“Fiquei de boca aberta”, declarou à Lusa o presidente da Câmara de Sever do Vouga, Manuel Silva Soares, quando foi confrontado com o número exato dos sobreiros que se preveem abater com a obra de implementação do aproveitamento hidroelétrico de Ribeiradio-Ermida, e cuja primeira pedra foi lançada no Governo de José Sócrates.
O Governo aprovou segunda-feira a declaração de “imprescindível utilidade pública” da obra de implementação do aproveitamento hidroelétrico de Ribeiradio-Ermida, em construção no rio Vouga, que permite o abate de cerca de 3.200 sobreiros.
O despacho dos secretários de Estado da Energia e das Florestas e Desenvolvimento Rural foi publicado segunda-feira no Diário da República, em resposta ao pedido da Greenvouga, a empresa concessionária do empreendimento.
O autarca de Oliveira de Frades, Luís Vasconcelos, adiantou à Lusa, por seu turno, que “não conhecia os números exatos de sobreiros a abater”.
“Foi-me dito na altura que a EDP, como contrapartida, ia fazer uma replantação de árvores”, acrescentou o autarca, indicando que aquela obra estava prevista “há mais de 70 anos” e que se prevê que termine “entre 2014 e 2015”.
O autarca de Sever do Vouga admitiu ainda que seria “natural” que aparecesse “um ou outro sobreiro” entre as manchas de pinheiros e eucaliptos e carvalhos que existem no seu concelho, mas acrescentou que a maior parte dos sobreiros deveria estar no concelho de Oliveira de Frades.
O autarca de Oliveira de Frades, em declarações por telefone à Lusa, adiantou, todavia que “a maioria dos sobreiros” não estaria no seu concelho.
A obra foi lançada há cerca de três anos — em 2009 – com a presença no então primeiro-ministro, José Sócrates, e o presidente da EDP, António Mexia.
No documento publicado em Diário da República é declarada a “imprescindível utilidade pública” do empreendimento, que viabiliza o abate de 832 sobreiros adultos e 2.350 jovens em cerca de 11 hectares de pequenos núcleos daquela espécie com valor ecológico elevado, na zona abrangida pela obra, entre Sever do Vouga e Oliveira de Frades.
No despacho, o Governo tem em consideração o “relevante interesse público, económico e social da obra, bem como a sua sustentabilidade”.
De acordo com a EDP, o aproveitamento hidroelétrico de Ribeiradio-Ermida deve entrar em serviço no primeiro trimestre de 2014 e servirá cerca de 45 mil habitantes.
O projeto pressupõe a existência de duas barragens, a de Ribeiradio e a de Ermida, que envolvem um investimento de mais de 170 milhões de euros.