Já decorreram quase nove anos desde que Pedro Passos Coelho abandonou o Palácio de São Bento, mas os amigos mais próximos do antigo chefe de governo (entre 2011 e 2015), nas mensagens por telemóvel que trocam regularmente com ele, continuam a chamá-lo “PM”. O trocadilho com os nomes próprios de Pedro Manuel [Mamede Passos Coelho] e a sigla habitualmente usada para designar “primeiro-ministro” não surge do acaso. Ainda hoje, Passos Coelho mantém a convicção de que “foi roubado”, admite à VISÃO uma pessoa que com ele conviveu, depois de a vitória eleitoral da coligação PSD/CDS-PP, nas legislativas de outubro de 2015, ter sido contornada pela inédita solução governativa que uniu as esquerdas (com PS, Bloco de Esquerda e PCP). “Passos Coelho teve muita dificuldade em aceitar e adaptar-se ao que aconteceu nesse período. Recordo-me de que, ainda durante algum tempo, utilizou o símbolo nacional na lapela, como se fosse o governante legítimo. Ficou sempre convencido de que a solução encontrada não respeitava o espírito da Constituição Portuguesa, que não cumpria as regras. Considera, aliás, que a oposição tinha o dever de lhe dar a oportunidade e as condições para governar, sendo ele o líder do partido mais votado. Para ele, a Geringonça é algo contranatura. Claro que isso criou ressentimentos com o PS, mas também com o próprio sistema”, explica a mesma fonte.

O reaparecimento público do antigo primeiro–ministro tem sido marcado por discursos próximos dos da direita radical. EPA/TIAGO PETINGA

Naquele momento, Passos Coelho “sentiu-se traído”. “Estamos a falar de alguém com um forte sentido de Estado, com uma consciência de dever em relação à causa pública. Foi sempre esse o princípio que o moveu a trabalhar ao serviço do País, a assumir posições e decisões que lhe causaram dissabores e impopularidade. A partir daqui, passou a ver a política com outros olhos. Isso também explica as suas posições mais recentes”, completa.

O ex-governante reapareceu, em fevereiro deste ano, no comício da Aliança Democrática (AD) em Faro, para apoiar Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz (que concorria por aquele círculo), mas foi o seu discurso, associando a imigração à criminalidade, que provocou ondas de choque. “Precisamos de ter um país aberto à imigração. Mas cuidado, porque temos de ter também um país seguro”, disse. A polémica em torno do “novo” Pedro Passos Coelho redobrou quando este surgiu ao lado dos autores do livro Identidade e Família – Entre a consistência da tradição e as exigências da modernidade (ed. Oficina do livro), um manifesto conservador em defesa da “família tradicional”, com textos de António Bagão Félix, Paulo Otero, Pedro Afonso e Victor Gil, entre outros.

Passos Coelho parece querer indicar o caminho a Luís Montenegro: uma “geringonça” à direita com o Chega

Autor do livro Os Políticos e a Crise – De Salazar a Passos Coelho (ed. Almedina), o politólogo José Filipe Pinto tem seguido atentamente o percurso do antigo primeiro-ministro, reconhecendo essa “mudança” a partir de 2015. “Com a Geringonça, Passos Coelho compreendeu que a política portuguesa estava dividida em dois blocos e que não bastava vencer as eleições para governar. Para ele, isso foi chocante. Ao mesmo tempo, permitiu-lhe compreender que, havendo uma estratégia à esquerda, também tinha de existir outra à direita. As suas declarações recentes apontam precisamente para uma passagem da moderação ao excesso, o que não acontece porque ele abdica dos seus princípios, mas apenas porque considera que esta deriva conservadora é necessária para poderem ser criadas pontes entre os partidos da direita. Naturalmente, isso inclui contar com o Chega. Foi isso que mudou nele”, conclui.

O período do “desencanto”

Ao mesmo tempo que deixava o governo, Pedro Passos Coelho enfrentava um drama pessoal, que o marcaria profundamente nos anos seguintes. Laura Ferreira, a sua segunda mulher – e mãe de Júlia, a sua filha mais nova (o ex-primeiro-ministro tem ainda mais duas filhas, Joana e Catarina, do seu anterior relacionamento com a ex-Doce Fátima Padilha) –, seria diagnosticada com uma grave doença oncológica. Passados dois anos, o então presidente do PSD decidiu que era chegado o momento de parar.

À VISÃO, um amigo próximo recorda aquela época de “desencanto com a política”. “Com o novo ambiente criado pela Geringonça, com este problema familiar, ele sentiu não ter condições para liderar a oposição. Houve um desencanto com o próprio sistema, levando a que se afastasse voluntariamente da política ativa”, conta. “Sentia que era hora de fazer outras coisas.”

Enquanto jovem estudante, Passos Coelho falhara a entrada no curso de Medicina por apenas algumas décimas. Impossibilitado de seguir as pisadas do pai – o pneumologista António Passos Coelho, antigo diretor do Hospital de Silva Porto (atual Cuíto), em Angola –, ingressou em Matemática Aplicada, mas apenas em 2003, já com 39 anos, concluiria a licenciatura, em Economia, pela Universidade Lusíada. A vida profissional estivera sempre umbilicalmente ligada ao partido, no qual entrou através da JSD, estrutura que chegou a liderar entre 1990 e 1995. “Ele queria mostrar que podia ter vida para além da política e do partido, que podia ter outra carreira.” Presidida pelo ex-deputado do PSD Manuel Meirinho, a direção do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) fez-lhe um convite, tornando-se Passos Coelho professor convidado de Economia e Administração Pública, a lecionar para alunos de mestrados e doutoramentos.

“Jota”. Nascido e criado politicamente na JSD, Passos Coelho (aqui, com Carlos Coelho, atual eurodeputado) licenciou-se com 39 anos e começou a dar aulas apenas em 2018

Muito influenciado por Luís Fontoura – antigo governante e dirigente do PSD, ex-presidente do Conselho de Escola do ISCSP (falecido em 2014) –, Passos Coelho passava a partilhar os mesmos corredores com nomes como os de António Sousa Lara, Jaime Nogueira Pinto ou António Marques Bessa (falecido em 2022), este último apoiante da teoria política Nova Direita, promovida pelo filósofo francês Alain de Benoist (ver caixa na pág. 66), que o antigo primeiro-ministro agora parece também abraçar.

“Ele não mudou!”, dizem os amigos

Durante a era António Costa, Passos Coelho perdeu os cabelos finos, penteados com risco ao lado, que lhe desenhavam o rosto e realçavam os olhos azuis. O falecimento de Laura Ferreira, em 2020, foi um duro golpe. Nestes últimos anos, o ex-primeiro-ministro teve “muitas pressões para regressar à vida política ativa, muitos apelos de quem lhe dizia que o partido e o País precisavam de si, da sua capacidade de liderança e executiva”, lembra outra pessoa que lhe é próxima. Em todas essas ocasiões, Passos Coelho respondeu sempre que o seu tempo “tinha passado”, embora acrescentasse que, em política, “nada é definitivo”. “Quando falámos a última vez, recordou-me que tinha uma filha ainda adolescente, que vivia sozinho com ela. Quem vai para a política não pode ter horários para os filhos. Não colocava de parte a hipótese de, um dia, regressar caso a situação se alterasse, mas não fazia planos”, confidencia.

Na ressaca das últimas intervenções públicas de Passos Coelho, muitos apontaram para uma mudança “radical” do antigo primeiro-ministro. Os amigos de longa data rejeitam essas avaliações, que descrevem como “alarvidades”.

Os amigos mais próximos garantem que Passos Coelho “não é conservador”, mas a presença na apresentação do livro do MAE (que contou com André Ventura) valeu-lhe críticas. MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

“Conheço o Pedro desde tenra idade, quando, miúdos, brincávamos, sendo vizinhos, na então cidade de Silva Porto”, diz à VISÃO Miguel Matias, reconhecendo ter nele um dos seus “melhores e sempre presentes amigos”. “Conheço muito bem o seu pensamento, o seu caráter e, acima de tudo, a sua verticalidade. O Pedro é, genuinamente, uma boa pessoa. Por isso, conhecendo-o, não vejo nem imagino que ele tenha mudado.” O advogado lamenta as críticas que lhe são dirigidas, recordando que a última frase do amigo, na sessão de apresentação do livro Identidade e Família, foi: “Eu sou do PSD!” E sublinha: “Ninguém ouviu, ninguém ligou, ninguém amplificou. Pois, está claro, não interessa! Mas quem o conhece desde sempre sabe uma coisa: O Pedro não muda. O Pedro não resvala. O Pedro é, e será sempre, o que conhecemos: um homem íntegro, enraizado e com um pensamento humanista e moderado.” Miguel Matias reconhece no amigo de infância – com quem nunca fala de política – o caráter “herdado do pai”, uma certa “austeridade transmontana”, de “dizer sempre o que se pensa, mesmo que isso possa ser incómodo”. “Era o que faltava, isso [Passos Coelho dar opiniões] não poder acontecer! A voracidade destruidora de caráter, algo tão característico deste País pequeno, faz-nos passar de bestiais a bestas em segundos. Mas não é assim! O humanismo não passa para o sectarismo ou para o extremismo porque queremos”, conclui.

À VISÃO, João Gonçalves também rejeita que Pedro Passos Coelho se tenha tornado um conservador. “Conservador? Isso, só eu”, graceja. O antigo adjunto do ministro Miguel Relvas (entre 2011 e 2015) admite que chegou a ser “muito crítico” de Passos Coelho – seriam notícia as suas farpas, dirigidas ao então presidente do PSD, publicadas no blogue Portugal dos Pequeninos –, mas, depois de o conhecer pessoalmente, diz ter passado a sentir por ele “muito respeito”, mantendo ambos, até hoje, uma relação de “grande proximidade e consideração”. “Passos Coelho é a pessoa mais tolerante que conheço. A sua vida fala por si. Tudo o que se tem dito sobre este assunto é simplesmente ridículo. Não faz sentido nenhum. Falamos de uma pessoa estruturalmente liberal, adepta daquilo a que chamamos ‘sociedade aberta’. Não é um conservador, de maneira nenhuma”, garante. Agora que volta a colaborar com o atual Governo, João Gonçalves diz que os “ataques” a Passos Coelho só se explicam com “uma conceção recente e restritiva da liberdade de expressão, que considera que a ‘boa liberdade de expressão’ é apenas aquela que vai ao encontro da nossa opinião. À esquerda, há um peso muito grande daquilo que é considerado correto ou não dizer-se e fazer-se publicamente. Qualquer desvio é imediatamente classificado como uma heresia, uma coisa reacionária. Nos 50 anos do 25 de Abril, isto não faz sentido nenhum. Passos Coelho diz o que pensa. As liberdades públicas não têm dono. E Passos Coelho é um grande amigo das liberdades públicas”, afirma.

De cravo na lapela, o ex–primeiro-ministro parece ter entrado numa “deriva conservadora”. “É a sua forma de criar pontes entre os vários partidos da direita política”, dizem os especialistas. Álvaro Isidoro

Um político com futuro?

Dentro do atual PSD, as opiniões dividem-se. À VISÃO, um membro do partido fala de “um aparente ajuste de contas” de Passos Coelho com o passado, destacando a entrevista, dada ao podcast de Maria João Avillez, no Observador, em que o ex-primeiro-ministro atirou a Luís Montenegro, Paulo Portas e Cavaco Silva. “Neste momento, Passos Coelho parece querer apontar o caminho a Luís Montenegro. Está, acima de tudo, interessado na estabilidade do País, mas consciente de que, para isso, são precisos, hoje, novos modelos, outra forma de se estar na política. Julgo que quer mostrar ao atual PSD que uma governação de sucesso só se faz através de acordos com o Chega. Dentro do partido, isto não é unânime, naturalmente”, diz a mesma fonte.

O politólogo José Filipe Pinto acompanha esta visão. “Passos Coelho acredita que o PSD, ao procurar muito o centro, como fez Rui Rio, está a delapidar todo um eleitorado de direita, que assim só se revê no Chega. O apelo à unidade, neste caso, passa por dar músculo à direita. Passos Coelho não tem dúvidas de que é o homem capaz de unir todos os partidos da direita e, depois da experiência da Geringonça, sente-se confortável em incluir o Chega, desde que este projeto seja liderado pelos sociais-democratas. Para Passos Coelho, não há riscos, porque considera o partido de André Ventura ‘controlável’, tendo em conta a dimensão dos dois partidos”, realça. No PSD, há quem continue a fechar esta porta, temendo pela própria democracia.

Certezas, em política, há poucas – neste momento, apenas a de que haverá presidenciais em 2026 e que, a partir de outubro, Luís Montenegro enfrenta um duro teste na aprovação do Orçamento do Estado para 2025. Passos Coelho parece disponível para continuar a intervir e até para regressar. Resta saber para fazer o quê. jsantos@visao.pt

O líder conservador desejado por Paulo Otero

O antigo primeiro-ministro parece acompanhar a estratégia da Nova Direita, popular no ISCSP. Paulo Otero vê Passos Coelho como “representante dos princípios conservadores”

O professor catedrático Paulo Otero admite que esteve “apenas três vezes” com Passos Coelho, não lhe conhece as “convicções”, mas não hesitou em incluir o nome do antigo primeiro-ministro no topo da lista de personalidades a convidar para escrever um capítulo do livro Identidade e Família. Figura de prestígio da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Paulo Otero confirma que Passos Coelho não figura como autor apenas porque “não conseguiu terminar o texto a tempo”. Contudo, isso não o retirou da equação, passando a ser a figura desejada para apresentar o manifesto que reúne os princípios defendidos pelo Movimento Ação Ética (MAE), que conta ainda com figuras como António Bagão Félix, Pedro Afonso e Victor Gil.

Com uma produção nula de escritos (de todos os géneros) – “é um político sem obra”, descreveu, à VISÃO, um outro professor catedrático –, o antigo primeiro-ministro tem no capital político acumulado no PSD e no governo a sua melhor arma para se afirmar como elemento aglutinador da direita.

“Acredito que Pedro Passos Coelho não está reformado, nem nada que se pareça. Acho, aliás, que vai estar a fazer política nos próximos anos”, aponta Paulo Otero. E poderá representar o MAE? O catedrático não tem dúvidas: “Acho que sim. É alguém que pode contribuir para que haja uma convergência entre os princípios e valores do grupo e a política.”

No início de 2018, Passos Coelho ingressou como professor associado convidado no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), instituição com um histórico de grandes nomes da direita intelectual portuguesa. O anúncio da sua contratação provocou protestos, chegando a circular um abaixo-assinado, promovido por alunos que punham em causa a “meritocracia” do novo professor. Numa escola que convive com doutrinas como a da Nova Direita, fundada pelo filósofo francês Alain de Benoist, seis anos volvidos, Passos Coelho parece agora mais alinhado com o estatuto de político capaz de cumprir o desiderato de liderar as direitas, incluindo movimentos ultraconservadores, nacionalistas e identitários.

A bolsa de Tóquio fechou hoje em baixa, com o principal índice, o Nikkei, a cair 2,66% para 37.068,35 pontos.

A sessão foi marcada pela queda da área de semicondutores e pelo aumento da preocupação com a crise no Médio Oriente.

O segundo indicador, o Topix, perdeu 1,91% para 2.626,32 pontos, no fim da sessão.

O índice Nikkei reflete a média não ponderada dos 225 principais valores da bolsa de Tóquio, enquanto o indicador Topix agrupa os valores das 1.600 maiores empresas cotadas.

EJ // CAD

Palavras-chave:

O BE defende a criação de uma Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar à atuação da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) no âmbito da reestruturação acionista do grupo.

Para o BE, o tempo entre as primeiras notícias do negócio e a ação da ERC “deixou claro que o processo em curso consistia, sob as mais variadas formas, num risco real não apenas para o dever de transparência, mas também de liberdade e pluralismo de expressão”, bem como para a salvaguarda da independência editorial face aos poderes económico e político.

Já o PAN quer a constituição de uma comissão de inquérito parlamentar ao processo de alteração da propriedade do grupo envolvendo o World Opportunity Fund.

Na iniciativa, a deputada única do PAN, Inês Sousa Real, referiu que esta comissão deverá funcionar pelo máximo de 120 dias, com o objetivo de avaliar os atos de gestão do grupo, o processo de alteração da propriedade, apurar os proprietários do World Opportunity Fund, avaliar a atuação da ERC e o negócio, que não foi concluído, de venda ao Estado das participações da Global Media e da Páginas Civilizadas na Lusa.

O plenário está agendado para as 10:30.

Nem o PAN nem o BE têm deputados suficientes para impor uma comissão de inquérito com caráter obrigatório, sendo para tal necessários um quinto dos parlamentares em efetividade de funções, ou seja, 46.

A ERC declarou pela primeira vez, desde que a Lei entrou em vigor em 2015, a falta de transparência de titularidade numa empresa de media com o World Opportunity Fund (WOF), acionista da Global Media.

Em 19 de março, o Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) deu “como verificada” a “falta de transparência” do fundo WOF, confirmando o projeto de deliberação aprovado em 15 de fevereiro.

Neste processo está em causa a titularidade da participação de 51% do capital social da Páginas Civilizadas, detida pelo WOF, que por esta via detém uma participação indireta de 25,628% na Global Media (GMG).

PE (ALU/FM) // JNM

Fonte do Ministério da Justiça informou que as reuniões vão decorrer no parlamento e começam às 14:30 com o grupo parlamentar do PSD, seguindo-se o PS, às 15:30, e o Chega, às 16:30.

Para segunda-feira, dia 22, ficaram agendados os encontros com Iniciativa Liberal (09:00), Bloco de Esquerda (10:00), PCP (11:00), Livre (12:00), CDS (14:30) e PAN (15:30).

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, tinha declarado já na semana passada que o Governo iria entrar em contacto com os grupos parlamentares para calendarizar as reuniões para lançar o diálogo em matéria de combate à corrupção, no seguimento do que tinha anunciado na tomada de posse de ter, no prazo de dois meses, uma “agenda ambiciosa” nesta área.

O programa do Governo apresentado propõe o alargamento das normas anticorrupção aos partidos políticos e a criminalização do enriquecimento ilícito, defendendo uma “agenda ambiciosa, célere e idealmente consensual” para o combate à corrupção.

O documento inclui ainda a regulamentação do ‘lobbying’, o reforço dos recursos humanos e técnicos para o combate à corrupção e a outros crimes no exercício de cargos públicos, o agravamento das sanções do Regime Geral de Prevenção da Corrupção e da pena acessória de proibição do exercício de função pública, e a ampliação das medidas de direito premial para aumentar os contributos na descoberta da verdade nos processos judiciais.

JGO (SMA/ANE) // ZO

Esta interpretação dos acontecimentos que levaram Marcelo Rebelo de Sousa a convocar eleições antecipadas consta do prefácio escrito em 15 de março passado por António Costa para um livro da autoria do ex-presidente do Grupo Parlamentar do PS Eurico Brilhante Dias, intitulado “Palavras escritas”.

Numa alusão indireta à investigação judicial denominada “Operação Influencer”, que conduziu em 07 de novembro do ano passado à sua demissão das funções de primeiro-ministro, António Costa assinala que nunca se saberá “como seria o futuro se o passado tivesse sido outro”.

“O certo é que chegámos prematuramente ao termo desta Legislatura por decisão do Presidente da República. A ocasião fez a decisão, mas desde outubro de 2022 que a direita andava num frenesim na busca de um pretexto para a dissolução”, sustenta.

Para o anterior líder do executivo, sobretudo desde essa altura, assistia-se a “uma corrida em contrarrelógio com o controlo da inflação e a execução do PRR” (Plano de Recuperação e Resiliência).

“A dissolução valeu-lhes uma vitória tangencial, que os deixa nas mãos da extrema-direita populista”, realça António Costa neste texto que escreveu cinco dias depois das últimas eleições legislativas.

Em relação a Eurico Brilhante Dias, o ex-primeiro-ministro afirma que “foi um privilégio ter partilhado” com ele quase dois anos de trabalho, “que foram os mais exigentes de oito anos de governação”.

António Costa faz, depois, uma referência indireta ao facto de Eurico Brilhante Dias ter estado ao lado de António José Seguro e não de si nas eleições primárias socialistas de setembro de 2014.

“Somos de gerações diferentes, viemos de desencontros internos, não nos conhecíamos pessoalmente, mas ao longo destes anos o Eurico Brilhante Dias foi dos quadros políticos que mais apreciei conhecer. Pela sua competência técnica, sua capacidade política e, acima de tudo, pela sua personalidade tão serena quanto firme”, escreve.

António Costa conta que surpreendeu Eurico Brilhante Dias, que tinha sido secretário de Estado para a Internacionalização, quando o convidou para as funções de líder parlamentar do PS em março de 2022, depois de os socialistas terem vencido as eleições com maioria absoluta.

“O certo é que não hesitou em assumir o desafio com militante espírito de missão. Da minha parte, pensei que a experiência na liderança parlamentar reforçaria a dimensão politica do seu percurso, nada prejudicando, pelo contrário, que no futuro viesse a assumir funções ministeriais”, referiu.

Para António Costa, em suma, Eurico Brilhante Dias “tem a personalidade adequada à liderança de uma bancada com maioria absoluta, que se quis distinguir pela capacidade de diálogo com as oposições”.

O livro do ex-presidente do Grupo Parlamentar do PS tem 143 páginas de texto e contém alguns dos discursos que proferiu em momentos que considera os mais marcantes da anterior legislatura.

“Com este livro, pretendo deixar um registo histórico do que foram quase dois anos de maioria absoluta do PS no parlamento, salientando avanços em áreas muito importantes. Através da ação do Grupo Parlamentar do PS, destaco o banco de terras, as medidas propostas para fazerem parte da Agenda para o Trabalho Digno, as ordens profissionais e a morte medicamente assistida”, apontou Eurico Brilhante Dias em declarações à agência Lusa.

Nas conclusões do seu livro, o ex-presidente da bancada socialista entende que exerceu funções ao longo de “dois anos muito intensos, assentes em três orçamentos”, num país que está agora “melhor” do que em 2022, “apesar do contexto particularmente difícil”.

A precipitação do fim da anterior Legislatura “interrompeu um projeto político que tinha sido sufragado pelos portugueses e que devia continuar até 2026. Mas como dizia o nosso fundador e militante número um, Mário Soares, só é vencido quem desiste de lutar”, acrescenta Eurico Brilhante Dias.

 

PMF // JPS

Este novo valor, referido pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, durante o debate de urgência pedido pelo PS, compara com os 1.327 milhões de euros que constam do relatório do Orçamento do Estado para 2024 (OE2024) como impacto previsto em 2024 da redução de IRS então aprovada.

Fonte oficial do Ministério das Finanças disse entretanto à Lusa, que “a nova estimativa do impacto em 2024 da tabela em vigor (1.191 milhões de euros) resulta da atualização de tal estimativa com os dados mais recentes disponíveis, (que consideram as declarações de 2022 apresentadas em 2023)”.

A redução do IRS preconizada no OE2024 e cujo impacto foi contabilizado nos referidos 1.327 milhões de euros compreende a atualização dos escalões à taxa de 3%, a subida do valor isento de imposto (mínimo de existência) e a redução das taxas nos cinco primeiros escalões entre 1,25 e 3,5 pontos percentuais.

O tema da redução do IRS entrou em força do debate político na semana passada durante a discussão do programa do Governo, quando o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou a aprovação pelo Conselho de Ministros de uma proposta de lei para alterar o artigo 68º do Código do IRS.

“Em primeiro lugar, aprovaremos na próxima semana [hoje] uma proposta de lei que altera o artigo 68.º do Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares, introduzindo uma descida das taxas de IRS sobre os rendimentos até ao oitavo escalão, que vai perfazer uma diminuição global de cerca de 1.500 milhões de euros nos impostos do trabalho dos portugueses face ao ano passado, especialmente sentida na classe média”, disse Montenegro.

Um dia depois, o ministro das Finanças, Miranda sarmento, clarificou que os 1.500 milhões de euros de alívio no IRS não se iriam somar aos cerca de 1.300 milhões de euros de redução do imposto inscritos no Orçamento do Estado para 2024 e já em vigor, precisando que a medida, que ainda estava a ser calibrada, deveria “passar os 200 milhões de euros”.

As críticas da oposição não se fizeram esperar, com o líder do PS a falar em “embuste”, “mentira” e “fraude” e a sua líder parlamentar a anunciar um debate de urgência sobre o tema, durante o qual o ministro dos Assuntos Parlamentares devolveu a acusação, referindo que o “embuste” era o debate.

A intenção do Governo é refletir nas tabelas de retenção na fonte a alteração ao artigo 68.º do Código do IRS [o artigo onde estão definidos os escalões do IRS e as taxas que sobre eles incidem], tendo o executivo já referido que a redução que vai ser aprovada não contempla a subida de taxas em nenhum dos escalões, face aos valores em vigor desde janeiro.

No programa eleitoral, a coligação AD (formada pelo PSD/CDS-PP e PPM) apontava para um impacto orçamental de dois mil milhões de euros para a redução das taxas do IRS entre 0,5 e 3 pontos percentuais (até ao 8.º escalão) face a 2023 e a isenção de contribuições e IRS sobre prémios de desempenho (15.º mês).

LT/AAT // EA

O programa oficial da visita da líder do Parlamento Europeu a Lisboa começa, às 10:30, com a atribuição do grau de doutor ‘honoris causa’ em Relações Internacionais, pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.

De seguida, a política maltesa terá uma reunião de trabalho com o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco. Ao início da tarde, Metsola é recebida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e, depois pelo chefe do Governo, Luís Montenegro, a que se seguirá uma conferência de imprensa.

Fora da agenda oficial, a presidente do Parlamento Europeu encontra-se com o líder do PS, Pedro Nuno Santos.

Roberta Metsola está, desde o início do ano, a deslocar-se aos Estados-membros da União Europeia (UE) para fazer apelo ao voto contra a abstenção, iniciativa na qual se enquadra esta deslocação a Portugal.

“Portugal é um país onde me sinto sempre em casa. Estou grata por estar de volta, para sensibilizar as pessoas para as próximas eleições para o Parlamento Europeu, em junho, e para encorajar os portugueses, especialmente os jovens, a votar”, afirmou a presidente da assembleia europeia numa declaração enviada à agência Lusa.

Salientando que Portugal é um país pró-europeu, a responsável europeia defendeu que “os portugueses têm um elevado nível de reconhecimento do papel que a Europa desempenha nas suas vidas e é importante que o expressem claramente no dia das eleições europeias, (…) a Europa conta com todos”, apelou ainda a responsável, na declaração à Lusa.

As eleições europeias realizam-se nos 27 países da UE entre 06 e 09 de junho.

Em Portugal, estão marcadas para 09 de junho e, numa entrevista à Lusa publicada em setembro passado, Roberta Metsola admitiu a realização das eleições europeias nessa altura “é um desafio” para o país, por estarem coladas a feriados, podendo aumentar a abstenção.

Ainda assim, defendeu que a afluência depende da campanha que será realizada.

Mais de metade dos portugueses desconhece a data das eleições europeias de 09 de junho, mais do dobro da média europeia, revelou na quarta-feira o Eurobarómetro, que indicou, porém, que 51% estão interessados no sufrágio.

De acordo com o Eurobarómetro, o último antes das eleições europeias, 57% dos portugueses desconhece a data das eleições no país.

Em dezembro passado, Roberta Metsola deslocou-se a Lisboa para intervir num debate da Fundação Francisco Manuel dos Santos sobre participação política dos jovens e para discursar no Conselho Estratégico Nacional do PSD.

Roberta Metsola foi eleita em janeiro de 2022, tornando-se na presidente do Parlamento Europeu mais jovem de sempre e a terceira mulher no cargo desde as primeiras eleições europeias, em 1979.

Hoje com 45 anos, é também a primeira cidadã de Malta a presidir ao Parlamento Europeu.

JH (ANE) // SCA

Apesar de ocuparem o 11.º lugar, os vila-condenses estão apenas três pontos acima do 16.º e antepenúltimo — ocupado pelo Portimonense -, destinado ao play-off de manutenção, em contraponto com o Arouca, tranquilo sétimo colocado, tão distante da ‘zona vermelha’ como dos lugares europeus.

O confronto entre o Rio Ave, a equipa com mais empates no campeonato (15), e o Arouca, segunda com menos igualdades (quatro), a par do Benfica, dá o pontapé de saída na ronda, que encerra na segunda-feira, com a visita dos ‘encarnados’, segundo posicionados, ao Farense (10.º).

Pelo meio, o Sporting procura consolidar a liderança e aproximar-se do 20.º título nacional, ao receber o Guimarães (quinto classificado), envolvido na luta pelo acesso à Liga Europa da próxima época com FC Porto (terceiro) e Sporting de Braga (quarto), que defrontam Casa Pia (nono) e Vizela (18.º e último), respetivamente.

Programa da 30.ª jornada:

– Sexta-feira, 19 abr:

Rio Ave — Arouca, 20:15

– Sábado, 20 abr:

Moreirense – Gil Vicente, 15:30

Boavista – Estrela da Amadora, 18:00

Sporting de Braga — Vizela, 20:30

– Domingo, 21 abr:

Desportivo de Chaves – Estoril Praia, 15:30

Famalicão – Portimonense, 15:30

Casa Pia – FC Porto, 18:00

Sporting – Vitória de Guimarães, 20:30

– Segunda-feira, 22 abr:

Farense — Benfica, 20:15

RPC // VR

Palavras-chave:

Uma televisão norte-americana noticiou que Israel lançou hoje um ataque contra o Irão, enquanto a TV oficial iraniana deu conta de informações sobre “fortes explosões” na província de Isfahan (centro).

A cadeia de televisão norte-americana ABC News noticiou, citando um responsável dos Estados Unidos, que Israel lançou um ataque contra o Irão, em resposta aos disparos iranianos contra território israelita.

Esta informação surgiu depois de o Irão ter indicado a ocorrência de “fortes explosões” na província de Isfahan (centro), e depois de Israel ter anunciado a intenção de responder aos ataques iranianos na madrugada de domingo.

O Irão ativou a defesa aérea em várias províncias, na sequência das informações sobre pelo menos uma explosão no centro do país, avançou a agência de notícias estatal iraniana IRNA.

As autoridades iranianas suspenderam todos os voos comerciais a partir e com destino a vários aeroportos, incluindo Teerão, disse a agência Mehr, citando as autoridades aeroportuárias.

EJ // CAD

Palavras-chave:

A bolsa de Tóquio abriu hoje em baixa, com o principal índice, o Nikkei, a cair 2,04% para 37.301,35 pontos.

O segundo indicador, o Topix, perdeu 1,53% para 2.636,39 pontos, no início da sessão.

O índice Nikkei reflete a média não ponderada dos 225 principais valores da bolsa de Tóquio, enquanto o indicador Topix agrupa os valores das 1.600 maiores empresas cotadas.

EJ // EJ

Palavras-chave: