Foi quando estava a verificar os resultados de outro grupo de cientistas, com quem a sua equipa estava a colaborar, que Yuheng Luo, um estudante de pós-graduação da Universidade do Havai em Manoa, percebeu que consoante o sistema operativo usado no computador (Mac OS, Windows ou Linux), os resultados variavam. O problema é que os dados analisados estão na base de um estudo sobre a inibição do crescimento de células cancerígenas com produtos cianobacteriais. E este estudo, por sua vez, serviu de base a mais de 100 outros.
A falha foi detetada num programa informático usado na espectroscopia por ressonância magnética nuclear, mais conhecida como espectroscopia por RMN.
“Ficámos surpreendidos com a descoberta, uma vez que os resultados deviam depender unicamente da química e não do sistema operativo do computador”, comenta o professor que estava a orientar Yuheng Luo, Rui Sun. “Começámos a comparar resultados obtidos através de diferentes sistemas operativos para encontrar a fonte dos erros e descobrimos que há uma falha no código que compromete os resultados dos cálculos nalguns sistemas operativos”, explica.
Como a maioria dos investigadores não menciona o tipo de sistema operativo usado, “não há uma maneira fácil de saber se os seus resultados foram afetados por esta falha”.
“Esta simples falha no script original põe em causa as conclusões de um número significativo de estudos sobre um leque alargado de assuntos e de uma forma que não pode ser resolvida facilmente porque o sistema operativo é raramente mencionado”, lê-se no estudo publicado na semana passada no Organic Letters, juntamente com uma nova versão, sem falhas, do código. “Os autores que usaram estes scripts devem voltar a verificar os seus resultados e todas as conclusões relevantes usando os scripts modificados”.
O código defeituoso foi publicado em 2014 e o seu autor principal, Patrick Willoughby, já veio dizer, em declarações à Motherboard, que o novo estudo é “um belo exemplo da ciência a trabalhar para melhorar o trabalho” que publicou. “Eles prestaram um tremendo serviço à comunidade ao descobrirem isto.”
Sun, por seu lado, elogia a “elegância” desse grupo de autores liderados por Willoughby, que o encorajou a publicar os resultados da sua descoberta