Se é apreciador de vinho, deve esquecer todas as regras que aprendeu sobre ele, diz um grupo de investigadores da Michigan State University, que defende a prevalência do palato individual sobre toda e qualquer regra predeterminada sobre o consumo de vinho.
Por outras palavras, existem quatro categorias de apreciadores de vinho – ou “vinótipo”, como aparece no estudo – onde um indivíduo se pode situar, e é o palato de cada um que o define.
As quatro categorias são as seguintes, numa escala da mais para a menos “esquisita” com aquilo que bebe:
DOCE
Os mais sensíveis dos quatro. Tendem a ser muito exigentes nos vinhos que escolhem – assim como em várias coisas na vida, diz o estudo.
Preferem vinhos doces, frutados e delicados, de baixo teor alcoólico. Existe uma maior prevalência de mulheres neste vinótipo, cerca de 70% do grupo. Tendem a gostar de sangria e preferem vinho branco a vinho tinto.
HIPERSENSÍVEL
Semelhantes aos “Doces”, mas com uma mente mais aberta para experimentar novos vinhos fora da “zona de conforto”.
Tal como no vinho que bebem, são sensorialmente sensíveis a várias coisas ao seu redor – desde o volume da televisão que teima em estar sempre alto demais, até ao tipo de almofada com que dormem.
Preferem vinhos suaves, secos, leves e equilibrados.
SENSÍVEL
É o grupo com que mais pessoas se identificam. As pessoas desta categoria são as mais aventureiras e prestam-se a experimentar uma grande variedade de vinhos sem medos.
No que toca a vinhos, são flexíveis, aventureiras e adaptam-se facilmente a vários tipos e marcas. Preferem vinhos secos e de sabor complexo, que podem ir dos delicados a outros mais robustos.
Tendem a ser pessoas de espírito livre e menos rígidas no quotidiano.
TOLERANTE
Os “snobs” do mundo dos vinhos. Se é daqueles que exigem sabores fortes e complexos do seu vinho e não tolera quem bebe vinhos “fraquinhos” – ou mesmo café – este é o grupo em que se insere.
Gostam de vinhos ousados, intensos, encorpados e com mais álcool, e especialmente se forem tintos.
Tendem a ser pessoas decididas, dotadas de um pensamento mais linear.
O estudo envolveu um grupo de jovens adultos. Os investigadores estudaram os seus padrões e preferências alimentares, tanto em comidas como em bebidas., assim como traços da sua personalidade.
Os participantes foram ainda convidados a participar numa receção onde provaram vários snacks e vinhos, tanto individualmente como em conjunto.
Os dados obtidos permitiram aos investigadores correlacionar os padrões alimentares, os gostos e alguns traços pessoais dos indivíduos com os tipos de vinho que preferiam. Os investigadores conseguiram mesmo prever as preferências de vinho dos participantes com base nos dados recolhidos acerca dos seus hábitos alimentares, de bebida e pessoais.
Se prefere vinho branco com pratos de carne em vez do “recomendado” tinto, não se acanhe. Afinal “o palato é que manda”, defende o ex-chef e autor do estudo Carl Borchgrevink.
Devemos guiar-nos sempre pelas nossas preferências, defende o autor, “e não pela ideia de outra pessoa sobre qual o vinho que devemos beber com a comida”.
Quando chega a altura de ir jantar fora, livre-se dos preconceitos e peça o que gosta. Não se deixe influenciar nem pelos enólogos, recomenda o autor. “Eles não devem tentar intimidá-lo a comprar um determinado vinho. Em vez disso, devem perguntar por aquilo que gosta”.
A teoria original por detrás deste estudo foi desenvolvida pelo chef e especialista em vinhos Tim Hanni, que defende que as preferências individuais de vinho são moldadas pela genética e pelo ambiente em que cada um se insere, e que podem mudar com o tempo.