Normalmente, uma vacina demora anos até chegar ao mercado. Mas perante uma pandemia como esta, universidades, farmacêuticas e governos em vários pontos do globo estão numa verdadeira corrida contra o tempo. O objetivo é conseguir uma vacina o mais cedo possível, contrariando as primeiras estimativas que apontavam para 2021. Agora, há quem garanta que pode haver uma saída para esta crise já no outono. A aposta é do governo britânico, que acaba de anunciar um investimento de mais 84 milhões de libras. Qualquer coisa como 94 milhões de euros para os estudos e ensaios necessários que permitam cumprir essa meta.
A intenção é, assumidamente, acelerar a pesquisa que está a ser desenvolvida na Universidade de Oxford e no Imperial College de Londres e disponibilizar 30 milhões de doses no Reino Unido logo no início de setembro, anunciou o secretário de negócios Alok Sharma. Durante o briefing diário, Sharma fez saber que, em Oxford, “os ensaios clínicos estão a progredir bem”. E também que o Imperial College pretende iniciar o mesmo procedimento em meados de junho.
Em nome da esperança
Com mais esta massa de capital, o investimento do Reino Unido soma já mais de 250 milhões nesta meta. Tal como os britânicos, uma série de outros estados estão também a gastar enormes quantias que permitam encontrar forma de imunizar as populações. Ao todo, mais de 90 concorrem para apresentar a solução há tanto esperada. Persistem, no entanto, muitas dúvidas. Primeiro, porque há casos em que tal não foi possível – por exemplo, contra o VIH. Agora, há também quem alerte que, no fim, até se pode descobrir a fórmula, mas poderá estar disponível apenas para alguns.
Sharma, o secretário de negócios britânico, também reconheceu que pode ser um esforço em vão. Mas insistiu que estão a ser feitas todas as diligências. Ou seja, já há seis medicamentos em testes clínicos iniciais – que seguirão para ensaios em larga escala se os resultados forem positivos.
Foi ainda acelerada a construção de um centro de fabrico de vacinas em Oxfordshire. A ser inaugurado daqui a um ano, espera-se que tenha potencial para produzir doses suficientes para toda a população do Reino Unido. Mas o acordo assinado entre Oxford e a farmacêutica AstraZeneca estima que avancem já este ano cerca de 30 milhões das eventuais 100 milhões de doses necessárias.
E há razões para se estar assim tão otimista? “É claro que não há certezas. Apesar dos esforços incansáveis dos nossos cientistas, é possível que nunca se encontre uma vacina verdadeiramente eficaz. Mas temos esperança”, sublinhou ainda o responsável. “Afinal, estamos a trabalhar com dois dos líderes mundiais em desenvolvimento de vacinas.”