Esta piscina deve ter tido um qualquer efeito estranho sobre mim, porque custei a largá-la. Não bastaram as quatro horas dentro dela, à tarde, ainda tive de lá voltar à noite. Está fechada?… É só um mergulhinho… E ninguém me disse nada, claro. Desta vez, para animar, tive a companhia desta rã. Como se apercebem, tirei a foto de dentro de água, banhávamo-nos na mesma água, a escassos centímetros uma da outra. Ficámos amigas, eu e rã. Grandes olhos tens tu, disse-lhe eu.
Enquanto eu jantava, este músico tocava. Era suposto tocar para uma porção de gente, mas eu era a única hóspede e foi assim mesmo. Fiquei maravilhada, era música do deserto, com certeza. Música séria que me encantou. No final pedi-lhe para esperar e fui ao quarto buscar uma nota para dar-lhe.
Pizza! Outra refeição ocidental! Sopa, pizza e batatas fritas. Comi batatas fritas apenas duas vezes, na Índia. Não fazem parte da sua alimentação. Mas era uma pizza com uns temperos muito indianos, não nos deixemos enganar… Não fiquei lá muito contente… A bebida é um lassi de manga – uma bebida comum neste país, feita à base de iogurte. Bebi quase sempre lassis, às refeições (as poucas em que bebia – os litros de água têm de ser antes ou depois das refeições, senão não me alimento). E a sobremesa, que está do lado direito (estes eram despachados, aviavam-me logo de uma vez) é bajri ki rota ka choorma. Era parecida à do almoço, parecia ter flocos de aveia, ou algo semelhante. Esta do jantar tinha bolas de açúcar amarelo. Mas eles explicaram-me que não era açúcar, era bajri. Ah bom, ainda bem que esclarecem.
O papel em cima da mesa é o menu onde anotei o nome das comidas, do jantar e do almoço. Ou pensavam que eu fixava estes nomes todos?… E também lá está, em cima da mesa, o anti-mosquitos – que custou a dar conta do recado, de tal forma que tive de ir buscar a pomada também, para pôr nas picadelas. Estas melgas indianas não percebem português, está visto. Tenho de pôr em cima da mesa um anti-mosquitos legendado em indiano… Também não sei como não morrem assadas durante o dia, diga-se de passagem.
Amanheceu, e às 7 horas em ponto temos um safari de camelo.
Já tinha experimentado andar de camelo na Tunísia e no Egito, pelo que montar este bicho não foi novidade agora. O que foi novidade foi andar numa autoestrada nele. Ver os carros a passar a cem à hora ao lado, e eu em cima do pachorrento animal. Há que experimentar de tudo, é verdade. Está bem que foram apenas uns minutos, até enveredarmos por um trilho no deserto, mas lá que andámos na autoestrada, andámos.
Na foto acima vê-se o meu ar aterrorizado: o camelo está à solta. O dono, que não fala uma palavra de inglês, teve de largá-lo para tirar-me a foto. Ora o bicho não estava tão quieto como eu desejava, e receei que resolvesse ir-se embora comigo em cima. Só lhe via as orelhas e o pescoço felpudos. E depois o dono do camelo (como se chamará um condutor de camelos? Um condutor de elefantes é um cornaca, aprendi com o José Saramago n’ “A Viagem do Elefante” – a palavra tem tudo a ver… Como se chamará portanto um condutor de camelos??) e, como ia a dizer, o dono do camelo não percebia absolutamente nada de câmeras fotográficas. Cortou as patas ao desgraçado do camelo. Ter esta foto já é muito bom.