovados pela FDA, o organismo americano responsável pelos medicamentos, a luz vermelha poderá revelar-se uma terapia de fácil acesso para muitas pessoas. Os fenómenos naturais que ocorrem durante o envelhecimento e que diminuem a sensibilidade dos olhos à luz, ou até mesmo a capacidade de distinguir cores, podem ser controlados através deste novo processo.
Segundo Glen Jeffery, professor de neurociência do Instituto de Oftalmologia da University College, em Londres, citado pela CNN, “a retina envelhece mais rápido do que qualquer outro órgão do corpo”. Acrescenta, ainda, que o processo pode ser eficaz porque a luz estimula a saúde das mitocôndrias, essenciais para produzir energia e potenciar o funcionamento celular. Devido ao facto de as mitocôndrias estarem envolvidas num leque de doenças, este novo estudo poderá ajudar, também, a desenvolver novos tratamentos para doenças como o Parkinson e a diabetes.
Os resultados do estudo
Para estudar este novo conceito, os pesquisadores recrutaram 12 homens e 12 mulheres, numa faixa etária entre os 28 e os 72 anos, e que não sofriam de qualquer tipo de doença ocular. Cada um dos participantes recebeu uma lanterna que emitia uma luz vermelha com um comprimento de onda de 670 nanómetros, e foi-lhes pedido que todos os dias fitassem a luz por 3 minutos durante 15 dias.
O teste concluiu que houve uma melhoria de cerca de 14% em todos os participantes relativamente à capacidade de ver as cores. Nos voluntários acima dos 40 anos, as melhorias revelaram-se muito mais significativas, isto porque se verificou um aumento de 20% na habilidade de detetar cores. Já no que concerne à capacidade de visão em ambientes pouco iluminados, os participantes com menos de 40 anos também revelaram algumas melhorias.
Segundo o Centro para Controle e Prevenção de Doenças, nos EUA, adultos acima dos 40 anos apresentam maior risco de contrair doenças oculares, como é o caso das cataratas e retinopatia diabética. Estas doenças podem, também, ocorrer nos jovens e têm tendência a piorar com a idade. Ainda que possam ser tratadas na fase inicial, as doenças podem começar a aparecer muito antes dos primeiros sintomas.
A utilização da luz infravermelha é segura?
Um estudo de 2015, realizado em ratos e moscas, demonstrou que a luz infravermelha pode, de facto, estimular a produção de energia, bem como melhorar a mobilidade e prolongar a saúde da retina.
Quanto à aplicação da luz vermelha nos olhos dos seres humanos, os cientistas acreditam que não existe qualquer tipo de impacto negativo. Já os ponteiros a laser, cuja venda nos EUA é aprovada pela Agência Food and Drug (FDA), danificam de forma severa a retina e, por isso, não devem ser apontados diretamente para os olhos. Segundo Raj Maturi, professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Indiana, nos EUA, “a segurança das luzes vermelhas já foi estabelecida há muito tempo”, sendo que “seria um caminho muito fácil para a aprovação do FDA”, acrescenta, citado pela CNN.
Embora as luzes vermelhas não sejam prejudiciais, os cientistas acreditam que ainda há um longo caminho a percorrer no que concerne à avaliação da sua utilidade. Para tal, é necessário continuar a investir em estudos para chegar a resultados mais conclusivos acerca da sua utilização.