Em Minsk, Irina Prokopets era produtora de filmes e de efeitos especiais. Na Ericeira, vive da caridade de amigos e de biscates de voluntariado, como cozinhar para os sem-abrigo em projetos de associações religiosas, em troca de comida. Não pode trabalhar nem tem direito a qualquer ajuda do Estado. Mas é melhor sobreviver a custo do que enfrentar a alternativa: acabar numa masmorra no seu país natal.
Irina, 37 anos, não quer dar pormenores sobre o que a leva a crer que seria detida assim que pusesse os pés na Bielorrússia. Mesmo a mais de 3 mil quilómetros de distância, teme os tentáculos do KGB, a polícia de segurança do Estado (a única que não se deu ao trabalho de mudar a designação original, em todo o espaço da ex-União Soviética). Pelas leis “antiextremismo” criadas recentemente pelo regime autocrático de Alexander Lukashenko, uma pessoa que as autoridades decidam que tem ligações aos movimentos pró-democracia pode ser condenada a 25 anos de prisão.
Manifestação em Lisboa
Os participantes nos protestos contra a fraude nas eleições de 2020 estão na mira de Alexander Lukashenko, aliado de Putin e “o mais antigo ditador da Europa”