Quando compramos um frigorífico, há uma fortíssima hipótese de estarmos a ser roubados, e neste caso não devido a uma qualquer especulação de preços, tão em voga por estes dias. Isto porque pagamos uma “taxa” que, em teoria, serve para custear o tratamento adequado do eletrodoméstico no fim da sua vida útil (na prática, esse dinheiro vai ser aplicado no tratamento do frigorífico velho que tem em casa). É suposto, por lei, o eletrodoméstico ser levado e desmantelado de forma ambientalmente correta, com as substâncias perigosas descontaminadas e evitando a libertação de gases fluorados para a atmosfera. O material reciclado entra, ou entraria, depois na cadeia, poupando assim recursos naturais.
Na larga maioria das vezes, porém, os frigoríficos (e outros equipamentos elétricos e eletrónicos) acabam esventrados ilegalmente algures no caminho. É-lhes retirado o material com maior valor económico, como o cobre do motor, soltando-se assim os gases fluorados, com um potencial de efeito de estufa 20 mil a 25 mil vezes superior ao do dióxido de carbono. Os gases libertados, todos os anos, desta forma, no nosso país, superam as emissões de 50 mil portugueses. Apenas 30% dos frigoríficos chegam intactos aos operadores de gestão de resíduos, as empresas que descontaminam e reciclam os eletrodomésticos.
