Como é que vamos conseguir dar de comer aos dez mil milhões de pessoas que deverão habitar na Terra em 2050?
O consumo de peixe tem vindo a subir constantemente. No último relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), revelado na semana passada, aponta-se para um consumo anual per capita a ultrapassar os 20 quilos – o dobro do valor nos anos 60 do século passado. Ou seja, o crescimento na procura de peixe ultrapassa muito o aumento demográfico. O primeiro tem vindo a crescer a uma taxa de 3,2% ao ano, desde 1961, enquanto a população segue a um ritmo de 1,6% ao ano.
Vários fenómenos concorrem para isto. O peixe é um animal rico em vitamina A, D e B, minerais, proteínas e, no caso dos peixes de profundidade como o salmão e o atum, uma excelente fonte de ácidos gordos essenciais, como o ómega 3, que o nosso organismo não consegue sintetizar. É, por isso, obrigatório numa dieta equilibrada. Com o crescimento da classe média no continente asiático, há cada vez mais gente a procurar esta proteína de qualidade, que já representa 17% da consumida a nível mundial. A ajudar, há a má fama que vem agarrada à carne vermelha e aos enchidos, que tem desviado os consumidores. Mas como é que vamos conseguir dar de comer aos dez mil milhões de pessoas que deverão habitar na Terra em 2050?
Um estudo feito ao longo de 15 anos sobre a evolução das pescas a nível mundial, entre 1950 e 2010, revela dados “alarmantes”, classifica um grupo de cientistas num artigo publicado na revista Nature, no mês passado. No documento The Sea Around Us (“o mar à nossa volta”) diz-se que a captura de peixe tem vindo a decrescer à razão de 1,22 milhões de toneladas por ano, desde 1996 – o ano recorde no que toca às pescas. Esta avaliação é bastante mais drástica do que a feita pela FAO, que para o mesmo período aponta uma diminuição de 0,38 milhões de toneladas ao ano. Só a aquacultura tem permitido sustentar os níveis de consumo.
Sobre-exploração dos oceanos coloca em risco a sustentabilidade do planeta
Um estudo feito ao longo de 15 anos sobre a evolução das pescas a nível mundial, entre 1950 e 2010, revela dados “alarmantes”, classifica um grupo de cientistas num artigo publicado na revista Nature, no mês passado. No documento The Sea Around Us (“o mar à nossa volta”) diz-se que a captura de peixe tem vindo a decrescer à razão de 1,22 milhões de toneladas por ano, desde 1996 – o ano recorde no que toca às pescas. Esta avaliação é bastante mais drástica do que a feita pela FAO, que para o mesmo período aponta uma diminuição de 0,38 milhões de toneladas ao ano
Já nos resta pouco
Quase um terço dos oceanos está sobre-explorado, ou seja, a captura de peixe é superior à capacidade de reposição natural dos stocks de pesca