O Presidente da República quer acompanhar de perto as negociações entre PS e Governo. “Ninguém perceberia que o Presidente estivesse fora em dias tão importantes”, diz à VISÃO uma fonte de Belém onde reina um “otimismo moderado e realismo” em relação às negociações entre Governo e PS.
Em Belém, nota-se a “cedência do Governo” e acredita-se que essa primeira cedência de Luís Montenegro pode ajudar a resolver uma potencial crise. “O Governo percebeu que tinha de ceder e que tinha de ser o primeiro a ceder”.
É desse primeiro passo dado por Luís Montenegro que vem o “otimismo moderado” do Presidente, que agora espera para ver a contraproposta que está a ser alinhavada pelo PS.
Newsletter
Apesar de o Presidente ter decidido adiar as deslocações, em Belém rejeita-se a ideia de que essa será mais uma forma de pressionar o PS, mas antes uma vontade de acompanhar de perto os desenvolvimentos dos próximos dias.
Pedro Nuno pode falar hoje
O PS tem marcada uma reunião da bancada parlamentar para a próxima terça-feira, que pode ser decisiva.
Mas, no Largo do Rato, discute-se a possibilidade de Pedro Nuno Santos anunciar ao País esta sexta-feira a sua contraproposta.
Pedro Nuno está a ser muito pressionado internamente, com o PS dividido entre os que acham que a viabilização terá de ser vendida ao mais alto preço possível, pelas consequências políticas que terá para o partido, e os que acreditam que a viabilização é o caminho certo para mostrar moderação e responsabilidade.
Na cúpula do PS sinaliza-se a ideia de recusar a descida transversal de 1% no IRC, que a proposta do Governo mantém, e afinar este novo IRS Jovem, diminuindo-lhe o prazo, como elementos que devem constar da contraproposta.
De resto, na direção do PS quer-se sublinhar o recuo do Governo como uma vitória socialista.
O Bloco de Esquerda quer ver “rapidamente” resolvida a situação dos bielorrussos que vivem em Portugal num “limbo legal”, impossibilitados de se legalizarem sem que coloquem a sua segurança e liberdade em risco. O BE pediu ao Governo respostas para resolver a situação.
Desta forma, os bielorrussos em Portugal – muitos deles acusados por crimes de delito de opinião no país-natal –, com os documentos nacionais caducados ou por certificar, ficam impossibilitados de obter os documentos exigidos pelo Estado português para regularizarem a sua situação em território nacional; regressar à Bielorrússia pode representar prisão e tortura para estas pessoas.
Newsletter
À VISÃO, O deputado Fabian Figueiredo considera que “estas medidas do governo autoritário de Lukashenko constituem uma forma de perseguir, penalizar e prejudicar os opositores políticos que saíram do país”. “Estes imigrantes encontram-se num limbo legal, pois já não podem requerer proteção internacional, mas também estão impossibilitados de apresentar os documentos que as autoridades portuguesas lhes exigem, ficando presos num labirinto burocrático. Sem documentos válidos em Portugal, estes cidadãos ficam impedidos de aceder à saúde, à educação e ao trabalho com direitos”, sublinha o líder parlamentar do BE.
Fabian Figueiredo considera que “o Estado português tem as ‘ferramentas’ necessárias para dispensar estes cidadãos da entrega desses documentos e de garantir-lhes a autorização de residência”. “É inaceitável deixá-los com as vidas congeladas, colocar em causa a segurança e a liberdade destas pessoas por causa de um papel”, acrescenta.
O BE apresentou, na quinta-feira, perguntas ao Governo sobre o tema, pedindo esclarecimentos e soluções. “Esperamos que, com estas questões colocadas pelo Bloco de Esquerda, esta situação possa ficar resolvida. O que se passa com os bielorrussos pode passar-se com quaisquer pessoas que cheguem a Portugal em fuga de outros regimes autoritários. E, no caso destas pessoas, o Estado português tem responsabilidades acrescidas”, conclui Fabian Figueiredo.
Durante quase todo o jogo, António Garcês, 29 anos, debruçou-se sobre a varanda que dava para a bancada do Estádio de Dragão, de braços abertos e cachecol do Futebol Clube do Porto (FCP) nas mãos, a entoar cânticos com tanto entusiasmo que contagiava os restantes adeptos. Não era a estreia a acompanhar o emblema desportivo pelo qual tem uma paixão gigante, mas algumas más experiências deixaram-no receoso de voltar a um recinto de futebol. Quem o visse agora, delirante, certamente não o imaginaria, e os pais mostravam-se encantados por, finalmente, gozarem novamente este momento de euforia coletiva, graças à criação da INZONE.
Trata-se do primeiro espaço sensorial no futebol português, destinado a pessoas com dificuldades no processamento da informação sensorial (Perturbação do Espetro do Autismo, disfunção do processamento sensorial, défice intelectual, doença de saúde mental…), que aqui têm a possibilidade de assistir a uma partida, ao vivo, com segurança e tranquilidade.
Neste caso, António, portador da Síndrome do X Frágil (com ansiedade social e sensibilidade aos sons altos), teve a sorte de contar igualmente com a presença de cinco amigos da Associação de Apoio à Juventude Deficiente (AAJUDE), de Matosinhos, com diferentes patologias, mais os seus acompanhantes. “Fizemos-lhes uma surpresa, pensavam que vinham ao centro comercial e só se aperceberam quando chegámos… ficaram felicíssimos”, conta Elisa Rocha, mãe de Vasco, 30 anos, que por esta altura já envergava orgulhoso uma camisola do FCP. “Gosta muito do clube e vê os jogos em casa com o pai, mas os períodos de atenção são pequenos. Chegou a vir ao estádio uma vez, mas ao intervalo quis ir embora, quando os jogadores se retiraram”, recorda Elisa. A hiperatividade e a agitação associada à Síndrome de Dravet, desta vez, ficaram controladas, e Vasco até se atreveu a ocupar um lugar na bancada.
Newsletter
Antes de iniciar a partida, quando se ouvia o hino do FCP, Maria Miguel, 36 anos, acompanhava a letra, com a alegria estampada no rosto. Os pais têm lugar cativo no estádio, mas nunca tinham arriscado trazer consigo a filha, com défice cognitivo, dadas as suas dificuldades em lidar com multidões e a intolerância a ruídos fortes. “Sou o sócio 574 do clube, por isso pode imaginar o que significa ter aqui a Maria. Mas, mais importante, foi trazer os restantes meninos da AAJUDE… são momentos que marcam”, testemunha o pai, José Fernandes, que é também presidente da associação.
Na verdade, os “meninos” são todos adultos e, para alguns, como Miguel Ponce, 55 anos, adepto do FCP “desde pequenino”, esta foi a primeira vez que conseguiram apoiar ao vivo o seu clube do coração. A INZONE, criada em parceria com a Betano (principal patrocinadora), não está aberta apenas a associações. “Queremos dar a conhecer ao maior número possível de pessoas, para que qualquer família possa vir ao estádio, e adaptamos o espaço a quem recebemos”, diz Teresa Santos, a responsável pela área de sustentabilidade do clube.
Lugares especiais
O acesso ao espaço sensorial é facilitado, uma vez que são reservados lugares de estacionamento no interior do estádio, com um elevador direto próximo, para esta claque especial poder chegar pouco antes do jogo e não se cansar.
Já na INZONE, há uma divisão em três: uma sala sensorial com insonorização que abafa os sons do estádio; uma zona intermédia (a tal varanda que a maioria do grupo da AAJUDE escolheu), em que estão afastados do restante público; e, logo colados, uns lugares já na bancada, junto dos outros adeptos, onde até podem estar mais familiares e amigos. A ideia é que a pessoa se possa ir adaptando aos estímulos à medida que o jogo avança e ir transitando (ou recuando), conforme as reações.
O projeto conta com a parceria da Escola Superior de Saúde do Politécnico do Porto, que disponibiliza terapeutas ocupacionais, cujo número depende do grau de incapacidade de quem vem ocupar a INZONE, e que criou também uma bolsa de voluntários (normalmente, estudantes finalistas e de mestrado) para ajudarem e estarem atentos a qualquer mal-estar. “Na altura da construção, fomos consultores na criação deste circuito interno específico; durante os jogos, o nosso papel é antecipar as necessidades”, aponta Ângela, uma das profissionais que marca presença e observa atentamente as expressões corporais que possam revelar agitação interior.
Após um ano à experiência, em que foram gratuitos, os ingressos para os lugares vendem-se agora ao preço (variável) dos da arquibancada. Procura não tem faltado, existindo já lista de espera. A logística é relativamente simples. Os interessados devem enviar um email (para inzone@fcporto.pt), com a descrição da condição da pessoa em causa e a informação de quem a irá acompanhar, e será feita uma avaliação por Daniela Pinto, a terapeuta ocupacional dedicada ao projeto, para saber se se enquadra no propósito do espaço e se não conseguem assistir aos jogos de outro ponto do estádio. “Por norma, tem sido muito tranquilo, porque recebemos informações sobre quem vem e conseguimos antecipar as dificuldades que possam sentir”, explica Daniela.
Foi o caso de Rui Manuel, 37 anos, com trissomia 21, cuja intolerância a ruídos fortes e fobia a multidões recomendava que começasse pela sala sensorial, e que, só quando estava mais calmo, deu o salto para a zona intermédia, mas com headphones para abafar os sons. “Gosta imenso de futebol, em casa costuma vibrar”, contam os pais. “Está a ambientar-se. É uma pessoa de rotinas, todos os dias faz rigorosamente a mesma coisa, por isso estas saídas são um problema”, dizem.
Ao intervalo, as mascotes Draco e Viena apareceram na INZONE e Rui não conteve os abraços. Todos posaram para a foto com um sorriso estampado no rosto. Pouco depois, o FCP marcou o segundo golo ao Farense, que lhe garantiu a vitória (por 2-1). A festa, ao apito final, é total.
Caminhos para a integração
O FCP ficou no terceiro lugar do ranking mundial de sustentabilidade elaborado pela Global Sustainability Benchmark in Sports, relativo à época anterior
“Este é mais um passo firme naquilo que temos trabalhado no estádio relativamente à inclusão”, aponta Teresa Santos, a responsável pela área de sustentabilidade do FCP. “Temos audiodescrição dos jogos para cegos, acessível gratuitamente numa frequência especial de rádio; fomos o primeiro estádio a dispor de ColorAdd, um código de cor para daltónicos; temos voluntários na zona para pessoas com mobilidade reduzida, para lhes dar assistência no que for necessário; nos ecrãs passamos mensagens de segurança em língua gestual, e avançamos agora com intérpretes de língua gestual nas entrevistas no final do jogo”, enumera.
Um compromisso com a integração, mantido durante toda a época desportiva, que pretende ser um exemplo para a comunidade
O passe ferroviário de 20 euros faz parte do pacote de medidas na área da mobilidade e transição energética que vão estar em cima da mesa do Conselho de Ministros extraordinário desta sexta-feira.
Segundo um documento da CP, a que a Lusa teve acesso, o Passe Ferroviário Verde vai ser válido no serviço Intercidades, em segunda classe, sendo obrigatória a “reserva de lugar antecipada”, mas com um limite de antecedência máxima de 24 horas. Será ainda permitido reservar lugar, sem custos, no máximo para duas viagens distintas por dia.
Newsletter
A reserva “terá de ser feita nas bilheteiras da CP e nas novas Máquinas de Venda Automática instaladas nas estações da área Metropolitana de Lisboa”. Posteriormente – num prazo que o documento indica que será breve -a reserva de viagem para o Intercidades ficará disponível na bilheteira online e na App da CP.
De fora do alcance deste passe ferroviário ficam os serviços Alfa Pendular e Internacional Celta, e a primeira classe dos serviços Intercidades e InterRegional.
Relativamente aos comboios urbanos, o documento a que a Lusa teve acesso indica que o Passe Ferroviário Verde pode ser usado em todos os urbanos de Coimbra, mas nos de Lisboa e do Porto a utilização está limitada às viagens fora das respetivas áreas metropolitanas.
Do aparecimento do acne às alterações de humor, a chegada da primeira menstruação desencadeia uma série de alterações hormonais que fazem parte do processo de crescimento feminino. Agora, uma nova investigação científica sugere que a idade em que surge a primeira menstruação também tem influência no crescimento em altura das jovens.
Um grupo de cientistas da Universidade de Gothenburg, na Suécia, analisou o crescimento de um conjunto de raparigas antes e após o seu primeiro período menstrual com o objetivo de verificar o impacto que a menstruação teve na sua altura. O estudo, publicado na revista científica Frontiers in Pediatrics, sugere uma grande variação – entre os 0,2 e os 31 centímetros – no seu crescimento, com uma em cada duas raparigas a experienciar um crescimento em altura maior ou menor que o considerado “normal” para a faixa etária – entre 6 a 8 centímetros.
Newsletter
Altura varia consoante a idade em que surge a primeira menstruação
Para a investigação foram recolhidos e analisados dados de 793 raparigas da região de Gothenburg e Halland, na Suécia, que foram seguidas desde o seu nascimento até à idade adulta. As participantes foram submetidas a vários inquéritos e entrevistas, sendo também analisados os seus dados e a altura dos pais. Em média, a primeira menstruação surgiu aos 13 anos – com a rapariga mais nova a ficar menstruada pela primeira vez aos 8 anos e a mais velha aos 17.
Segundo as conclusões do estudo, as raparigas que tiveram a sua primeira menstruação antes dos 12 anos de idade tiveram um crescimento em altura – de quase 13 centímetros – maior do que o considerado normal para a idade. Já as participantes do estudo que tiveram a sua primeira menstruação depois dos 14 anos mostraram um crescimento de apenas 3 centímetros.
“Esta variação [entre os 0,2 e os 31 centímetros] no crescimento após a menstruação é muito maior do que os estudos anteriores demonstraram. As variações dependem muito da altura em que lhes vem o período. Há uma grande diferença entre as que têm o período mais cedo e as que o têm mais tarde”, explicou Jenni Gårdstedt Berghog, médica do Hospital de Halland e uma das autoras do estudo.
O IMC também tem influência no crescimento
As descobertas sugerem ainda que o IMC – índice de massa corporal – na infância também desempenha um papel importante no crescimento das raparigas. Um IMC baixo durante a infância e a altura dos pais foram fatores associados a um início mais tardio da menstruação. Já um IMC elevado impulsionou o crescimento, sendo seguido de um início precoce da menstruação.
“Com este estudo, mostrámos que existe uma enorme variação e que as raparigas que entram na puberdade mais cedo e têm o primeiro período mais cedo crescem significativamente mais do que se pensava anteriormente, e que as raparigas que têm o primeiro período mais tarde não crescem assim tanto” referiu Anton Holmgren, investigador pediátrico da Universidade de Gotemburgo e uns dos envolvidos no estudo.