Em 2007, arrancou em Sydney a primeira Hora do Planeta, uma iniciativa simbólica da WWF, em que a associação de conservação da Natureza pedia aos australianos para desligarem as luzes durante uma hora. No ano seguinte, 2008, o movimento alastrou a grande parte do mundo, incluindo Portugal. Este ano, é suposto apagarmos as luzes e desligarmos os aparelhos eletrónicos entre as 20h30 e as 21h30 de sábado, 27.
“Nestes 14 anos, a Hora do Planeta tornou-se um movimento global que chega a mais de 7 mil cidades em 188 países e territórios, a milhões e milhões de pessoas”, diz Ângela Morgado, diretora-executiva da Associação Natureza Portugal, que trabalha diretamente com a WWF (sob a sigla ANP/WWF).
O que começou por ser um símbolo, transformou-se com o tempo “numa plataforma de ação contra as alterações climáticas e a favor de uma Natureza positiva”, continua a ativista. “Queremos desafiar as pessoas para compromissos ambientais no seu dia a dia, convidá-las a alterar comportamentos. Habitualmente, a iniciativa é acompanhada de concertos, caminhadas, debates e tertúlias. O ano passado, pelas razões que todos conhecemos, foi digital pela primeira vez, o que se repete este ano.
O que não muda é o movimento ser temático. Este ano, a Hora do Planeta tem, além das omnipresentes alterações climáticas, a água como segundo tema. “Vamos debater o tema da escassez hídrica, [lembrar] que é preciso gerir a água de forma sustentável”, continua Ângela Morgado. “A água é central em Portugal. Vamos ser muito atingidos pela escassez hídrica”, devido às alterações climáticas.
7 pecados do PRR
A representante da ANP/WWF aproveitou ainda para avisar que a recuperação económica pós-pandemia não pode ser semelhante à que se seguiu à crise de 2008/2009, quando a sustentabilidade se ficou pelas boas intenções. “Este Plano de Recuperação e Resiliência [PRR] tem de ser uma coisa muito séria. Não pode ter investimentos contrários ao permitido pelo Pacto Ecológico Europeu, que é uma bandeira de uma nova economia.”
Até ver, os augúrios não são os melhores, lamenta, destacando os “sete pecados mortais” do PRR: “A barragem do Pisão, a ausência de propostas de investimento na economia do mar e nas pescas, o elevado investimento em rodovias, o facto de o plano ser omisso na questão dos empregos verdes, algo que o Pacto Ecológico Europeu frisa muito bem, a inclusão de mineração em mar profundo e a pouca documentação disponibilizada para os diversos investimentos para compreender o seu impacto na redução da pegada ecológica.”
Ângela Morgado recorda que o PRR começou bem, frisando que António Costa e Silva chegou mesmo a reunir com as organizações do Ambiente. Mas entretanto fez uma viragem errada. “Está a ter um caminho muito mau e a ir contra as regras da Comissão Europeia. A Comissão Europeia não deixa fazer investimentos em barragens e rodovias. Não podemos continuar a fazer o mesmo e esperar resultados diferentes. Este plano não pode continuar assim.”
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