Vai durar 100 dias (mais um mês e meio do que o habitual) a sétima edição da Contextile, a Bienal de Arte Têxtil Contemporânea nascida em 2012, logo após a Guimarães – Capital da Cultura. Deste sábado, 7, e até 15 de dezembro, dez espaços de Guimarães enchem-se com arte contemporânea e cultura têxtil através de exposições, workshops, performances e conversas, com o Canadá como país-convidado. 

Este ano, o Toque (in.touch em inglês) foi o tema escolhido “no sentido abstrato de tocar o outro, as pessoas, a comunidade, o território”, realça Joaquim Pinheiro, diretor da Contextile, organizada pela cooperativa Ideias Imergentes. “Cada vez mais vivemos numa realidade virtual, com o toque do computador, do smartphone ou do portátil… Partindo do têxtil e de quando tocamos uma peça de roupa, pretende-se falar da necessidade do toque do outro”, reforça.

Uma das novidades desta edição será a realização das residências artísticas durante a Bienal, já neste mês de setembro. Serão nove artistas (todas mulheres): oito estrangeiras, do Japão, Argentina, Malta, Canadá, Lituânia, França e Espanha, e uma portuguesa, Flávia Vieira, que vão trabalhar em contacto com o território da indústria têxtil e do bordado de Guimarães. O resultado das obras será exposto a partir de 12 de outubro no Convento dos Capuchos (antigo Hospital).  

Uma das obras em grande escala do catalão Josep Grau-Garriga. Foto: DR

Um dos focos principais da Contextile continua a ser a exposição internacional (patente no Palácio Vila Flor) que voltou a registar “um recorde de participações” durante a convocatória: mais de 1300 artistas de 79 países. Destes, foram selecionadas 57 obras de 50 artistas oriundos de 29 países.  

Outra novidade será a exposição individual do artista em destaque, a título póstumo: o catalão Josep Grau-Garriga (falecido em 2011). A mostra Los hilos de la memoria, patente no Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) apresenta instalações de grande escala em diferentes materiais do artista que passou pela Bienal Internacional de Tapeçaria de Lausanne (entre 1965 e 1969) e um dos pioneiros da tridimensionalidade na tapeçaria. 

Já no Palacete Santiago, no Museu Alberto Sampaio, e na Sociedade Martins Sarmento, serão expostas as obras de 11 artistas do Canadá, no seguimento de uma parceria antiga com a BILP – Biennale Internationale du Lin de Portneuf (Quebéc/Canadá), que ligam o têxtil a novas abordagens conceptuais.

Abertas ao público estão ainda as Textile Talks (na Plataforma das Artes), conversas que vão refletir sobre o têxtil no contexto da arte contemporânea internacional, e os workshops (nos Ateliers Fornos Cruz de Pedra) que ensinam os pontos do bordado tradicional de Guimarães, a transformar papel em fios, a tricotar ou a incorporar imagens fotográficas na indústria têxtil. Em suma, serão 100 dias a tecer novos caminhos para o têxtil.  

Uma das obras da artista canadiana Sarah Stevenson. Foto: DR

Contextile – Bienal de Arte Têxtil Contemporânea > 7 set-15 dez > vários locais em Guimarães > a partir €5, €12/famílias < 12 anos grátis; workshops €45 > programa completo em contextile.pt 

LISBOA

1. Terraço Editorial: Petiscar (e bem) a todas as horas 

Foto: Luís Barra

Se há sítio que não se dá por ele, apesar da excelente localização, é o terraço da Pollux, no topo do edifício da Rua dos Fanqueiros, em plena Baixa. Bem, pelo menos aos lisboetas, porque o Terraço Editorial já entrou na lista de lugares a visitar dos turistas, como pudemos comprovar pelas seis e meia da tarde, a hora a que lá nos sentámos. Foi assim que conseguimos um lugar na linha da frente, com vista para a colina do Carmo, pois em menos de nada as mesas ficaram todas ocupadas (não fazem reservas para o terraço, apenas para a sala interior).

Foto: Luís Barra

Os petiscos de sabor português, servidos nonstop a partir do meio-dia, têm a mão do chefe Rui Rebelo e conjugam-se com uma extensa biblioteca de vinhos, nada mainstream. Um exemplo? O Porto Parágrafo, um branco pét-nat que Rui Rebelo produziu em Baião, em parceria com o enólogo Pedro Mota, seguindo um método de vinificação semelhante ao do champanhe, que lhe dá um gás natural. Servido bem fresco, foi a companhia perfeita para os cones de camarão e o torricado de bacalhau, pimentos, gema de ovo crua e caldo de mexilhão. Um brinde a sítios como este. R. dos Fanqueiros, 276, Lisboa > T. 912 027 876 > seg-dom 12h-23h 

2. Miradouro de Baixo: Ir dançar músicas latinas 

Foto: Luís Barra

A este espaçoso terraço, no topo das Carpintarias de São Lázaro, vamos para ver os telhados de Lisboa, pois tem vista para a Graça e para o Castelo de São Jorge. Além disso, existe um balcão para picar até ser noite. A ementa, da Citron Food & Pastry, vai do húmus e romesco e dos croquetes de vitela e aioli às sanduíches em pão brioche de falafel ou de porco desfiado com molho barbecue e maçã-verde. É preciso explicar que o Miradouro de Baixo (entre o Martim Moniz e o Campo dos Mártires da Pátria) abriu em 2022 e tem funcionado apenas nos meses de verão.

Mas uma programação musical diversa, entre atuações de DJ e concertos, tem sido um chamariz e, este ano, está assegurada (para já) até novembro, graças também à nova estrutura que ali existe e abriga do frio. O que também tem funcionado bem, diz Miguel Varela, curador da programação, são as sessões Domingo Sabor, com os ritmos de salsa, timba, cúmbia, merengue e bachata (entrada €7). São para dançar, sim, e a ementa deste dia é a condizer, com tacos, empanadas e mojitos, entre outras bebidas que tais.  Carpintarias de São Lázaro > R. de S. Lázaro, 72, Lisboa > até nov, sex-dom 18h-24h 

3. Javá: Um balcão privilegiado 

Foto: DR

Só quem trabalhou no Antigo Edifício das Centrais Telefónica e Telegráfica de Lisboa, conhecido como Palácio dos Correios, uma obra do arquiteto Adelino Alves Nunes, inaugurada em 1953, teve o privilégio de subir ao último andar deste prédio e abraçar a vista sobre a Praça D. Luís I. Mas em 2021 este terraço abriu ao público pela mão do casal belga Margaux Marcy e Pierre d’Andrimont, do grupo Vida Plena (Café Janis, Leonetta, Dallas, Rosamar, entre outros).

O Javá tem tudo o que se pode querer para estar à conversa, a beber um copo e a petiscar ou simplesmente a contemplar uma panorâmica de frente para Almada e o seu Cais do Ginjal; à direita, a Ponte 25 de Abril e o Cristo Rei em pano de fundo. Atenção: só quem jantar na pérgula não terá esta vista para o rio Tejo. Quem gosta de se sentar ao balcão de bares ou de restaurantes vai acelerar o passo para não perder os lugares sentados (sempre muito requisitados), ao estilo de um café parisiense, só que nas alturas. Sozinho ou a dois, é sem dúvida um primeiro balcão privilegiado. E faça-se a festa, como diz a expressão francesa faire la java. S.C. Pç. D. Luís I, 30, 5.º, Lisboa T. 93 594 5545 > almoço 11h-15h30 > bar 16h-23h > jantar 18h-23h30  

4. Catch Me: Admirar o rio Tejo 

Foto: Luís Barra

A localização da estrutura envidraçada que serve de casa ao Catch Me sempre foi alvo de cobiça. Instalado no Jardim 9 de Abril, ao lado do Museu Nacional de Arte Antiga e de frente para o rio Tejo, neste terraço, restaurante e bar, as vistas amplas permitem admirar a Margem Sul até Cacilhas, a Ponte 25 de Abril e a Doca de Alcântara. Para acompanhar, há comida, bebida e música, a qualquer hora do dia. Na carta de verão, preparada pelo chefe Lucas Aron, reinam os sabores do mundo com sugestões como o ceviche de corvina do Tejo, a salty pancake ou o bao do comandante. Mas também há novidades nos cocktails – prove-se o Power Pineappling, o Having a Green Affair ou o Getting Hot, num dos lugares ao ar livre ou enquanto se dá um pé de dança.  Jardim 9 de Abril, Lisboa > dom-qui 12h30-1h, sex-sáb 12h30-2h 

5. Carmo Rooftop: Ver cinema ao ar livre 

Foto: DR

Elevador de Santa Justa, Castelo de São Jorge, casario da Rua do Carmo. São estes os pontos-chave da paisagem que se avista dos Terraços do Carmo, obra do arquiteto Siza Vieira vencedora do Prémio Valmor e Municipal de Arquitetura de 2015. Colados às ruínas do Convento do Carmo, são morada do bar e restaurante Carmo Rooftop, um dos locais onde acontecem as sessões de cinema ao ar livre programadas pela Cine Society – de domingo a quarta, às 19h, até outubro. No Carmo Rooftop, distribuído por três níveis de áreas exteriores, a diversão pode incluir cocktails ao final da tarde, petiscar ou dançar ao pôr do sol, tudo sem sair do mesmo sítio.  Terraços do Carmo, Lisboa > seg-qua, dom 11h-24h, qui 11h-1h, sex-sáb 11h-2h > sessões de cinema: até 14 out, dom-qua 19h > €13,90 

6. IDB Rooftop: Aulas de skate e de patins 

Foto: DR

São muitas as curiosidades que fazem do IDB Rooftop, na zona oriental de Lisboa, um terraço apetecível. Em 3 000 m², no topo do antigo edifício do Entreposto, muita coisa acontece na época estival, período durante o qual funciona com uma programação recheada de atividades, desporto incluído. Este ano, uma das novidades são as aulas de patinagem para adultos e de skate para crianças, que acontecem todos os sábados no skate park, o único existente num terraço. Há ainda aulas de yoga e de treino de corrida funcional aos domingos, tudo gratuito. Juntem-se as mesas de matraquilhos, tabelas de basquetebol e um stand de skeeball, e há muito que fazer. Às quintas-feiras há happy hour (17h-19h), às sextas e aos sábados conte-se com DJ set, e sempre com comida e bebida para acompanhar os finais de tarde.  Pç. José Queirós, 1, Lisboa > qui 12h-21h, sex-sáb 12h-24h, dom 12h-20h 

7. Lusophonica: Um café e uma música, por favor  

Foto: DR

A frase podia ser o lema da Lusophonica, a cafetaria do Farol de Santa Marta, em Cascais, que é também uma rádio online independente (lusophonica.com) com emissão feita na casa, à vista e ao ouvido de quem por aqui passa. Curioso? Esperamos que sim, porque à música – a cabine está aberta a músicos, DJ ou curiosos que queiram partilhar os seus gostos musicais e playlists – juntam-se outros prazeres. Sentemo-nos no terraço, onde o azul do céu concorre com o azul do mar, à espreita pelas ameias da muralha, e deixemos correr o tempo com um café de especialidade, uma mimosa ou um smoothie por companhia. Há sempre banana bread e bolo do dia para adoçar a visita, mas também se petisca, entre panquecas, empanadas do Maxi, várias opções de ovos, prego no pão com molho de café ou tosta de abacate.  Farol de Santa Marta, R. do Farol de Santa Marta, Cascais > ter-dom 10h-18h 

8. Terrace Bar: Um lugar tranquilo 

Na colina de Santana e vizinho do Ascensor do Lavra, o hotel Torel Palace tem um terraço aberto a quem queira sentar-se por aqui e aproveitar a sua tranquilidade. Há vários recantos para escolher, rodeados de verde e de flores, e também um deck de madeira, ligeiramente mais elevado, de onde se vê o rio Tejo e o casario lisboeta. Esse mesmo terraço, que serve de esplanada ao restaurante Black Pavilion, tem ainda um bar, com uma ementa de comida ligeira e bebidas. Pode pedir-se um sumo natural, um cocktail ou um copo de vinho. Para picar, há rosbife com molho tártaro e cornichões, saladas, tostas e tábuas de queijo e enchidos. R. Câmara Pestana, 45, Lisboa > seg-dom 12h-23h 

9. Lux Frágil: Matinés dançantes ao pôr do sol 

Foto: Marcos Borga

Nem só de noites e madrugadas – na pista de baixo ou na sala de cima, em que a manhã se vai anunciando nas grandes janelas – se fazem as idas ao Lux Frágil. Este verão, mais uma vez, as portas abriram-se ao fim da tarde de algumas quintas-feiras para, nas sessões SuperbALL, darem acesso ao terraço, onde continuará a haver concertos e DJ sets às sextas e sábados. Ainda vai a tempo dos próximos (e derradeiros) encontros marcados no último piso, ao pôr do sol.  Av. Infante D. Henrique, Cais da Pedra, Armazém A, Lisboa > sex-sáb

PORTO

10. Bosco: Entre a arte e o jardim 

Foto: Lucília Monteiro

É preciso entrar na Cooperativa Árvore, fundada há mais de 60 anos por artistas, escritores e intelectuais, para se descobrir o Bosco, que ocupa desde maio as traseiras desta casa amarela virada para as artes. Com vista para o Jardim das Virtudes e o rio Douro a correr ao fundo de mansinho, o novo terraço da cidade foi pensado para todos os públicos, incluindo crianças – os animais de companhia também são bem-vindos. Dos mesmos sócios do Base (o bar que ocupa o jardim do Passeio dos Clérigos, não muito longe daqui), o Bosco “é uma imensa esplanada ao ar livre, da qual as pessoas podem usufruir informalmente”, sublinha Gonçalo Henriques, um dos sócios.

O jardim tem uma carta de cocktails. Foto: Lucília Monteiro

Sentado nas cadeiras junto às mesas de madeira ou até mesmo na relva, onde não faltam almofadas e mantas, tanto se bebe um café como se saboreiam cocktails (€8-€10), bebidas espirituosas ou vinhos a copo (a partir €4). Às sextas e aos sábados, há música no jardim, a partir das 17h, a cargo de DJ convidados. No final de setembro, deverá abrir a sala do restaurante de cozinha internacional ibérica. Com a mesma vista para o jardim, pois claro. R. Azevedo de Albuquerque, 1, Porto > dom-qui 14h-21h30, sex-sáb 14h-2h 

11. Terrace Lounge 360º: Beber um cocktail de vinho do Porto 

Do topo deste edifício pensado em torno do vinho do Porto, tem-se uma das mais bonitas vistas sobre o casario da ribeira do Porto, a Ponte Luiz I e o rio Douro. Daí que, com o bom tempo, o Terrace Lounge 360º (sim, daqui observa-se tudo em redor) se encontre muitas vezes à pinha de gente – como quando o visitámos. Há quem venha para ver a vista enquanto ouve a música escolhida por um DJ (terça a domingo, a partir das 17h), beber um cocktail de vinho do Porto preparado com as colheitas da Porto Cruz ou tomar um aperitivo antes do jantar servido no DeCastro Gaia (no piso inferior), com cozinha de Miguel Castro e Silva e José Guedes.

Quem opta por fazer a refeição no terraço conta com uma carta de petiscos na qual constam, entre outros, pimentos padrón, peixinhos da horta e tártaro de bacalhau com puré de grão. Também as sobremesas (bolo de chocolate, leite-creme, tarte de queijo no forno…) harmonizam com vinho do Porto. Afinal, ele é o rei e senhor deste terraço. Lg. Miguel Bombarda, 23, Vila Nova de Gaia > T. 22 092 5401 > ter-sáb 12h30-24h, dom 12h30-19h 

12. Rooftop Flores: Um segredo bem guardado 

Foto: Lucília Monteiro

A meio caminho do Miradouro da Vitória, no antigo bairro judaico, uma porta conduz-nos a um dos terraços mais escondidos da cidade e a partir do qual se avistam alguns dos monumentos do Porto, como a Sé ou a Igreja dos Grilos. Sentados em cadeiras debaixo das laranjeiras, nos muros de pedra ou mesmo na relva, saboreiam-se tábuas de queijos (€30), sanduíche de rosbife, cocktails de vinho do Porto e vinho a copo. Além disso, poucos saberão que nos encontramos no piso superior do Museu da Misericórdia do Porto, através do qual também se pode aceder a este terraço, aberto desde 2021. R. da Vitória, 177, Porto > T. 22 090 6960 > qua-dom 12h-20h 

13. Bello Rooftop: Brunch de domingo 

Foto: Lucília Monteiro

Muitos desconhecem que o terraço do hotel The Rebello, nascido há pouco mais de um ano em frente ao estaleiro dos barcos rabelos em Vila Nova de Gaia, é aberto ao público. E mais ainda que deste lugar se observa um autêntico bilhete-postal do Porto e de Gaia. Todos os dias servem uma carta de cocktails e de petiscos sob o tema das Sete Maravilhas do Mundo (como Chichén Itzá, Cristo Redentor, Machu Picchu), que nos levam a viajar pelos cinco continentes e, aos domingos, das 12h às 15h, um brunch à carta e pizzas artesanais. Às quintas, a partir das 18h, e durante o brunch de domingo, o DJ Lessa toma conta da cabine de música.  Cais de Gaia, 380, Vila Nova de Gaia > T. 22 002 8940 > seg-dom 12h-24h 

14. Renaissance Porto Lapa Hotel: Almoçar junto à piscina  

Foto: DR

Ao 5.º piso deste hotel cinco estrelas da marca Renaissance, aberto há pouco mais de um ano, tanto se pode ir beber um cocktail (a assinatura é do mixologista Cristiano Losa) como saborear um almoço tardio. Tudo isto com vista para a cidade, o novo parque urbano da Lapa ou a piscina infinita do hotel (o seu uso é reservado a hóspedes). Para aconchegar o estômago, o chefe de cozinha Duarte Batista sugere gyosas de camarão (€16), bao de barriga de porco preto (€15), bowl de atum (€19), húmus com pão pita e aipo (€9) ou hambúrgueres (€17-€19). Nos fins de tarde de sexta e sábado, há música por conta de um DJ. R. de Cervantes, 169, Porto > T. 22 976 9810 > seg-dom 10h-23h 

15. Lift Via Catarina: Ver a cidade do alto 

Foto: DR

Desde 2019 que o topo do Via Catarina ganhou um novo atrativo no 14.º piso, ao qual se acede pelo elevador do centro comercial ou pelo longo e serpenteado parque de estacionamento. Chegados lá acima, avistamos quase toda a cidade aos nossos pés: a Torre dos Clérigos, o edifício da câmara municipal, o renovado Mercado do Bolhão. Apesar de servir uma carta com refeições ligeiras – hambúrgueres, ovos rotos (€11,50), batatas com cheddar e bacon (€6,50) – e um brunch aos sábados e domingos (11h-13h, a partir de €13,50), são as sangrias servidas ao pôr do sol que têm conquistado mais adeptos (€28,50 o jarro para partilhar). Via Catarina Shopping, R. Santa Catarina, 312, 14.º piso, Porto > seg-qua, dom 12h-23h, qui-sáb 12h-24h 

No já “longínquo” outono de 2021, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa criou uma regra – não escrita – que, desde então, passou a condicionar a vida política portuguesa; a de que um Governo não pode sobreviver se o Orçamento do Estado que apresentar for chumbado no Parlamento. Com essa sua interpretação, Marcelo acabou por ditar o fim da Geringonça e, em simultâneo, abriu o caminho que, poucos meses depois, permitiu a maioria absoluta conquistada pelo PS de António Costa. 
As circunstâncias mudaram, mas o veredito que paira no ar continua a ser o mesmo: o PSD de Luís Montenegro governa com maioria relativa, mas parece ter a sua sobrevivência dependente da aprovação do OE que apresentar dentro de poucas semanas, que está dependente do “chumbo” ou não do PS, agora liderado por Pedro Nuno Santos. 
O imbróglio está montado, bem como a novela que vai marcar os próximos dias: todos os partidos esticam a corda e, num coro desafinado a várias vozes, ameaçam levar o País de novo para eleições. O guião é evidente: Montenegro repete o discurso de vitimização do “deixem-nos governar”, celebrizado por Cavaco Silva, enquanto Pedro Nuno Santos procura mostrar-se firme e vai impondo “linhas vermelhas” dificilmente consensuais. Pelo meio e mesmo contra a sua natureza, Marcelo Rebelo de Sousa faz todos os esforços para permanecer em silêncio, ao mesmo tempo que André Ventura procura todas as oportunidades para se tentar imiscuir numa conversa para que, aparentemente, ninguém o quer convidar ou ter por  perto. 

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Nunca sabemos o que se passa na cabeça de alguém, mesmo quando lhe somos muito chegados. O pior é que nesta nova série, O Casal Perfeito, são várias as mentes para decifrar. A história começa com um glamoroso casamento entre Amelia Sacks (Eve Hewson) e Benji Winbury (Billy Howle), membro de uma das famílias mais ricas da ilha de Nantucket, que não chega a acontecer.

Eve Hewson (a noiva Amelia) e Meghann Fahy (a melhor amiga da noiva) Foto: Hilary Bronwyn Gayle/Netflix

A festa, preparada com pompa e circunstância pela futura sogra de Amelia, a romancista Greer Garrison Winbury (Nicole Kidman), é interrompida por um cadáver que dá à costa. Um acontecimento que transforma familiares e convidados em suspeitos do crime, desde o pai do noivo (Liev Schreiber) até à cunhada de Amelia (Dakota Fanning) e à melhor amiga da noiva (Meghann Fahy).

O Casal Perfeito (2018) é um romance de Elin Hilderbrand, que inspirou a atriz Jenna Lamia a escrever o argumento e Susanne Bier (The Undoing, Bird Box, O Gerente da Noite) a realizar esta série. A premissa pode não ser nova, mas resulta sempre, com mistérios e reviravoltas pelo meio.

O Casal Perfeito > Netflix > Estreia 5 set, qui > 6 episódios

Jonas Deichmann, um atleta radical de 37 anos, concluiu esta quinta-feira o “Challenge 120”, um desafio em que completou 120 triatlos de distância Ironman em 120 dias consecutivos – estabelecendo um novo recorde mundial.

Concluídas em Roth, na Alemanha, as provas Ironman envolveram segmentos diários de natação (3,8 quilómetros), ciclismo (180 quilómetros) e de corrida (42,2 quilómetros).

Natural da Alemanha, Deichmann é conhecido pelo apelido “Forrest Gump alemão”, numa referência ao filme, de 1994, com o mesmo título, protagonizado por Tom Hanks. O atleta radical detém também diversos recordes mundiais em provas de ciclismo e de resistência.

Não é segredo para ninguém que o Papa Francisco e alguns sacerdotes, entre muitos outros defeitos e virtudes, têm um sentido de humor especial. No Vaticano ‒ ou Stato della Città del Vaticano (SCV) ‒, os veículos oficiais, em particular os que transportam os altos dignitários da Santa Sé, usam esse acrónimo nas matrículas, que costuma ser motivo de uma pergunta irónica sobre o seu verdadeiro significado. Eis a resposta em italiano: “Se Cristo vendesse” (Se Cristo visse)… Desde que ocupa o trono da “última monarquia absoluta da Europa” ‒ as palavras são do próprio ‒, Francisco tem vindo a aprimorar a sua capacidade de gracejar com a bimilenar instituição que dirige. Em setembro de 2021, em Bratislava, capital da Eslováquia, num encontro com clérigos da Ordem de Jesus ‒ ele também é um jesuíta ‒, perguntaram-lhe como se sentia, após se submeter a uma delicada operação ao cólon: “Ainda estou vivo, apesar de todos aqueles que me querem ver morto.

Sonho chinês Há um ano, o Papa esteve na Mongólia e espera um dia ser convidado a visitar o antigo Império do Meio, país com o qual o Vaticano não tem relações diplomáticas Foto: Vatican Media

” O antigo cardeal de Buenos Aires referia-se aos seus pares conservadores que envergam traje e barrete púrpura e que gostariam há muito de o ver no reino dos céus. “(…) Já preparavam o próximo conclave. Paciência! Graças a Deus, estou bem.” Este episódio, relatado pela revista La Civiltà Cattolica, publicação jesuíta de referência e com 174 anos de existência, retrata o ambiente conspirativo da Cúria e a vontade de Francisco prosseguir com determinação e bonomia as reformas que julga necessárias para descentralizar a Igreja, independentemente do seu estado de saúde. Não é por acaso que Maria Rueff, Joana Marques, Ricardo Araújo Pereira e uma centena de humoristas de diferentes pontos do planeta foram ao Estado mais pequeno do mundo, a 14 de junho passado, a convite do Sumo Pontífice. Principal mensagem: “Façam sorrir as pessoas abordando os problemas (…) Denunciem os abusos do poder; denunciem as condutas inadequadas, deem voz às situações olvidadas.” Para o anfitrião, rir de Deus e do Diabo não constitui uma heresia ou blasfémia, daí que, até 13 de setembro, data em que regressa a Roma ‒ depois de um inédito périplo apostólico pela Ásia e Oceânia ‒, se espere um Francisco igual a si próprio, imprevisível, empático, com tendência para o dichote político e religiosamente incorreto.

CADEIRA DA HUMILHAÇÃO

A viagem de 12 dias à Indonésia, Papua-Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura é a mais “longa”, “extenuante” e “ambiciosa” do seu pontificado, como admitiu à imprensa o diretor de comunicação do Vaticano, Matteo Bruni. E a justificação não se deve apenas aos quase 33 mil quilómetros e 46 horas de avião que aguardam Francisco, um octogenário com sérios desafios de saúde. [Aos 21 anos, devido a uma pneumonia, removeram-lhe parte de um pulmão e, em Roma, o seu corpo tem vindo a refletir a passagem do tempo, com os problemas intestinais e de coluna a agravarem-se, com o ilustre paciente argentino a lidar mal com o assunto. Andar de bengala ou de cadeira de rodas, fruto da ciática e da gonalgia (inflamação e dores agudas) no joelho direito, converteu-se numa fatalidade que o faz sentir-se “humilhado” e demasiadas vezes “irritado”, de acordo com os médicos e os seus colaboradores mais próximos.] Esta deslocação papal, a 45ª fora de Itália (ver infografia), esteve planeada para 2020, mas acabou por ser cancelada devido à pandemia.

Muitos vaticanistas já nem acreditavam que ela pudesse ocorrer, devido à crescente debilidade física de Francisco. Subestimaram a vontade de Jorge Bergoglio e os interesses geopolíticos da Santa Sé. Como dizia o sueco Dag Hammarskjöld, antigo secretário-geral das Nações Unidas, os papas não são apenas o chefe de uma pequena cidade-estado com 44 hectares, constituem o líder supremo de toda a comunidade católica ‒ atualmente estimada em 1400 milhões de fiéis. É isso que dá poder a quem se senta no trono de São Pedro e o converte no responsável pela mais antiga e influente máquina diplomática do planeta. Há mais de um milénio que os papas se dedicam às questões da paz e da guerra, medeiam conflitos entre monarcas, conspiram para coroar imperadores e celebram pactos bem pouco divinos, em nome do pragmatismo temporal e da expansão do cristianismo. O ateu Josef Estaline, ex-líder da União Soviética, duvidava da capacidade e da força da Santa Sé e, reza a lenda, terá perguntado, no final da II Guerra Mundial, a Winston Churchill, o primeiro-ministro britânico, quantas “divisões de blindados” tinha então o Papa Pio XII. Deveria antes ter interrogado o seu interlocutor sobre o número de países que reconheciam a Santa Sé como sujeito de direito internacional público e tinham já relações diplomáticas com o Vaticano [na altura eram quatro dezenas]. As estatísticas sobre a evolução dos estados que reconhecem o microestado instalado na Cidade Eterna diz quase tudo. Quando João Paulo II foi eleito, em 1978, eram 84; em 2005, após a escolha de Bento XVI, 174; e com Francisco são já 183, ou seja, são muito poucos os países (República Popular da China, Arábia Saudita, Coreia do Norte, etc.) que não reconhecem diplomaticamente o ator geopolítico que é Estado observador da ONU (desde 1964) e que integra uma trintena de organizações internacionais (da Organização Mundial do Turismo à Liga Árabe).

APOSTAS ASIÁTICAS

Em matéria de política externa, Francisco sabe muito bem o que pretende. Se João Paulo II nunca escondeu a intenção de deitar abaixo a Cortina de Ferro e os regimes comunistas, o Papa nascido em Buenos Aires também não se quis limitar a recristianizar o Ocidente, à semelhança do que tentou o seu antecessor (Bento XVI). Este último nunca pôs os pés no continente asiático (excetuando uma breve passagem por Ancara, na Turquia), enquanto o atual Sumo Pontífice (o primeiro não europeu em 1277 anos) não se cansa de falar nas periferias, nos mais pobres e nos desfavorecidos. Aliás, a sua primeira saída de Roma teve como destino a ilha de Lampedusa, para sensibilizar a comunidade internacional para o drama migratório no Mediterrâneo, a sua primeira viagem apostólica no Velho Continente foi à Albânia (país em que o ateísmo foi prática oficial entre 1967 e 1991) e 16 países do Oriente já o receberam, além de ter sido o primeiro Papa a pisar a Península Arábica (em 2019).

Díli O país com a maior percentagem de católicos per capita do planeta vai prendar Francisco com um banho de multidão. Mais de meio milhão de timorenses são esperados na missa da próxima terça-feira Foto: Paulo Novais

Nos últimos 11 anos, Francisco já palmilhou cerca de 495 mil quilómetros (incluindo a viagem desta semana) e tudo indica que, enquanto o corpo e a mente lhe permitirem, tentará bater a distância percorrida por João Paulo II (1,7 milhões). Com a Ásia a ser uma prioridade óbvia: “É onde se concentra dois terços da população mundial”, explica um dos seus colaboradores, o cardeal filipino Luis Antonio Tangle. O antigo bispo de Manila e o atual responsável pelo dicastério (ministério) da Evangelização, também conhecido como o “Francisco asiático”, costuma ainda sublinhar que o Papa argentino já nomeou mais cardeais asiáticos (21) do que qualquer outro líder da Igreja Católica. E, curiosamente, Indonésia, Papua-Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura vão ter representantes no próximo conclave. ou seja, Francisco tem sabido cuidar da falta de vocações eclesiásticas a ocidente e, simultaneamente, da sua própria sucessão. Pelo menos 92 dos 125 cardeais com direito a voto foram escolhidos pelo primeiro não europeu a chefiar a Santa Sé desde o sírio Gregório III, no século VIII. O mesmo é dizer que Luis Tangle, o timorense Virgílio do Carmo da Silva e o indonésio Ignatius Suharyo Hardjoatmodjo são potenciais papabile.

“A Indonésia, quarto país mais populoso do mundo e 10º maior economia do planeta, é um país não alinhado que utiliza a sua crescente influência internacional de uma forma que agrada ao Papa Francisco. Por exemplo, no que toca à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, Jacarta tem tentado manter o diálogo entre as partes”, escreveu o vaticanista Victor Gaén no The Diplomat, publicação online especializada no Indo-Pacífico. No entanto, não é no arquipélago onde vivem 276 milhões de pessoas (cerca de 3% deles católicos) que o Papa será prendado com o maior banho de multidão. Isso deve acontecer na tarde da próxima terça-feira, 10, em Díli, quando o Papa der uma missa a que podem assistir mais de meio milhão de timorenses. A grande dúvida que se coloca é saber se o Papa irá fazer alguma referência ao bispo Ximenes Belo, um dos heróis da luta contra a invasão indonésia e Prémio Nobel da Paz em 1996, que vive em regime de semirreclusão há quase duas décadas, por ter alegadamente abusado de menores no período anterior à independência. O escândalo só se tornou oficial há dois anos, após o Vaticano confirmar parte das denúncias feitas por uma jornalista holandesa. O departamento de comunicação da Santa Sé não exclui a hipótese de o Papa se encontrar com algumas das vítimas e pedir-lhes desculpa, mas prefere sublinhar que a vida continua e que o líder da Igreja Católica tem muitos desafios diplomáticos a curto prazo. Entre 26 e 29 de setembro, vai estar no Luxemburgo e na Bélgica, em outubro vai presidir ao sínodo dos Bispos em que podem ser anunciadas novas reformas da Cúria e, até ao final do ano, não é de excluir que Francisco volte a casa e faça uma visita apostólica à Argentina. A não ser, é claro, que a República Popular da China lhe faça uma surpresa e o obrigue a preparar aquilo que seria a sua viagem de sonho. Para Francisco se deslocar a Pequim, o Vaticano teria de cortar relações com Taiwan, mas esse seria um sacrifício que o pode colocar no pedestal dos melhores e mais maquiavélicos diplomatas de sempre.

Os anciãos recordistas

Prestes a celebrar o seu 88º aniversário (17 dezembro), o Papa Francisco já figura entre os líderes da Santa Sé com maior longevidade. Quem são os seis pontífices mais velhos na história da Igreja Católica (idade com que faleceram)

Bento XVI
95 anos

Durante décadas considerado um príncipe da Igreja, pelo seu extenso trabalho académico e teológico, o cardeal bávaro Joseph Alois Ratzinger era um conservador que, logo no final dos anos 60 do século passado, se distinguiu, em Roma, pelas suas críticas ao marxismo, ao ateísmo ou à homossexualidade. Em fevereiro de 2013, tinha então 85 anos, invocou fadiga física e mental para abdicar e tornar-se Papa emérito. Faleceu no último dia de 2022. 

Leão XIII
93 anos

Filho de uma família da aristocracia rural da província de Roma, Vincenzo Pecci era um intelectual (estudou Teologia, Literatura, Diplomacia e Direito) que optou pela vida eclesiástica na adolescência. Foi o primeiro Papa a ser filmado e a ter a sua voz gravada. No entanto, o seu pontificado ficou marcado pela encíclica Rerum Novarum, em 1891, que definiu a doutrina social da Igreja e alertou para a necessidade de se respeitar a dignidade e os direitos dos crentes e das classes trabalhadoras.

Celestino III
92 anos

O romano Giacinto Bobone Orsini passou uma parte significativa da sua vida político-religiosa a tentar mediar conflitos entre os reinos europeus. Chegou a dar ordem de prisão e a excomungar Ricardo I de Inglaterra, tal como antes condenara (em vão) os acordos entre o rei de Leão e Abu Iacube Iuçufe, o califa de Al Andalus, por ambos desejarem destronar o primeiro monarca português (Afonso Henriques). Poucos meses antes de falecer, em 1198, tentou abdicar, mas o colégio de cardeais não aceitou. 

Gregório XII
91 anos

O veneziano Angelo Correr foi um dos protagonistas do grande cisma do Ocidente, em que a Igreja Católica ficou dividida com diferentes líderes em Roma (era o seu caso), em Avinhão (França) e até em Pisa (Itália). A 4 de junho de 1415, dois anos antes de falecer, abdicou do trono papal, com o intuito de promover a concórdia entre os seus pares. Passou os últimos dias na cidade de Ancona, com o título de bispo do Porto. Foram necessários quase seis séculos até haver um outro pontífice (Bento XVI) a renunciar.

Lúcio III
88 anos

Filho de uma família aristocrática oriunda da cidade toscana de Lucca, Ubaldo Allucingoli tornou-se monge cisterciense, cardeal e diplomata da Santa Sé, antes de se instalar no trono de São Pedro, em Roma. O seu pontificado fica marcado pelas polémicas com os nobres da Cidade Eterna, com Frederico “Barba Ruiva” (o imperador do Sacro Império Romano-Germânico) e ainda pelo Concílio de Verona, em 1184, em que aprovou a bula Ad Abolendam e se deu início aos processos de excomunhão de hereges e ao futuro tribunal da “Santa Inquisição”.

Clemente XII
87 anos

Faleceu a 6 de fevereiro de 1740, dois meses e meio antes de cumprir o seu 88.º aniversário. Natural de Florença, com o nome de nascença Lorenzo Corsini, pertencia a uma influente família aristocrática e terá sido o primeiro Papa a denunciar a maçonaria. Teve de lidar com uma grave crise financeira, mas saneou as finanças de Roma, mandou erguer a nova fachada da Igreja de São João de Latrão e inaugurou a famosa fonte de Trevi.

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