A Polícia Judiciária (PJ) estará a investigar “eventuais discrepâncias entre o auto de notícia elaborado pela Polícia de Segurança Pública (PSP) e os depoimentos dos agentes envolvidos” na morte de Odair Moniz, avança, esta quinta-feira, o Correio da Manhã. Em causa, estão suspeitas de “falsificação de provas”.

O jornal refere que o auto de notícia (expediente) foi preenchido, e assinado, pelos dois agentes da PSP, “algumas horas após o incidente”, e serviu de base para as declarações públicas feitas pela direção nacional da PSP sobre o caso.

Recorde-se que o primeiro comunicado da PSP referia que Odair Moniz, 43 anos, tinha tentado agredir os dois agentes da PSP “com recurso a arma branca”, versão que seria negada, pelos polícias envolvidos, no primeiro interrogatório, no âmbito da investigação conduzida pela PJ. O relatório da PSP também garantia que a vítima tinha sido “prontamente assistida no local”, mas um vídeo, divulgado pela VISÃO, mostra que, após os disparos, e durante vários minutos, nenhum dos polícias se aproximou do corpo de Odair Moniz para qualquer manobra de salvamento. Apenas, após alguma insistência dos homens que estão a filmar a cena do alto de um prédio, os agentes verificam o pulso da vítima.

O Correio da Manhã indica que a PJ levanta dúvidas “quanto à autenticidade do auto de notícia, com base em diferenças entre as declarações dos dois polícias à Judiciária e o que está registado no documento oficial”. As divergências terão levado os investigadores “a questionar a fiabilidade das informações e a investigar se o documento poderá ter sido alterado ou complementado posteriormente”. O jornal terá ainda questionado a PSP “se foram realmente os dois agentes a elaborá-lo ou se, pelo contrário, outro elemento da força policial teria redigido o documento, com os agentes limitando-se a assiná-lo”.

A PSP já terá confirmado que o auto de notícia foi “elaborado pelos polícias intervenientes na ocorrência”, mas admitiu que, “como acontece habitualmente, especialmente em situações de maior complexidade, a realização do expediente é acompanhada pela hierarquia”.

Odair Moniz morreu na madrugada do dia 21 de outubro, na sequência de uma intervenção da PSP, no bairro da Cova da Moura, na Amadora. A polícia explicou que a vítima tornou-se “suspeito” quando circulava na Avenida da República, na Amadora, depois de não ter respeitado uma ordem de paragem dos agentes da PSP. No interior da Cova da Moura, Odair “entrou em despiste, abalroando viaturas estacionadas, tendo o veículo em fuga ficado imobilizado”, lê-se na nota do Comando Distrital da PSP de Lisboa.

O relato acrescenta que, “pelas 05h43”, os agentes da PSP procederam “à interceção” deste homem, que terá resistido à detenção. Segundo o relato da polícia, na Rua Principal daquele bairro, Odair terá resistido à detenção e tentado agredir os polícias “com recurso a arma branca”. Um dos polícias, “esgotados outros meios e esforços”, recorreu à arma de fogo e atingiu o suspeito. Odair Moniz foi transportado para o Hospital São Francisco Xavier, mas acabaria por falecer, “pelas 06h20”, de acordo com o comunicado da PSP.

Alguns dos monumentos e pontos de interesse turístico mais populares de Lisboa já estão disponíveis num formato 3D, quase como se fosse um videojogo, na aplicação Google Maps. A novidade foi anunciada pela gigante americana nesta quinta-feira, com a capital portuguesa a fazer parte de um grupo de 150 novas cidades que passam a estar disponíveis no chamado modo de visualização imersiva.

A Exame Informática já confirmou que algumas localizações, como a Torre de Belém, o Mosteiro dos Jerónimos, o Castelo de São Jorge, o Padrão dos Descobrimentos, a Sé de Lisboa e o Museu Arqueológico do Carmo já estão disponíveis no modo de visualização imersiva. Para aceder, basta ter a versão mais recente do Google Maps, pesquisar pelo nome destes pontos nas aplicações para Android e iOS, e selecionar a opção Immersive View, como pode ver no vídeo em baixo:

O modo imersivo mostra aos utilizadores uma renderização a três dimensões de edifícios, monumentos, bairros e outras zonas de interesse, tornando mais realista a representação desses locais na plataforma Google Maps. Isto também permite aos utilizadores terem uma melhor sensação de escala de alguns destes locais mesmo antes de os visitarem.

A visualização imersiva de Lisboa e de outras cidades usa técnicas de Inteligência Artificial para combinar diferentes fotografias – captadas no solo e por vista área – para gerar uma representação 3D dos diferentes elementos. “É o futuro dos mapas”, comentou Chris Phillips, vice-presidente e diretor-geral da divisão Geo, dedicada a serviços de geolocalização, da Google, numa apresentação antecipada à imprensa e na qual a Exame Informática participou.

O modo de visualização imersiva para a cidade de Lisboa já está disponível, mas poderá não aparecer imediatamente a todos os utilizadores, sendo disponibilizado de forma faseada ao longo das próximas semanas.

Gemini chega ao Google Maps

Além de um maior número de cidades disponíveis num modo imersivo, a Google anunciou várias novas funcionalidades para o Google Maps e que nascem – sem grande surpresa – da integração dos modelos de Inteligência Artificial (IA) Gemini no serviço de geolocalização.

A partir das próximas semanas, através de uma atualização, os utilizadores vão poder fazer perguntas ao Google Maps (esta funcionalidade é lançada, por agora, apenas nos EUA). Na barra de pesquisa, em vez de indicarem um monumento ou o nome de um restaurante específico, poderão perguntar ‘o que fazer com os meus amigos à noite no Porto’. O motor de IA do Google Maps vai depois fazer diferentes sugestões, agrupando-as por categorias – por exemplo, sugestões de bares, sugestões de sítios para fazer karaoke, ou sugestões de locais com concertos ao vivo.

A segunda novidade são os resumos de locais feitos por Inteligência Artificial. Por exemplo, quando pesquisar no Maps sobre um restaurante específico, o serviço vai agora mostrar um pequeno resumo em texto, que tem por base todos os comentários e análises feitas pelos utilizadores àquele espaço, salientando as especialidades da casa e outros pontos de destaque.

A terceira novidade são perguntas sugeridas. Imaginando que o utilizador está a ver as informações de um restaurante para decidir se é ali que quer comer, o Maps vai sugerir um conjunto de questões (como ‘este restaurante é calmo?’ ou ‘tem música ao vivo?), que ajudam o utilizador a ‘afunilar’ o processo de escolha.

Nas próximas semanas, o Google Maps vai receber outras melhorias, como a possibilidade de ver o percurso de carro ao nível das faixas de rodagem automóvel, para “tornar a experiência de navegação o mais precisa possível”. Vai também ser possível reportar fenómenos meteorológicos para outros utilizadores – por exemplo, indicar que há nevoeiro numa estrada específica, informação que será partilhada com quem estiver ali próximo. Por fim, há uma outra funcionalidade, chamada “chegar com confiança”, que vai indicar ao utilizador parques de estacionamento próximos ao destino final indicado, seguido da sugestão de caminhada entre o parque e a morada indicada.

“Cada vez mais pessoas estão a usar os nossos produtos de mapas. A utilização está a bater recordes em todas as plataformas. O Google Maps tem dois mil milhões de utilizadores ativos mensais. (…) Acreditamos que tem muito a ver com o quão atualizado e completo é o serviço. O mundo está sempre a mudar e precisamos de acompanhá-lo”, salientou Chris Phillips, do Google GEO, sobre todos estes anúncios.

O telefone toca e a mensagem de texto é clara: “Caro cliente, a sua fatura está PENTENTE. Realize o pagamento até dia 27/10 para evitar o CORTE. Pague com MB Ent. 21423 Ref. 591 699 683 Valor. 265.82”

O remetente, que aparece como EDP, não tem qualquer número de telefone associado. O facto haver um erro ortográfico em maiúsculas – certamente queriam escrever ‘pendente’ – também faz levantar o sobrolho e, naturalmente, o facto de o valor não ser sequer aproximado daquilo que costuma ser a fatura mental, confirma as certezas: esta mensagem é fraudulenta.

Os emails e as mensagens de textos falsas, enviadas para os clientes em nomes de empresas como a EDP, os CTT ou a DPD são cada vez mais comuns e obrigam a níveis cada vez mais elevados de literacia digital. Algo que, em Portugal, é muito difícil de encontrar.

A VISÃO falou com a EDP para tentar perceber se este tipo de casos continua a acontecer, e fonte oficial da elétrica referiu que “apesar de não ser possível contabilizar com precisão o número de tentativas de fraude, a EDP Comercial tem mantido uma forte estratégia de comunicação proativa sobre estes movimentos de utilização indevida do nome da empresa para obter pagamentos inexistentes, e o número de casos reportados tem vindo a diminuir nos últimos meses”. O que, importa salientar, não quer dizer que estas tenham diminuído, mas sim que há menos reporte, o que pode significar também que os consumidores estão mais atentos.

Bom sinal, também é o facto de menos pessoas estarem a cair nas fraudes, segundo a EDP Comercial.

“Em setembro, EDP Comercial voltou a registar uma diminuição significativa no número de casos reportados. Face a 2023, o número médio de casos reportados caiu 59%. As fraudes cujos pagamentos foram de facto efetuados apresentam uma diminuição ainda mais acentuada, de 78%”.

A empresa garante que tem uma atitude proativa para tentar defender os consumidores enviando mensagens de segurança regulares e fazendo avisos através dos seus canais oficiais.

“Para tentar minimizar o número de clientes que é envolvido neste esquema, a EDP Comercial envia periodicamente mensagens de segurança a alguns grupos de clientes que podem estar mais vulneráveis – por exemplo, se forem detetadas fraudes numa determinada localização, são reforçados os SMS para aquele local. Sempre que é informada de um caso, a EDPC aconselha o cliente a apresentar uma queixa de burla à polícia e a contactar de imediato o seu banco”.

No mesmo sentido, e para evitar sustos e roubos como os que estas mensagens podem potenciar, “a EDP Comercial aconselha sempre os seus clientes a recorrer ao débito direto, que é atualmente o único meio de pagamento à prova de fraude.”

No mesmo sentido, avisa a elétrica, é preciso confirmar sempre as entidades de pagamento, para garantir que se está mesmo a pagar à empresa. A dica é válida para qualquer outra entidade.

Numa tentativa de contribuir para a prevenção das fraudes, a SU ELETRICIDADE que é a antiga EDP Serviço Universal, e a empresa do mercado regulado de energia, lançou recentemente uma quizz que envia aos seus clientes.

Isto porque grande parte dos seus consumidores são de idade mais avançada, o que obriga a cuidados redobrados. A empresa refere que, em média, há 100 tentativas de fraude ao ano segundo os números que lhe são reportados.

Como reconhecer e evitar as fraudes?

  1. Tenha sempre em atenção o destinatário. Números de telefone e emails das entidades oficiais estão sempre devidamente identificados;
  2. Confirme que as ligações que vêm nos emails são de páginas oficiais;
  3. Tenha presente quais as entidades utilizadas por cada prestador de serviço – pode ver essa informação nas faturas anteriores. Por exemplo, no caso de pagamento da EDP Comercial, são usados os números 20174 ou 23013.
  4. Confirme que o valor que lhe pedem é igual ao da alegada fatura cujo pagamento está em falta;
  5. Na dúvida, ligue para uma das linhas de apoio ao cliente para confirmar que a informação que recebeu é verdadeira;
  6. Não dê qualquer tipo de informação a pessoas que lhe batam à porta com ofertas de serviço alternativos: muitas vezes pedem-lhe para ver a sua fatura para garantir acesso aos seus dados pessoais e fazer contratos com outros prestadores;
  7. Não forneça, em nenhum site que não tenha a certeza de ser fidedigno, informações relativas aos seus cartões de crédito ou outros dados que possam permitir acesso às suas contas;
  8. As páginas da maior parte dos prestadores de serviços já disponível qual o tipo de fraudes mais comuns que tentam fazer em seu nome. Consulte-as regularmente;

Para saber como está o seu nível de literacia e atenção, faça o quizz que a antiga EDP Serviço Universal disponibiliza para todos os cidadãos: https://quizfraudes.sueletricidade.pt/

António Saraiva começou a carreira como operário da Lisnave, na altura a maior empresa portuguesa, para conseguir juntar algum dinheiro de forma a poder casar quando regressasse da guerra das antigas colónias. Pelo meio integrou a Comissão de Trabalhadores da reparadora naval e, 30 anos depois, desempenhou o cargo de presidente da CIP, a confederação que representa o patronato nacional. Hoje é presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, mas não esquece o “cheiro” do fundo dos petroleiros, “a primeira função profissional que desempenhei”, e ainda hoje sonha com Lisnave.

Orador no painel “O meu 1º Emprego”, da conferência “O Futuro o Trabalho” – iniciativa da EXAME e do ManpowerGroup Portugal, com o apoio da DFK e que se realizou na AESE Business School, em Lisboa – António Saraiva começou por afirmar que “o primeiro emprego é onde se aprendem muitas lições que nos ficam para a vida. Sou filho das escolas industriais que formavam e preparavam jovens para a indústria. Muito novo quis ir trabalhar, contra a vontade dos meus pais. Escolhi a Lisnave que, na altura era o maior estaleiro naval do mundo, porque queria um emprego estável, um emprego seguro para a vida. E isso apenas acontecia no Estado ou nas grandes empresas”, recorda.

A sua primeira função foi descer ao fundo de um tanque de um petroleiro, que emanava um forte odor a nafta que ainda hoje tem presente na sua memória. “Andei dois meses naquela função. Continuei a estudar à noite e fui convidado a iniciar uma nova secção de planeamento. Passei do fundo dos navios para aquilo a que chamávamos o Palácio de Cristal, um edifício todo em vidro, onde estava a direção comercial. Essa foi a minha primeira progressão de carreira”.

A 22 de abril de 974 é chamado para a tropa, mas três dias depois ocorre a revolução e a tão temida chamada para o Ultramar acabou por não vir.

“Durante o período militar continuei a fazer um part-time na Lisnave para conseguir ganhar mais algum dinheiro. E esta experiência difícil foi um ensinamento de humildade muito importante para a minha vida”, recorda.

A Lisnave pós 25 de abril transformou-se numa espécie de “proveta política” e dos 14 a 16 navios que reparava por mês, passou a ter encomendas apenas para um. A dívida foi-se acumulando e a empresa ficou à beira da falência.

Com salários em atraso e com a reparação naval perdida, a empresa ia fechar. “Foi nessa altura que fiz uma lista para a comissão de trabalhadores em oposição à existente, que era dominada pela CGTP. Fizemos o primeiro acordo social numa empresa de grande dimensão e conseguimos salvar o estaleiro. A minha natureza e o meu caráter foi sempre o mesmo: salvar empresas”, diz António Saraiva.

E ainda hoje admite que a função de operário e de representante dos trabalhadores foi deveras importante para todos os cargos que assumiu na vida. “A experiência de vida vai-nos dando uma formação que nos acompanha para sempre. Estar nesse cargo não fez de mim uma pessoa diferente, mas trouxe-me outros pontos de vista. Temos de ser legítimos. Não podemos interpretar papéis para os quais não estamos capacitados, e não é pela formação, é por não termos competências intrínsecas para o fazer”, explica

E no fim deixa um recado para as novas gerações: “Temos de acreditar em nós porque, por muito que saibamos ler o presente, nunca estamos preparados para o futuro. A realidade supera sempre a nossa imaginação e a nossa capacidade de fazer planos. Temos de ter a capacidade de me adaptar a esse futuro”.

Que o diga Leonor de Freitas, presidente do conselho de administração da Casa Ermelinda de Freitas, que foi preparada para tudo menos para gerir e revolucionar a então pequena empresa agrícola da família.

“Eu sou a pessoa menos preparada para estar no mundo rural. Nasci no campo, em Fernando Pó, que apesar de ser apenas a 50 km de Lisboa, era um lugar muito isolado. Não existia eletricidade nem meios de transporte. E as pessoas apenas poderiam aspirar a fazer a quarta classe. Eu fui uma privilegiada porque o meu pai queria que eu tivesse outra vida e aos dez anos fui para colégios particulares”, recorda.

Longe das suas origens, Leonor de Freitas segue o seu destino e após uma licenciatura em Serviços Sociais, consegue o seu primeiro emprego na administração regional de saúde em Setúbal, cargo que ocupou durante 20 anos.

Durante algum tempo coordenou a educação para a saúde e uma das suas funções era fazer colóquios sobre os problemas do alcoolismo na região. A fugir das suas origens, garantindo o que, na altura, se chamava um emprego seguro, o destino acabou por trazê-la de volta ao lugar onde pensou que já não voltaria.

“Com a morte repentina do meu pai, pensei em vender a empresa, mas essa decisão provocou-me um enorme peso de consciência. Estava a deixar para trás todo o esforço e amor que tinha sido investido naquela terra pela minha família”.

Decide manter o negócio e divide a sua ida profissional entre a Casa Ermelinda de Freitas e os Serviços Sociais de Setúbal. “Depressa percebi que não poderia fazer bem as duas coisas e opto pela negócio da família. Na altura, as minhas colegas não perceberam a minha decisão. A minha vida deu uma reviravolta. A terra e o meio rural sempre estiveram dentro de mim sem eu o saber”, conta Leonor de Freitas.

Quando regressou a casa, o negócio era o cultivo de 60 hectares de vinha e a produção era vendida a granel. Trabalhavam lá apenas três pessoas. Hoje, têm 500 hectares, várias marcas e 108 funcionários na adega, aos quais se somam mais de 200 no campo. Ironia do destino, acabaria por ser a geração menos preparada para aquele negócio a que lhe iria dar o maior desenvolvimento.

”Eu não tinha qualquer formação em gestão nem em agronomia. A primeira coisa que fiz foi tomar conhecimento do que os outros faziam. Comecei a ir a feiras de vinhos no estrangeiro e comecei a ter consciência de tudo o que não sabia. O ensino e o saber é hoje o que nós temos de melhor para perceber o presente e avançar para o futuro”, afirma.

No entanto, a empresária mostra sinais de preocupação com o futuro do trabalho. Na sua opinião, o setor agrícola tem muito a evoluir em Portugal. “Precisamos cada vez mais de conhecimento. Tenho muitos licenciados, quer de agronomia quer do agroalimentar, e estou muito dependente de algumas deles. Por isso, tenho de lhes oferecer algo mais que apenas um emprego e uma remuneração. Tenho de lhes oferecer um ambiente familiar”, explica.

E lamenta que, para alguns trabalhadores, o sentimento de ter o primeiro emprego não ser valorizado enquanto especial.

Todos os anos, em outubro, o Governo tem de preparar e apresentar o Orçamento do Estado* para o ano seguinte. O Orçamento do Estado não é muito diferente das contas que fazemos ao dinheiro que temos para viver. De um lado, temos as receitas (que são como as nossas mesadas) e, do outro lado, as despesas (que são os nossos gastos).

A maior parte da “mesada” do Estado vem dos impostos pagos pelas famílias e pelas empresas. Os impostos são cobrados sobre uma parte dos salários dos teus pais, das pensões dos teus avós e ainda sobre o valor das nossas casas.

Mas também estão em quase tudo o que compramos para consumir: nos alimentos e nas bebidas, nas roupas, no material escolar, nos transportes, nos combustíveis, nos carros, etc.

Já as despesas do Estado incluem todo o dinheiro que é preciso para governar o País: pagar salários aos professores, polícias, médicos, etc., e pagar tudo o que é preciso para o funcionamento das escolas, esquadras, hospitais, etc.

O ideal é encontrar um equilíbrio entre o que se recebe e o que se gasta. Mas há sempre qualquer coisa que corre mal, e as despesas crescem mais do que o Governo julgava quando entregou a sua proposta de Orçamento do Estado no Parlamento, no ano anterior.

E não são só os gastos que sobem. Por vezes, as receitas dos impostos também “encolhem” mais do que se pensava.

Quando o Estado chega ao fim do ano sem dinheiro para pagar todas as suas despesas, esse “buraco” chama-se défice orçamental e é “tapado” com dívida, ou seja, com o dinheiro que é pedido de empréstimo às famílias, aos bancos, e até ao estrangeiro. Por isso, sempre que há défice, a dívida de Portugal aumenta.

* Estado é o grupo de instituições que administram um país. Inclui os tribunais, a Presidência da República e o governo, entre outros.

Este artigo foi originalmente publicado na VISÃO Júnior n.º 150 e editado a 31 de outubro de 2024

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É uma máquina de aspeto simples, que cabe no tampo de uma mesa de cozinha: um tubo de vidro revestido de ímanes que, na verdade, é um reator nuclear inovador feito com recurso a uma impressora 3D. Este feito foi conseguido por uma equipa da Universidade de Princeton que aponta assim para um futuro de carbono zero.

O reator do PPPL, de Princeton Plasma Physics Laboratory, é de fusão nuclear, constituído por um tubo de vidro coberto numa carapaça de nylon impressa em 3D e cujo interior, no centro, tem 9920 ímanes raros, noticiou o IEEE Spectrum. A estrutura ajuda a conter plasma superaquecido e, no tubo de vácuo e orientados pelos ímanes, os átomos sem eletrões colidem uns com os outros. Dessa colisão, resultam fusões dos núcleos que libertam quantidades massivas de energia.

As vantagens da abordagem destes investigadores passam pelo custo e tempo de construção: uma instalação semelhante na Alemanha demorou 20 anos e custou mil milhões de dólares para ser terminada, enquanto a solução de Princeton foi construída em menos de um ano e custou 640 mil dólares.

Com as crescentes necessidades energéticas do planeta a produzirem alterações climáticas irreversíveis e com o aumento da procura ligada ao crescimento do segmento da Inteligência Artificial, encontrar soluções para geração e armazenamento limpos de energia é um imperativo. Microsoft, Amazon e Google estão a delinear planos para se virarem para a energia nuclear e as abordagens futuras podem passar por reatores modulares mais pequenos e que sejam mais seguros do que as fábricas nucleares originais, avança o website Gizmodo.

O desafio para os investigadores passa por conseguir escalar a produção e comercializar os reatores de tipo de fusão nuclear, que não geram lixo tóxico e que, em caso de acidente, não produzem qualquer derrame nuclear. Por outro lado, os componentes necessários para este aparelho não podem ser reaproveitados para a construção de armas nucleares.

Dave Limp, diretor executivo da Blue Origin, anunciou no LinkedIn que a empresa conseguiu transportar o primeiro estágio do foguetão New Glenn ao longo de quase 40 quilómetros entre o local de construção e o local de lançamento no Cabo Canaveral, Flórida. O executivo detalhou ainda o feito conseguido com o GERT, o Giant Enormous Rocket Truck, ou seja, o camião desenvolvido para transportar este massivo foguetão. “O transportador tem dois reboques ligados e uma estrutura forte desenhada internamente. Há 22 eixos e 176 pneus neste veículo. É puxado por um Oshksoh M1070, um transportador de tanques do exército dos EUA recondicionado, com 505 cavalos e 1825 de torque”, cita o ArsTechnica.

Este transportador não consegue circular em qualquer estrada por medir 95 metros. O propulsor do New Glenn que foi transportado mede sete metros de diâmetro, o que é demasiado grande para ser transportado por baixo de pontes convencionais.

O transporte com sucesso significa que podemos estar perto de ter um terceiro concorrente para os lançamentos espaciais, a juntar-se aos Falcon Heavy e Starship da SpaceX. Também a Blue Origin está a apostar no reaproveitamento do primeiro estágio para executar vários voos. Os próximos passos envolvem um teste com o foguetão plenamente carregado de combustível e outro teste com a ignição dos sete motores BE-4 durante vários segundos.

A Blue Origin já testou, dentro de portas, o segundo estágio do foguetão, com os motores BE-3U a serem alimentados pro oxigénio líquido e hidrogénio durante 15 segundos.

A empresa de Jeff Bezos está focada em conseguir fazer o lançamento ainda este ano, mas o prazo está a apertar. A SpaceX demorou em média 40 dias desde o momento em que transportou o foguetão até conseguir efetuar o lançamento propriamente, mas a empresa de Elon Musk já tinha muito mais experiência no setor nessa altura do que a Blue Origin tem atualmente.

Decorre esta quinta-feira, na Assembleia da República, o segundo dia do debate do Orçamento do Estado para 2025, com a a líder parlamentar socialista, Alexandra Leitão, a lamentar o que classificou como uma governação entre “a neblina e a opacidade” e de deixar sem resposta um conjunto de questões sobre a proposta de OE.

Segundo a líder parlamentar do PS, o Governo anuncia “medidas que já estão em curso, mas que antes criticou”, não tem um compromisso com os serviços públicos e “está em permanente campanha eleitoral”, sendo tudo isto corporizado pelo OE2025.

Alexandra Leitão criticou em concreto algumas medidas da proposta orçamental, como a autorização legislativa vaga, “um verdadeiro cheque em branco”, sobre as alterações ao regime dos trabalhadores do Estado. Sobre esta autorização legislativa, da bancada do BE, Joana Mortágua, perguntou à deputada socialista se confia no Governo para fazer esta legislação ou, caso não confie, se “vai juntar os seus votos aos do BE” para a chumbar.

“A resposta é não. Não confiamos. Não confiamos e por isso cá estaremos na especialidade”, referiu Alexandra Leitão, citada pela Lusa.

Pelo PSD, António Rodrigues respondeu às críticas de falta de opacidade e disse ter ficado “espantado porque o país vinha de um espaço de trevas” no Governo de maioria absoluta, acusando o PS de falta de responsabilidade, de falta capacidade de análise e ausência de solidariedade.

Na réplica, a líder parlamentar do PS começou por questionar o deputado do PS se quando falava da herança que os socialistas tinham deixado se estava a referir “ao resultado do superavit” que agora permite resolver problemas.

Alexandra Leitão considerou curiosas as acusações de falta de solidariedade quando este é um “Governo totalmente dependente da oposição” e enfatizou que o PS assumiu um compromisso com os portugueses sobre a viabilização, através da abstenção, do OE2025.

“Uma coisa é responsabilidade com o país, outra coisa são cheques em branco e esses não terão do PS”, avisou.

A Xiaomi apresenta o SU7 Ultra “construído para ser o carro de produção em massa de quatro portas mais rápido”. Este veículo apresenta uma configuração de três motores (dois V8 e um V6) e traz o mesmo pacote de baterias do protótipo com o mesmo nome, com 1548 cavalos e é capaz de ir dos 0 aos 100 km/h em apenas 1,98 segundos. A fabricante indica que o carro se destina a condução em estrada e para ir para fora de pista. No que toca aos travões, a empresa alega ser capaz de travar a marcha a 100 km/h em apenas 30,8 metros.

A Xiaomi explica em comunicado que o carro está pronto para ir para pista logo que sai de fábrica, mas que há várias melhorias que podem ser adicionadas para uma condução mais inteligente, tornar o cockpit mais inteligente, trazer mais segurança e uma experiência a bordo mais luxuosa.

Veja o Xiaomi SU7 Ultra com mais detalhe

No exterior, o SU7 Ultra usa elementos do SU7 Max, com um kit aerodinâmico melhorado e dimensões mais generosas: 5115 mm de comprimento, 1970 mm de largura e 1465 mm de altura. A grelha frontal foi alargada para permitir melhor dissipação do ar. Por dentro, o aspeto é desportivo, desde o desenho dos assentos ao volante, passando pela escolha dos materiais de construção.

Para a alimentação, este SU7 Ultra tem um pacote de baterias CATL Qilin 2.0, que pode ser carregado dos 10% aos 80% em 11 minutos e promete uma autonomia CLTC de até 630 quilómetros.

Veja aqui o vídeo deste carro a bater o recorde no circuito Nürburgring Nordschleife, com um tempo de 6’46’’874, o melhor tempo para um fabricante chinês.

Veja o vídeo

O Xiaomi SU7 Ultra já pode ser pré-encomendado na China, com um custo de 815 mil yuan, cerca de 106 mil euros e as primeiras entregas estão prometidas para março de 2025. Leia o comunicado completo aqui.