Falar de fotografia subaquática é, para mim, um maravilhoso mundo novo. Um dos projetos que me conduziu à expedição M@rBis 2013, no Algarve, foi precisamente poder fotografar e registar as espécies recolhidas pelas equipas de biólogos durante as operações de mergulho. Se leram com atenção notaram a primeira incongruência, na verdade as minhas fotografias são produzidas no convés do navio de treino de mar Creoula. É minha intenção pura e simplesmente, extrair toda a beleza dos pormenores macro das espécies recolhidas, muitas vezes quase impossíveis de fotografar durante uma imersão.
Humildemente constatei que fotografias subaquáticas impossíveis não há, tal como para mim não é de todo impossível congelar um qualquer momento de competição automóvel. Quer seja num troço do Rali de Monte Carlo, num salto do rali dos Mil Lagos ou ainda no topo de uma duna do deserto africano. Quando recebemos Athila Bertoncini a bordo eu já eu era seu fã. As suas fotografias subaquáticas povoam as minhas memórias. Criámos de imediato uma grande empatia. Iríamos partilhar temas comuns: fotografia, biodiversidade e sobretudo o fascínio pelo mar.
Quando comecei a mergulhar, o prazer que esta atividade me proporcionou provocou uma alienação das artes fotográficas, deixei-me absorver pelo mar de forma egoísta, sem querer fotografar ou partilhar, apenas pela explosão de vida e pelo privilégio de poder penetrar num maravilhoso mundo novo.
Sempre entendi que, para se fotografar é fundamentar conhecer em profundidade os temas, caso contrário habilitamo-nos a produzir apenas fotos bonitinhas mas que não nos transmitem muito da sua essência. Dezasseis anos depois de ter começado a mergulhar, mais sete dias de convivência com biólogos marinhos e cientistas e um dia depois de ter conhecido aquele que é, indubitavelmente, uma referência da fotografia subaquática mundial, reconheço que, tal como Ivan Lins escreveu, começar de novo são as palavras de ordem! Tendo um mestre e campeão brasileiro de fotografia subaquática a bordo é a fórmula perfeita para perceber como dominar este tema.
Cinco séculos depois dos marinheiros portugueses terem chegado ao Brasil, a inversão dos fatores faz girar o mundo. Athila Bertoncini está em Portugal para descobrir, fotografar e registar as espécies e os ambientes submarinos do Algarve. Mas não está só. Maira Borgonha acompanha-o e ocupa-se das filmagens. O mar uniu-os pelos projetos profissionais conjuntos, mas sobretudo pela paixão sobre biodiversidade. Um casamento perfeito onde ambos sabem amar os oceanos.
Athila tem um bacharelado em oceanografia e cedo se especializou numa espécie muito peculiar, os meros – coordena um estudo sobre estes peixes no Brasil. Também nesse âmbito, se apaixonou pelos Açores, onde em 1998 estudou a reprodução da espécie durante três meses. Foi em 2003 que fez as suas primeiras experiências de fotografia subaquática de forma mais séria. O rico conhecimento da biodiversidade marinha e o gosto pela fotografia fundiram-se, permitindo-lhe com esta ferramenta registar as espécies que ia estudando.
Vários são os projetos com os quais Athila está envolvido. São várias as edições publicadas e colabora regularmente com a revista mergulho no Brasil. Dedicou-se de corpo e alma ao mergulho científico. Participou na campanha M@rBis, em 2012, que decorreu ao largo das Berlengas e comparou-a à reserva biológica Marinha do Arvoredo em Santa Catarina, no Brasil. Ostenta o título de campeão brasileiro de fotoSub onde cilindrou a concorrência em três dos cinco temas.
No Algarve, tem a oportunidade de conhecer os fundos marinhos a que a campanha M@rbis se dedica este ano. Considera ser uma surpresa super agradável esta descoberta. As espécies diferentes e a importância do projeto de alargamento da plataforma cativam Athila, que promete dar o seu melhor para registar fotográficamente toda a surpreendente beleza subaquática portuguesa.
Para mim é fácil avaliar o trabalho que já vi…simply the best!
Vídeo por: Maira Borgonha