Se o aquecimento global não ultrapassar a meta dos 1,5 ºC, cumprindo-se assim o Acordo de Paris, ainda é possível salvar a grande barreira de coral australiana, diz um estudo publicado na revista Current Biology e levado a cabo pelo Australian Research Council’s Centre of Excellence for Coral Reef Studies.
De acordo com a investigação, apesar do otimismo que o cumprimento do Acordo de Paris possa trazer, a verdade é que, desde 1998, apenas 2% do maior sistema de recife do coral do mundo não perdeu a sua cor – o branqueamento é uma resposta ao stress por parte dos corais sobreaquecidos, fenómeno que ocorre devido à subida da temperatura do mar e à acidificação das águas.
Diz o estudo que até as partes mais remotas da Grande Barreira de Corais da Austrália estão agora brancas, e que o efeito é tão denso que não tem dado tempo aos corais de se recuperarem – o estudo encontrou uma ligação entre a resposta à subida de temperatura e o quão recente foi o último branqueamento sofrido.
A poluição também tem sido apontada como um dos fatores para a grande barreira de coral australiana estar em risco. Um conjunto de cientistas de vários países alertou que o oceano não deve continuar a ser ignorado na luta contra as alterações climáticas.
A investigação salienta ainda que 80% dos corais perderam a cor em 2016, 2017 e 2020 – outros dois episódios de branqueamento já tinham ocorrido em anos anteriores – e que, por isso, são necessárias medidas mais imediatas. Durante a COP26, um grupo de mais de cem países comprometeu-se a reduzir as emissões de metano, mas a Austrália decidiu ficar de fora.
As previsões até agora feitas não são animadoras quanto à subida da temperatura global e ao cumprimento da redução das emissões carbónicas. Nas estimativas mais otimistas, se todas as promessas feitas até agora (incluindo as da COP26) fossem cumpridas, a atmosfera aqueceria 1,8 ºC a 1,9 ºC.