“Não podemos aguardar muito tempo, compreendemos que há dificuldades no mercado, mas o risco tem de ser minimizado para todos.” As palavras são de Acácio Pereira, presidente do Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, que mostra a sua “estupefação e preocupação” pelo envio de funcionários do SEF para as nove fronteiras terrestres sem máscaras, luvas e gel desinfectante. Segundo conta à VISÃO, há locais onde os agentes “não têm nada, outros onde há luvas e gel e outros em que há tudo”.
“Nós queremos obviamente garantir a seguranças das pessoas e dos inspetores”, diz.
A partir do momento em que o Governo voltou a controlar as fronteiras com Espanha (só podem passar transportes de mercadorias e trabalhadores transfronteiriços) que os elementos desta polícia criminal foram deslocados, em turnos de oito horas, para os nove pontos de passagem: Valença, Vilaverde, Quintanilha, Vilar Formoso, Termas de Monfortinho, Marvão, Caia, Vilaverde de Ficalho e Vila Real de Santo António.
Em comunicado, este sindicato “exige à Direção Nacional do SEF e ao Ministério da Administração Interna que forneçam esses equipamentos e produtos quanto antes, sob risco de se perderem as condições mínimas indispensáveis para que os inspetores possam cumprir as suas missões”. E prosseguem, mostrando “preocupação” por ainda não terem sido tomadas medidas para proteção destes profissionais, “ao não disponibilizar equipamento de proteção individual e soluções alcoólicas anti-sépticas”.
Renato Mendonça, presidente do Sindicato dos Inspetores e Investigação do SEF, relata à VISÃO que há “inspetores a comprar o seu próprio material de proteção”, como luvas, máscaras e gel, porque não foram distribuídos. Mas há, também, aqueles que não o conseguem fazer e estão nos postos fronteiriços “sem nada”. O sindicato já alertou o gabinete do ministro da Administração Interna e nota que o problema não é de agora. Aliás, Renato Mendonça mostra-se muito apreensivo com a situação nos aeroportos. “Os aviões continuam a chegar e a partir como se não estivesse a acontecer uma desgraça”, protesta. Refere que as proteções dos agentes do SEF nos aeroportos são mínimas, “quase não há gel e os agentes têm de mexer em documentos de milhares de pessoas, as luvas são de um tipo de latex (poroso) que não é próprio para esta situação e as máscaras estão a ser reutilizadas constantemente”. O dirigente diz-se inquieto com o que se passa e com a falta de medidas num local onde se “juntam cinco mil pessoas de manhã e outros milhares ao longo do dia”.