Há cada vez menos dúvidas que o mundo vai falhar o objetivo de manter a temperatura abaixo de níveis catastróficos. De acordo com o relatório anual Índice de Desempenho das Alterações Climáticas (CCPI, na sigla original), tornado público esta segunda-feira, 7, todos os 57 países (mais a União Europeia como um todo) analisados, que emitem 90% dos gases com efeitos de estufa de origem humana, estão a desrespeitar as medidas de descarbonização necessárias para cumprir o Acordo de Paris.
O acordo, de 2015, pretendia limitar o crescimento da temperatura média global a 2ºC acima da era pré-industrial, o que está dependente de medidas de redução de emissões por parte dos mais de 200 países que o assinaram. Pelos sinais dados até agora, essa meta está fora de alcance, e o compromisso mais ambicioso de Paris – os países apostarem em medidas que garantam um aumento máximo de 1,5ºC – é já pouco mais que uma miragem.
Os autores do Índice 2021 (um trabalho conjunto de várias organizações não-governamentais de ambiente, que mede o progresso e a transparência das políticas climáticas) asseguram ainda que nenhum país está a fazer o suficiente para atingir a classificação “muito alta”, pelo que deixaram os três lugares do pódio em branco. É por isso que a Suécia, o mais bem posicionado, surge apenas no quarto lugar (que já ocupava o ano passado), seguida pelo Reino Unido e pela Dinamarca.
Portugal ocupa a 17ª posição, tendo subido oito lugares em relação ao relatório anterior e voltando à posição em que se encontrava no Índice 2019.
A prestação de Portugal, no entanto, não é homogénea, quando se analisam os diferentes setores do Índice. Na tabela de emissões de gases com efeito de estufa, o País encontra-se exatamente a meio da tabela (31º em 61 posições). Nas energias renováveis, é 24º, e com uma tendência de melhoria “baixa”. No consumo energético, desce à 37ª posição. Por outro lado, no que respeita às políticas climáticas, está no 6º lugar (ou seja, há apenas dois países melhores, atendendo a que as três posições cimeiras estão desocupadas).
Em último lugar do Índice estão os EUA (“ultrapassando” a Arábia Saudita), que, por ordem de Donald Trump, abandonaram o Acordo de Paris. O presidente eleito, Joe Biden, já avisou que o país vai voltar a aderir ao compromisso, assinado por Obama.
O relatório sublinha que, apesar de tudo, há razões para otimismo para o pós-pandemia. Os autores avaliaram as medidas de recuperação económica da lista de países e concluíram que as políticas de recuperação económica de baixo carbono suplantam as de alto carbono.