Só vai ser possível recuperarmos desta crise provocada pela pandemia se colocarmos o ambiente como um assunto central na regeneração da economia nos próximos anos. E, para atingir esse objetivo, será necessário fazer uma boa utilização dos fundos europeus, sob pena de estarmos perante uma “oportunidade perdida”, avisou Marcelo Rebelo de Sousa no discurso que marcou o encerramento oficial do VISÃO Fest Verde.
O Presidente da República salientou que “a visão do ambiente como uma realidade lateral, incómoda, desagradável e que suscita obstáculos ao desenvolvimento económico e financeiro do País passou e já passou há muito”. Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que o “ambiente é uma realidade transversal, como é a qualidade de vida” e que “atravessa todos os domínios das políticas públicas, da ação governativa, da ação dos poderes regionais e locais e também da sociedade civil” e defende que “a realidade ambiental faz parte da essência do desenvolvimento económico e social”.
Só é possível enfrentar esta pandemia e a crise económica e social, que já começou e que se vai agravar, de uma perspetiva que tome o ambiente como central .
Marcelo rebelo de sousa
O caminho para a saída desta crise terá de colocar o ambiente como destino principal. “Só é possível enfrentar esta pandemia e a crise económica e social, que já começou e que se vai agravar, de uma perspetiva que tome o ambiente como central”, afirmou. O Presidente da República nota que a “a pandemia mostra-nos, até pela sua origem, a importância do ambiente, da proteção dos ecossistemas, da ação climática, da neutralidade e da inter-relação de entrosamento entre o humano e a natureza”. E conclui que só se poderá vencer esta crise com “uma perspetiva de sustentabilidade”.
A oportunidade e os desafios dos fundos europeus
A chave para regenerar a economia portuguesa e europeia estará na utilização dos fundos europeus. Marcelo Rebelo de Sousa referiu que “ao superarmos esta pandemia e esta crise económica e social, vamos ter como desafio saber utilizar os fundos europeus e saber gerir as vontades e as potencialidades nacionais”. O Presidente avisa que “temos a obrigação de utilizar os fundos disponíveis, de encarar essa transição energética e de aproveitar o desafio da recuperação para saltos estruturais e qualitativos” que tenham o ambiente como tema central. Caso contrário “é mesmo uma oportunidade perdida, e mal perdida”, advertiu.
Temos a obrigação de utilizar os fundos disponíveis, de encarar essa transição energética e de aproveitar o desafio da recuperação para saltos estruturais e qualitativos.
Marcelo Rebelo de sousa
O Presidente considera que Portugal “escolheu metas ambiciosas e está a empurrar com outros países a União Europeia para antecipar o cumprimento dessas metas”. A UE colocou o ambiente como um tema essencial da recuperação económica e lançou um pacto ecológico para evoluir rumo à neutralidade carbónica e Marcelo Rebelo de Sousa elogia esse compromisso. Mas pede que não seja “uma mera expressão conjuntural ou propagandística”.
Já a nível global, a exigência é de um maior compromisso das grandes potências. “A mensagem de António Guterres de permanente e persistente chamada de atenção tem de ser seguida das posições das grandes potências que têm de dar o exemplo efetivo do cumprimento de pactos que subscreveram ou aderir a pactos que recusaram”, disse.
O Presidente encerrou o seu discurso a desejar que o debate agora promovido pela VISÃO tenha o sucesso que muitas vezes não encontrou nas Nações Unidas, “em sucessivas intervenções na assembleia-geral ou em cimeiras sobre ação climática”.
Lamentando que “os atores fundamentais da cena mundial olhassem para a posição portuguesa e para a posição europeia mas, verdadeiramente, se opusessem àquilo que era um desafio de futuro”, fosse mais a Leste ou outros mais a Ocidente, Marcelo Rebelo de Sousa considera que “isso é uma oportunidade perdida a nível mundial”. Quanto a Portugal, concluiu “não podemos perder a nossa oportunidade e temos de lutar pela oportunidade na Europa e no mundo”.
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