A Rússia lançou esta madrugada um ataque de grande envergadura com mísseis e ‘drones’ contra a Ucrânia. Foram registadas explosões em Kiev, Kharkiv, Rivne, Khmelnytskyi, Lutsk e em muitas outras cidades do centro e oeste da Ucrânia.
“Estão a ocorrer ataques a instalações de energia em toda a Ucrânia”, anunciou o ministro da Energia, Herman Halushchenko, nas redes sociais.
Segundo o chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andri Yermak, a Rússia tinha armazenado mísseis para atacar as instalações ucranianas e travar uma guerra contra os civis durante os meses mais frios do ano.
Newsletter
No dia em que visitámos o Liz, umas boas horas antes de o restaurante abrir para o jantar, Daniel Carvalheira andava de volta dos purés: o de abóbora, para acompanhar a codorniz e kimchi, e o de curgete, para se juntar ao pargo, chouriça e pimento. Ao mesmo tempo, afinava a nova sobremesa, feita com marmelo em várias texturas e creme de queijo, que testara há dias, com Gabrielle, responsável pela pastelaria. Daí que o chefe costume dizer que o Liz, aberto em meados de setembro, “é uma cozinha viva, porque está sempre em mudança”.
Pormenor da sala do restaurante onde cabem 18 pessoas; a gamba, caril e guanciale, o prato que evoca as origens moçambicanas do chefe. Fotos: DR
A carta inspira-se nas receitas da mãe “que levavam muito caril e caju”, nos livros que lê, nos chefes de cozinha que acompanha, nas memórias de viagens, conta Daniel, 35 anos e sorriso fácil, que passou pelos restaurantes Pedro Lemos, Euskalduna Studio (Porto), The Yeatman (Vila Nova de Gaia) e Noma (Dinamarca).
Newsletter
Essas influências notam-se à mesa: na gamba, caril e guanciale (€16) – o único prato que evoca Moçambique, onde Daniel nasceu mas de onde saiu muito cedo –, na tartelete de atum (€9), na lula-gigante dos Açores com amêijoa à Bulhão Pato e limão (€17), na cenoura com chalota e dióspiro (€13) ou no atum com espinafres e dashi (€28). O Liz tem um menu de degustação (€65) com seis momentos à escolha do chefe.
Os snacks de entrada, a lula-gigante dos Açores e a sobremesa de chocolate branco e vinagre. Fotos: DR
As hortícolas e muitos dos ingredientes vêm de pequenos produtores, tal como os vinhos e o pão de fermentação lenta (da Bicho Pão, no Porto e na Póvoa de Varzim). Daniel Carvalheira gosta de privilegiar pequenos negócios, e isso reflete-se também na sala do seu restaurante, onde cabem apenas 18 pessoas. Mais importante do que o tamanho é a entrega aos projetos. E, isso, Daniel tem de sobra.
Liz > R. de Mota Pinto, 170, Porto > T. 22 616 8024 > ter-sáb 19h-22h30
As semelhanças entre o Alpine A290 e o recentemente anunciado Renault 5 são evidentes. Nem poderia deixar de ser de outro modo, considerando que o A290 é baseado no R5. Mas as diferenças são mais profundas do que se possa pensar à primeira vista. Não se trata, apenas, de um design mais desportivo associado a uns pneus mais vistosos e a um motor programado para ser um pouco mais reativo. O Alpine A290 tem várias diferenças importantes relativamente ao R5. E todas para melhorar o comportamento dinâmico e potenciar as sensações ao volante. Mas tudo feito de modo a manter o A290 um carro confortável q.b. para uma utilização diária. Pelo menos essa é a promessa da marca francesa. Que é cumprida, como vamos explicar.
Há muitos detalhes estilísticos que dão um look desportivo e até agressivo ao Alpine A290
Devorador de curvas
Começámos por experimentar o A290 num passeio pela ilha de Maiorca. Um percurso que misturou um pouco de autoestrada com muitas estradas secundárias. Não faltou a passagem por ruas estreitas de povoações antigas, nem estradas sinuosas de montanha. Ambientes onde a agilidade do A290 marca pontos. E, de facto, não podendo ser adjetivado de confortável, o A290 também está longe de ser desconfortável. Não se sente aquela rigidez que torna cada lomba um desafio em outros desportivos. É um carro perfeitamente usável no dia-a-dia. Mas apenas a dois ou num modo 2+2 onde os dois que vão no banco de trás não podem ser crescidos ou, então, têm de aceitar o desconforto de ter os joelhos e os pés ‘esmagados’ contra os bancos da frente. Sobre isto, é necessário levantar o banco do condutor para criar algum espaço para os pés de quem vem atrás.
Mas o melhor é mesmo o comportamento dinâmico. Este carro é mesmo divertido de conduzir. Arriscamo-nos a dizer o mais divertido de conduzir entre os elétricos que já testámos. Não é pela aceleração estonteante, que não tem, mas sim pela forma como é fácil inserir a frente onde e como queremos e sentir uma leve e controlável soltura da traseira.
Newsletter
Ao volante do A290, versão GTS, no circuito em Maiorca
Se sentimos isto nas referidas curvas das montanhas de Maiorca, onde, claro, há que respeitar as regras impostas pelo código da estrada e pelo bom senso, a experiência foi reforçada no circuito local. Demos meia dúzia de voltas, sem limitações, à pista e foi, verdadeiramente, divertido. Travar propositadamente tarde demais, apontar a frente para o interior da curva e sentir o tal deslize da traseira… Na primeira vez que saímos para a pista sentimos falta de motor depois dos escorreganços. Isto porque, afinal, apesar de termos carregado no botão certo, não tínhamos desativado totalmente o apoio da eletrónica. Limitação resolvida na segunda saída para a pista, depois de os técnicos da Alpine nos terem explicado o processo certo: ativar o modo Sport e depois pressionar o botão para desativar o controlo de estabilidade durante alguns segundos. O que tornou a segunda experiência em pista ainda bem mais divertida. Passou a ser possível sentir o motor a responder imediatamente ao acelerador mesmo em situações de desequilíbrio. Mais ‘atravessadelas’. Rapidamente, o ganho de confiança foi tal que quase nos esquecemos que estávamos ao volante de um carro a sério. Parecia, mesmo, um videojogo. Mais velocidade, mais escorreganço, mais sorrisos muito audíveis… E, finalmente, um pião. Fácil de recuperar e sem qualquer perigo, mas uma ‘chamada ao mundo real’. Tudo tem consequências.
O volante, inspirado na F1, tem botões diretos para obter a potência máxima instantaneamente, mudar o modo de condução e comutar entre os modos de regeneração
Jogar para aprender
A sensação de videojogo é reforçada pela app de telemetria integrada no infoentrenimento com sistema operativo Google. O Alpine Telemetrics está dividido em três áreas: dados em tempo real, treino e desafios. Na primeira área temos acesso a muita informação, incluindo acelerações laterais e longitudinais, dados de travagem (ativação do ABS e do controlo de tração), energia regenerada, consumos, pressão dos pneus, tempos por volta e temperaturas do motor, bateria e travões. Em treino são apresentadas dicas para melhorar a condução, incluindo as trajetórias mais adequadas e técnicas de travagem. À medida que progredimos, são apresentados conceitos mais avançados, como técnicas de drifting. Finalmente, em desafios, entramos o condutor é convidado a melhorar a pontuação em diferentes aspetos. Alguns desafios são referentes a estradas fechadas, como aceleração e travagem, enquanto outros foram criados para melhorar a condução a longo prazo, como os desafios relacionados com a eficiência.
Como indicado, o sistema operativo é da Google. O Android Automotive OS, permite a instalação de um grande número de apps, incluído serviços de streaming de música, como o Spotify, ou de comunicações, como o WhatsApp. E, claro, o Google Maps, otimizado para o carro na medida em que apresenta sugestões de localizações de carregamento no planeamento das viagens e também indica uma previsão do nível da bateria no final da viagem.
Autonomia e carregamento
Por tudo o que foi dito, o A290 não é um carro criado para viagens longas. Ainda assim, a bateria de 52 kWh de capacidade será, de acordo com a nossa experiência, capaz de uma autonomia média realista superior a 300 km. Desde que sejamos contidos. Isto porque o consumo medido no circuito permitiria uma autonomia de uns 100. A potência de carregamento máxima é de 100 kW em DC (postos rápidos) e de 11 kW em AC (postos lentos e wallboxes). O A290 suporta V2G e V2L, o que significa que é capaz de fornecer energia elétrica a uma potência até 11 kW para dispositivos externos e para carregadores bidirecionais através da porta de carregamento Type 2. Ou seja, este carro já está preparado para operadores de energia que desenvolvam serviços de carregamento bidirecionais, onde o cliente é compensado por fornecer energia à rede em períodos de pico. No fundo, no que diz respeito à bateria e carregamento, é o A290 é igual ao Renault 5.
Quanto aos motores e equipamento, a Alpine simplificou a gama. Na base há o GT (€38.700), com motor de 180 cavalos. Depois, num segundo nível, quem prefere equipamento pode optar pelo GT Premium (motor de 180 cavalos) e quem valoriza mais a dinâmica pode, pelo mesmo valor (€41.900), optar pelo GT Performance (220 cavalos). Finalmente, a versão GTS (€44.900), a que conduzimos, que junta o motor da Performance com o equipamento do Premium. Durante o lançamento o A290 estará disponível numa série limitada, o Première Édition (€46.200), com interior em couro Nappa, áudio de alta-fidelidade da Devialet (615 watts e nove altifalantes), jantes Snowflake de 19 polegadas e placa numerada.
Veredicto
A experiência de conduzir o A290 em pista deixou-nos com um ‘sorriso de orelha a orelha’. Sabemos bem que não é assim que se conduz no ‘mundo real’, mas a Alpine conseguiu cumprir a promessa de criar desportivo compacto, um verdadeiro hot hatch, que também é um bom citadino para o dia-a-dia – neste aspeto, seria melhor se tivesse mais uns centímetros para os passageiros do banco trás. Mas, voltando ao que mais interessa neste tipo de carro: acelera bem, trava ainda melhor e curva exemplarmente. Um carro cheio de estilo, tanto por fora como por dentro.
Tome Nota Alpine A290 GTS – Desde €44.900 (gama desde €38.700) alpinecars.pt
Autonomia Satisfatório Infoentretenimento Muito bom Comunicações Bom Apoio à condução Bom
Características Potência e binário: 160 kW (220 cv) e 300 Nm ○ Acel. 0-100 km/h 6,4 seg. ○ Vel. Máxima 170 km/h ○ Bateria 52 kWh úteis, autonomia 364 (WLTP) ○ Carregamento AC até 11 kW (V2L e V2G), DC até 100 kW
A convocatória, cujo apoio ascende a 25,7 milhões de euros, recebeu, nesta sétima edição, 580 propostas de investigação básica, clínica e translacional. Agora, já são conhecidos os 29 projetos de investigação biomédica de excelência e com elevado impacto social contemplados com o apoio da Fundação ”la Caixa”. Este conta também com a contribuição da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), que financia com quase 2,5 milhões de euros três dos nove projetos portugueses selecionados nesta edição.
Os projetos decorrerão em centros de investigação, hospitais e universidades de Espanha e Portugal, mas os projetos apresentados em consórcio nesta edição envolvem grupos de investigação de Itália, Alemanha, Países Baixos, Israel, Singapura e Austrália. Todos os projetos terão até três anos para executarem as suas investigações.
Os selecionados
O CaixaResearch para a Investigação em Saúde conta com a participação de peritos internacionais de grande prestígio nas suas áreas de estudo para selecionar os projetos com maior excelência científica e impacto social.
Entre as iniciativas selecionadas naquela que é a maior convocatória filantrópica de investigação em biomedicina e saúde em Portugal e Espanha, encontram-se nove projetos de seis centros de investigação portugueses: Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto; Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier da Universidade Nova de Lisboa (ITQB NOVA); Instituto Gulbenkian de Medicina Molecular (GIMM); Instituto de Biomedicina (iBiMED) da Universidade de Aveiro; Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Universidade do Minho e Fundação Champalimaud. Esses nove projetos receberão um apoio superior a 7,6 milhões de euros.
Uma diversidade de áreas
A convocatória está especialmente direcionada para desafios de saúde nas seguintes áreas: doenças infecciosas (com sete projetos selecionados, cinco dos quais em Portugal); oncologia (seis projetos selecionados, um deles em Portugal); doenças cardiovasculares e metabólicas (cinco projetos selecionados, um deles em Portugal) e neurociências (cinco projetos selecionados, um deles em Portugal). Além disso, seis outras iniciativas selecionadas (uma das quais em Portugal) desenvolverão tecnologias facilitadoras num destes domínios.
O CaixaResearch de Investigação em Saúde é a maior convocatória filantrópica de investigação em biomedicina e saúde em Portugal e Espanha
Entre as iniciativas distinguidas destacam-se projetos que visam encontrar novas estratégias para combater as bactérias que causam a tuberculose; modular a ação dos linfócitos T e evitar respostas imunitárias hiperativas; compreender melhor o processo de formação de metástases de tumores da mama para as prevenir; desenvolver a deteção precoce de doenças neurodegenerativas; compreender como o parasita que causa a doença do sono consegue invadir os tecidos; ou desenvolver um tratamento para a doença de Machado-Joseph, uma doença neurodegenerativa hereditária rara.
Como novidade da edição de 2025 do concurso, serão incluídas iniciativas centradas em doenças raras pediátricas e em diabetes tipo 1, que terão a oportunidade de receber financiamento específico no âmbito de colaborações com a Fundação Breakthrough T1D e com a Fundação de Investigação Sant Joan de Déu, em Espanha.
CONTEÚDO PATROCINADO POR FUNDAÇÃO “LA CAIXA”
Enquanto cá fora se monta o palco que receberá os espetáculos de Natal, dentro do Le Monumental Palace reina o silêncio, entrecortado apenas pelos risos dos grupos de amigos que bebem um copo, ao final do dia, no bar Américain. Instalado num edifício datado de 1923, o hotel abriu as portas em novembro de 2018, depois de três anos em obras de reabilitação – realizadas pela Mystic Investment, de Mário Ferreira. Adquirido, então, pelo fundo de investimento Grupo Paris Inn, passou a operar sob a marca Maison Albar Hotels (MAH), pertencente aos Leading Hotel of the World.
À nossa espera está o chef Julien Montbabut, um francês radicado em Portugal, atrás do balcão do bar Américaine. Está rodeado de ervas, frutos, flores e especiarias, bem como de garrafões de vidro onde se acomodam vinagres vários que produz para o restaurante. “Trabalhei, em Paris, durante muitos anos com um chef que não gostava de pimenta e não usava na cozinha. Nessa altura, aprendi a temperar vinagres e a usá-lo como substituto em muitos pratos”, confidencia num português seguro.
É de sorriso descontraído no rosto que nos conta, também, como a Covid-19 foi, para si, uma oportunidade para melhorar o trabalho que estava a fazer no Le Monument. “Quando cheguei fazia uma cozinha francesa clássica, porque foi o que sempre fiz e sabia fazer. Mas não estava confortável. Não me estava a fazer muito sentido, até em termos de produtos utilizados, muitos deles vindos de França”, admite. “Mas não sabia fazer melhor, não conhecia os produtores cá, portanto trabalhei, apenas. Quando o hotel fechou, no Grande Confinamento, tive tempo para pensar no projeto e fazer a cozinha do Le Monument evoluir para aquilo que é hoje: uma cozinha mais contemporânea, com influências portuguesas, e onde 90% dos produtos utilizados são nacionais e, muitos deles, locais”.
Newsletter
Dos espargos verdes ao porco bísaro, passando pelo chá, o alho selvagem ou a carne, tudo vem de terras nacionais, garantindo maior sustentabilidade e mais coesão no projeto.
Vinagre Caseiro
É nesse sentido, também, que Julien se dedica ao vinagre, “um produto ótimo que pode ser usado em todos os pratos”, dando um sabor especial e uma acidez muito inesperada em alguns dos casos. E, hoje, o chef está também a partilhar com os jornalistas presentes a receita para fazer alguns dos vinagres que tem a uso no restaurante – daí todo o aparato montado no balcão do bar.
Há vinagre de folha de figueira, de estragão, de funcho, de framboesa, de mimosas…Há até vinagre já com três anos, que ganhou novos sabores. “Pode fazer-se vinagre de praticamente todas as coisas!”, garante, divertido o chef.
O momento de aprendizagem antecede o jantar, que acontece logo depois no Le Monument. O restaurante conquistou a primeira estrela Michelin em 2022, tendo sido renovada em março deste ano. E se tínhamos dúvidas sobre o conhecimento nacional do chef, começamos a deixá-las cair quando olhamos para o menu: chama-se “passeio” e cada momento tem o nome de uma cidade ou vila portuguesa. Mas primeiro, um couvert “Sentir-se português”, onde é servido pão com flor de sal e azeite Vale de Vasco produzido em exclusivo para o Le Monument.
Seguimos viagem para despertar os sentidos, e comemos gamba rosa, cogumelo e novilho, numa espécie de sumário dos sabores portugueses – sendo a gamba rosa a mais bem conseguida em termos de sabores e frescura. E descemos, então, até Matosinhos, de onde nos chega peixe galo, daikon e vinagre de folha de figueira (lá está!). Um prato simples, que sabe a mar e a frescura. Em Vila do Conde é tempo de sapateira, mostarda savora e yuzo, num prato com bastante complexidade de sabres, frescos e que vão evoluindo na boca, onde as diferentes texturas funcionam muito bem.
Quando o hotel fechou, no Grande Confinamento, tive tempo para pensar no projeto e fazer a cozinha do Le Monument evoluir para aquilo que é hoje: uma cozinha mais contemporânea, com influências portuguesas, e onde 90% dos produtos utilizados são nacionais e, muitos deles, locais
julien montbabut
Continuamos a percorrer o País e paramos em Coimbra, para um bacalhau com tremoço e pil-pil – justo, correto, não particularmente surpreendente – e logo depois provamos um pargo com alho francês e champanhe. Estamos em Peniche, e os sabores da Costa Oeste nacional fazem-se bem presentes no palato. No Vale do Tejo temos pato-real com beterraba (surpreendente!) e depois é tempo de uma infusão de chá verde, maçã e groselha. O momento chama-se Fornelo, em homenagem à Quinta onde o Chá Camélia nasceu em 2011 – hoje, o lugar tem mais de 12 mil pés de Camellia sinensis, em agricultura biológica.
Estômago preparado para as sobremesas, vamos ao momento Da Joana… Podia ser apenas uma expressão portuguesa – que é! – mas é também referência à chef pasteleira Joana Thöny Montbabut. “Decidimos que temos sempre três sobremesas, porque assim as pessoas não precisam de escolher”, brincará Joana no dia seguinte, quando nos explica como chega às suas criações.
Não esteve ao jantar porque o casal de cozinheiros tem dois filhos e, portanto, é preciso dividir tarefas na cozinha e em casa.
“Há sempre uma sobremesa de chocolate porque eu adoro chocolate”, explica divertida. “Depois, há sempre uma com fruta da época e a terceira depende um bocadinho dos produtos que estão mais disponíveis”. Nós tivemos, efetivamente, Chocolate do Brasil, Marmelo, pêra e specullos e ainda um doce de limão e cardamomo. “Posso ser eu a perguntar aos produtores o que eles têm ou vão ter, ou eles a dizerem-me o que há disponível. A criação vem depois de ter essa informação”, resume.
Ao contrário dos pratos do chef Julien, Joana não se inspira nos sabores portugueses para as suas sobremesas. “Adoro os doces portugueses, mas gemas e açúcar são um bocadinho pesados para terminar esta refeição”, atira com uma gargalhada. “Estudei em frança, e toda a minha base é de técnicas francesas, que consideo serem as melhores, porque tendo domínio delas é possível fazer milhares de sobremesas com os produtos que surgirem”, defende.
Também por isso deixa o pastel de nata para quando vai tomar o seu café – “Adoro um café e uma nata! O doce é perfeito: a consistência, o sabor, o tamanho.. – mas no restaurante serve criações que refletem a sua educação francesa.
E, admite, sente a falta do pão francês e da diversidade de legumes que, considera, ainda é muito diferente da que se encontra no país onde estudou – Joana é de origem catalã e suíça, o que explica também o pouco sotaque e a facilidade com a língua portuguesa.
A conversa com a chef pasteleira é tida à mesa do pequeno-almoço, no mezanino do hotel, que recebe também ao domingo um brunch para toda a família – enquanto os adultos têm uma seleção de pratos quentes e frios, de bebidas e de opções de buffet, os mais pequenos têm uma sala de cinema com sala de pipocas para aproveitar o tempo.
Depois de uma viagem gastronómica e de um pequeno-almoço reforçado, é a luz do Porto que nos chama para um passeio ao final da manhã. Afinal, não é todos os dias que a invicta no recebe com um sol radioso e temperaturas de outono, a condizer com os produtos da estação que tivemos oportunidade de provar.
Natal e Ano Novo em destaque
No Le Momument, o Natal e o Ano Novo são celebrados com o glamour e a circunstância que as festividades pedem. Este ano, as ofertas espeicias das festas incluem um brunch, um jantar de degustação (com possibilidade de pairing de vinhos) no dia 24 e ainda um jantar na noite de dia 31 de dezembro, tal como um brunch de ano novo.
Com uma garrafeira com largas centenas de referências, cerca de 15% das opções são internacionais – mas as referências nacionais são uma boa surpresa. Pequenos produtores, regiões menos exploradas e muita diversidade, fazem da experiência gastronómica uma viagem que vai para além das regiões nacionais.
1. Durante o PREC, nas manifestações contra o rumo esquerdista ou autoritário que uma parte dos militares do MFA pretenderia prosseguir, um dos slogans era “Vasco só há um, o Lourenço e mais nenhum” – assim se exprimindo a oposição à chamada linha de Vasco Gonçalves. Retomo-o, parafraseando-o, para sublinhar que 25, como número símbolo do derrube da ditadura e da conquista da liberdade, “só há um”. Como mês e ano em que o povo português tomou em mãos o seu destino são apenas ‒ Abril e 1974.
Claro que isto vem a propósito de, nos 50 anos do 25 de Abril, desde sempre celebrado no Parlamento, pela primeira vez se ter celebrado, no mesmo Parlamento e com uma cerimónia idêntica, os 49 anos do 25 de novembro!… O que não faz nenhum sentido e politicamente só é explicável (embora admita que alguns dos que o aprovaram não o hajam compreendido) visando desvalorizar, diminuir, relativizar, o 25A. Dando palco, ou mesmo principal protagonismo, como previsível, ao Chega, para mais um comício com a defesa, explícita, implícita ou disfarçada, de valores e princípios absolutamente contrários ao 25 de Abril. E, por isso, também ao 25 de novembro.
Porque 25n é uma data meramente tributária ou acessória do 25 de Abril: só foi (muito) importante por permitir manter e desenvolver, sem ameaças ou desvios de extrema-esquerda ou direita, o caminho e os objetivos da libertadora revolução do 25A. Nesta ótica, e só nela, sendo natural, positivo, assinalá-la ‒ mas de outro modo, não o de agora. Como foi feito só serviu para o que acima referi, e, de facto, como se temia, para reabrir querelas e feridas já esquecidas ou saradas.
Newsletter
2. Por isso bem se compreende que a Associação que representa os que fizeram o 25 de Abril, e foram também os “vencedores” do 25n – a começar pelo seu presidente, exatamente o Vasco Lourenço, figura decisiva em todos estes acontecimentos ‒, não se tivesse feito representar naquela cerimónia. E se Ramalho Eanes esteve, compreensivelmente, presente, foi como antigo Presidente da República.
Presidente na sequência e também como consequência de ter sido o chefe operacional do 25 de novembro. Já então houve quem, por isso, o quisesse alcandorar a “chefe”, pelo menos musculado… E quando das eleições presidenciais de 1976, a cuja comissão política pertenci, não faltou quem pretendesse que se apresentasse como o “candidato do 25 de novembro”. Eanes nunca o quis ou aceitou: foi o “candidato do 25 de Abril” (restaurado a 25n).
Aliás, entre as muitas críticas extremamente injustas, até mentirosas, que ao longo do tempo vários políticos, incluindo de primeiro plano, fizeram a Eanes, foi a de ter um plano pessoal para conquistar o poder, exercendo-o de forma menos democrática, ou pelo menos musculada. Alguns próximos até o desejariam e a isso o impeliriam: Eanes sempre o recusou in limine, frontalmente. Agora, que está quase a completar 90 anos (também a 25… de janeiro próximo), impõe-se sublinhá-lo.
3. Voltando ao 25n. Vivi intensamente esse período, como jornalista e cidadão. Olho para a coleção de O Jornal – jornal de jornalistas, fruto e de certa forma “corporização” na imprensa do espírito do 25 de Abril –, e leio em manchetes (que foram famosas) de edições anteriores ao 25n: “Até quando a ‘política da chaimite’?”; “Golpe de esquerda, de direita ou de misericórdia?”; “Vocês sabem mesmo o que é a guerra civil?”.
Estas manchetes dão ideia da situação que se vivia, para mais sendo O Jornal independente, de esquerda democrática, pluralista, tido por próximo dos “Nove”, cujo documento foi por nós publicado. E na edição de 14/20 de novembro eu escrevia, a abrir p. 2, um texto significativamente intitulado “(Re)unir o MFA – Salvar a Revolução”. Enquanto, na de 21/27, a manchete era: “Em exclusivo para O Jornal – Vasco Lourenço e Otelo dizem o que pensam um do outro.”
A substituição de Otelo por Vasco à frente da Região Militar de Lisboa fora muito contestada, até um dos motivos alegados para o desencadeamento do 25n. Consegui essa excelente “caixa” ‒ que tem uma história, com outras histórias pelo meio, que já aqui não cabem. Talvez a elas volte.
Mário Soares, o que faria?
A posição do PS quanto às comemorações do 25 de novembro foi alvo de várias críticas que creio injustificadas. Expressa talvez de forma nem sempre muito clara, é certo, mas a posição correta. Enquanto me parece lamentável a do PSD, viabilizando o que ocorreu nos termos em que ocorreu.
Muitos dos que criticaram o PS, que liderado por Mário Soares foi entre os partidos e na sociedade civil a força mais decisiva para a vitória democrática do 25n, fizeram-no afirmando que aquela posição era quase uma “traição” ao então líder socialista.
Pois penso exatamente o contrário. Conhecendo bem, naturalmente, o seu percurso político, e o que pensava e fez nos últimos anos de vida, a minha convicção é de que a sua atitude seria a mesma da Associação 25 de Abril.
O julgamento dos crimes de Mazan, uma localidade de seis mil habitantes, na periferia de Carpentras, no Sul de França, começou no princípio de setembro. De então para cá, o caso Gisèle Pelicot ‒ a mulher de 71 anos drogada e violada durante uma década pelo marido, Dominique, que recrutava, num site de sexo entretanto encerrado, outros homens para a violarem também ‒ foi-se tornando cada vez mais mediático. Felizmente, eu diria, apesar de se tratar de uma tenebrosa descida aos infernos, um triste exemplo do ponto onde pode chegar a miséria humana.
A força do testemunho da mulher francesa foi de tal ordem que, embora tenha dispensado protagonismos, Gisèle Pelicot acabou por se transformar numa heroína, involuntária, mas uma heroína. E, para uma boa parte das organizações e dos ativistas ligados à violência sexual, até um ícone feminista (não exagero, a expressão já é usada frequentemente, sobretudo pela imprensa francesa). Gisèle respondeu a quem, homem ou mulher, lhe chamou corajosa: “Não é bravura, é a vontade e a determinação em mudar a sociedade.” Na primeira vez que escrevi sobre o assunto, eu própria disse que ela deveria ser eleita a mulher do ano ‒ não sei se o vai ser, mas continuo a achar que deveria, se é que essa tradição de fazer balanços, uma lenta ponderação do tempo que passou, ainda faz algum sentido, no meio de tanto ruído e aceleração…
Esta semana, o Ministério Público francês pediu 20 anos para o ex-marido de Gisèle Pelicot, o que não constituiu propriamente uma surpresa, incluindo para a advogada de Dominique, que já aguardava a pena mais longa possível. Perante os factos, a defesa pouco mais terá a fazer do que procurar atenuantes na idade do réu (72). A sentença foi marcada para dia 20 de dezembro. O julgamento também está a ter consequências políticas: o primeiro-ministro, Michel Barnier, já disse que haverá um antes e um depois. Anunciou que, até ao final de 2025, serão simplificados os procedimentos para apresentar queixa de violência doméstica nos hospitais franceses.
Newsletter
Desde o começo que os advogados de Gisèle Pelicot apelaram à serenidade. Foi por insistência da vítima que o julgamento não decorreu à porta fechada. “Ficar de portas fechadas também significa pedir à minha cliente que seja trancada num lugar com aqueles que a atacaram”, justificaram então os causídicos. Gisèle foi dizendo que, apesar da fachada de ferro, por dentro se sentia “um campo de ruínas”. Numa das vezes em que foi ouvida, também explicou querer acabar com a vergonha associada às vítimas de violação. Com uma calma impressionante, disse: “Desejo que as mulheres digam: a senhora Pelicot fez isso, nós também conseguimos fazê-lo. Quando uma mulher é violada, há vergonha, mas não nos cabe a nós sentir essa vergonha, cabe-lhes a eles.”
Ao longo dos últimos três meses, realizaram-se várias manifestações de apoio e operações de crowdfunding para ajudar a recolher verbas. À porta do tribunal de Avignon, Gisèle Pelicot foi aplaudida, levaram-lhe ramos de flores. Chegou a usar um lenço que lhe foi enviado da Austrália por uma organização ligada à violência sexual, especificamente, sobre mulheres mais velhas. O ex-marido, toda a vida considerado um pai e um avô extremoso, confessou os crimes: “Sou um violador.” A maioria dos outros 50 homens, que também se sentam no banco dos réus, alegou que Dominique havia consentido tudo. Veem-no como fiel proprietário do corpo da mulher que, durante dez anos, tornou inerte com ansiolíticos e comprimidos para dormir.
O Departamento Central de Investigação e Ação Penal/DCIAP é um órgão de coordenação e de direção da investigação e de prevenção da criminalidade violenta, económico-financeira altamente organizada ou de especial complexidade.”
Transcrevo o artigo 57 número 1 do Estatuto do Ministério Público para lembrar o fundamental papel deste departamento na prevenção e no combate a crimes com capacidade de causar sérios danos à comunidade.
Não será preciso discorrer sobre as qualidades necessárias a quem tem de liderar esta organização. Tão grande poder acarreta uma enorme responsabilidade. Impõe transparência e clareza de objetivos.
Newsletter
No entanto, no seu discurso de tomada de posse, o novo diretor do DCIAP, procurador-adjunto Rui Cardoso, teceu considerações estranhas e em demasiados casos pouco consentâneas com as qualidades que o cargo exige. A coisa foi quase tão estranha como o silêncio dos mais altos responsáveis políticos e da comunidade em geral.
A um homem da Justiça exige-se sempre clareza e frontalidade, mas isso é particularmente importante quando se tem o poder quase ilimitado de que Rui Cardoso agora dispõe. Ora o referido discurso foi um rol de ameaças e insinuações pontuadas por vários comentários sobre uns “que querem controlar a Justiça para continuar acima dela”.
Quem serão esses que querem controlar a Justiça? Aliás, aqueles que já a controlam, pois Rui Cardoso afirma que “esses” querem “continuar” acima dela.
Estamos, segundo o nosso diretor, perante um autêntico golpe de Estado. Há gente que, presumo, não sendo da Justiça está acima da dita. Passadas já semanas sobre este discurso, ainda ninguém se lembrou de perguntar ao senhor procurador-adjunto quem são esses usurpadores.
Mas vamos imaginar que Rui Cardoso se enganou. Acontece. Talvez só quisesse dizer que há gente que quer controlar a Justiça. Exige-se então saber quem é que está a atentar contra a democracia e o Estado de direito. Não é coisa pouca nem possível de tratar com leveza. Um homem com esta responsabilidade anuncia um crime ou uma hipótese de crime desta gravidade e nada se passa?
Terão sido esses tais a derrubar um governo interferindo na vontade popular e subvertendo a separação de poderes sem que passado um ano haja um único indício relevante? Serão esses que destruíram a reputação de Miguel Macedo e prenderam o diretor do SEF sem qualquer razão?
Rui Cardoso também advertiu para os que “julgam que o voto popular tudo legitima e tudo amnistia”. Continua a ser estranho que alguém que sabe os problemas que o Ministério Público tem apresentado esteja tão obcecado com os eleitos, mas algo de muito importante deve ser ou não o dizia.
Julgo que aqueles que são escolhidos pelo povo para o representar sabem que o voto popular não legitima tudo. Penso, contudo, que tanto eles como eu e outros acreditamos na democracia e no Estado de direito. Sabemos mais. Sabemos que tanto os poderes eleitos como os não eleitos, mas que decorrem da Constituição, estão obrigados a cumpri-la. Estão vinculados a respeitar direitos fundamentais, como o direito à privacidade, ao bom nome, à presunção de inocência e todos os que lá vêm expressos.
Rui Cardoso diz, que a “legitimidade (do Ministério Público) vem, robusta, da Constituição e da lei. E é porque não depende do voto, de ter de agradar a maiorias impotentes ou minorias poderosas, que devem sempre respeitar a Constituição e a lei.”
Sem dúvida. Imagine-se o que seria se alguém que estivesse sujeito a eleições escutasse um cidadão durante 4 anos apenas porque sim ou investigasse um grupo de políticos há 8 anos sem uma acusação? O que seria se sistematicamente fosse violado o segredo de Justiça para criar a perceção de que alguém é culpado de um crime qualquer ou se se mantivesse uma pessoa como suspeita de um crime durante anos inventando o instituto de suspeito? Também diria que os eleitores eram capazes de não gostar. E se se inventasse uma coisa chamada megaprocessos que serve para fazer prescrever crimes, mas que deixam sempre as pessoas envolvidas com o ferrete de criminoso? Lá está, quem o faz era capaz de ter problemas se alguém tivesse o dever de avaliar os responsáveis por isto. O facto é que ninguém avalia.
É exatamente quando a legitimidade não vem do voto que maior deve ser o respeito pelos direitos que a Constituição e a lei preveem. É quando não se está sujeito ao mais importante juiz numa democracia, o povo, que mais escrutinado se deve ser; é que dos políticos que não cumprem bem as suas tarefas podemo-nos livrar, dos magistrados incompetentes e relapsos não. Estes não estão sujeitos às maiorias que Rui Cardoso apelida de impotentes.
Já se percebeu: no Ministério Público e no DCIAP vai haver uma evolução na continuidade. E isso são péssimas notícias para quem quer uma melhor Justiça.
No outono de 2018, por aí, um amigo estrangeiro, residente numa das zonas mais ricas de uma das principais economias europeias, caminhava, maravilhado, por uma Lisboa vibrante, com muitos turistas e pouco lixo (ou, como se diz agora, com “a perceção” de pouco lixo), ao mesmo tempo que elogiava a preservação das colinas, o pitoresco dos bairros típicos ou a modernidade dos serviços. “Adorava cá viver”, repetia constantemente.
O estrangeiro lamentava-se muito do seu país-natal, que, dizia, vivia em tensões sociais, promovidas pela polarização político-partidária, promovida por movimentos populistas (de esquerda e de direita), entregue a discursos impossíveis de serem levados a sério, feitos por políticos pouco confiáveis, visivelmente incompetentes para resolver os problemas reais do dia-a-dia. “Parece um circo”, suspirava. “É uma tragédia”, resumia.
“Ah, Portugal é imune a isso… Aqui, isso não pega”, dizia-lhe eu, num orgulho patriótico mal disfarçado, querendo mostrar-lhe como não havia par para a maturidade democrática demonstrada pelo povo português, que, naquela altura, parecia abraçar, sem rodeios nem pudor, a teoria da liberdade e da justiça social.
O dia 6 de dezembro é a data escolhida para um jantar solidário cujas receitas revertem a favor da comunidade de Valência.
Foi há um mês, a 29 de outubro, que a tempestade DANA deixou devastada a região espanhola. Nessa altura, o chefe de cozinha Vasco Coelho Santos (Euskalduna Studio, Porto) apressou-se a telefonar a vários amigos e colegas de profissão na comunidade valenciana.
“Liguei ao Carito Lourenço [chefe do restaurante Fierro, em Valência], com quem tinha cozinhado em fevereiro de 2020 antes da pandemia, e a Begoña Rodrigo [La Salita, também em Valência], para saber como estavam as coisas e como poderíamos ajudar. Disseram-me que a recuperação da tempestade iria ser mais difícil do que o pós-Covid. Isso assustou-me e, desde aí, fui acompanhando a situação”, conta-nos.
Newsletter
O chefe Vasco Coelho Santos organiza o primeiro jantar solidário em Portugal a favor de Valência. Foto: DR
Dias depois, Vasco Coelho Santos acabaria por saber que Begoña Rodrigo e os chefes de cozinha valencianos Ricard Camarena (restaurante homónimo, duas Estrelas Michelin) e Quique Dacosta (três Estrelas Michelin) estavam a organizar a iniciativa “Desde Valência para Valência”, na qual desafiavam cozinheiros de todo o mundo na angariação de fundos para a ajudar na recuperação da comunidade valenciana.
Os jantares solidários vão decorrer um pouco por todo o mundo no próximo dia 13 de dezembro, com chefes como Joan Roca e Eneko Atxa (Espanha), Alain Ducasse (França), René Redzepi e Rasmus Munk (Dinamarca), Massimo Bottura (Itália), Gastón Acurio (Peru), Alex Atala (Brasil), ou Leonor Espinosa (Colômbia). Vasco Coelho Santos antecipou o jantar no Porto para o dia 6, uma sexta-feira, no restaurante Composto do Hotel Hilton Porto Gaia, assinalando ao mesmo tempo o oitavo aniversário do seu Euskalduna Studio (uma Estrela Michelin).
Paella e ollo na ementa
Para este jantar solidário (€95), cujas receitas revertem totalmente a favor de Valência, Vasco Coelho Santos desafiou mais nove colegas de profissão do Porto e não só: Marco Gomes (Oficina, Porto), Renata Coelho (Adega São Nicolau, Porto), Rafaela Louzada (Rafa Louzada, Time Out Market Porto), Lídia Brás (Stramuntana, Vila Nova de Gaia), Aurora Goy (Apego, Porto), João Pupo Lameiras (RO, Porto), António Queiroz Pinto (Taberna Lura, Baião), e os anfitriões do hotel, Ilídio Barbosa (chefe de cozinha) e Bruno Rocha (responsável pela cozinha do grupo Highgate Portugal).
Os chefes António Queiroz Pinto e Rafaela Louzada juntam-se à iniciativa solidária. Fotos: Lucília Monteiro
O jantar volante, limitado a 120/130 pessoas, terá um prato confecionado por cada chefe, alguns inspirados na cozinha de Valência, como a paella (por Rafaela Louzada) ou a olla valenciana (cozido) que António Queiroz Pinto vai preparar com enchidos da região do Tâmega, Douro e Trás-os-Montes. Vasco Coelho Santos irá servir um prato vegetariano de brócolos que tem na carta do Euskalduna, e a Adega de São Nicolau levará o seu conhecido quindim para sobremesa.
“A ideia é que seja um evento informal, de pé, volante. Cada chefe vai doar o seu prato, o Hilton empresta o espaço e a logística de serviço, os produtores oferecem o vinho… Com o esforço de todos vamos conseguir doar quase dez mil euros a Valência”, estima Vasco Coelho Santos.
Quem não puder ir ao jantar, saiba que a iniciativa Desde Valência para Valência continua aberta a donativos para ajudar as populações devastadas pela tempestade Dana.
Desde Valência para Valência > Composto, Hotel Hilton Porto Gaia, R. Serpa Pinto, 124, Vila Nova de Gaia > 6 dez, sex 19h30 > €95 > reservas e donativos em desdevalenciaparavalencia.com/producto/porto