Este número da VISÃO História debruça-se sobre um dos temas mais chocantes da História do século XX, se não da História em geral: os campos de concentração criados pelo regime nacional-socialista (vulgo nazi) e o trabalho forçado, levado a cabo dentro e fora deles, entre 1933 e 1945, tanto na Alemanha como nos territórios por ela ocupados.
Trata-se de uma edição com caraterísticas diferentes, pois foi feita em parceria com um grupo de investigadores do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, que desenvolveram um projeto de investigação sobre os portugueses sujeito a trabalhos forçados durante o período referido. A equipa foi coordenada por Fernando Rosas e dela fazem parte António Carvalho, António Muñoz, Ansgar Schaefer, Cláudia Ninhos e Cristina Clímaco.
Sumário
Cronologia: os anos do nazismo
O Reich dos 12 anos
Segundo os seus mentores, o regime nazi que governou a Alemanha de 1933 a 1945 estava destinado a durar mil anos. Falhou por… 988 – mas mesmo assim foi a forma de governo de um país dito «civilizado» que pior recordação deixou na memória universal
A teia concentracionária
Uma rede de mais de 40 mil campos, das mais variadas dimensões, estendeu a sua malha sobre o Reich alemão e os territórios ocupados entre 1933 e 1945. O número consensual de 6 milhões de vítimas das «fábricas da morte» refere-se ao Holocausto dos judeus, podendo a totalidade ser pelo menos três vezes superior a essa cifra
Mapa: campos de concentração na ‘Grande Alemanha’
A economia do III Reich e o trabalho forçado
Sem o recurso ao trabalho forçado, em condições de escravatura sub-humanas, a Alemanha não teria conseguido suportar o esforço de guerra
Portugueses em França: entre emigração e exílio
Em 1939 havia em França cerca de 30 mil portugueses. Desses, uns foram internados em campos de trabalho após a invasão alemã; outros corresponderam ao apelo de contribuir para o esforço de guerra do III Reich
Refugiados da Guerra Civil de Espanha
Muitos portugueses ex-combatentes antifranquistas seguiram a rota do exílio para França, acabando internados em campos de concentração, alistados sob a bandeira francesa e aprisionados pelos alemães
Pedro Baptista da Rocha: uma vida movimentada
Foi militante comunista em Portugal, combateu em Espanha, esteve internado em França, trabalhou na Alemanha, caiu no laço da PIDE, viveu no Congo francês e no Brasil e tentou ajudar os movimentos de libertação africanos
Angariação e recrutamento: braços para trabalhar
Muitos portugueses deixaram-se seduzir pelos argumentos dos engajadores alemães, apesar da tentativa em contrário dos consulados
A Organização Todt
Os espiões ingleses chamaram-lhe «o programa de construções mais impressionante desde o tempo dos Romanos». Alguns portugueses trabalharam nela
Os portugueses da refinaria de Wesseling
Um grupo de cinco trabalhou na grande refinaria HUK, que em 1944 seria arrasada pelos bombardeamentos dos Aliados
Prisioneiros de guerra: de soldados a escravos
Dois milhões de prisioneiros de guerra trabalharam na Alemanha. Muitos eram portugueses capturados sob a bandeira francesa
Deportados de França
Cerca de 165 mil pessoas foram enviadas para os campos de concentração e para as prisões do III Reich. Aproximadamente 70 eram portugueses
Judeus ‘portugueses’ nas câmaras de gás
Descendentes dos hebreus expulsos no século XVI, foi-lhes restituída a nacionalidade lusa no século XX
Duas famílias portuguesas na Resistência
Os Santos Viana e os Azevedo Neves tiveram vidas trágicas e movimentadas, combatendo contra o ocupante alemão da França
No inferno de Mauthausen
Três portugueses fizeram parte do recheio humano do sinistro ‘Comboio dos 927’, que os levou de Angoulême para as pedreiras onde encontram a tortura e a morte
O grupo do ‘comboio fantasma’
Dez portugueses seguiram na composição que, em 1944, demorou quase dois meses a percorrer o trajeto entre Bordéus e o campo de concentração de Dachau. Um terço dos presos não sobreviveu à viagem
Inácio Anta: escravo científico do Reich
Dotado para a matemática, as circunstâncias políticas do seu tempo traçaram-lhe o destino: trabalhou, contra a sua vontade, na investigação sobre as famosas ‘armas secretas’ do III Reich. Morreu em Sachsenhausen
José Nunes Pinto: o costureiro do ‘Stalag’
Quando foi preso pelos alemães, o português passou a fazer vestidos para as mulheres dos oficiais do campo
Émile Henry: ir ao inferno e voltar para ser feliz
Aqui conta-se a história do francês nascido em Moçambique que passou por Buchenwald e sobreviveu para contar tudo num livro do qual a polícia política de Salazar não gostou
A longa luta pela memória
À guerra propriamente dita seguiu-se a guerra dos ex-trabalhadores forçados pela conquista do reconhecimento dos seus direitos a compensações