O autor do livro Salvar o Planeta Começa ao Pequeno-Almoço — Porque o Clima Somos Nós (Objetiva), enviou uma mensagem, a partir da sua casa em Nova Iorque, aos espectadores do VISÃO Fest Verde.
O escritor de 43 anos defende que, atualmente, “a negação da ciência já não é um problema” ao nível das alterações climáticas. E apresentou alguns dados que, no seu entender, o atestam.
As sondagens mostram que “91% dos americanos aceitam que as alterações climáticas são causadas pelos humanos”. Surpreendentemente, Jonathan Safran Foer revelou que são mais os americanos que acreditam na existência do monstro Bigfoot, do que aqueles que negam o aquecimento global.
A negação da ciência já não é o problema. O problema é a nossa resposta emocional ao que já sabemos
Jonathan Safran Foer, escritor e ativista
“A negação da ciência já não é o problema. O problema é a nossa resposta emocional ao que já sabemos”, afirmou. O escritor sente que existe um bloqueio entre simplesmente aceitar as alterações climáticas e acreditar verdadeiramente nelas ao ponto de agir para as contrariar.
Jonathan Safran Foer ilustrou este comportamento recuperando a história do ativista da resistência polaca aos nazis, Jan Karski. Ao relatar o que tinha visto no gueto de Varsóvia e nos campos de extermínio ao juiz do Supremo Tribunal dos EUA Felix Frankfurter, o jovem católico confrontou-se com uma reação inesperada.
Frankfurter não o acusou de estar a mentir, mas confessou-se incapaz de acreditar nele porque a sua mente e o seu coração não estavam preparados para interiorizar algo tão tenebroso.
Planear para agir
O autor de Comer Animais (Bertrand) defende que a melhor forma de desbloquear o desfasamento entre acreditar e agir é elaborar um plano com ações concretas, que ajudem a contrariar as alterações climáticas.
Esta ideia surgiu-lhe depois de conhecer um jovem casal de noivos numa sessão de autógrafos, em Bruxelas, que lhe pediu para ser testemunha do seu plano de vida em comum, com vista à minorar o impacto de ambos no planeta.
Jonathan Safran Foer aponta quatro áreas de intervenção essencial: voar menos, reduzir a utilização do automóvel, ter menos filhos e evitar comer produtos de origem animal.
O escritor aponta quatro áreas de intervenção essencial: voar menos, reduzir a utilização do automóvel, ter menos filhos e evitar comer produtos de origem animal.
O escritor sublinha que a mudança dos hábitos alimentares pode ter um impacto imediato na Ambiente. E lembra que a agropecuária é a principal fonte de emissão de metano e de óxido nitroso, dois dos gases com efeito de estufa mais poderosos.
“Não conseguiremos atingir os objetivos do Acordo de Paris sem reduzir dramaticamente o nosso consumo de produtos de origem animal”, afirmou.
Apesar de não defender que todas as pessoas se devem tornar vegetarianas, recuperou dados das Nações Unidas indicativos de que os cidadãos da Europa, Reino Unido e EUA precisam de diminuir o consumo de carne em cerca de 90% e de produtos lácteos em 60%, nos próximos dez anos, para evitar um “colapso climático irreversível”.
O que implica cada cidadão reduzir o consumo de carne em cerca de 9%, por ano, na próxima década, ou seja, uma em cada dez refeições de carne seria eliminada.
“Não é uma coincidência que Al Gore e Greta Thunberg, os dois líderes ambientalistas do planeta, sejam vegan”, notou. Hoje, afirma, “ser vegetariano tornou-se uma identidade aspiracional”.
Responsabilidade verde
Além de se ter comprometido a não comer produtos de origem animal antes do jantar, Jonathan Safran Foer também incluiu no seu plano pessoal em defesa do Ambiente a decisão de não realizar mais de cinco viagens de táxi por semana, de fazer voluntariado numa organização ambiental e de passar a mensagem aos mais jovens com visitas a escolas. Também optou por não voar nas férias deste ano, o que se tornou inesperadamente fácil de cumprir…
O escritor desafia as outras pessoas a elaborarem igualmente um plano com o que estão dispostas a fazer para preservar a Natureza, mas reitera que é fundamental definir ações concretas.
Não é uma coincidência que Al Gore e Greta Thunberg, os dois líderes ambientalistas do planeta, sejam vegan
Jonathan Safran Foer, escritor e ativista
“Também podemos ter testemunhas para os nossos objetivos; elaborar o plano e pendurá-lo no frigorífico ou na porta de casa ou enviá-lo por email aos nossos amigos para haver algum tipo de responsabilização”, sugere.
Jonathan Safran Foer acredita que esta poderá ser uma forma eficaz de tornar a preservação do Ambiente tão natural quanto não roubar quando se entra numa loja.
“Não podemos ser o tipo de pessoas que rouba o planeta.” E, para isso, é essencial passar da crença nas alterações climáticas à ação contra elas.
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