Falemos então da cidade Belém, capital do estado do Pará. Após Francisco de Orellana ter percorrido todo o rio Amazonas, desde os Andes até ao Atlântico, não demorou muito para que outros conquistadores viessem instalar feitorias na região amazónica, nomeadamente ingleses, holandeses e franceses. A cidade caiu em mãos portuguesas em 1615 e, no ano seguinte, em janeiro de 1616, o capitão-mor Francisco Caldeira Castelo Branco construiu um forte de madeira, coberto de palha, o qual denominou de “Forte do Castelo de Santo Cristo”. A povoação que se formou ao seu redor foi inicialmente denominada de Feliz Lusitânia – embrião da futura cidade de Belém.*, **
À medida em que vamos passeando por Belém, o guia Cícero fala-nos da cidade. Conta-nos que Belém é uma cidade plana e que o seu ponto mais alto tem quinze metros. Tem duas estações durante o ano: a estação seca e a estação das chuvas. Mas chove durante todo o ano, se bem que em quantidades menores na estação seca. Estamos agora em Junho e a entrar nesta. A temperatura média é de 26 graus e as máximas rondam os 32/33 graus. No Rio de Janeiro e em São Paulo, contou-nos, as temperaturas chegam aos 40 graus, mas aqui em Belém não. A humidade média é de 85%, influência direta da floresta amazónica.
Foto 4 – Entre o final do século XIX e o começo do século XX, durante o chamado Ciclo da Borracha, Belém chegou a ser a cidade brasileira mais desenvolvida do país, e uma das mais prósperas do mundo. Recebeu inúmeras famílias europeias, o que veio a influenciar grandemente a arquitetura de suas edificações, ficando conhecida na época como Paris n’América.
Foto 5 – A tentativa de colocar uma pilha no meu relógio de pulso. Claro que a coisa não é simples, e o relojoeiro brasileiro olhou intrigado para aquela pulseira de metal e nem conseguia perceber onde estavam as horas (tal como os relojoeiros portugueses – para quem não leu as crónicas de viagens anteriores onde refiro as aventuras e desventuras deste relógio); eu assustei-me, e decidimos os dois não avançar com aquela delicada operação. Nem ele quis arriscar, nem eu quis ver novamente as molas a saltarem-lhe, como cheguei a ver em Portugal. Só o relojoeiro perto de minha casa se entende com este relógio. Resignei-me. Vou andar sem horas nesta viagem. Também tentávamos arranjar pilhas para o despertador, mas para quem anda a passear e tem o tempo contado, não é assim tão simples. Nem há paciência para desviar caminho e ir aos locais onde se vendem pilhas. Resultado: não arranjámos pilhas para nenhum dos relógios. O meu telemóvel, por seu turno, nem sequer andava comigo, ficava desligado nos hotéis. Somente o Filipe andava com o seu iphone, e em caso de necessidade consultávamos as horas nele.
* Schilling, Voltaire (s.d.), Amazônia. História. Página consultada a 21 de Julho de 2013. http://educaterra.terra.com.br/voltaire/500br/amazonia.htm.
** Wikipedia (s.d.), Francisco Caldeira Castelo Branco. Página consultada a 21 de Julho de 2013. http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Caldeira_Castelo_Branco . Paris n’América