Portugal necessita de avançar com uma reforma profunda dos planos curriculares do Ensino Básico e Secundário, para que os nossos jovens tenham “uma formação mais adequada em termos de tecnologia”, defendeu Alexandre Fonseca, co-CEO do Altice Group, na sua intervenção na terceira edição da VISÃO Fest, que decorre este fim de semana no Planetário de Marinha, em Lisboa.
“Quando falo da reforma da Educação refiro-me a uma necessidade de rever de ponta a ponta os planos curriculares, de sermos capazes de dar formação a professores, a pessoal docente e não docente, porque hoje é importante assumirmos que os conhecimentos tecnológicos dos alunos são superiores aos dos professores”, explicou o gestor.
Mas, para Alexandre Fonseca, o problema da formação tecnológica não se esgota nas escolas, defendendo também a necessidade de promover a requalificação profissional de adultos em idade ativa. “Alguns estudos recentes referem que quase 20% dos portugueses nunca usaram um computador. Apesar da taxa de literacia digital ter vindo a crescer, o País continua com um problema estrutural de formação da população ativa, pois muitos profissionais não sabem como usar a tecnologia” num ambiente laboral.
Num painel dedicado à revolução tecnológica, o co-CEO do Altice Group começou por lembrar que “a tecnologia tornou-se parte do nosso dia a dia” e chegou a “outras coisas para além dos nossos motivos de computação. Hoje temos uma multiplicidade de dispositicos ligados à Internet”. E deu como exemplos os carros autónomos, os frigoríficos inteligentes, os relógios, máquinas industriais, entre muitos outros.
“Segundo os últimos estudos, há atualmente mais de cinco mil milhões de pessoas em todo o mundo que estão ligadas à Internet. Este número cresce, em média, um milhão por dia, mas é multiplicado por quatro quando falamos das coisas ligadas à Internet”, salientou.
O gestor destacou ainda que, nos dias de hoje, “os maiores utilizadores da Internet já não somos nós, os humanos. São as coisas, os equipamentos e os dispositivos, que são os grandes consumidores de recursos do ponto de vista da Internet”.
Mas estas tendências trazem transformações do ponto de vista social. “O uso massivo da tecnologia trouxe-nos um dos maiores desafios que temos a nível global que é a escassez de recursos humanos qualificados nesta área. Segundo os dados da União Europeia, faltam atualmente cerca de um milhão de profissionais de tecnologia apenas no espaço comunitário. E esta escassez impede-nos de continuar a aceleração tecnológica profunda que vimos nos últimos anos”.
Para o gestor, sem a reforma do ensino que defende, torna-se quase impossível “desenvolver estas novas competências” na população.