Manter a sustentabilidade financeira no futuro, criando novas razões para os visitantes regressarem, é a principal razão da expansão do Oceanário de Lisboa, classificado como Imóvel de Interesse Municipal. Com a abertura do novo Edifício do Mar (3 300 m2 de área na fachada sul), assinado pelo arquiteto português Pedro Campos Costa, o Oceanário reforça a sua grande prioridade conservação da natureza alertando as pessoas para as espécies em vias de extinção com a exposição temporária protagonizada por tartarugas marinhas, inaugurada no passado dia 7 de abril.
“A expansão já estava prevista na altura da Expo’98, mas este projeto específico não”, conta João Falcato, administrador do Oceanário. Desde o ano 2000 que a ideia foi sendo amadurecida e para tal também pediram a opinião do arquiteto americano Peter Chermayeff, autor do projeto principal do Oceanário. Este investimento de 4,8 milhões de euros contempla o novo edifício, que apenas toca na estrutura principal num único ponto; as bilheteiras; o Auditório do Mar da Palha, com 125 lugares; o restaurante Tejo tudo isto a pensar nos 952 mil visitantes (dados de 2010), dos quais 70% são estrangeiros, captando 35% do total de turistas que visita Lisboa.
Em cima da mesa esteve um conjunto de premissas: escolher um animal emblemático que atraísse adultos e crianças. Porque não as tartarugas marinhas dando continuidade à iniciativa que o Oceanário financia desde 2007 projeto “Proteção e gestão integrada de tartarugas marinhas em Cabo Verde” e o Programa SADA em S. Tomé e Príncipe, coordenados pela Universidade do Algarve; mudança de localização das bilheteiras, criando uma nova receção e uma entrada mais fácil, com melhor acesso aos elevadores; redução do percurso até à exposição principal; aumento do conforto das famílias, com um espaço de refeições e um auditório em anfiteatro, o qual, brevemente, contará com uma peça de teatro infantil, a cargo de Ana Rangel da produtora Plano 6.
É no restaurante Tejo, concessionado à Cerger, que os visitantes terão o contacto mais direto com a fachada dupla em cerâmica (a qual arrefece o edifício) da responsabilidade do ateliê de cerâmica de Toni Cumella Vendrell, responsável pelo restauro do Parc Guëll, de Antoni Gaudi, em Barcelona e galardoado com o Prémio Nacional de Artesanato em Espanha. As 4 mil peças de cerâmica, em três tons de branco, foram concebidas à semelhança de “escamas”, existindo uma faixa de 800 peças abertas, localizadas variavelmente e que funcionam como diafragma de luz entre o interior e o exterior.
No restaurante, com as mesas redondas, também impera o branco. Refeições luminosas e relaxadas, das 10 às 19 horas, com uma oferta muito variada e atenta às necessidades das crianças (26% dos visitantes são menores de 13 anos). Da ementa fazem parte: sopa (€1,30), hambúrguer (€8), massas feitas na hora, após a escolha dos ingredientes (€6,50), saladas (€6,50), pratos do dia (€6), snacks. Na zona de esplanadas térreas mantêm-se outros espaços de restauração: restaurante Água e Sal, Magnólia Caffé, Il Caffè di Roma e Loja Olá.
Na loja de merchandising, situada no corredor de acesso à exposição principal, há T-shirt’s, peluches, puzzles, malas (Telabags), porta-chaves, postais, ímanes… tudo alusivo às tartarugas marinhas.
VISITA GUIADA
Depois de a Sétima Arte as ter “animado” em Tartarugas Ninja, À Procura de Nemo, ou recentemente, As Aventuras de Sammy, os répteis marinhos em vias de extinção ocuparão nos próximos dois anos e meio, pelo menos, o protagonismo no Oceanário, com a recriação do seu ciclo de vida.
Tartarugas Marinhas. A Viagem é a exposição onde elas passam por cima do visitante e o visitante por cima delas, literalmente, entrando num compartimento ou pisando o aquário. “Pôr os animais o mais próximo das pessoas, criando uma certa envolvência, serve de linha comum às exposições”, explica João Falcato, administrador do Oceanário.
São três exemplares de tartaruga-comum com 10, 75 e 88 quilos. Duas das tartarugas estavam em cativeiro de privados, vieram do Centro de Reabilitação de Animais Marinhos de Quiaios, a outra deu à costa com alguns problemas, chegou via Estação Litoral da Aguda. Após a convalescença, serão reintroduzidas na natureza. Das 300 espécies existentes, apenas sete são marinhas, seis delas estão altamente ameaçadas (família cheloniidae) e da sétima (dermochelyidae) ainda não há dados.
Além de um grande aquário, com 250 metros cúbicos (o equivalente a um volume de 250 mil litros de água), em forma de anel oval, com uma área de 132 m2 e um perímetro de cerca de 70 metros, são recriados quatro habitats fundamentais à sobrevivência das tartarugas na grande migração ao Atlântico Norte. São eles, o Recife de Coral, nas Caraíbas (onde há esponjas, um dos seus alimentos preferidos), as Pradarias Marinhas, o Mar dos Sargaços (é o primeiro destino de muitas tartarugas marinhas assim que nascem, fica no Atlântico Norte, a oeste dos Açores, no local do carismático Triângulo das Bermudas) e as Águas Oceânicas (repletas de medusas, tão parecidas com os ameaçadores sacos de plástico…).
“Um dos grandes riscos desta viagem de milhares de quilómetros é quando voltam à praia onde nasceram para nidificarem e as tartarugas bebés vão para o mar. Em cada mil tartarugas bebés, só duas chegam à idade adulta”, explica João Falcato.
As maiores ameaças para estes répteis marinhos que vêm à superfície respirar passam pelo comércio ilegal, captura para consumo (carne e ovos), poluição marinha (plásticos, redes de pesca), luzes dos hotéis nas praias fazem com que em vez de irem para o mar (atraídas pelo luar) vão na direção contrária e alterações climáticas (o sexo das tartarugas é definido em função das altas (machos) ou baixas (fêmeas) temperaturas). Explicações suficientes para compreender e assimilar a subtil mensagem final “as mãos que criam são as mãos que podem proteger”.
ESPÉCIES EM EXPOSIÇÃO
No aquário principal e nos quatro ecossistemas representados estão as seguintes espécies: Aquário/Loop: 1 espécie de tartarugas + 16 espécies de peixes (brevemente serão pelo menos 19) Pradarias marinhas: 7 espécies de peixes + 5 espécies de invertebrados Mar dos Sargaços: 3 espécies de peixes + 1 espécie de invertebrados Recife de Coral: 15 espécies de peixes + 6 espécies de invertebrados Águas Oceânicas: 1 espécie (medusas)
QUEM É A ‘CARETTA CARETTA’?
Mais conhecida por tartaruga-comum, distingue-se das outras espécies pela sua cabeça grande. Essencialmente carnívora, alimenta-se de caranguejos, moluscos e mexilhões, triturando-os com a poderosa mandíbula. É no Mar dos Sargaços que passam os primeiros anos de vida. Atualmente, o seu estado de conservação foi classificado “em perigo”, segundo a Internacional Union for Conservation of Nature.
OCEANÁRIO DE LISBOA
Doca dos Olivais, Pq. das Nações
T. 21 891 7002/6
Seg-Dom
10h-20h