Com a descoberta deste anticorpo que poderá impedir o novo coronavírus de infetar as células humanas, dá-se mais um passo no desenvolvimento de pesquisas inovadoras que conduzam a novos tratamentos. E também, espera-se, à tão ansiada vacina que ponha fim à pandemia.
Segundo um estudo publicado esta segunda-feira, 4, na revista Nature Communications, o anticorpo agora descoberto tem a capacidade de impedir um vírus da família SARS de infetar células humanas. Daí os especialistas terem uma grande esperança que o seu comportamento seja semelhante no caso do novo coronavírus. É que a testar uma coleção daqueles anticorpos em células humanas cultivadas, a pesquisa apurou que se ligam a uma parte muito específica. Uma ligação que está presente tanto no já mais conhecido SARS como no recente SARS-CoV-2.
“Trata-se de um anticorpo que tem assim potencial para alterar o curso da doença no hospedeiro infetado. Ou apoiando a eliminação do vírus. Ou protegendo alguém não contaminado que seja exposto ao vírus”, sublinhou Berend-Jan Bosch, cientista da Universidade de Utrecht, na Holanda, e coautor do estudo. “Estamos por muito esperançosos no potencial de mitigação de doenças causadas por coronavírus como o que enfrentamos agora”, salientou ainda aquele cientista, citado pelo Eurek Alert, o sistema de comunição da Associação Americana para o Desenvolvimento da Ciência.
“Pesquisa totalmente inovadora”
Apesar de extremamente cauteloso na apreciação da descoberta, Frank Grosveld, investigador do Centro Médico Erasmus, em Roterdão e também autor do estudo, notou ainda que o anticorpo usado é “totalmente humano”, ao contrário de outros anticorpos terapêuticos convencionais. Em regra, estes últimos são desenvolvidos primeiro em outras espécies e só depois são submetidos a um trabalho adicional para serem “humanizados”.
Agora é preciso, claro avaliar se o anticorpo tem o mesmo comportamento em humanos – em vez de ser só em células humanas cultivas. “É uma pesquisa totalmente inovadora”, anunciou ainda Jingsong Wang, CEO da Harbor BioMed, que é também parceira da investigação. “Esperamos agora avançar por esse caminho”.