O Sealion 7 é o modelo tecnologicamente mais sofisticado lançado até agora pela BYD. Ora, como este fabricante chinês é muito conhecido, exatamente, pela capacidade tecnológica, as expectativas em redor do novo SUV da BYD eram elevadas. E, após um primeiro test drive na Alemanha, podemos desde já dizer que, de facto, o Sealion 7 representa mais um passo evolutivo da marca chinesa. É um carro cheio de tecnologia, espaço e, talvez o mais surpreendente, com um comportamento dinâmico satisfatório. Com preços que variam entre os €47.900 para a versão Confort e os €56.490 para a versão Excellence AWD, não se pode dizer que o Sealion 7 seja acessível. Mas tudo muda de figura quando comparamos este modelo com outros SUV desportivos com características similares.

Bateria faz parte da carroçaria

Durante a apresentação à imprensa, os responsáveis da BYD foram muito insistentes a sublinhar a resistência à torção da carroçaria do Sealion, anunciada como superior a 40.000 Newton metro/grau. Esta rigidez torcional resulta, em grande parte, de a bateria usar a arquitetura Cell-to-Body, em que a bateria está integrada na carroçaria. Ou seja, as células, criadas numa estrutura em favo para maior solidez, estão fixadas diretamente na carroçaria. Ao ponto de a superfície superior da bateria funcionar como o piso da cabine. O que significa que esta arquitetura também permite poupar no peso e no espaço (para um bateria LFP, reforce-se). Aliás, apesar de as baterias do Sealion 7 usarem a química LFP (Lítio Ferro Fosfato), conhecidas por terem menor densidade energética que as NMC (Níquel Manganês Cobalto), o Sealion está disponível com baterias de 82,5 e 91,3 kWh de capacidade. Valores muito expressivos. Isto significa que a BYD está a conseguir eliminar um dos únicos pontos fracos das baterias LFP, já que esta química conhecida por ser melhor em praticamente tudo o resto: durabilidade, segurança, tolerância à temperatura, custo e sustentabilidade (não utiliza níquel nem de cobalto).

O percurso do test drive que fizemos com o Sealion 7 não apresentava, propriamente, grandes exigências torcionais, mas foi suficiente para verificarmos que este é um carro que ‘pisa bem’. Pareceu-nos equilibrado e capaz de aguentar ritmos relativamente elevados. Isto apesar de ser bastante confortável. É bem mais estável e previsível que o Seal U. Seria mais lógico atribuir a denominação Seal, a berlina desportiva da BYD, a este Sealion. Não só pela estabilidade satisfatória em curva, mas também pela capacidade de travagem e de aceleração. A versão que conduzimos, com dois motores e tração integral, é capaz de acelerar dos 0 aos 100 km/h em menos de cinco segundos. E, curiosamente, até tem uma velocidade máxima superior à do Seal, atingindo os 215 km/h. E chega lá depressa, como confirmámos numa autobahn, uma autoestrada sem limite de velocidade. Mesmo em velocidades acima dos 150 km/h o Sealion manteve-se estável e com muito pouco ruído a bordo. Outras características claramente bem acima do Seal U.

Dito isto, o Sealion não vai impressionar os mais apaixonados pelo prazer de condução. Apesar de bem melhor que o Seal U, está longe de poder ser considerado exemplar. A direção é ‘desligada’ da estrada e o elevado peso acaba por consequências – não é difícil sentirmos o carro a soltar-se quando exageramos um pouco. Também não conseguimos uma posição de condução perfeita, talvez devido à inclinação do volante, que faz lembrar um furgão.

Experiência a bordo

Tanto à frente como atrás há muito espaço para os passageiros. Aliás, os bancos traseiros até são mais generosos do que o habitual em profundidade, apoiando bem as coxas. Há espaço para cruzar as pernas e a altura do banco ao tejadilho, em vidro, é dos mais generosos que algumas vez vimos. Isto, apesar da traseira estilo coupé. Os bancos traseiros podem ser movidos axialmente para ganhar espaço na mala mantendo os bancos funcionais. É, também, possível alterar a inclinação dos encostos e, claro, rebater por completo os bancos para criar uma mala gigante – passa dos 520 litros para 1789 litros. E até há uma frunk (mala frontal) com espaço q.b. para arrumar os cabos de carregamento.

Quanto à tecnologia, há, como é habitual na marca, muitas funcionalidades. O assistente digital entendeu-nos bem (mas só experimentámos em inglês) e pode ser usado para controlo direto de sistemas do próprio carro, como abertura e fecho das janelas e climatização. Felizmente, há suporte integral para Android Auto e Apple CarPlay. O ecrã central tátil de 15,6 polegadas é, como é típico da marca, rotativo e integra várias aplicações, permitindo ainda um grande nível de personalização e controlo detalhado. Por exemplo, podemos mover o modelo 3D do carro – e reage rapidamente graças ao novo processador da Qualcomm – e tocar em elementos, como os vidros ou a porta da mala (para abrir e fechar). Gostámos do menu inferior, tipo barra de ferramentas do Windows, com atalhos para as funções e apps mais utilizadas. Atalhos que podem ser personalizados. Mas, ainda assim, preferíamos ter alguns botões físicos, nomeadamente para controlo da ventilação e ar condicionado. E não ficámos muito impressionados com o grafismo, na medida em que não é uniforme.

Ainda menos impressionados ficámos pelos sistemas de apoio à condução. Não experimentámos o suficiente para uma conclusão definitiva, mas parece-nos que mantém os mesmos problemas já identificados em outros modelos: demasiado intrometido e, pior, inconsistente ao ponto de não transmitir confiança.

Carregamento e eficiência

As condições do test drive tornam ridícula qualquer tentativa de tirarmos conclusões sobre os consumos. Por enquanto, temos de limitar-nos aos valores indicados pela marca, que apontam para autonomias (WLPT) em redor dos 500 km. O Confort, com tração traseira e 230 kW de potência, recorre a uma bateria de 82,5 kWh com uma autonomia anunciada de 482 km. Menos (456 km) tem o Design AWD, já que usa a mesma bateria mas tem mais potência (dois motores, com um total de 390 kW de potência. Finalmente, o Excellence AWD, com a mesma motorização do Design, será capaz de atingir os 502 km de autonomia segundo o teste WLTP.

As potências e velocidades de carregamento variam consoante a bateria: 150 kW de pico para a bateria de 82,5 kWh (Confort e Design AWD), com tempo de carregamento de 32 minutos entre os 10 e os 80%, e 230 kW para a bateria de 91,3 kWh (Excellence AWD), com um tempo de carregamento de 24 minutos entre os 10 e os 80%. Em AC, a potência máxima é a mesma: 11 kW. Como é habitual na BYD, há suporte standar para V2L, ou seja, é possível usar a tomada de carregamento para transmitir energia para dispositivos externos. Standard é, também, a bomba de calor.

Primeira opinião

O Sealion 7 deixa a desejar em alguns aspetos: o sistema de infoentretimento, apesar de rápido, é um pouco confuso; os apoios à condução são ineficientes; a direção é pouco comunicativa; e sente-se algum rolamento em curva. Por outro lado, tem trunfos importantes, como a compostura, o espaço a bordo, a performance e o baixo ruído. Quanto ao preço, depende com que carros se escolhem para comparar. Relativamente às marcas europeias e orientais, são valores competitivos. Mas quando comparados com os preços do Tesla Model Y, o Sealion 7 perde. Até porque o Model Y tem mais autonomia, melhor tecnologia e custa menos.

Tome Nota
BYD Sealion 7 Excellence AWD – Desde €56.490
www.byd-auto.pt

Características 390 kW de potência e 670 Nm de binário ○ Acel. 0-100 km/h 4,5 segundos ○ Vel. Máxima 215 km/h ○ Bateria 91,3 kWh, autonomia 502 km (WLTP) ○ Carregamento AC até 11 kW (V2L), DC até 230 kW

Expectativa: 3,5

Quando lá fora está um frio de rachar e a tua cama está quentinha, davas tudo para ficar ali a hibernar, não é? Pois, mas os humanos não são capazes de hibernar, já que isso significa ficar meses sem comer nem beber, e até sem fazer chichi ou cocó… Mas porque é que hibernar é tão importante para algumas espécies?

Há regiões do globo, nomeadamente mais a norte, ou zonas altas, em que as temperaturas descem muito. Nessa época, o alimento escasseia: muitas árvores e arbustos perdem a folhagem, e frutos, nem vê-los!

Então, para sobreviverem à falta de alimento e ao frio (os coitados não têm um saquinho de água quente como tu), alguns animais procuram abrigo e permanecem quietos, a dormir longas sonecas, sem comer nem beber. E não morrem!

Mas não, não é magia. O que acontece é que, durante a hibernação, os animais ficam numa espécie de sono profundo e o seu organismo trabalha muito lentamente. Tudo desacelera: o coração bate mais devagar e a respiração é muito lenta. Assim, como não se mexem, poupam energia.

Já deves ter aprendido que vamos buscar energia aos alimentos, certo? É o que estes animais fazem: comem o máximo que conseguem no verão, para ficarem bem gordinhos e ganharem grandes reservas de nutrientes. Depois, nos meses de frio, gastam essas reservas.

É por isso que, quando voltam a ficar ativos, estão mais magros e fracos. Mas, com a chegada da primavera – e da comida! –, lá vão recuperando. Fica a conhecer alguns destes animais.

Ouriço-cacheiro

No nosso país, os animais que mais hibernam são os que vivem nas zonas altas, como na serra da Estrela e na região de Bragança, onde faz mais frio, geralmente entre novembro e março.

Cágados

Na altura da hibernação (que pode ir de três a seis meses), os cágados afastam-se das zonas húmidas e procuram locais seguros, onde possam enterrar-se ou esconder-se debaixo de pedras e de troncos.

Morcegos

Quando está muito frio, há muito menos insetos, o alimento preferido dos morcegos. Por isso, para não morrerem à fome, ficam quietinhos. Em Portugal, a hibernação ocorre entre meados de dezembro e fevereiro.

Ursos

Estes grandalhões são famosos pelas suas sonecas. Os ursos-pardos, por exemplo, que vivem na zona do Alasca (na América do Norte), onde o frio é intenso, chegam a hibernar durante sete meses!

Sabias que…
… A palavra hibernação vem do latim hibernare, que significa “passar o inverno”?

Este artigo foi originalmente publicado na VISÃO Júnior n.º 211

Com uma fortuna avaliada nos 335 mil milhões de dólares, Elon Musk é, segundo a revista Forbes, o homem mais rico do planeta. Aos 53 anos, o norte-americano é dono de grandes empresas como a SpaceX, a Tesla e a plataforma social X – que utilizou para apoiar a campanha republicana na corrida pela liderança da Casa Branca. Ao lado de Donald Trump, Musk foi um dos grandes impulsionadores do regresso de Trump à Presidência dos Estados Unidos para um segundo mandato, ao participar em diversos comícios republicanos e, até, sortear prémios monetários a quem se registasse para votar.

O seu apoio valeu-lhe, esta quarta-feira, a nomeação para o cargo de líder do novo departamento de “eficiência governamental” (que irá dividir com o empresário Vivek Ramaswamy). O presidente eleito tem vindo a anunciar os vários nomes que vão integrar a sua administração, como Susie Wiles e Tom Homan.

Leia também: Trump e o aliado Elon Musk: O que dará a mistura explosiva de força, dinheiro e ambição sem limites?

Mas desde que foram conhecidos os resultados das eleições norte-americanas que a plataforma X – comprada por Elon Musk em 2022 por 44 mil milhões de dólares – tem vindo a perder utilizadores. Antes conhecida como Twitter, a plataforma registou o maior êxodo de pessoas desde que se encontra sobre o domínio de Musk a 6 de novembro, um dia depois de serem conhecidos os resultados eleitorais.

De acordo com a empresa de monitorização de tráfego online Similarweb, citada pela CNN, cerca de 115 mil utilizadores da plataforma desativaram as suas contas nesse mesmo dia (um número que apenas se aplica a utilizadores por Desktop, não existindo dados sobre utilizadores mobile). Já no ranking da App Store da Apple dos Estados Unidos, as redes sociais rivais do X, a Bluesky e o Threads (do Instagram) estão no top das aplicações gratuitas mais descarregadas, ocupando a primeira e a segunda posição. O X de Musk ocupa atualmente a 25ª posição do ranking.

Vários internautas estão agora a migrar para outras plataformas, como a Bluesky, uma rede social com um funcionamento semelhante ao X. Só na última semana, a rede social adquiriu mais 1 milhão de novos utilizadores, segundo a mesma. O fluxo, sobretudo de pessoas da América do Norte e do Reino Unido, levou a app a alcançar os 15 milhões de utilizadores do mundo inteiro (no início de setembro a app possuía apenas 9 milhões). “Tornou-se um refúgio para as pessoas que querem ter o tipo de experiência nas redes sociais que o Twitter costumava proporcionar, mas sem todo o ativismo de extrema-direita, a desinformação, o discurso de ódio, os bots [perfis falsos] e tudo o resto”, disse Axel Bruns, investigador de redes sociais ao The Guardian.

Órgãos de comunicação social estão a abandonar a plataforma

O jornal The Guardian anunciou esta quarta-feira que irá deixar a rede social X. Através de um editorial publicado no seu site, o britânico, com 10,7 milhões de seguidores na plataforma, disse considerar que os “benefícios de estar no X são agora superados pelos aspetos negativos e que os recursos podem ser melhor utilizados na promoção do nosso jornalismo noutros lugares”, lê-se. O jornal tornou-se assim a primeira grande empresa de media a abandonar a plataforma.

Mas o britânico não foi o único. Esta quinta-feira, também o La Vanguardia, anunciou que deixará de publicar notícias diretamente no X, que descreveu como uma “rede de desinformação”. O jornal espanhol defende que parte do conteúdo viral que é distribuído no X viola os direitos humanos, espalhando o ódio pelas minorias étnicas, racismo e misoginia e que é utilizado por diversos utilizadores para gerar dinheiro. Para o meio de comunicação, deixar a plataforma é uma decisão “necessária” e para a qual contribuiu a recente campanha eleitoral nos Estados Unidos.

Figuras bem conhecidas pelo público norte-americano – como a atriz Jamie Lee Curtis, o jornalista Don Lemon e a congressista Alexandria Ocasio-Cortez – também anunciaram nos últimos dias que vão deixar a plataforma X de Elon Musk, passando a utilizar outras redes. “Nem sei porque é que deixei de usar isto [a plataforma Bluesky] em primeiro lugar? É bom estar num espaço digital com outros seres humanos reais”, escreveu esta segunda-feira.

Esta quinta-feira, 14 de novembro, assinala-se o Dia Nacional da Igualdade Salarial em Portugal, uma data que não é fixa, uma vez que “representa o número de dias de trabalho que as mulheres virtualmente deixam de ser remuneradas, enquanto os homens continuam a receber os seus salários”, explica a Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE). Por outras palavras, a partir do dia de hoje, as mulheres em Portugal estão a trabalhar de graça.

Dados revelados pelo recém-criado Observatório Género, Trabalho e Poder, um organismo pertencente ao ISEG – Lisbon School of Economics&Management –, liderado pela especialista Sara Falcão Casaca, revelam que, em Portugal, a diferença remuneratória entre homens e mulheres se tem vindo a agravar desde 2018.

O Barómetro do Diferencial Remuneratório entre Homens e Mulheres (Gender Pay Gap), libertado hoje e coordenado pela mesma Sara Falcão Casa, parte de uma amostra de 2.639.575 trabalhadores, sendo 1.234.700 mulheres e 1.404.875 homens e conclui que a diferença de remuneração entre homens e mulheres, em Portugal, chega aos 18,4% na remuneração ganha, quando se consideram homens e mulheres com características semelhantes. A diferença cai para 12,5% quando se considera apenas a remuneração base (que exclui, por exemplo, subsídios relativos a trabalho suplementar), mas a verdade é que, ao final do mês, o que importa é o valor final que homens e mulheres levam para casa.

Neste Barómetro, os investigadores medem as assimetrias salariais entre homens e mulheres com características de idade, nível de escolaridade e antiguidade da relação laboral semelhantes.

“Trata-se, assim, de indicadores de alerta: em primeiro lugar, os dados evidenciam que o diferencial entre mulheres e homens que detêm atributos observáveis semelhantes é mais elevado do que quando esses atributos não são considerados na fórmula de cálculo”, lê-se no documento.

Esta medição é feita através da “aplicação do método de decomposição Blinder-Oaxaca”, e permitiu ainda chegar a uma conclusão muito mais significativa: cerca de 70% da diferença salarial verificada entre homens e mulheres não tem qualquer explicação objetiva.

Fonte: Barómetro do Diferencial Remuneratório entre Homens e Mulheres

 Segundo o barómetro, que pode ser consultado no site do ISEG, a aplicação deste método tornou possível “observar que os atributos individuais de mulheres e homens (idade, nível de escolaridade e antiguidade na atual entidade empregadora), as características associadas ao emprego (regime de tempo de trabalho, vínculos contratuais, nível de qualificação e profissão), e ainda as que se prendem com a entidade empregadora (dimensão, ramo de atividade e região geográfica) apenas explicam 29,2% do diferencial remuneratório. A elevada expressão da componente não explicada (70,8%) sugere a existência de desigualdades estruturais em função do género”.

Para tentar explicar estas diferenças, os investigadores olharam também para outras variáveis como a profissão, a área de atividade, o tipo de contrato, a dimensão da empresa, a região em que está inserida e o nível de qualificações dos trabalhadores. Conclusões? Dois destes fatores são responsáveis por mais de 55% da explicação desta diferença: sem surpresa, a profissão e a área de atividade. Se o emprego de homens e mulheres fosse distribuído de forma equitativa ou equivalente por áreas de atividade, profissão e níveis de qualificação, a diferença de remuneração teria uma quebra na ordem dos 60%.

Estes dados constam de um outro Barómetro libertado esta quinta-feira – o Barómetro da participação laboral de homens e mulheres – e que, segundo os investigadores responsáveis, deve ser lido em conjunto com o do gender pay gap, para se poder ter inteira compreensão do contexto nacional.

Importa também referir que os dados considerados pelo Observatório são os mesmos que o Gabinete de Estratégia e Planeamento (GEP), do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS), utiliza no Barómetro das Diferenças Remuneratórias entre Mulheres e Homens, que é publicado anualmente. Foram, portanto, considerados os microdados dos “Quadros de Pessoal” para 2022, que são os mais recentes existentes até à data, do MTSSS.

Nesse Barómetro, no entanto, é abrangido um universo mais completo, uma vez que o GEP considera apenas sobre os dados dos trabalhadores por conta de outrem a tempo completo.

Fonte: Barómetro do Diferencial Remuneratório entre Homens e Mulheres

Contas feitas e as mulheres recebem, em média, menos €235 por mês do que os homens, considerando prémios e subsídios regulares, avisa a CITE. Diferenças que se acentuam quanto mais elevada é a posição do trabalhador. “Mulheres em cargos de topo ganham, em média, menos 639,60 euros  do que os homens (sendo de 854,10 euros, se considerarmos os prémios e subsídios regulares), e entre pessoas com ensino superior, a diferença é de 541,70 euros, podendo chegar aos 642,40 euros, se considerarmos o ganho”, lê-se nos dados revelados pela CITE.

Fonte: Barómetro do Diferencial Remuneratório entre Homens e Mulheres

Mas não há boas notícias?

Felizmente, há. A mesma CITE entregou hoje o selo da igualdade salarial a 14.797 empresas nacionais, um valor que compara com as 14.114 organizações que o receberam no ano passado. Este selo pretende distinguir as empresas com mais do que um trabalhador que, tendo um rácio igual ou superior a um terço do género menos representado, apresentem uma taxa de diferença salarial entre mulheres e homens entre 1% e -1%.

Isto significa que há 333 786 trabalhadores a serem abrangidos por estas boas políticas. 

“Além de fornecer instrumentos para orientar os empregadores na promoção da igualdade salarial nos seus locais de trabalho têm sido desenvolvidas e reforçadas políticas, estratégias e medidas para promover a igualdade salarial entre homens e mulheres”, referiu a CITE em comunicado.

Este selo da igualdade salarial tem por base os dados oficiais do Ministério do Trabalho e é, portanto, reflexo de políticas efetivas das empresas que se esforçam por reduzir o fosso salarial entre homens e mulheres.

A Prosolia Energy, uma das principais produtoras independentes de energia renovável da Europa, anunciou uma parceria estratégica com a InfraVia Capital Partners, um investidor europeu, sediado em Paris, especializado em infraestruturas de renováveis (que gere €15 mil milhões em capital), para acelerar a sua expansão global no setor de energia limpa.

No âmbito desta parceria, a InfraVia adquiriu uma participação maioritária na Prosolia International, comprometendo-se a injetar capitais significativos para fortalecer o crescimento da empresa, ampliando assim a sua posição como fornecedora de energia renovável, sobretudo para clientes industriais.

Atualmente, a Prosolia Energy, fundada em 2003 e com sede em Valência, possui um portfólio de 343 MW em operação ou construção, além de mais de 3,7 GW em fase de desenvolvimento em Portugal, Espanha, França, Itália e Alemanha. A empresa visa aumentar o seu papel como Produtor Independente de Energia (IPP), para se tornar um fornecedor completo de soluções energéticas, com uma oferta que inclui produção de energia on-grid (injetada na rede pública), serviços para autoconsumo e gestão integrada de energia.

No contexto desta expansão, a Prosolia vai adquirir a participação minoritária da Omnes Capital na Prosomnes, uma joint venture criada para desenvolver projetos solares na Europa, que já possui 212 MW em operação ou construção e mais 1,8 GW em desenvolvimento. A equipa de gestão da Prosolia vai continuar a liderar a empresa, colaborando com a InfraVia para explorar novos mercados e expandir o portfólio de energia “verde”.

Javier Martinez, CEO da Prosolia, destaca que a parceria representa um sinal de confiança nas energias renováveis. “Este acordo representa um novo impulso para a expansão do nosso negócio como Produtor Independente de Energia em novos mercados, além de fortalecer a confiança na nossa visão a longo prazo para o setor das energias renováveis. Damos as boas-vindas ao nosso novo parceiro, InfraVia, e estamos ansiosos por alcançar novas metas em conjunto, à medida que impulsionamos a transição energética global ao lado dos nossos clientes.”

Bruno Candes, da InfraVia, por seu lado, diz-se “entusiasmado” com a parceria, que reforça o compromisso do fundo de capitais “de criar líderes em energia renovável para apoiar a transição energética”.

Segundo o Comando Distrital de Emergência e Proteção Civil do Algarve, à agência Lusa, “a pluviosidade intensa que caiu num curto espaço de tempo, entre as 10h58 e as 11h18, resultou num total de 13 ocorrências registadas em várias zonas do Algarve, sem danos pessoais reportados”.

Albufeira foi o concelho a registar o maior número de ocorrências, das quais cinco na via pública. A Proteção Civil referiu ainda que “há também o registo da queda de um telhado num armazém em Silves, que ruiu devido ao peso da água acumulada, sem causar danos pessoais”. No entanto, não existiu a “necessidade de reforçar os meios da Proteção Civil”, sendo que todas as ocorrências foram resolvidas pelos corpos de bombeiros locais.

O distrito de Faro em aviso amarelo até às 15h00 devido à previsão de aguaceiros e trovoadas, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA)

Vivemos rodeados de riscos, incertezas e ambiguidades. Com base na nossa experiência, vamos construindo a nossa forma de agir, sistematizada e sustentada na conformidade daquilo que nos rodeia com base na nossa perceção e noção de qualidade.

Na economia, porém, uma noção sobre o que é bom e desejável não é suficiente. A possibilidade de criar normas torna as ações e o seu produto num estado desejável, que pode e deve ser partilhado como exemplo a seguir, abrindo-nos um mundo de possibilidades. Assim, conseguimos garantir a eficiência dos nossos processos, produtos e gestão operacional de forma a conquistar a confiança de parceiros, fornecedores, e sobretudo, clientes.

Hoje, 14 de novembro, assinala-se o Dia Mundial da Qualidade. Este dia pode remeter, no contexto português, para a International Standardization Organization (ISO) e a ISO 9001, a norma mais difundida em todo o mundo, que regula a implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade. Mas, na verdade, vai além disso. A data foi celebrada, pela primeira vez, pela Organização das Nações Unidas, e antes, o CQI (Chartered Quality Institute), o primeiro órgão mundial oficial dos profissionais da qualidade, já assinalava a “Semana Mundial da Qualidade”.

Mais do que uma ideia abstrata, celebra-se a vitória da Humanidade sobre o risco. Não que este se possa eliminar de forma absoluta, mas seguramente com a implementação de um Sistema Interno de Qualidade e com a garantia do cumprimento dos requisitos das normas associadas, conseguimos atuar na gestão de riscos, identificando-os e implementando ações para a sua mitigação.

Planear – Fazer – Verificar – Agir. A metodologia, que lidera a criação e aperfeiçoamento de processos, é a chave para obter a máxima rentabilidade e eficácia em qualquer negócio. Aplicável em todas as organizações, e também, a domínios de atuação mais específicos, como é o caso da Segurança de Informação, onde a norma de referência é outra: a ISO 27001, criada em 2005. Em ambos os casos, e apesar das áreas de atuação serem muito diferentes, a existência de uma metodologia internacionalmente reconhecida para chegar a um nível de desempenho faz a diferença.

Em Portugal, porém, dos 1,45 milhões de empresas ativas (dados do INE), uma breve consulta ao Instituto Português de Acreditação mostra que apenas 6.348 detém a certificação ISO 9001 e 196 ostentam a certificação ISO 27001. Porquê tão poucas, em ambos os casos? A resposta é composta por duas palavras: tempo e recursos.

O tempo é fundamental: há diagnósticos a fazer, obstáculos a resolver, medidas a criar e, mesmo após a certificação, um sistema de gestão a sustentar, num ciclo de melhoria contínua. A ISO 9001:2015 será revista em 2026. Em 2025, apenas a ISO 27001: 2022 será válida. A desatualização, numa espécie de evolução seletiva, ao estilo darwiniano, dita que apenas os mais aptos seguem o seu caminho, certificados, numa maratona de disciplina, qualidade e conjugação destas com a inovação.

Os recursos, esses, são necessários: pessoas dedicadas ao processo, auditorias a orçamentar, e um investimento contínuo em pessoas, meios tecnologia e mindset operacional. E num país onde 96% do tecido empresarial é constituído por PMEs, a escala de um negócio pode ser decisiva para que este conquiste a sua certificação.

Em setores como as TI, Saúde, Financeiro, Consultoria e Telecomunicações, a Qualidade e a Segurança de Informação não são questionáveis. Desta forma, há-que apelar a uma maior aposta estratégica do ponto de vista das empresas para este importante pilar de sustentabilidade de garantia de implementação e certificação em Qualidade, tanto pela vantagem competitiva que representa no mercado, como pela reputação e credibilidade dos produtos e serviços entregues aos clientes. Criar sinergias e partilha de boas práticas, não só internamente como em toda a comunidade empresarial, é fundamental para garantirmos a melhoria contínua junto dos stakeholders internos e externos e passarmos para um critério único de seleção: “Só com certificação!”.

A agência de meteorologia de Espanha baixou esta quinta-feira de vermelho para laranja o alerta de mau tempo para a região de Valência e Málaga, após uma madrugada de forte chuva. A tempestade, conhecida localmente como DANA, ocorre duas semanas após várias inundações terem assolado o leste de Espanha

No sul da província de Málaga, as ruas ficaram inundadas e os residentes nas imediações do rio Guadalhorce foram retirados de casa como medida preventiva. Este fenómeno obrigou cerca de quatro mil pessoas a abandonar as suas casas em Málaga, além de causar o encerramento de escolas e o cancelamento de comboios.

A população afetada pelas inundações causadas pela de 29 de outubro na província de Valência foi avisada sobre restrições ao tráfego de veículos privados, que estiveram em vigor até às 00:00 de hoje (23:00 de quarta-feira em Lisboa).

A espécie Bathydevius caudactylus foi inicialmente descoberta pela dupla de cientistas Bruce Robison e Steven Haddock, do Instituto de Investigação do Aquário da Baía de Monterey (MBARI), no ano de 2000, durante uma expedição de mergulho – com recurso a um robô subaquático – na Baía da Califórnia. Apelidado de “molusco mistério”, esta lesma foi vista novamente mais de 150 vezes ao largo da costa do Pacífico da América do Norte, mas pouco se sabia sobre o mesmo. Recentemente, a equipa foi capaz de capturar um espécime, com o objetivo de a estudar mais detalhadamente e descobriu que a mesma é um nudibrânquio – moluscos marinhos de corpo mole – uma espécie nunca vista na zona batipelágica do oceano (também conhecida como “zona da meia-noite”), a mais profunda do oceano – entre 1 e 4 mil metros de profundidade.

As análises, publicadas esta terça-feira na revista científica Deep Sea Research Part I, mostraram como a espécie se adaptou às difíceis condições de vida da zona em que habita. Estas lesmas são bioluminescentes, ou seja, o seu corpo brilha no escuro, o que lhes permite, por exemplo, escapar de espécie de predadores. “Graças à tecnologia subaquática avançada do MBARI, foi possível preparar a descrição mais completa de um animal de profundidade alguma vez efetuada. Investimos mais de 20 anos na compreensão da história natural desta fascinante espécie de nudibrânquio”, disse Robison, um dos autores do estudo. “A nossa descoberta é uma nova peça do puzzle que pode ajudar a compreender melhor o maior habitat da Terra”, acrescentou.

Imagem: Instituto de Investigação Aquática de Monterey Bay

Relatos da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos sugerem que a espécie possa também habitar na Fossa das Marianas, no Pacífico Ocidental, o que pode significar que a sua distribuição é mais alargada do que se pensava anteriormente. “É talvez o último sítio onde se espera encontrar um nudibrânquio”, disse Robison. “A zona batipelágica é fria e escura e muito proibitiva para nós, terrestres, mas está cheia de vida, embora com formas de vida adaptadas a um conjunto de desafios muito diferentes do nosso. Quase todos os aspetos do Bathydevius refletem uma adaptação a este habitat: anatomia, fisiologia, reprodução, alimentação, comportamento. É único”, continuou. O Bathydevius caudactylus é composto por uma espécie de capuz gelatinoso e uma cauda, em forma de remo. Por ser translúcido, é ainda observar os seus órgãos internos, que possuem alguma coloração.

Os investigadores do Instituto deram o nome de Bathydevius devido à “natureza desonesta” do animal, que, pela sua aparência, os enganou inicialmente, levando-os a pensar que se tratava de uma espécie diferente. Ao contrário de outras lesmas, este molusco utiliza a sua espécie de capuz para prender crustáceos e se alimentar – de forma semelhante às plantas carnívoras.

A bioluminescência também não é comum nas lesmas-do-mar, uma característica presente em apenas três quartos dos animais que habitam esta zona, sublinhou Haddock. “Ainda não sabemos que substâncias químicas utiliza para produzir luz, que genes estão envolvidos e como é que esta caraterística pode ter surgido, aparentemente do nada, neste animal. Não tem parentes próximos noutros caracóis, pelo que se trata realmente de um acontecimento evolutivo distinto”, disse.

Já pensou como seria Portugal sem as suas praias? Os areais são parte essencial da nossa identidade cultural e um recurso natural valioso. No entanto, a ocupação massiva do litoral e a artificialização das praias têm dificultado a sua adaptação natural às mudanças ambientais.

Em termos de areal, as praias não são mais do que acumulações de sedimentos de diferentes origens. Em Portugal, os rios são um os seus principais fornecedores. Além de serem espaços de lazer e turismo, as praias protegem o litoral da ação das ondas, funcionando como uma barreira natural ao avanço do mar e contribuindo para a nossa segurança.

A erosão costeira tem-se intensificado devido à subida mais acelerada do nível do mar, à redução do aporte sedimentar pelos rios devido à construção de barragens, à retenção de areia por obras de engenharia costeira como molhes portuários e esporões nas praias, e exploração de sedimentos costeiros para diversos fins.

Para combater a falta de areia nas praias, uma prática comum em todo o mundo é a alimentação artificial. Esta técnica foi utilizada pela primeira vez nos EUA na década de 1920 e consiste em dragar sedimentos de locais onde tendem a acumular, como estuários, deltas e lagoas costeiras, para restabelecer praias em erosão. Em Portugal, a primeira alimentação artificial ocorreu em 1950, no Estoril.

A alimentação artificial pode ser feita de duas formas: diretamente na praia para aumentar o volume do areal (como na Costa da Caparica, em Almada) ou um pouco mais ao largo para criar bancos submersos que diminuem a energia das ondas (como na Costa Nova, em Aveiro). A qualidade do sedimento, a sua granulometria e os fatores económicos são os principais critérios de decisão.

Por outro lado, quando se dragam canais de navegação para manter o acesso a portos ou para melhorar a qualidade da água de lagoas, é frequente verificar que os sedimentos são muito mais finos, possuem muito mais conchas e são mais escuros do que os das praias. Quando estes sedimentos são depositados nas praias, algumas pessoas reagem mal ao verem o areal ficar escuro e a água ganhar uma cor nada fotogénica. Importa clarificar que esses efeitos são temporários e não têm quaisquer impactes significativos no meio ambiente ou na saúde humana. Em poucos dias, o sol e as correntes farão com que a – agora muito maior – praia recupere as suas cores.

Outro argumento habitual de quem se opõe às alimentações artificiais baseia-se na constatação de que, ao fim de uns anos ou ao fim de um temporal mais severo, o areal volta a desaparecer. Convém perguntar: o que teria acontecido a essa praia, aos paredões, aos passeios marítimos e às casas junto ao mar se o reforço extra de sedimento não tivesse sido feito? Ou seja, quando um grande temporal “apenas” leva toda a areia de uma praia, significa que a alimentação artificial teve sucesso. Sem ela, os danos poderiam ser muito mais graves, incluindo a destruição de infraestruturas e perda de vidas humanas.

A alimentação artificial é, portanto, uma medida baseada na natureza com impacte ambiental baixo e reversível, mas que requer repetição regular. Os seus efeitos colaterais são residuais se comparados com os das obras de engenharia pesada, como esporões e quebra-mares.

É, portanto, crucial assegurar que os recursos sedimentares, fluviais e costeiros, sejam geridos de forma integrada. Se até ao final da década de 90, os sedimentos comercializados, hoje, os dragados dos portos são utilizados, de forma muito mais sustentável, para alimentar praias, com 90% das alimentações artificiais a utilizarem estas fontes sedimentares.

A ciência apontou o caminho. Depois de alguns erros no passado, a governação já tomou o rumo certo. Por exemplo, em julho de 2024, assinou-se mais um protocolo para a realização de uma nova alimentação artificial na Costa da Caparica com cerca de 1 M m3. A alimentação artificial de praias é, de longe, a mais eficiente e mais sustentável forma de fazer face à erosão costeira. Apoiá-la é encorajar os nossos políticos a não voltar atrás.