Os pequenos eletrodomésticos de cozinha e casa-de-banho (tais como torradeiras ou secadores de cabelo) representam a maioria dos aparelhos eléctricos e eletrónicos descartados (quase 60%) em 2014. Outros dispositivos como os telemóveis, os computadores pessoais e as impressoras representam 7% do volume de e-waste gerado o ano passado.
E esta quantidade vai continuar a crescer, segundo o The Global E-waste Monitor 2014: Quantities, Flows and Resources, onde se prevê que o lixo eletrónico atinja os 49,8 milhões de toneladas em 2018. “A rápida inovação tecnológica e produtos com um tempo de vida cada vez mais curto, estão entre os fatores que contribuem para o aumento da quantidade de lixo eletrónico”, pode ler-se no relatório.
O lixo eletrónico constitui um valioso reservatório potencial de materiais recicláveis, especialmente metais (tais como o ferro, cobre, o alumínio) e metais preciosos (como o ouro e prata, por exemplo). Mas também é lixo tóxico, com substâncias perigosas que precisam de especial cuidado, tais como o mercúrio, o crómio e o cádmio.
Os países industrializados têm sido responsáveis pela maior parte do lixo eletrónico produzido no Mundo. Sendo que maior parte do lixo eletrónico foi gerado na Ásia: 16 milhões de toneladas em 2014, ou que corresponde a 3,7 kg por cada habitante. A maior quantidade de lixo eletrónico por habitante foi gerado na Europa (15,6 kg). Mas de acordo com o relatório, apenas dois países – Estados Unidos e China – geraram quase um terço de todo o lixo eletrónico mundial. Mas a realidade está a começar a mudar, com outros países a contribuírem cada vez mais para a ‘montanha’ de lixo eletrónico do mundo. A América Latina, por exemplo, contribuiu com cerca de 3,95 milhões de toneladas no ano passado.
Apesar de nos países em vias de desenvolvimento o e-waste também estar a aumentar, estes dispõem de menores recursos para resolver este problema ambiental. Até aqui o modelo de tratamento deste tipo de lixo implicava o envio do mesmo dos países que mais o geravam para os restantes (que acabam também por sofrer as nefastas consequências ambientais dos componentes tóxicos do e-waste).
Agora, o think thank da Universidade das Nações Unidas (UNU) propõe um novo modelo global de partilha de responsabilidades, baseado num processo de reciclagem faseado, mais acessível e mais verde, para os países em desenvolvimento. A ideia é que os aparelhos sejam desmantelados nestes países e que os materiais perigosos daí resultantes sejam posteriormente tratados nos países de mais recursos. O conceito foi desenvolvido pelas instituições envolvidas no programa Solving the E-waste Problem (StEP) Initiative coordenado pela UNU.