E se o diagnóstico para uma infeção respiratória demorasse apenas 20 minutos e não 24 horas? E se esse teste dissesse não só qual a bactéria responsável, mas desse também pistas sobre como combater a infeção? E se nem precisasse de sair de casa para ter um resultado de calibre laboratorial?
Para os quatro cofundadores da startup Iplexmed, mais do que perguntas teóricas, estas questões são o guião que tem servido de referência para o desenvolvimento de um novo equipamento de diagnóstico médico. O NexaGuard é um pequeno dispositivo, do tamanho de um smartphone, ao qual é acoplado um acessório. É neste dispositivo de formato cilíndrico que é feita a recolha da amostra para análise (o paciente só precisa de depositar um pouco de expectoração).
Depois é feita uma análise à amostra, detetada qual a bactéria responsável pela infeção respiratória e a informação é enviada, ao fim de 20 minutos, para um computador ou smartphone. Imagine uma espécie de teste para a Covid, mas especializado em infeções respiratórias e com um maior aparato tecnológico. Isto porque ao contrário dos testes Covid, o objetivo é que a precisão do NexaGuard esteja ao nível dos testes feitos em laboratórios.
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Imagem do protótipo atual do NexaGuard: em cima, um acessório descartável onde é depositada a expectoração; em baixo, o dispositivo que faz a conversão dos resultados e envia-os para o computador do médico
Se a lógica do equipamento é simples de perceber, o que se passa dentro do consumível é muito mais complexo. Na prática, cada consumível tem uma área com 100 biosensores, criados com recurso a grafeno e à nanoescala, assim como o que a Iplexmed chama de sondas moleculares (amostras de DNA), que reconhecem pedaços complementares das bactérias que se pretende detetar e fazem parte da amostra de expectoração. “Ao agarrarem o pedaço de DNA da bactéria conhecida, dá origem a um sinal. Estamos a miniaturizar isso à nanoescala. (…) [O NexaGuard] Permite fazer de forma simples, e num espaço físico reduzido, aquilo que é feito nos grandes equipamentos de análises molecular”, explica Bruno Almeida, diretor executivo da startup bracarense.
Sempre que há uma correspondência entre uma sonda e uma bactéria, através de moléculas que se ligam umas às outras, é criado um sinal biológico que é depois convertido em sinal digital. E é esta informação que depois é passada para os equipamentos dos médicos – e, no futuro, dos pacientes. “Atualmente não existem sensores de grafeno na aplicação médica, nós estamos naquilo que é a crista da onda destes sensores, queremos ser os primeiros a chegar ao mercado”, assegura Bruno Almeida em entrevista. A empresa já submeteu um pedido de patente nos EUA e está a trabalhar em duas novas submissões para proteger a forma como os biossensores são usados.
Além de ser capaz de identificar a bactéria que está por trás da infeção respiratória, o NexaGuard também será capaz de informar sobre a resistência antimicrobiana daquele agente – o que permite, logo, a prescrição da medicação mais adequada às necessidades do paciente. Ao todo, o NexaGuard promete identificar um de 30 elementos com uma única análise.
O caminho que se segue
A Iplexmed foi criada em 2021, mas a génese do projeto começou antes, em 2017, depois de uma competição de desenvolvimento e inovação promovida pelo Laboratório Ibérico de Nanotecnologia e o Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde, da Universidade do Minho. Foi destas organizações que vieram os cofundadores da Iplexmed e o primeiro investimento para o desenvolvimento de um protótipo.
Atualmente a Iplexmed está a terminar os testes de eficácia do sistema de análise de bactérias, que estão a ser feitos em parceria com o Hospital de Braga. “Estamos a trabalhar em parceria estreita com o departamento de urgência. O que estamos a fazer é processar as amostras [de expectoração], e saber das amostras positivas quantas é que dos nossos testes deram positivo, estamos a fazer bactéria a bactéria. Existe uma sensibilidade bastante elevada, não podemos revelar o número, mas os resultados são consistentes com o melhor que existe nos testes de biologia molecular”, destaca o líder da startup.
O objetivo da Iplexmed é colocar o NexaGuard primeiro em ambiente hospitalar, mas Bruno Oliveira não esconde o objetivo de também estar mais perto dos pacientes, em sua casa. “A prazo, o diagnóstico médico vai mudar e vai migrar dos laboratórios hospitalares, uma estrutura padronizada, dependente de mão de obra especializada e equipamentos complexos, para a casa dos pacientes. Iremos ter em casa um equipamento que fará por nós um conjunto muito grande de análises e diagnóstico laboratorial”. Um dispositivo destes pode fazer sentido, por exemplo, para um doente crónico de infeção respiratória e que tem a necessidade de testar-se com regularidade, evitando assim deslocações constantes – e potencialmente perigosas – ao hospital.
Além da redução muito significativa de tempo no diagnóstico para infeções respiratórias, há outras vantagens associadas a um projeto como o NexaGuard: desde a prestação de cuidados de saúde mais eficientes, a uma redução dos custos com diagnósticos e medicamentos, à maior personalização dos tratamentos dos pacientes.
E o sistema está também a ser construído para que, no futuro, possa ser usado para a deteção de outras patologias, como malária ou até doenças sexualmente transmissíveis.
Depois da conclusão dos testes de precisão e eficácia, segue-se a prototipagem do consumível que o NexaGuard irá usar e uma angariação de investimento, para que o projeto possa continuar o desenvolvimento. “A seguir à prototipagem vamos entrar no processo de certificação, para termos autorização para vender na Europa”. A estimativa da equipa é que o NexaGuard possa chegar aos primeiros hospitais até setembro de 2026.
Inicialmente dedicada ao desenvolvimento e produção de baterias, a BYD rapidamente se tornou o segundo maior produtor do mundo, assumindo o papel de fornecedor para outras marcas. Desde a sua criação em 1995, a BYD tem seguido firmemente um caminho focado no desenvolvimento sustentável com a disponibilização de soluções de energia livres de emissões para todo o mundo.
A empresa conta com mais de 700 mil colaboradores, dos quais 100 mil ligados à Investigação e Desenvolvimento (I&D), consolidando o seu posicionamento na vanguarda da inovação tecnológica com registo de cerca de 27 patentes por dia.
Atualmente, enquanto fabricante líder mundial de veículos movidos a novas energias (EV e PHEV), já atingiu o impressionante marco de sete milhões de viaturas produzidas.
Liderança tecnológica
Em Portugal, a BYD apresenta uma gama diversificada, com destaque para cinco modelos 100% elétricos, desde o versátil SUV, BYD ATTO 3, até ao Carro do Ano 2024, BYD SEAL. Todos estes modelos incluem a tecnologia exclusiva BYD Blade Battery, desenvolvida com o objetivo de garantir elevados níveis de segurança, durabilidade e desempenho. Isto sem esquecer o tamanho compacto, para reduzir peso e espaço ocupado. A conceção da bateria, formada por células finas e alongadas que se assemelham a lâminas, assegura uma resistência superior ao fogo e aos impactos, reduzindo o risco de incêndios.
BYD SEAL U e BYD SEAL U DM-i
Esta tecnologia integra a estrutura e-Platform 3.0, desenvolvida especificamente para veículos elétricos, que proporciona grande flexibilidade, otimizando o espaço que se traduz em interiores mais confortáveis e maior capacidade de carga. O peso reduzido e o centro de gravidade mais baixo significam um comportamento eficaz e equilibrado para oferecer a melhor dinâmica de condução. Além disso, incorpora sistemas de controlo de tração e estabilidade, assim como capacidades de condução autónoma.
Nova tecnologia Super DM
A avançada Tecnologia Super DM (Dual Mode) presente no mais recente modelo lançado em Portugal, oBYD SEAL U DM-i (PHEV), representa uma evolução revolucionária na tecnologia PHEV inteligente priorizando a energia elétrica com uma dependência mínima do combustível.
A revolucionária Blade Battery
da BYD
Tecnologia Super Dual Motor,
conjugando motor elétrico
com motor a gasolina
A e-Platform 3.0 é a mais
recente plataforma
desenvolvida especificamente
para veículos elétricos
A tecnologia Super DM (Dual
Mode) combina motores
elétricos e motores de
combustão interna
Estrutura Super DM com Blade
Battery e motor térmico
Motor 1.5L integrado na
tecnologia Super DM Dual
Motor, da BYD
O sistema permite que o motor térmico alimente as baterias e forneça energia de tração diretamente aos eixos motrizes. Desta forma, circula como um elétrico puro durante 90% do tempo, mas pode funcionar a gasolina, se necessário, assegurando sempre uma transição suave entre os modos de condução. Ao dar prioridade à energia elétrica, obtém máxima eficiência para garantir consumos mais baixos. Adicionalmente, a bateria recebe carga através da regeneração da energia, em travagem e desaceleração.
Visão de futuro
Com uma estratégia sustentável à escala global, que tem por base a inovação tecnológica, a BYD disponibiliza soluções de energia com zero emissões, desde a sua geração, passando pelo armazenamento até à aplicação.
A BYD atua em quatro grandes áreas – automóvel, eletrónica, novas energias e transportes ferroviários – que contribuem para o grande objetivo sustentável da marca: o de criar um ecossistema livre de emissões e contribuir para o arrefecimento do planeta em 1ºC.
A reorganização da extrema-direita portuguesa surge ao mesmo tempo que aumenta o discurso racista e xenófobo no espaço público. Como é que voltámos aqui? A História já nos mostrou, diversas vezes, como isto acontece. Normalmente, há uma confluência de fatores que explicam o aumento do racismo e da xenofobia, pequenas falências dos sistemas político, económico e social, que agravam as dificuldades, as desigualdades e a insatisfação das pessoas comuns. Quando se instala uma perceção coletiva de crise, isso aumenta a competição entre grupos. E, depois, as pessoas comuns acabam por ser influenciadas por ideias fabricadas, que são depreciativas em relação a quem é considerado um “intruso”.
É possível relacionar o crescimento de um partido da direita radical populista, como o Chega, que tem um discurso anti-imigração, anti-Islão, com este reaparecimento da extrema-direita? O que vemos, um pouco por todo o mundo – e Portugal não é exceção –, é que o aparecimento destas forças partidárias alimenta as tais perceções coletivas negativas sobre certos grupos. O objetivo destes discursos é o de retirar vantagens políticas, culpando as minorias por todos os problemas, criando bodes expiatórios. Isto é discurso de ódio, que desumaniza os “outros”, promove o racismo e a xenofobia. E não tenho dúvidas de que o aparecimento do Chega contribuiu para a situação atual.
Acha que o Chega e o Grupo 1143 de Mário Machado podem ser vistos como sendo da mesma “família”? São coisas diferentes, porque cada uma das estruturas se movimenta num determinado contexto. Mas há, claramente, uma partilha de pontos de vista ideológicos. Mesmo a narrativa utilizada é comum: bélica, de combate, de conflituosidade, de hostilidade, securitária, identitária. A própria atitude social é idêntica: sectária, difamatória, preconceituosa, estereotipada. Têm muitas coisas em comum.
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A SOS Racismo tem estado envolvida numa “iniciativa legislativa cidadã” para criar um enquadramento legal mais eficaz para combater o discurso de ódio. As leis portuguesas, neste campo, são más? Não necessariamente, mas, apesar de já existirem, a ideia de liberdade de expressão parece-me, hoje, tão “elástica” que as leis acabam por se tornar ineficazes. Temos muitos exemplos disso, como o dos deputados do Chega, que, muitas vezes, difundem mensagens deste género nas televisões, rádios ou redes sociais. Mesmo gozando de imunidade parlamentar, isso não significa que as autoridades não possam abrir um inquérito na sequência destas evidências. Infelizmente, isso não tem acontecido.
A SOS Racismo sempre criticou o Tribunal Constitucional pela legalização do Chega. Hoje, o partido é a terceira força política nacional. E a extrema-direita reapareceu em força. O sistema falhou? Sinto, por vezes, que vivemos numa espécie de limbo entre política e justiça, em que há um constante medo de se ser acusado de se limitar as liberdades. O que é preciso esclarecer, de uma vez por todas, é que numa democracia as liberdades não são, por si só, um direito absoluto. Quando uma pessoa, um grupo ou um partido político defende uma ideologia que põe em causa a liberdade de outras pessoas e a própria dignidade humana, esse direito deve ser-lhe retirado.
O Grupo 1143 é assumidamente racista e xenófobo. Se, como diz, “existem leis”, porque é que as autoridades não proíbem o movimento? Eu tenho sempre dificuldade em compreender porque é que, nestes casos, não se cumpre a Constituição portuguesa. Se são organizações neonazis, com uma ideologia racista, eugénica, que defendem a eliminação da presença dos “outros”, que apelam à violência contra imigrantes, não compreendo como pode ser antidemocrático proibi-las. Já aconteceu noutros países. Estamos a dizer que a liberdade destes grupos se sobrepõe à liberdade dos “outros”? Sobrepõe-se ao próprio sistema democrático?
No início de maio, houve três episódios de agressões a imigrantes no Porto, associados à extrema-direita. Este nível de violência surpreende-a? Não, porque já tinha acontecido no passado, com as mesmas pessoas e grupos. O discurso de ódio tem consequências reais, e resulta inevitavelmente em violência.
Tendo em conta a sua experiência, ainda acredita numa sociedade sem ódio nem preconceito? Acho que nunca vamos alcançar essa ideia idílica. O que importa, no momento em que vivemos, é chamarmos a atenção para que a História não se repita. Não tenho dúvidas de que a solução para resolver este fenómeno passa por um sistema político, económico e social mais justo para todos. Melhores circunstâncias ajudam a travar o ódio.
Mário Rui Valente Machado era um adolescente de apenas 15 anos, quando ingressou, por convicção, no seu primeiro grupo de skinheads. No verão seguinte, a paixão pelo desenho levou-o a inscrever-se na Escola Artística António Arroio, pensando poder ali completar o 10.º e o 11.º anos no curso de Arte e Design. A realidade que encontrou, fez o militante de extrema-direita sentir-se deslocado, manifestando repulsa pelo que descreveu como os “valores mais liberais” daquela instituição – conhecida pelo caldo de cultura mais à esquerda –, fazendo com que entrasse rapidamente em conflito aberto com professores e outros colegas.
Este e outros episódios da vida do mais conhecido dirigente do movimento nacionalista português constam do Relatório Social para Determinação da Sanção, a que o arguido Mário Machado, 47 anos, foi submetido antes de conhecer a última condenação em tribunal: dois anos e dez meses de prisão efetiva por incitamento ao ódio e à violência contra mulheres de esquerda (identificando em particular Renata Cambra, antiga líder do Movimento Alternativa Socialista), em publicações nas redes sociais.
Mais de trinta anos depois, o lápis de desenho ficou para trás, e Mário Machado continua de megafone, em punho, à cabeça do Grupo 1143, um novo projeto de ódio, que parece continuar a aproveitar um aparente entusiasmo.
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Líder Mário Machado faz a enésima tentativa para tentar pintar o País no tom preferido da extrema-direita
De entre milhares de contas anónimas, rostos cobertos e comentários cáusticos, nas redes sociais, um grupo de, pelo menos, 200 pessoas, mostra-se orgulhoso, no papel de combatentes de um exército que reclama uma “reconquista” para Portugal. Do teclado, passaram para as ruas, promovendo marchas que já percorreram as principais artérias de Lisboa e do Porto. A maioria são homens jovens, mas também há mulheres. E crianças, levadas pela mão dos adultos. Alguns, são velhos conhecidos destas andanças, que posam em piqueniques, passeios pelo parque, idas à praia, em fotografias em que nunca falta, pelo menos, uma saudação nazi.
Depois de pensar em desistir diversas vezes, desiludido com as rivalidades e dissidências no seio do que chama de “movimento nacionalista”, como partilhou nas suas redes sociais, Mário Machado, que entrou no radar das autoridades com apenas 18 anos, regressa à mesma “luta”, provando que os dez anos na cadeia não lhe mudaram as opiniões ou o comportamento; não se arrepende nem se reabilita. E, aos 47 anos, continua a reclamar impunemente a liderança da extrema-direita em Portugal.
Uma vida radical
Ansioso para o dia de jogo do Sporting, habitou-se a ir ao antigo Estádio José de Alvalade na companhia do pai e do avô, mas assim que completara 13 anos, o adolescente de “personalidade forte e independente”, como se autodescreveu às técnicas da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) que elaboraram o seu relatório social, passou a ir sozinho para as bancadas, misturar-se com a Juventude Leonina, lado a lado com skinheads, por quem desenvolvera “um sentimento de simpatia”, por considerar serem “os líderes da claque” e revelarem uma “postura de poder e força”. Com o convívio, começou a identificar-se cada vez mais com o que ia ouvindo deles, até que o “fervor patriótico” que já sentia “passou a nacionalismo”. Numa reportagem, chegou a confessar ter tido como “grandes influências” um skinhead, seis anos mais velho, e uma skingirl, de quem ainda é amigo. Foram eles, aliás, que o levaram a inscrever-se na Frente de Defesa Nacional, grupo que, no início da década de 1990, se mantinha na sombra do mais visível Movimento de Acção Nacional (MAN), então considerado o principal movimento de extrema-direita no País. Mário Machado tinha apenas 15 anos, mas o seu destino já estava traçado, e nunca mais conheceu desvios.
O mais conhecido neonazi português nasceu em agosto de 1976, na freguesia de Campo Grande, em Lisboa, filho único de um casal de comerciantes de classe média. Às técnicas da DGRSP, a sua mãe recorda-o como “uma criança inteligente”, que teve um desenvolvimento “normal”, ao ponto de, para a família, a sua associação à extrema-direita portuguesa ter suscitado “surpresa”, tendo em conta que a sua educação respeitou “princípios humanistas e democráticos”. Descrito como um “jovem afetivo” e “responsável”, a radicalização fê-lo mudar.
Grupo 1143 O novo projeto de ódio de Mário Machado já percorreu as principais artérias de Lisboa e do Porto
Esse ponto de viragem teve reflexos no percurso escolar, com Machado a chumbar no 7.º ano. No relatório, justifica o percalço com “a adaptação a uma nova escola” e alguma “desmotivação pelas atividades escolares”, mas as alterações de personalidade davam-se silenciosamente, já revelando, a quem o rodeava, sentimentos discriminatórios e intolerantes.
A passagem pela Escola Artística António Arroio, como já referido, foi fugaz. Aos 15 anos, Machado não convivia pacificamente com os “valores mais liberais” daquela instituição. Abandonou a escola em “colisão”, sem nunca ter completado o 11.º ano de escolaridade.
A prioridade era agora outra, e passou a dedicar-se a outra “missão”. Com 17 anos, entrou numa loja, no Bairro Alto, para fazer a sua primeira tatuagem: escreveu skin na parte de dentro do lábio inferior, assumindo, com aquela ideologia, uma espécie de compromisso para vida.
Ainda menor, pensava, acima de tudo, em “defender a pátria”, o que o levou a falsificar a assinatura dos pais para se poder oferecer como voluntário na Força Aérea. A perspetiva era seguir uma carreira militar e, posteriormente, frequentar o curso de sargentos. Com 18 anos, Machado tinha completado a recruta na Ota e era treinador de cães-polícia na Polícia Aérea. Com a patente de cabo especialista, sonhava tornar-se polícia ou militar, mas a noite de 10 para 11 de junho de 1995 mudaria tudo.
Proibido na Constituição
No artigo 46.º, a Constituição da República Portuguesa estipula que não são consentidas “organizações racistas ou que perfilhem a ideologia fascista”. São, pois, proibidas as organizações de extrema-direita. Porquê estas e não as de extrema-esquerda? Por duas razões. A primeira, de carácter interno: Portugal sofreu 48 anos sob uma ditadura de direita, sendo a Constituição de 1976 fruto da revolução que derrubou essa estrutura repressiva. A segunda é de carácter geral: os fascismos espalharam o terror na Europa, arrastando o mundo para a II Guerra Mundial. Depois de derrotados, viram o seu banimento consignado na lei da maioria dos países.
O “seu” Sporting vencera nessa tarde a Taça de Portugal (2-0 ao Marítimo, com golos do búlgaro Yordanov), 13 anos depois. E, como todos os anos nesta data, os skinheads juntavam-se para celebrar o “Dia da Raça”. Mário Machado e a então namorada (que viria a ser a sua primeira mulher) estavam sentados à mesa. Sentia-se em casa. Ainda hoje, a cada 10 de junho, Machado publica, nas redes sociais, uma fotografia daquela noite, em que surge, franzino, vestido com suspensórios, tendo os colegas e uma bandeira de Portugal como pano de fundo.
O que se seguiu é conhecido. Acabado o convívio, o grupo varreu o Bairro Alto e o Chiado, agredindo todas as pessoas negras com quem se cruzou. Dez pessoas, pelo menos, ficaram feridas com gravidade, dando entrada nas urgências no Hospital de São José. Alcindo Monteiro foi a 11.ª vítima – cercado e espancado pelo grupo, em pleno Chiado, o luso-cabo-verdiano não resistiria aos ferimentos, falecendo ainda nessa madrugada. Horas depois dos acontecimentos, Machado seria detido no Cais do Sodré. No julgamento, escapou às acusações de homicídio, mas acabou condenado a dois anos e seis meses por oito agressões violentas. Vestir uma farda passava a ser impossível.
O passado repete-se?
A história de violência da extrema-direita portuguesa tem muitos capítulos. No próximo mês de outubro, passam 35 anos desde que José Carvalho, conhecido como Zé da Messa, militante do PSR, foi assassinado à facada por um skinhead, à porta da sede do partido, na Rua da Palma, em Lisboa, hoje casa do Bloco de Esquerda. A morte do luso-cabo-verdiano Alcindo Monteiro fez, este ano, 29. No próximo mês de setembro, cumprem-se nove anos desde que mais de duas dezenas de cabeças rapadas cercaram e agrediram quatro militantes do PCP, à saída de um comício da CDU, realizado no Coliseu de Lisboa, provocando um ferido grave. No início deste mês, assinalaram-se dois meses da noite em que um grupo com uma dezena de homens agrediu dois imigrantes marroquinos nas ruas do Porto, e depois invadiu uma habitação, na Rua do Bonfim, armado com paus, facas e, segundo as testemunhas, uma arma de fogo, para bater em todos os que lá viviam. A investigação aponta para o envolvimento de membros do Grupo 1143 de Mário Machado.
A lista de todos os crimes e vítimas da extrema-direita portuguesa não caberia nestas páginas. Reorganizados a partir da década de 1980, os movimentos de cariz racista, xenófobo e homofóbico têm vivido, desde então, ciclos de maior ou menor fulgor. Mas, talvez, nunca como até aqui “a retoma da atividade de organizações neonazis e identitárias”, como menciona o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), referente a 2023, tenha representado uma tão grande ameaça para a democracia.
Ligações A relação entre polícia e extrema-direita tem motivado críticas nos setores antifascistas
“No campo dos extremismos políticos, assistiu-se [a partir do ano passado] a um agravamento da ameaça representada por estes setores, sobretudo no âmbito da extrema-direita”, alerta o documento, que acrescenta que, após um período de estagnação, os movimentos tradicionais e os militantes dos setores neonazi e identitário “retomaram a sua atividade, promovendo ações de rua e outras iniciativas com propósitos propagandísticos”. A reabilitação da extrema-direita portuguesa, nomeadamente entre as gerações mais jovens, deveu-se, em grande parte, ao “esforço desenvolvido na esfera virtual”, que constituiu o “principal veículo de disseminação de propaganda e motor de radicalização”, completa o RASI.
É, precisamente, em redes sociais como o Telegram, TikTok ou X (ex-Twitter) que o discurso de ódio passou a circular livremente entre os internautas. Antes com dificuldade para passar a mensagem, a extrema-direita beneficia, desde 2019, do surgimento do Chega, partido radical populista, que tem contribuído para a “normalização” dos “processos de desumanização e demonização” contra minorias, como explica, à VISÃO, Cátia Moreira de Carvalho, investigadora da Universidade do Porto em Psicologia, Extremismo e Radicalização. O atual contexto fornece “um maior conforto à extrema-direita para se mostrar e recrutar mais seguidores”, afirma.
A vida atrás das grades
A relação de Mário Machado com o sistema prisional português não é, para já, uma história com final. A reabilitação nunca se cumpriu. Os contactos com grupos e militantes de extrema-direita (portugueses e estrangeiros) continuaram e aprofundaram-se a partir da cela. Machado mantinha ligações ao MAN, e ainda saiu a tempo de acompanhar a criação da Aliança Nacional, em 1995, movimento que pagou as dívidas do Partido Renovador Democrático (fundado por Ramalho Eanes), elegeu uma direção e mudou o nome para Partido Nacional Renovador (hoje, Ergue-te), conseguindo, com este expediente, legalizar a primeira formação política de extrema-direita em Portugal, no pós-25 de Abril, sem oposição do Tribunal Constitucional.
O PNR nunca descolou. E a extrema-direita portuguesa caiu numa longa estagnação. Entre 1995 e 2019, nenhum partido deste espetro político conseguiria obter qualquer resultado eleitoral relevante. E os projetos de Mário Machado – como a Frente Nacional (FN), Grupo 1143, Portugal Hammerskins (PHS) ou Nova Ordem Social (NOS) – também se ficaram pela marginalidade.
Como segurança privado, primeiro, na casa de striptease Savana, e, depois, nos bares das Docas e do Parque das Nações, a ação de Machado apenas se tornava notícia quando estava a contas com a Justiça. A investigadora Cátia Moreira de Carvalho destaca que Mário Machado “é uma pessoa que é vista como representante da extrema-direita violenta em Portugal”, mas admite que “muito desta ideia também se deve à promoção que lhe tem sido dada”. “É preciso encontrar um bom equilíbrio porque o extremismo alimenta-se mais da promoção do que dos seus atos. Se formos realistas, muitos dos extremistas são uma fraude, mas a romantização em torno deles transforma-os em algo maior do que eles são”, diz.
10 de Junho Com apenas 18 anos, Machado fazia parte do grupo que varreu o Bairro Alto, na noite em que Alcindo Monteiro foi assassinado
O skinhead regressou à prisão em 2007, após ser condenado a sete meses de prisão por posse ilegal de arma, depois de uma reportagem televisiva em que surgia armado, e a defender a ideologia nazi. A cumprir pena, seria condenado a mais quatro anos e dez meses de prisão por crimes semelhantes, a que se juntou nova condenação, em 2009, no âmbito de um processo de ameaças à procuradora do Ministério Publico, Cândida Vilar. Seria absolvido do crime de ameaça, mas condenado a oito meses de prisão por difamação agravada da magistrada. Ainda nesse ano, foi condenado a sete anos e dois meses de prisão por sequestro, roubo e coação. A pena ficou fixada num total de dez anos por cúmulo jurídico.
Apesar da longa estada na cadeia, Cátia Moreira de Carvalho considera que as ações de “uma pessoa que tem um historial criminal e violento” como Mário Machado, nem sempre têm sido devidamente penalizadas pela Justiça portuguesa. A especialista em Psicologia, Extremismo e Radicalização considera mesmo que “certos atos que foram cometidos pela extrema-direita violenta em Portugal podiam e deviam ter sido considerados extremismo/terrorismo, e não o foram”. “Estou de acordo que existe um viés que faz com as instituições penalizem de forma diferente a extrema-direita. Se fosse uma pessoa de cor, origem e religião diferentes, a história seria certamente outra”, lamenta.
Jurista, treinador e comerciante de antiguidades
Mário Machado voltou à liberdade apenas em maio de 2017. Na cadeia, o antigo praticante de ginástica, andebol e taekwondo, passou a dedicar-se ao boxe e à musculação, atividades populares para lá dos muros, a que ainda hoje se dedica nos tempos livres. Ao longo do último período de reclusão, iniciou e concluiu a licenciatura em Direito, na Universidade Autónoma de Lisboa, com o objetivo de “ficar com outra bagagem jurídica”, como referiu a pessoas próximas. No decorrer da pena, insistiu na ideia de ser “um preso político”, e protagonizou momentos de tensão atrás das grades, envolvendo-se em confrontos físicos com colegas de cárcere, como Henrique Sotero, conhecido como “o violador de Telheiras”, e Wesley Silva, apontado como o braço direito de Sandro Bala, indicado como o chefe da máfia brasileira, que atuava na Margem Sul do Tejo.
Advogado de Mário Machado, durante todo este período, José Manuel Castro descreve o cliente, que já considera “um amigo”, como “um militante nacionalista empenhado, com as ideias bem enraizadas”, que “tem pagado um preço alto pelo seu voluntarismo”.
Casos de polícia
Abundam indícios das ligações de polícias à extrema-direita portuguesa, mas ninguém quer falar sobre o assunto
Ao jornalista, um responsável da PSP diz “não querer falar sobre o assunto”. A comentada “proximidade” entre elementos das forças de segurança e a extrema-direita portuguesa tornou-se tabu. A retórica securitária do Chega atrai e encanta muitos polícias e militares. Com a chegada de André Ventura ao Parlamento, dezenas de profissionais da PSP e da GNR, no ativo, aderiram ao partido, mesmo proibidos por lei. Uma amostra de 591 elementos das forças de segurança, trabalhada pelo Consórcio de Jornalistas de Investigação, destapou um submundo policial e militar feito de discursos de ódio online. A tese dos “casos isolados” seria demolida pelo premiado artigo O Braço Armado do Chega, da autoria do jornalista Miguel Carvalho, publicado na VISÃO em novembro de 2022. Por exemplo, dois guardas da GNR são membros ativos do Grupo 1143 de Mário Machado, posando ao lado de quem faz a saudação nazi. “Mas há mais polícias envolvidos no movimento”, garante, à VISÃO, um ativista antifascista. “Os outros apenas são mais discretos”, completa a mesma fonte. Dos sindicatos tradicionais, “não há comentários”. Neste momento, “ninguém quer ser acusado de dividir a classe”, quando “a prioridade é lutar por melhores condições salariais e de trabalho”, diz uma fonte sindical. No passado 10 de Junho, a atuação da PSP para afastar duas manifestações (do Grupo 1143 e de coletivos antifascistas e antirracistas), que coincidiram, no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, amplificou a polémica e as críticas. Ativistas dos direitos humanos insistem que os bastões policiais “apenas batem na esquerda”, poupando “o outro lado”. “Polícias e extrema-direita andam de mãos dadas”, acusam. Oficialmente, a PSP considera que a ação foi “equilibrada”, e permitiu evitar a “desordem generalizada”. O Grupo 1143 deixou um agradecimento às forças de segurança. E agora até o Movimento Zero – grupo inorgânico de polícias associado à extrema-direita –, contido, há três anos, por centenas de processos disciplinares, instaurados pela PSP e pela GNR, ameaça reaparecer.
Habituado a defendê-lo em tribunal, José Manuel Castro confessa que já aconselhou Machado “a ter mais calma e ponderação” nas suas ações, pois considera que “os olhos estão sempre em cima dele”. “Seria um mau advogado, mas também um mau amigo, caso não o fizesse”, refere.
Os conselhos, porém, parecem não surtir efeito. Após a saída da prisão, em 2017, Machado ponderou afastar-se, dedicar-se à família – a nível pessoal, casou e descasou por três vezes, tendo hoje cinco filhos, de quatro mulheres diferentes. O mediatismo conquistado tornava-o “tóxico” aos olhos de outros grupos e militantes da extrema-direita portuguesa. E foi preciso esperar até 2019 para ser reabilitado (ver caixa).
Hoje, Mário Machado está solteiro e vive com a mãe. Desdobra-se em atividades. Em liberdade, já trabalhou na fiscalização e manutenção de ares condicionados, como fiel de armazém ou no apoio à vigilância de espaços de diversão noturna, no Algarve. Atualmente, presta serviços como jurista, dá aulas de preparação física a amigos e outras pessoas, em Mafra, e ainda explora uma loja de antiguidades, nessa localidade. Declarou, às técnicas de reinserção, ter rendimentos na ordem dos €2 mil/mês, uma situação económica “equilibrada”, continuando, para mais, a contar com o apoio pontual da mãe, mas também com a herança deixada pelo progenitor, falecido há sete anos.
Uma longa lista de inimigos
Mário Machado acredita que o País entrou num novo ciclo, e que a extrema-direita nunca teve tanta força, como até hoje, no Portugal democrático. A entrada do Chega no Parlamento, em 2019, fê-lo suspender a NOS, passando a apelar ao voto em André Ventura, a quem elogia “as ideias”, “o discurso combativo” e “a nobreza de caráter”. Sabe, porém, que nunca vai ter espaço para aparecer na fotografia e, por isso, continua a fazer-se notar.
Nas redes sociais, criou vários canais no X e no Telegram, para partilhar as suas ideias, e atacar quem classifica como “inimigos”: imigrantes, ativistas antifascistas e antirracistas, homossexuais, políticos e jornalistas.
A lista é longa, com casos reais. Como o de Jonathan da Costa Ferreira, uma das caras mais conhecidas da Frente Unitária Antifascista (FUA), que residia em Braga com a família, mas que teve de abandonar a cidade, alvo de uma campanha de provocações e ameaças diárias, que chegaram ao local de trabalho. Jonathan chegou a ser vítima de uma emboscada e de duas tentativas de atropelamento. Acabando por apagar o rasto para proteger a sua família.
Ou o de Mamadou Ba, alvo do discurso de ódio online nos canais de Mário Machado, mas também de uma perseguição através de “uma montanha” de processos judiciais, chegando a ser condenado, em primeira instância, a pagar €2 400 a Machado, por difamação e calúnia do neonazi – sentença, entretanto, anulada pela Relação de Lisboa. “Já tive de enfrentar 13 processos judiciais, apresentados por pessoas ligadas à extrema-direita”, admite, à VISÃO, o ativista antirracista. Mamadou Ba considera que, “neste percurso de 50 anos, já todos percebemos a diferença do que é viver em ditadura e em democracia”, e alerta que “quando alguém tem um projeto para reverter este caminho, torna-se um perigo, não apenas para mim, mas para todos nós, enquanto sociedade”. “Se as ideias de Mário Machado vingarem, muitas pessoas que pensam como ele também estariam ameaçadas”, diz.
O código do telemóvel de Mário Machado é “1143”. O ano da assinatura do Tratado de Zamora, que reconhece Portugal como nação independente, tornou-se uma bússola para a extrema-direita portuguesa. E seguindo esse caminho, o Grupo 1143 quer fazer “uma demonstração de força”, no próximo dia 5 de outubro, numa grande manifestação em Guimarães. O passado ensina-nos que este nunca é um bom destino.
Convidado da TV e fã do Chega
O ano de 2019 foi decisivo para a reabilitação de Mário Machado. O militante neonazi foi convidado pela TVI para falar sobre Salazar e desistiu dos seus projetos políticos para passar a apelar ao voto no Chega de André Ventura
Às zero horas do dia 1 de janeiro de 2019, Mário Machado resistia à ideia de formular resoluções de Ano Novo. Os tempos recentes tinham-no desiludido novamente. O neonazi português estava em liberdade condicional há pouco mais de 19 meses, mas continuava a falhar o seu objetivo de formar um grupo capaz de liderar a extrema-direita portuguesa. Nas entrevistas com os técnicos de reinserção social dos serviços prisionais, Machado garantia estar “afastado” de contextos e atividades associadas ao movimento nacionalista, mas ao ser apanhado numa “guerra” entre gangues de motards radicais voltara a revelar a sua verdadeira natureza e o seu habitat.
Nesse ano, Machado vira a tentativa de criar uma filial portuguesa do grupo motard Los Bandidos cair por terra, depois de uma resposta violenta dos rivais Hells Angels. Nove meses antes, o neonazi escapara por pouco a um ataque num restaurante no Prior Velho (Loures), escondendo-se numa arrecadação nas traseiras do estabelecimento.
Depois de mais de quase nove anos na cadeia, o episódio demonstrava a fragilidade da sua rede de apoio. Naquele momento, restava-lhe a “sua” Nova Ordem Social (NOS), uma organização fundada em 2014, que se mantinha na marginalidade, nunca tendo conseguido reunir as 7 500 assinaturas necessárias para se constituir como partido político. Para piorar as coisas, o mediatismo de Machado tornava-o “tóxico” aos olhos de outros militantes da extrema-direita. À sua volta, restavam pouco mais de duas dezenas de indefetíveis. Com a cabeça a prémio, e a debater-se com um quadro de insuficiência renal, que o obrigava a submeter-se a longas sessões de hemodiálise, o neonazi português até recuara no projeto de abrir uma loja de tatuagens no município de Odivelas.
E foi quando começava a abandonar a ideia de ser “o” líder da extrema-direita portuguesa que o telefone tocou. Do outro lado da linha, o repórter Bruno Caetano (que não tem carteira profissional de jornalista) convidava-o a participar num debate com o tema “Precisamos de um novo Salazar?”, no programa da TVI Você na TV, apresentado por Manuel Luís Goucha.
A aparição motivou críticas de várias organizações antifascistas e antirracistas e do Sindicato dos Jornalistas, mas o convite repetir-se-ia, nesse mesmo dia, para o programa noturno SOS 24, da TVI24. A participação de Machado na TV motivaria queixas formais junto da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) contra a estação de Queluz de Baixo, mas o regulador não identificou qualquer infração.
Mário Machado leu esta oportunidade como um sinal de “um novo ciclo”, e não foi preciso esperar muito para confirmar ter razão. Enquanto recuperava de um transplante renal, assistiu com entusiasmo discreto ao surgimento do Chega (em abril de 2019) e à eleição de André Ventura como deputado, nas legislativas desse ano. Consciente do crescimento da direita radical populista – Donald Trump e Jair Bolsonaro eram presidentes dos Estados Unidos e do Brasil, respetivamente –, Machado anunciou, através do YouTube, a suspensão da NOS, justificando a decisão com o aparecimento de “um partido novo (…) [que tem] aglomerado grande parte dos nacionalistas portugueses e da direita”. Desde então, tem apelado ao voto no Chega, uma vez que considera ser este o “único partido da história” da democracia portuguesa com um discurso político que se aproxima do que designa por “nossas ideias”.
Era muita a expectativa no edifício do Instituto Superior Técnico (IST) no Taguspark, em Oeiras, horas antes do lançamento do nanossatélite português ISTSat-1. Alunos e investigadores que trabalharam ao longo dos últimos anos no satélite, vários representantes de empresas tecnológicas e autarcas, todos quiseram marcar presença num evento que não acontece todos os dias.
Em relação ao lançamento do satélite ‘made in’ Portugal e que ia a bordo do foguetão Ariane 6, o presidente do IST afirmou que “a corrida ao Espaço é absolutamente determinante para o nosso país”. Como Portugal é um dos países da União Europeia com maior área marítima, Rogério Colaço defendeu que por esse motivo “é necessário ter instrumentos para monitorizar [o mar], quer seja por motivos económicos ou de sustentabilidade. Este momento é semelhante àquele que vivemos há 700 anos quando começámos a explorar o oceano Atlântico”.
O evento serviu ainda para a assinatura de um protocolo que visa criar e dinamizar o Oeiras Space Hub, que será um pólo tecnológico focado na área do Espaço. O protocolo foi celebrado entre o Município de Oeiras, o CEIIA (Centro de Engenharia e Desenvolvimento) e o Instituto Superior Técnico.
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Este novo centro técnológico terá o CEIIA como parceiro de desenvolvimento de novos produtos e serviços para uma sociedade mais sustentável, e ainda o IST que desenvolve no seu polo de Oeiras atividades de investigação e desenvolvimento em diversas áreas de engenharia essenciais.
Como preparar a próxima geração para uma nova era no Espaço?
“A organização de um projeto como a criação de um satélite desde o zero, envolve muita burocracia e a criação de várias infraestruturas”, explicou o professsor do IST, Moisés Andrade, que faz parte da equipa que desenvolveu o nanossatélite universitário. O lançamento do ISTSat-1 começou a ser preparado ainda em 2008, e tudo foi desenvolvido a partir do pólo de Oeiras. Foi inclusive feito um investimento em oficinas e laboratórios para que existissem as condições necessárias para trabalhar no satélite.
Na visão dos alunos, projetos deste tipo, como a produção e desenvolvimento de um nanossatélite, são “importantes e ajudam a fazer as escolhas profissionais”, defendeu Júlia Martinho, aluna do 3º ano da licenciatura em Engenharia Aeroespacial e membro do projeto universitário do IST, o RED (Rocket Experiment Division), que conta já com três participações no EuRoc, o concurso europeu de lançamento de foguetes.
Zita Martins, astrobióloga e professora do IST, afirmou que “o Instituto Superior Técnico foi a primeira instituição com um laboratório de astrobiologia do País”, explicando que a Universidade não tem o foco apenas direcionado para a área do Espaço. Na opinião da experiente professora, “é preciso formar as futuras gerações, porque existem imensos jovens com capacidade para aprender e ao mesmo tempo é necessário existir a ligação às empresas”.
Preparar os alunos e aproximá-los do mercado de trabalho é um trabalho fundamental em qualquer área, e por isso tem de ser feito em conjunto entre as instituição de ensino e as empresas. Ricardo Mendes, diretor executivo da empresa de software Tekever, defendeu que “cada vez mais a ligação dos ciclos de estudo com as empresas tem de ser maior – a maioria dos engenheiros do CEIIA são antigos alunos do Técnico”, finalizou.
Foi também anunciado ao longo do evento que o CEIIA vai ter instalações físicas em Oeiras, ainda este ano de 2024, permitindo criar assim um novo local de desenvolvimento e investigação espacial.
Recorde-se que o satélite que foi enviado com sucesso nesta terça-feira, 9 de julho, para o Espaço, foi um projeto desenvolvido pelo IST NanoSat Lab, que é constituído por alunos e investigadores da Universidade do Técnico. Estiveram envolvidos alunos dos cursos de Engenharia de Redes, Aeroespacial, Mecânica e Eletrónica.
*Texto: Tiago Jorge Pereira, editado por Rui da Rocha Ferreira
“Através de contribuições proporcionais, os aliados pretendem fornecer um mínimo de 40 mil milhões de euros em financiamento durante o próximo ano e fornecer níveis sustentáveis de assistência à segurança para que a Ucrânia tenha sucesso”, perante o invasor russo, lê-se na declaração dos líderes da NATO, reunidos esta semana em Washington, que salientam apoiar plenamente o direito da Ucrânia de escolher as suas próprias disposições de segurança e de decidir o seu futuro, livre de interferências externas.
Os chefes de Estado e de governo da Aliança Atlântica declararam ainda o apoio à Ucrânia no seu “caminho irreversível” rumo à integração na NATO, compromentendo-se a fazer o convite de adesão quando estiverem reunidas as condições.
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Basta observar a generalidade das pessoas nos transportes públicos para perceber que, independentemente das considerações que possamos fazer acerca do assunto, o livro já não ocupa o lugar primordial na transmissão de ideias que ocupou no passado. As crianças e os jovens de 2024 leem e aprendem de outras maneiras, e não só é natural que o façam como, em certo sentido, até é desejável, na medida em que isso significa que são crianças e jovens do seu tempo.
Apesar da predominância dos ecrãs, é surpreendente que, ainda assim, o livro continue a incomodar: enquanto objeto, mas também enquanto exercício da liberdade de escrever, de ler, de publicar e de comercializar. Não obstante o turbilhão de petabytes de informação – e também de lixo, como todos sabemos – que circula na internet e nas redes sociais, espanta que o livro continue a ser um alvo preferencial dos novos censores. 50 anos após o 25 de Abril, que acabou com o exame prévio da ditadura, quem são estes censores de 2024 e o que os move?
Os episódios já não são de agora e têm sido noticiados na imprensa, com maior ou menor profundidade. Há duas semanas, na Fnac do NorteShopping, a apresentação de O Avô Rui: O Senhor do Café foi boicotada por membros da associação Habeas Corpus e do partido de extrema-direita Ergue-te. Quando se preparava para falar sobre o livro, que é publicado pela Dom Quixote e que conta o percurso de vida do empresário Rui Nabeiro, Mariana Jones foi interrompida pelo antigo juiz Rui Fonseca e Castro, que preside a Habeas Corpus. A partir desse momento, a escritora – que tem sido ameaçada desde que, em outubro do ano passado, publicou outro livro, intitulado O Pedro Gosta do Afonso – não pôde mais falar e acabou por ser retirada da livraria por seguranças.
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Já no ano passado, outra escritora, Lúcia Vicente, havia sido insultada por causa de No Meu Bairro, um livro com 12 histórias sobre vários temas como a religião, o racismo, o bullying e a identidade de género. Publicado pela Nuvem de Letras, uma das chancelas para crianças do grupo editorial Penguin Random House, No Meu Bairro foi ainda apresentado na Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira e, desde então, o bibliotecário Sérgio Mangas também passou a ser um dos alvos do movimento.
A estratégia dos censores não tem variado muito. A ação costuma ser anunciada nas redes sociais e apresenta-se com um argumentário de que, supostamente, pretende proteger as crianças. De forma inflamada, instam-se os apoiantes à revolta, incentivam-se a vigilância e a participação. Os elementos do grupo deslocam-se depois ao local e, de megafone na mão, interrompem as sessões com perguntas intimidatórias. Os incidentes são filmados e, orgulhosamente, difundidos nas redes.
Em maio, Ana Rita Almeida publicou Mamã, Quero Ser um Menino! (Cordel D’Prata), sobre uma menina que não se identifica como menina, como o título indica. Durante a Feira do Livro de Lisboa, a autora participou numa sessão de autógrafos, onde foi fotografada por membros do grupo, que entretanto divulgou mensagens no Telegram com o seguinte teor: “É a mais recente terrorista LGBT, ao serviço da editora Cordel D’Prata, que é dirigida por um homossexual. Pedimos a todos vós que se mantenham atentos e que nos informem de eventos onde a jovem Ana Rita Almeida esteja presente”; “a Habeas Corpus marcará presença nos próximos eventos de Ana Rita Almeida com o intuito de questionar a escritora, sobre os motivos que a levaram a escrever um livro infantil com conteúdo homossexual”.
Esta semana, o assunto voltou a ser notícia porque mais de uma centena de agentes da Cultura, entre associações, editores e livreiros, escreveram às ministras da Justiça e da Administração Interna, pedindo que as autoridades ajam “com urgência em relação às queixas apresentadas”. Promovida pela Acesso Cultura, a carta solicita “medidas urgentes para impedir a continuação destes incidentes graves e para garantir a segurança e a liberdade de qualquer cidadã(o)”. “Não podemos deixar que a censura, a perseguição e a intimidação voltem a fazer sombra sobre livros, autores e leitores”, escrevem os subscritores de Pela Liberdade de Escrever, de Publicar, de Ler.
Há duas maneiras de olhar para estes episódios. Uma primeira, porventura mais ponderada, aconselha-nos a desvalorizar as ações: são perpetradas por uma minoria que, durante a pandemia, nos habituámos a designar de “chalupas”, por recusarem a vacinação e, em geral, as medidas de saúde pública. E uma segunda, vagamente inspirada no célebre poema de Bertolt Brecht: como não era comigo, não me importei. Um dia, quando me disser diretamente respeito, já será tarde.
Breviário
Discrição ou sobranceria
É verdade que a Justiça quer-se cega, mas, pelas declarações de Lucília Gago, à RTP, ficámos também a saber que o Ministério Público é mudo. Sobre o facto de, em seis anos de mandato, nunca ter concedido uma entrevista, a procuradora-geral da República disse: “Nunca tive o culto da imagem, não preciso de popularidade, de modo algum de estrelato.” Já suspeitávamos, mas esta semana confirmámos que a procuradora confunde questões de estilo com questões de personalidade: uma coisa é discrição, outra coisa é sobranceria.
Os resultados das marcas de luxo dispararam de forma estratosférica durante e após a pandemia, a refletir um aumento exponencial das vendas. Em 2023, o grupo LVMH, o maior conglomerado de marcas de luxo, ultrapassou a mítica marca dos €500 mil milhões em capitalização bolsista, enquanto o mercado dos carros neste segmento atingia os €566 mil milhões em vendas e o da hospitalidade registava €191 mil milhões.
Muitas casas como a Burberry, a Mulberry, a Richemont ou a Chanel decidiram fazer um movimento clássico nestas alturas: subir os preços, repetidamente, aproveitando o momento em que os consumidores estavam dispostos a gastar. A título de exemplo, algumas malas Chanel sofreram um aumento de 74% entre 2019 e 2023. Depois do Grande Confinamento, e graças a muitas poupanças acumuladas nessa altura, o preço das peças de alta relojoaria subiu, em média, 20%, com os consumidores a fazerem filas para ter os modelos mais desejados de cada marca e, muitas vezes, a venderem-nos em mercado paralelo.
No ano passado, os dados já mostravam um ligeiro abrandamento nas compras, o que muitos analistas adjetivaram de “normalização” do ritmo de consumo, após os picos provocados pelo fim dos confinamentos. Este ano, no entanto, as notas de análise são um pouco mais assertivas: o mercado do luxo pode estar a tornar-se demasiado caro até para quem tem muito dinheiro. Sinal disso é que marcas como a Burberry anunciaram recentemente uma redução considerável na sua estrutura de recursos humanos – cerca de 400 pessoas em 9 000 –, justificando a decisão com a quebra nas vendas.
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Também muitas marcas de moda independentes, como a britânica The Vampire’s Wife, a australiana Dion Lee ou a chinesa Calvin Luo, decidiram encerrar a sua operação no decorrer dos últimos meses, afirmando que não estavam a conseguir manter-se rentáveis.
A contribuir para este contexto tem estado não apenas a falta de dinheiro da classe média alta – os grandes consumidores de artigos de pele da LVMH, por exemplo –, mas também uma absurda subida dos preços de grande parte dos bens, sem uma contrapartida que os clientes considerem fazer sentido. É claro que há marcas que contrariam este movimento, como a Hermès (mas 200 anos de História garantem muita coisa) ou da Ferrari (que subiu os preços em troca de maiores personalizações e que mantém a oferta abaixo da procura), mas, na generalidade do mercado, os sinais não são otimistas. A verdade é que o conceito de luxo também se tem alterado profunda e rapidamente nos últimos anos, e agora não chega apenas ser caro. Porque ser caro já nem sequer garante exclusividade – muitos clientes de marcas históricas não querem comprar a mesma peça que um novo milionário da tecnologia. No mesmo sentido, os novos consumidores são particularmente exigentes no que concerne aos critérios de sustentabilidade e transparência dos produtos que consomem, o que atira as marcas que se focaram apenas no preço para um cenário muito complexo. Num mundo em que as desigualdades se acentuam cada vez mais, é certo que falar do mercado do luxo pode parecer meio distópico, mas não se engane, caro leitor. São muitas destas empresas que alimentam a restante economia. Além de que, inevitavelmente, nos fazem sonhar com bens ou serviços que, possivelmente, nunca poderemos adquirir. E sonhar – como verá numas páginas mais à frente – pode contribuir para a nossa felicidade.
Hoje é o dia mundial da População, celebrado nesta data desde 1990. Bom pretexto para se falar de um País envelhecido, com todas as complicações que daí advêm, tanto economicistas como sociais. Há o problema da sustentabilidade da segurança social (quem nos vai pagar a reforma?), o abandono dos mais velhos, que acabam a sofrer de solidão (que mata mais do que cigarros, já se sabe), assim como a perda de qualidade de vida que se vai adensando à medida que os anos passam, com sobrecarga evidente para um sistema nacional de saúde já por si a rebentar pelas costuras.
A realidade é que temos poucos bebés – o teste do pezinho revela menos nascimentos em Portugal, na primeira metade do ano, depois de dois anos a registar subidas pós-pandemia. Em comparação com os primeiros seis meses do ano passado, foram analisados menos 518 recém-nascidos. Num total de 41.284 bebés rastreados, Lisboa e Porto foram os distritos com mais registos. No extremo oposto, encontram-se Bragança, Portalegre, Guarda e Beja.
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1. Jazz na Esplanada, na Casa Fernando Pessoa em Lisboa
Na Casa Fernando Pessoa, a esplanada do restaurante Flagrante Delitro volta a receber concertos de jazz nas quintas de julho, a partir das 19 horas, programados pelo Hot Clube de Portugal. Tome nota da agenda dos duetos: Margarida Campelo e Bruno Santos (11 jul), Carlos Barretto e Ricardo Toscano (18 jul), Masha Soeiro e Taras Kuznetsov (25 jul). A entrada é livre. Casa Fernando Pessoa > R. Coelho da Rocha, 16, Campo de Ourique, Lisboa > T. 21 391 3270 > jul, qui 19h-20h > grátis > casafernandopessoa.pt
2. Somersby OutJazz, jardins e parques em Oeiras
Foto: DR
O festival que já nos habitou a ouvir jazz (e tembém soul e hip-hop), ao domingo nos jardins e parques de Oeiras continua em julho no Parque Urbano de Miraflores, antes de assentar arraias em agosto no Complexo Desportivo do Jamor e, finalmente, em setembro, nos Jardins do Palácio Marquês de Pombal. A música começa a soar sempre a partir das 17 horas e até o sol se pôr.
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No Parque Urbano de Miraflores, atuam Rogério Francisco Quarteto e Dupplo (14 jul), Beat Collectors e Doni Kis (21 jul) e Álvaro Pinto Quartet e Helena Guedes (28 jul). No Complexo Desportivo do Jamor: Tinim e Yvu (4 ago), Marwan e Colorao Som Sistema (11 ago), Luís Vicente Trio e Ketzal (18 ago) e Duarte Ventura Quinteto e Hélder Russo (25 ago). A despedida do verão acontece nosJardins do Palácio Marquês de Pombal: Thyra e Hugo (1 set), Stealing Canvas e Zef (8 set), Bao Biao e Ninguém (15 set), Sade Lovers The Tribute e M.dusa (22 set), terminando com o quinteto de Francisco Nogueira e Kaspar (29 set). Parque Urbano de Miraflores (jul), Complexo Desportivo do Jamor (ago), Jardins do Palácio Marquês de Pombal (set) > dom, 17h > grátis
3. Jazz no Parque de Serralves, no Porto
Flora, o novo trio de Marcelo dos Reis, atua em Serralves. Em agosto vai até à aldeia do xisto de Gondramaz. Foto: José Cruzio
O segundo fim de semana do 33.º Jazz no Parque de Serralves, no Porto, conta com três concertos. Neste sábado, 13, às 17h, o trio The Selva (Ricardo Jacinto, Gonçalo Almeida e Nuno Morão) interpreta temas do seu mais recente disco, Camarão-Girafa, e às 18h30 será a vez de o novo trio de Marcelo dos Reis, Flora, mostrar como se inspirou no jazz dos anos 70 e no rock psicadélico mais progressivo. O festival termina no domingo, 14, às 18h30, com o argentino Demian Cabaud a apresentar o seu mais recente álbum, Árbol Adentro, que cruza folclore argentino, improviso e música de câmara. Parque de Serralves > R. D. João de Castro, 210, Porto > T. 22 615 6500 > 13-14 jul, sáb 17h, 18h30, dom 18h30 > €12> bilhetes aqui
4. Julho é de Jazz, em Braga
Os três ultimos dias deste festival, que vai na décima edição, continuam a ter como palco a praça exterior do Gnration e o palco do Theatro Circo. Nesta quinta, 11, a pianista e compositora radicada em Berlim, Marie Krüttli, estreia em Portugal o seu novo trabalho acompanhada do baixista suiço Lukas Traxel e do baterista francês Gautier Garrigue. No dia seguinte, 12, no mesmo palco exterior, será a vez de se ouvir a guitarrista norueguesa Hedvig Mollestad e o seu trio (Ellen e Ivar) com influências que vão do rock de Jimi Hendrix ao jazz de John Coltrane.
O último dia do festival acontece na sala principal do Theatro Circo com o trio de Amaro Freitas, um dos nomes mais importantes do jazz brasileiro (aplaudido pelo New York Times), que surge acompanhado pelos músicos Aniel Someillan (contrabaixo) e François Morim (bateria), na interpretação de temas dos álbuns Sangue Negro, Rasif,Sankofa, além do novíssimo Y’Y. Gnration > Pça. Conde de Agrolongo, 123, Braga > T. 253 142 200 > 11-12 jul, qui-sex 21h30 > €9 > Theatro Circo > Av. da Liberdade, 697, Braga > T. 253 203 800 > 13 jul, sáb 21h30 > €12
5. Porta-Jazz ao Relento, no Porto
O projeto AXES, liderado pelo saxofonista João Mortágua atua no Porto e em Viseu. Foto: DR
Quatro dias, quatro concertos de apresentação de novos discos editados pela associação Porta-Jazz. De 18 a 21, sempre às 22 horas, a 14ª edição do festival Porta-Jazz ao Relento volta a levar música gratuita aos jardins do Palácio de Cristal. No primeiro dia, 18, o quarteto do contrabaixista Nuno Campos apresenta o seu segundo disco: Something to Believe In. No dia 19, será a vez de escutarmos o improvisador e guitarrista Mané Fernandes; seguindo-se o concerto do projeto AXES (20 jul), liderado pelo saxofonista João Mortágua que junta quatro saxofones, um contrabaixo e uma bateria. O Porta-Jazz ao Relento encerra com o lançamento do 107º disco do catálogo Porta-Jazz: o álbum de estreia do quarteto Godua, intitulado Stop, interpretado por quatro jovens músicos na nova geração do jazz português. Jardins do Palácio de Cristal, R. D. Manuel II, Porto > 18-21 jul, qui-dom 11h > grátis
6. Que Jazz é este?, em Viseu
Organizada pela Gira Sol Azul, a 12ª edição deste festival concentra a maior parte dos concertos de 18 a 21 de julho. Mas já neste sábado, 13, a Pousada de Viseu será o palco do concerto do contrabaixista espanhol Pedro Molina que apresenta o álbum À Procura. No mesmo dia, às 22h30, no âmbito do festival Tom de Festa, o coletivo Gira Sol Azul atua em Tondela com Lura como convidada (o concerto repete a 19 de julho, no Parque Aquilino Ribeiro, em Viseu).
O programa do festival continua com o sexteto de João Mortágua (18 jul, Parque Aquilino Ribeiro), Luís Vicente Trio (19 jul, Casa do Miradouro), a vocalista Sara Serpa e o guitarrista André Matos (20 jul, Casa do Miradouro), Maë Defays e o novo projeto A Deeper Ocean (20 jul, Parque Aquilino Ribeiro) e, entre outros, o primeiro trabalho discográfico de Joaquim Rodrigues, Plexus (21 jul, Museu Nacional Grão Vasco). Workshops e laboratórios de experimentação sonora incluem o festival. A entrada é livre, mas a organização apela a um donativo “consciente” (€5) a bem da cultura. vários locais em Viseu > até 21 jul > programação completa em quejazzeeste.com
7. Festival das Artes Quebra Jazz, em Coimbra
Mário Laginha e Pedro Burmester atuam no Anfiteatro Colina de Camões. Foto: Rita Carmo
Em julho e agosto, a 15ª edição do Festival das Artes Quebra Jazz vai dividir-se entre o Anfiteatro Colina de Camões, nos jardins da Quinta das Lágrimas, o Pátio da Inquisição e as Escadas do Quebra Costas (nestes dois últimos espaços com entrada gratuita). No programa, destaque para a atuação da dupla Mário Laginha e Pedro Burmester (18 jul, 21h, no Anfiteatro Colina de Camões) com o concerto Celebrar a Liberdade; ou a atuação da Orquestra de Jazz EACMC (20 jul, 18h, Pátio da Inquisição) sob a direção de Rui Lúcio.
Ainda em julho, no dia 26, às 22 horas, nas Escadas do Quebra Costas atuam o trio ZZAJ (Carlos Azevedo, Nelson Cascais e Paulo Bandeira). Em agosto, será a vez dos AP Quarteto (dias 2 e 3), Themandus (9 e 10 ago), Quarteto João Freitas (16 e 17 ago), Trio Paulo Santo (23 e 24 ago) e, a fechar, o Quarteto Miguel Valente (30 e 31 ago). Anfiteatro Colina de Camões, Quinta das Lágrimas > €25 > Inf. 91 8108232 > festivaldasartes.com
8. XJazz nas Aldeias do Xisto
Depois de os músicos John Scofield (guitarra) e Dave Holland (baixo) terem aberto as hostilidades na aldeia de Pedrógão Pequeno, Sertã, no último dia 7, a 14ª edição do XJazz continua com as residências artísticas da eslovena Petra Kapš na aldeia de Cerdeira, Lousã, (15 a 19), e da violinista portuguesa Maria do Mar em Barroca do Zêzere, Fundão (23 de julho a 2 de agosto), culminando com um concerto em data a definir. No dia 24 de agosto, será a vez do trio Flora, de Marcelo dos Reis, atuar na aldeia de Gondramaz (Miranda do Corvo). encerrando esta iniciativa da Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto (ADXTUR) e do Jazz ao Centro Clube (JACC). Gondramaz, Miranda do Corvo > 24 ago, 21h30 >grátis