Os dias em Cracóvia nunca ficariam completos sem a visita ao maior grupo de campos de concentração da história, localizados no sul da Polónia, símbolos reais do maior extermínio da humanidade, levado a cabo pelos alemães em plena Segunda Guerra Mundial. Auschwitz é um local de terror, e isso sente-se em todos os passos que damos e em qualquer uma das salas que somos convidados a visitar. Mas é apenas três quilómetros mais à frente, quando chegamos a um segundo campo de concentração conhecido por Birkenau, que percebemos a dimensão trágica e histórica que aqueles espaços representam. Este segundo campo, construído mais tarde, serviu para aliviar a concentração de pessoas no campo de Auschwitz, que começava a ficar sobrelotado. A sua gigantesca dimensão albergou, em simultâneo, cerca de 100 mil prisioneiros. Se o espaço de Auschwitz foi recuperado e remodelado, parecendo-se mais com um museu do que com um campo de concentração, em Birkenau, tudo permanece demasiado intocável – desde a linha ferroviária que trazia, em condições desumanas e durante dias sem fim, milhões de judeus para um paraíso enganador, até aos crematórios e câmaras de gás, onde foram exterminadas milhões de pessoas, desde 1942, cujas paredes arranhadas e sangrentas permanecem intactas. Ao longo de sensivelmente cinco horas somos bombardeados com uma das histórias mais assustadoras da humanidade e acabamos por reviver um pouco daquilo que milhões de pessoas viveram, nos tempos áureos dos campos de concentração de Auschwitz e de Birkenau. É fácil fazermos uma recriação mental de tudo, não só devido às explicações dadas, como por todo o ambiente que nos envolve. Saímos de lá sem grandes palavras, num silêncio que é constrangedor porque, apesar de conhecermos a história, pouco estamos preparados para aquilo que nos espera. Apercebemo-nos facilmente que estes são locais feitos por e para turistas. É a curiosidade destes que mantém aqueles portões abertos e é a generosidade dos mesmos que permite ir recuperando, o melhor possível, os espaços. O custo da obrigatória visita guiada não suporta as despesas da recuperação destes locais e é nos muitos apelos aos donativos que os espaços vão sobrevivendo aos desgastes dos anos.