“Este ventilador compreende os quatro modos de ventilação mais usados do ponto de vista de cuidados intensivos e já o fizemos a pensar na comunidade médica e também na parte da sustentação do Serviço Nacional de Saúde”, avançou o tenente Tiago Lança, que faz parte da equipa que criou o projeto.
Em declarações aos jornalistas, na Base Naval de Lisboa, em Almada, no distrito de Setúbal, o responsável indicou que a Marinha “não irá produzir o ventilador”, mas está a fazer a parte conceptual para “abrir o leque às indústrias parceiras da Marinha ou empresas que estejam interessadas em desenvolvê-lo”.
Foram quatro militares da Célula de Experimentação Operacional de Veículos Não-Tripulados que tiveram a ideia de desenvolver este protótipo de um ventilador mecânico de baixo custo que ajude no combate à pandemia da covid-19.
O projeto foi desenvolvido em três semanas e, segundo Tiago lança, a próxima “batalha” será “atingir níveis de fiabilidade e fazer a certificação” para que possa vir a ser “produzido em massa”.
“Neste momento estamos a finalizar a parte eletromecânica e do desenho do interface que ainda está a ser programada. A nossa ideia é colocarmos o protótipo numa versão final nas próximas duas ou três semanas para iniciar o processo de certificação”, adiantou.
Segundo o responsável, o equipamento produzido teve um custo de cerca de 1.500 euros, mas “para poder escalar há mais alguns custos”.
Para os militares, este projeto foi um “desafio” porque costumam desenvolver outro tipo de engenharias, mas já estão a conseguir frutos porque tem havido “muito interesse por parte dos parceiros da Marinha”.
O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, visitou hoje a Base Naval de Lisboa para ver o centro de acolhimento para doentes de covid-19, mas ficou também a conhecer o novo projeto, que considerou “um trabalho notável de inovação”.
“Temos aqui um exemplo excelente de inovação das Forças Armadas, que têm de se adaptar em qualquer situação de conflito e perante o inesperado. Tivemos uma situação muito inesperada e verificámos que as Forças Armadas souberam adaptar-se e estão a criar as circunstâncias para responder da melhor maneira”, apontou.
No entanto, o ministro não conseguiu precisar se o equipamento poderá ser produzido em Portugal porque ainda “está no processo de certificação” e não se sabe “qual é a possibilidade de fabrico” destes ventiladores em larga escala.
A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 172.500 mortos e infetou mais de 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Mais de 558 mil doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 762 pessoas das 21.379 registadas como infetadas, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
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