Um novo estudo, publicado na revista científica Lancet Planetary Health, põe as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto entre as cidades europeias com maior mortalidade associada às concentrações de dióxido de azoto (NO2). A capital ocupa a 116ª posição e a Invicta, a 125ª, entre 858 cidades – o que as deixa no top das 15% onde a poluição mata mais gente, face ao número de habitantes e à esperança média de vida no País.
Se ambas as cidades conseguissem manter a poluição por NO2 aos níveis de Tromso, no norte da Noruega, a cidade com melhor classificação, mais de mil vidas seriam salvas todos os anos: 835 em Lisboa, 394 no Porto.
No caso das partículas finas, o Porto é a que apresenta maior proporção de mortes, das 14 cidades portuguesas analisadas, com 574 mortes evitáveis, face à cidade europeia com os melhores valores (Reiquejavique, capital da Finlândia). Em números absolutos, no entanto, morre mais gente em na Área Metropolitana de Lisboa, com 1 002 mortes “a mais”.
Mesmo em relação aos níveis máximos de poluição recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de óbitos só nos dois maiores centros urbanos ultrapassa os 500: 287 em Lisboa e 228 no Porto.
A lição que vem do norte
Das cidades portuguesas, Viseu é, de longe, a mais bem classificada, tanto nos níveis de NO2 (821ª posição em 858 cidades) como das partículas finas (801ª posição).
A cidade europeia com mais mortes evitáveis por NO2, em relação à população e esperança média de vida, é Madrid, com um excesso de óbitos de 206 e 2 380, respetivamente, em relação aos níveis de concentração recomendados pela OMS e aos de Tromso. Seguem-se Amberes (Bélgica) e Turim (Itália).
Quanto às partículas finas, há três cidades italianas nas quatro piores: Bréscia (1º), Bérgamo (2º)e Vicenza (4º), com Karviná, na República Checa, a ocupar o terceiro lugar.
Do lado oposto, está o norte da Europa: Tromso, Umea (Suécia) e Oulu (Finlândia) são as melhores no caso do NO2; Reiquejavique, Tromso e Umea quanto às partículas.
O estudo foi feito pelo Instituto de Saúde Global, de Barcelona, em colaboração com o Instituto Suíço de Saúde Tropical e Pública, da Suíça, e a Universidade de Utrecht, na Holanda.
Veja as tabelas das 14 cidades portuguesas analisadas.
Partículas finas
Ranking da mortalidade | Cidade | PM2,5* | Mortes evitáveis (OMS) | Mortes Evitáveis (níveis mais baixos) | |
263 | Porto (área metropolitana) | 14 | 228 | 574 | |
363 | Setúbal | 13,1 | 25 | 74 | |
303 | Lisboa (área metropolitana) | 11,9 | 287 | 1 002 | |
527 | Faro | 12,3 | 10 | 36 | |
581 | Póvoa de Varzim | 12,5 | 8 | 26 | |
612 | Aveiro | 12 | 9 | 38 | |
621 | Paredes | 12,7 | 10 | 32 | |
627 | Coimbra | 11,9 | 18 | 74 | |
653 | Vila Franca de Xira | 12 | 12 | 48 | |
657 | Viana do Castelo | 11,5 | 9 | 43 | |
661 | Guimarães | 11,5 | 11 | 55 | |
669 | Braga | 11,5 | 13 | 61 | |
680 | Sintra | 11,1 | 26 | 129 | |
801 | Viseu | 9 | 0 | 32 |
Dióxido de azoto
Ranking da mortalidade | Cidade | NO2* | Mortes evitáveis (OMS) | Mortes Evitáveis (níveis mais baixos) | |
116 | Lisboa (área metropolitana) | 27,9 | 2 | 835 | |
125 | Porto (área metropolitana) | 28,2 | 1 | 394 | |
303 | Setúbal | 23,6 | 0 | 46 | |
420 | Vila Franca de Xira | 24,8 | 0 | 35 | |
508 | Braga | 23,8 | 0 | 45 | |
510 | Póvoa de Varzim | 22,2 | 0 | 16 | |
536 | Guimarães | 21,8 | 0 | 37 | |
574 | Sintra | 22,7 | 0 | 94 | |
603 | Coimbra | 20,5 | 0 | 44 | |
683 | Aveiro | 18,8 | 0 | 20 | |
739 | Paredes | 20,3 | 0 | 17 | |
745 | Faro | 17 | 0 | 17 | |
772 | Viana do Castelo | 17,7 | 0 | 23 | |
821 | Viseu | 15,8 | 0 | 21 |