Conduzido por especialistas do King’s College de Londres, um novo estudo vem agora reforçar as evidências crescentes de que a aspirina não deve ser usada para prevenção primária – mas a situação é completamente diferente no caso de pessoas com histórico de doenças cardíacas.
“A prescrição deve sempre ser feita por um médico, porque os riscos e os benefícios não são iguais para todos”, salienta João Morais, diretor do Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar de Leiria e presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, deixando ainda outro conselho :“Quem está a tomar, porque já teve eventos, por favor não páre de o fazer sem questionar o seu médico.” É que nestes casos o benefício supera o risco.
Os dados agora revelados tinham já sido alvo de grande debate no mais recente congresso de europeu da especialidade: o risco de grandes hemorragias internas supera significativamente o benefício da aspirina entre aqueles sem história de doença cardíaca.
A aspirina, que é um anticoagulante, há décadas que é prescrito a pessoas com doenças cardíacas, para prevenir infartes do miocárdio e derrames. Mas, nos últimos tempos, tornou-se moda entre pessoas saudáveis tomarem-na como se fosse um seguro contra problemas cardíacos. É entre estas que o risco se sobrepõe a qualquer benefício, avisa agora este estudo que avaliou dados de 160 mil pessoas.“Não há, efetivamente, qualquer razão para se tomar aspirina quando se é saudável. As pessoas devem compreender que a toma de um medicamento nunca é inócua, envolve sempre riscos”, insiste João Morais