Depois de Aveiro e antes de Ponta Delgada, em 2025, Braga é a Capital Portuguesa da Cultura com uma programação que aposta no cruzamento da criação artística nacional e internacional, com destaque no que se faz na própria cidade minhota.

Com o Theatro Circo e o gnration (antigo quartel da GNR) como palcos principais, a programação – que começou a ser desenhada em 2018, quando Braga preparava a candidatura a Capital Europeia da Cultura 2027 (cuja escolha recaiu em Évora) – atravessará muitos outros espaços.

Logo na abertura, neste sábado, 25, se antecipa a multidisciplinaridade do programa, que vai sendo divulgado a cada trimestre e é coordenado pela gestora cultural Joana Meneses Fernandes. Na cerimónia de abertura no Theatro Circo (11h), conduzida pela atriz Margarida Vila-Nova, o espetáculo Quimera junta os coreógrafos Filipa Francisco e Deeogo Oliveira, a dramaturga Regina Guimarães e o encenador John Romão numa “experiência hipnótica que combina grupos folclóricos bracarenses com breakdance.”

A compositora canadiana Kara-Lis Coverdale estreia um concerto no órgão de tubos da Basílica dos Congregados. Foto: DR

No mesmo dia, estreia uma das encomendas da Braga 25, que junta as vozes do Grupo de Cantares de Mulheres do Minho às de jovens alunos do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga (17h, no Auditório Adelina Caravana) na primeira criação do Clube Raiz, projeto que há de promover a música tradicional da região. Às 18h30, no órgão de tubos da Basílica dos Congregados (datado de 1815), será a vez da compositora canadiana Kara-Lis Coverdale fundir a música eletrónica com o sagrado em Pipe Poetics, numa viagem “que exige introspeção”. O dia encerra na Avenida Central (21h) com a atuação de Mariza, Dino d’Santiago e Iolanda, ao lado de músicos de Braga, numa criação do encenador John Romão intitulada Abre a Tua Porta.

Dos vídeos de Kim Gordon à arte nos quiosques

A primeira exposição de Kim Gordon (ex-Sonic Youth) em Portugal abriu as hostilidades no campo das artes plásticas. Nas salas e no pátio do gnration, Object of Projection mostra, até 5 abril, oito instalações performáticas em vídeo, numa retrospetiva da última década em que a artista norte-americana explora a arquitetura, o corpo e a desconstrução da sacralidade hierática dos objetos.

Oito instalações performáticas em video de Kim Gordon estão em exposição no gnration. Foto: DR

A 4 de fevereiro, junto à padaria Amor & Farinha, a obra da fotógrafa Fátima Roque abre o ciclo Fotógrafas Experimentais dedicado a diferentes artistas, à qual se seguirá a brasileira Beth Lee (a 11 de março). Sob o tema Natureza, o Mosteiro de Tibães será, desta vez, o palco do festival de ilustração Braga em Risco (15 a 28 março), cruzando o desenho com histórias, contos e lendas.

A 29 de março, o projeto Contra-Quiosque transforma cinco quiosques ao abandono em galerias de arte, com obras de Maria Trabulo, Emilia Rigová, Hilda de Paulo, Marta Machado e Miguel Teodoro, resultantes de investigações artísticas “sobre coleções privadas ou arquivos de comunidades menos representativas de Braga, desvendando novas histórias e representações da cidade”.

Mário Laginha, Kathryn Joseph e Tiago Rodrigues

De 29 de janeiro a 1 de fevereiro, o festival Square leva a pop, a eletrónica, o folk e o rock de 50 artistas do mundo – como Asmâa Hamzaoui & Bnat Timbouktou (Marrocos), EMMVR (Cabo Verde), Fidju Kitxora (Cabo Verde/Portugal), Liliane Chlela (Líbano/Canadá), Maria Reis (Portugal), ou Mynda Guevara (Portugal) – tanto a Braga como a Barcelos, Vila Nova de Famalicão e Guimarães.

Mário Laginha estreia um concerto de homenagem a Carlos Paredes. Foto: Márcia Lessa

O concerto Liberdade 25, de Sérgio Godinho, sobe ao palco do Theatro Circo (31 de janeiro); e, no ano do centenário de Carlos Paredes, o mestre da guitarra portuguesa será homenageado em dois concertos: um com Norberto Lobo e o guitarrista norte-americano Ben Chasny (14 fev, gnration), outro a partir de uma encomenda feita ao pianista Mário Laginha (21 fev, Theatro Circo).

Uma banda sonora para o filme mudo alemão Faust, de F.W. Murnau (1926), pela compositora escocesa Kathryn Joseph (15 mar, Theatro Circo) e a apresentação do novo disco da cantora inglesa Keeley Forsyth, The Holloe (29 mar, Theatro Circo), são outras estreias.

A escocesa Kathryn Joseph apresenta o novo disco. Foto: Harry Clark

Nas artes de palco, os destaques vão para a nova peça de teatro de Tiago Rodrigues No Yogurt for the Dead / Os Mortos Não Comem Iogurtes (27-28 fev, Theatro Circo); a performance que junta, pela primeira vez, a coreógrafa Vera Mantero à trompetista Susana Santos Silva (9 fev, no gnration); e o espetáculo Quando Eu Morrer, Vou Fazer Filmes no Inferno!, do ator e encenador Mário Coelho (15 fev, Theatro Circo).

Visitas guiadas (nomeadamente ao novo Arquivo Municipal), oficinas gastronómicas, leituras encenadas, e instalações artísticas sonoras nos autocarros dos Transportes Urbanos de Braga também fazem parte do programa.

Braga 25 – Capital Portuguesa da Cultura 2025 > programa completo aqui

Na semana passada, o primeiro-ministro espanhol anunciou um plano de 12 medidas para enfrentar a crise habitacional que, tal como do lado de cá da fronteira, está a deixar cada vez mais pessoas sem possibilidade de comprar ou arrendar uma casa para viver. Uma dessas medidas passa por “limitar a compra de casas a estrangeiros extracomunitários não residentes”, afirmou Pedro Sánchez, referindo-se a um novo imposto de 100% sobre essas aquisições. Ou seja, a ideia é que o Estado arrecade um valor igual ao do preço de venda sempre que um negócio se concretizar nestes termos.

Já neste domingo, 19, o também líder dos socialistas espanhóis foi ainda mais longe. Num comício partidário em Plasencia, na província de Cáceres, Sánchez declarou que o seu governo “irá propor a proibição de estrangeiros de fora da União Europeia comprarem casas” em Espanha, “quando nem eles nem as suas famílias” residirem no país. Isto porque, nesse caso, “é só especulação”.

Uma fonte próxima do primeiro-ministro, citada pela Agência Reuters, veio, entretanto, desvalorizar a hipótese de haver uma proibição expressa na lei, esclarecendo que a intenção é alcançar o mesmo objetivo através do agravamento fiscal – e pagar em impostos o mesmo valor que custou a casa já será bastante desencorajador para a grande maioria, confia o executivo do país vizinho, seguindo o exemplo de países como a Dinamarca e o Canadá.

Qualquer que seja a fórmula a adotar, os mais afetados, se a medida avançar, seriam os cidadãos britânicos, a comunidade que mais compra casas em Espanha, a maior parte das vezes como segunda habitação, junto às zonas balneares, mas também para desfrutar da reforma, já numa fase mais adiantada da vida. Nos últimos tempos, uma vaga de endinheirados da América do Sul também tem investido fortemente em património imobiliário do segmento mais caro, sobretudo em Madrid.

Segundo dados avançados pelo chefe do governo, cerca de 23 mil casas foram adquiridas por cidadãos extracomunitários em 2023 (de um total a rondar as 700 mil transações), existindo um défice de 200 mil habitações novas por ano, tendo em conta a atual procura. Uma estimativa recente do Banco Central de Espanha, por outro lado, indica que, no final deste ano, poderão faltar 500 mil casas em Espanha para suprir as necessidades do mercado.

Diferenças e semelhanças com Portugal

Face à escalada de preços da habitação um pouco por toda a Europa, e com a Península Ibérica no olho do furacão, Sánchez promete atacar em várias frentes. Em linha com o anterior governo de António Costa e ao contrário do entendimento do atual liderado por Luís Montenegro, que aligeirou a carga fiscal dos alojamentos locais – deixando cair, por exemplo, a contribuição extraordinária – e revogou a proibição de novos licenciamentos, o homólogo espanhol quer taxar mais esta atividade “como aquilo que é: um negócio”. Isto implica passar a pagar IVA, à imagem de qualquer hotel ou estância turística, o que hoje não se verifica. “Não é justo que aqueles que têm três, quatro ou cinco apartamentos com arrendamentos de curta duração paguem menos”, justificou Sánchez, ao anunciar as novas medidas para a habitação.

Mais em sintonia com os planos de Luís Montenegro está a vontade de aumentar a oferta através de mais habitação pública. Quase dois milhões de metros quadrados de solo residencial foram já transferidos para uma nova empresa estatal, a fim de aí serem construídas “milhares de casas protegidas em regime de arrendamento a acessível”, anunciou o governante espanhol. A gestão do parque público habitacional – um dos mais reduzidos da OCDE, tal como o português – ficará a cargo desta nova empresa, que também terá por missão “garantir que toda a casa construída pelo Estado mantenha indefinidamente a sua titularidade pública”, impedindo assim que acabe “nas mãos de fundos abutres e de grandes especuladores”, enfatizou.

Garantias financeiras para os mais jovens (até 35 anos) e apoios aos senhorios que pratiquem rendas acessíveis são outras medidas bem conhecidas por cá que Pedro Sánchez pretende levar adiante, sabendo que terão de passar pelo crivo de um Parlamento no qual não tem maioria. E se todos os partidos concordam que é preciso mais construção, as críticas ao novo pacote de propostas do governo como um todo estendem-se da esquerda à direita, com a primeira a considerá-las “demasiado brandas com os proprietários abusadores” e a segunda a rotulá-las de “demasiado intervencionistas”, como assinalava a Reuters nesta segunda-feira, 20.

De acordo com estimativas do governo, existirão cerca de quatro milhões de casas vazias em Espanha, e os seus proprietários vão poder beneficiar de apoios estatais se aderirem ao regime de rendas acessíveis durante um período mínimo de cinco anos. Em Valência, por outro lado, será implementado um novo projeto de “construção industrial e modular”, com casas mais baratas e mais rápidas de construir, como resposta à destruição causada pela tempestade DANA.

Pedro Sánchez considera que o acesso à habitação “é um dos principais desafios das sociedades europeias”, no sentido em que está em causa o risco de se converterem em sociedades “divididas em duas classes, a dos proprietários ricos e a dos inquilinos pobres”.

Os números que pesam

Os dados estatísticos ajudam a compreender a dimensão do problema da habitação no país vizinho

47%
Subida do preço das casas em oito anos

Segundo dados do Eurostat, o serviço de estatísticas da União Europeia, entre 2015 e 2023, o preço das casas em Espanha subiu 47%, ligeiramente abaixo da média dos 27 Estados-membros (48%). Portugal é um dos países que fazem subir essa média: nesses oito anos, os preços dispararam 106% no nosso país, ou seja, mais do que duplicaram. Pior só na Hungria, na Lituânia e na Chéquia. Já na Finlândia, subiram apenas 5%.

2,5%
Habitação pública

O parque de habitação pública espanhol representa apenas 2,5% do número total de casas em Espanha. É bastante inferior ao da vizinha França (14%) e ainda mais escasso na comparação com os Países Baixos (34%), como exemplificou Pedro Sánchez.

20 mil
Milhões investidos em habitação

Durante a anterior legislatura, o chefe do governo espanhol reclama ter investido €20 mil milhões em apoios ao arrendamento, à compra e à reabilitação de cerca de 1,5 milhões de casas.

1. Jean-Luc Godard – Obra Plástica, Casa do Cinema Manoel de Oliveira

Descobrir que um artista fundamental tem um acervo por revelar desperta voyeurismo, ou, no mínimo, a sensação jubilatória de que nem tudo está contido nos créditos finais. De que a criatividade extravasa os limites do seu percurso. De que há fios a conduzirem-nos para fora de pé. Godard era Godard (1930-2022), pioneiro da Nova Vaga francesa, Papa da modernidade, realizador de À Bout de Souffle/O Acossado (1960) e Pierrot Le Fou/Pedro, o Louco (1965) ou Je Vous Salue, Marie/Eu Vos Saúdo, Maria (1985), iconoclasta. E foi também um artista visual prolífico, militante: o cineasta franco-suíço pintou, desenhou, criou esquissos, storyboards, diários visuais, jogos entre imagem e texto, cadernos de artista e cadernos dedicados ao trabalho fílmico (muitos não sobreviveram…). Estilos? Experimentou tudo, dizem-nos, do abstrato ao figurativo, passando pela paisagem, pelo retrato e pelo autorretrato, colagens, potências plásticas do texto, fotografia. E há ainda a cor, surpreendente, exuberante, indisciplinada. 

Foto: DR

Esta exposição inédita mostra como, a partir da década de 1940 e até 2022, Godard pontuou a deambulação cinematográfica com o gesto largo da “imagem fixa”, documentando e ampliando aquela, mas explorando sempre além-cinema. É um arquivo vasto. Além de pinturas, desenhos, cadernos de artista, são aqui reveladas, pela primeira vez, as fotografias familiares tiradas pela sua mãe, Odile Monod. E o quotidiano filtrado, por exemplo, pela ferramenta contemporânea dos smartphones. Junta-se-lhes a evocação do encontro de Godard com Manoel de Oliveira, em 1995. S.S.C. Museu de Serralves – Casa do Cinema Manoel de Oliveira > R. D. João de Castro, 210, Porto > até 11 mai, seg-sex 10h-18h, sáb 10h-19h > €20 

2. Inaugurações simultâneas de Bombarda  

Uma das obras de Hazul. Foto: DR

O primeiro ciclo das Inaugurações Simultâneas deste ano inaugura neste sábado, 25. Durante dois meses, até 15 de março, há novas exposições nas galerias de arte do Quarteirão de Bombarda. Na Ap’Arte, o artista de arte urbana Hazul a mostra individual, A Fonte, constituída por 18 obras entre gravuras, uma série de relevos em madeira, telas e um mural gigante (200 x 320 cm). “O que está em cima é como o que está em baixo” é o princípio que serve de lema à exposição de Hazul, onde se exploram os temas da criação, fractalidade e harmonia entre as partes. Em simultâneo, a galeria inaugura mais duas exposições: Além do visível, de Franchini, e Será que alguma vez lá chegaremos?, de Tiago Sousa. A Galeria Fernando Santos expõem obras de pintura de José Loureiro, numa mostra intitulada O Defeito Perfeito que se junta à de Rui Calçada Bastos, What suit me is the silent hall. O trabalho de Teresa Gil e Isabel Braga, Desvios e Derivações, realizado durante os confinamentos da pandemia ocupa a Galeria Serpente. F.A. Quarteirão de Bombarda, Porto > 25 jan-15 mar, várias galerias > grátis

3. Novo ciclo expositivo na Galeria Municipal do Porto 

A obra da brasileira Vivian Cacuri. Foto: DR

Três exposições: Superfície Desordem, de Jonathan Uliel Saldanha, Febre da Selva Elétrica, de Vivian Caccuri e Assim no Céu como na terra, de Rita Caldo, ocupam os três pisos da Galeria Municipal do Porto. Superfície Desordem, a primeira grande individual do artista Jonathan Uliel Saldanha (patente até 16 fev), transforma o piso zero num ambiente imersivo controlado por inteligência artificial, através da luz, som e elementos escultóricos.

Já no primeiro piso, a artista brasileira Vivian Caccuri estreia-se em Portugal com um trabalho sobre a experimentação do som em composições incomuns. Febre da Selva Elétrica (até 23 fev) apresenta “o som como elemento central à vida, seja como forma de comunicação entre espécies, seja como linguagem, tal qual a música, manifestação artística que mobiliza a humanidade, quer em suas experiências ritualísticas, quer em suas expressões hedonistas.” Já na estreia do piso –1 (dedicado a artistas em estreia), Rita Caldo convida a descobrir o universo plástico desta artista portuense (patente até 2 mar). Galeria Municipal do Porto > Biblioteca Municipal Almeida Garrett, Jardins do Palácio de Cristal, R. D. Manuel II, Porto > T. 22 507 3305 > até fev/mar, ter-dom 10h-18h > grátis

4. ⒶMO-TE, de Francisco Tropa, Museu de Serralves

Foto: nvstudio

O título da ambiciosa mostra monográfica dedicada a Francisco Tropa oscila entre o dramático e o mundano. Na verdade, remete para a transgressão do gesto artístico, e para a revisão da memória – há décadas, esta grafia anárquica foi grafitada nas paredes da Escola António Arroio, influência importante no artista. Comissariada por Ricardo Nicolau, a exposição oscila entre passado e futuro. “Só invento algo novo se não puder usar alguma coisa com que já tenha trabalhado; repetir objetos em situações diferentes enriquece-os”, explica Tropa. Aqui, revisita quer séries passadas, quer trabalho criados nos últimos anos. Como sempre, é difícil catalogá-lo: o artista usa vários média, entre objetos, textos, imagens fotográficas, escultura, que resultam em vinhetas enigmáticas entre o laboratório científico e a instalação. As referências atravessam a História da Arte. A repetição traz um novo olhar. Cabe ao observador captar as múltiplas leituras e colaborar no “carácter performativo” das peças: A Marca do Seio e O Transe do Ciclista serão ativadas todas as terças (16h), quintas e sextas-feiras (ambas às 11h), e também aos sábados (16h). S.S.C. Museu de Serralves > R. D. João de Castro, 210, Porto  > T. 226 156 500 > até 11 mai, seg-sex 10h-18h, sáb 10h-19h > €20

5. Miragaia 1975 – Vida e luta no Pós-25 de Abril, Centro Português de Fotografia

Memórias em fotografia de agosto de 1975, no pós-Revolução, época em que o britânico, cineasta e fotógrafo Humphry Trevelyan chegou ao Porto e retratou um grupo de jovens em Miragaia que tinha criado um centro comunitário numa fábrica abandonada. A exposição testemunha esse tempo. Trevelyan passou os dias a entrar nas suas casas, no seu quotidiano, “onde a agitação política em curso parecia momentaneamente distante”. Centro Português de Fotografia > Lg. Amor de Perdição, Porto > T. 22 0046 300 > até 9 fev, ter-sex 10h-18h, sáb-dom, fer 15h-19h > grátis

6. O Sal da Democracia: Mário Soares e a Cultura, Casa de Serralves

Foto: nvstudio

Integrada no centenário do nascimento de uma das figuras fundamentais da nossa democracia, a exposição O Sal da Democracia mostra uma seleção antológica de obras da coleção de arte de Mário Soares (1924-2017), entre pintura, desenho, escultura, tapeçaria e gravura, e da sua biblioteca: livros raros, primeiras edições e manuscritos além de correspondência e dedicatórias. Casa de Serralves, R. D. João de Castro, 210, Porto  > T. 226 156 500 > até 1 jun, seg-sex 10h-18h, sáb 10h-19h > €20

7. O que faz falta – 50 anos de Arquitetura Portuguesa em Democracia, Casa da Arquitectura em Matosinhos

A nova exposição na nave, cujo título parte de uma canção de José Afonso, é a primeira extraída do acervo da Casa da Arquitectura e celebra os 50 anos da Revolução de Abril. Com curadoria de Jorge Figueira, com Ana Neiva como curadora-adjunta, “sublinha a urgência da arquitetura enquanto direito fundamental e serviço público, reflexo das mudanças sociais e catalisadora na construção e consolidação do espaço democrático”. Constituída por 50 obras (49 e um projeto), divide-se em cinco módulos: Revolution, Europa, Fin de Siècle, Troika e Wi-Fi, terminando com a secção After, na qual se inclui uma peça interativa O que faz falta: módulo multimédia participativo, de Sérgio M. Rebelo. Casa da Arquitectura > Av. Menéres, 456, Matosinhos > até 7 set, ter-sex 10h-18h, sáb-dom 10h-19h > €10 

8. Ar Quente e Não Só: 100 Anos de Design de Secadores de Cabelo, Casa do Design em Matosinhos

O secador Duck’n’Dry que deu início à coleção de Jeremy Aston. Foto: Fernando Miranda/ESAD

A história do design industrial e da inovação tecnológica dos últimos 100 anos pode contar-se através de secadores de cabelo. Ar Quente e Não Só inspira-se na coleção destes artefactos reunida por Jeremy Aston – o designer britânico a viver no Porto iniciou-a por brincadeira em 1990, ainda estudante de Design Industrial, quando ofereceu à mãe um Duck’n’Dry, um secador em forma de pato. A mostra expõe mais de 170 secadores de cabelo de vários pontos do mundo, alguns de designers reconhecidos como Peter Behrens, Dieter Rams e James Dyson. Casa do Design > Edifício Paços do Concelho, R. de Alfredo Cunha, Matosinhos > T. 22 939 2470 > até 4 mai, ter-sex 10h-13h, 15h-18h, sáb-dom 15h-18h > grátis

9. Object of Projection, de Kim Gordon, Gnration em Braga

Foto: DR

A primeira exposição de Kim Gordon (ex-Sonic Youth) em Portugal abriu as hostilidades no campo das artes plásticas da programação da Braga 25 – Capital Portuguesa da Cultura. Nas salas e no pátio do gnration (antigo quartel da GNR), Object of Projection dá uma retrospetiva da última década através de oito instalações performáticas em vídeo, em que a artista norte-americana explora temáticas como a arquitetura, o corpo ou a desconstrução da sacralidade hierárquica do objeto. Kim Gordon começou por assinar estes trabalhos como Design Office, desenvolvendo uma abordagem multifacetada “assente na arte conceptual, instalação, observação e estética punk”. Com curadoria de Lawrence English, a exposição terá visitas guiadas gratuitas até 8 de março. Gnration > Pça. Conde de Agrolongo, 123, Braga > T. 253 142 200 > até 5 abr, seg-sex 9h30-18h30, sáb 10h-18h30 > grátis

10. Casa Dior no Museu da Chapelaria, São João da Madeira

Um dos chapéus da Casa Dior em exposição. Foto: DR

Encerrado há cerca de meio ano para obras de requalificação, o Museu da Chapelaria, em São João da Madeira, reabre neste sábado, 25, com duas novas exposições: Dior na Imprensa Feminina Portuguesa – a partir da moda do costureiro francês Christian Dior nas revistas Eva, Modas & Bordados. Vida Feminina e Voga – e Chapéus Dior, em parceria com o Museu Christian Dior, em França. Museu da Chapelaria, R. Oliveira Júnior, 501, São João da Madeira > T. 256 200 206 > até 20 abr, ter-dom 10h-12h30, 14h-17h30 > €4

11. Ana Vieira: Cadernos de Montagem, Centro de Arte Oliva em São João da Madeira 

Onze obras de Ana Vieira (1940-2016), entre as quais cinco instalações, desenhos e anotações da artista sobre o seu processo criativo, mostram parte do trabalho de uma das artistas mais influentes do século XX. Das obras, executadas entre 1977 e 2014, destacam-se Ensaio para uma Paisagem, que até então foi exibida apenas uma vez, em 1997, na sala do Veado do Museu de História Natural e da Ciência, em Lisboa.

Ana Vieira, espólio da artista, cortesia BAC

Trata-se de um conjunto de sete paralelepípedos executados com diferentes materiais, criando efeitos visuais e sonoros, o que, sem a presença da artista, se revelou num dos principais desafios para os curadores: “Foi como juntar as peças de um puzzle”, referem Antonia Gaeta, Astrid Suzano e Sofia Gomes. Antecâmara, um espaço retangular construído em pladur com paredes pintadas de branco ao qual se acede através de um pequeno corredor, apresentada pela última vez no CAM, Fundação Calouste Gulbenkian, em 2011 – é outra obra em destaque. Centro de Arte Oliva, R. Paula Rego, São João da Madeira > 256 004 190 > até 9 mar, ter-dom 10h-12h30, 14h-17h30 > €3 

1. António Palolo na Coleção Manuel de Brito, Centro de Artes Manuel de Brito

Quando se expuseram pela primeira vez, nos anos sessenta, na Galeria 111 em Lisboa, os quadros coloridos de António Palolo, os críticos ficaram radiantes com a criatividade do jovem artista de Évora. Figura referencial da arte portuguesa do século XX, António Palolo (1946-2000), pintor autodidata, construiu um corpo de trabalho marcado pela geometria, pelo uso inteligente e arriscado da cor, pelo impacto visual das peças, por vezes pouco obedientes aos confinamentos da tela.

Jardim das Delicias (1970), de António Palolo

O Centro de Artes Manuel de Brito (nova designação do espaço da histórica Galeria 111, fundada em 1964 por Manuel de Brito) mostra obras do artista pertencentes à sua coleção. Afirma a comissária da exposição, Arlete Alves da Silva: “Em 2025 cumprem-se 25 anos sobre a sua morte prematura. António Palolo é hoje o artista português mais falsificado com centenas de obras apreendidas pela Polícia Judiciária. Por respeito à sua memória e como conhecedora da sua obra, desde 1964 até à sua morte, sinto-me na obrigação de organizar uma exposição para esclarecer os muitos colecionadores que têm obras falsas e também os estudiosos e curadores da sua obra”. CAMB > Campo Pequeno, 113 A, Lisboa > até 21 jun, ter-sáb 10h-19h > grátis

2. Disco, de Vivian Suter, MAAT

Anunciada como um dos acontecimentos do ano no MAAT, Disco rouba o nome a um dos cães de Vivian Suter e mostra mais de 500 pinturas da artista suíço-argentina, incluindo 163 trabalhos expostos pela primeira vez.

Foto: Daniel Malhão

A produção luxuriante integra o projeto por ela desenvolvido em Panajachel, na Guatemala, marcado pela geografia, pela Natureza, pelo acaso. “Nada do que tenho trabalhado como artista teria sentido sem este lugar, sem estas árvores, sem as folhas, sem os meus cães que me seguem para onde quer que vá”, diz. Isto porque as suas pinturas abstratas, coloridas, sem títulos, são igualmente trabalhadas pela terra, pelo Sol, pelas chuvadas, pelas pegadas de animais, pelas folhas e pelos insetos, pela passagem do tempo: tudo é organicamente incorporado na obra. Escreve o curador Sérgio Mah: “Ela descobriu um cenário fecundo onde se entregou a uma prática disciplinada, solitária e obsessiva, através da qual foi constituindo uma linguagem plástica única, um idioma expressivo particular, com as formas vivas desse lugar.” MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia > Av. Brasília, Belém, Lisboa > T. 210 028 130 > até 17 mar, qua-seg 10h-19h > €11

3. RAMOT – António da Costa Cabral, Arquivo Municipal de Lisboa/Fotográfico

Foto: Arquivo Municipal de Lisboa

António da Costa Cabral (1901-1974) passou a sua vida a fotografar. Fazia-o muito em viagem, mas também em casa, onde organizava constantemente sessões com a mulher e os 12 filhos, e na rua, deambulando por Lisboa, sozinho com a sua máquina Leica ou na companhia de outros sócios do Foto-clube 6×6. O 4.º conde Tomar levava tão a sério este seu hóbi que tinha uma câmara escura em casa e participava em salões, assinando com os pseudónimos Ramot e Marto, anagramas de Tomar. Ainda assim, a sua própria família ficou espantada quando a equipa do Arquivo Fotográfico contou o número de peças doadas: mais de 14 mil.

Um pouco deste seu mundo pode ser visto até ao dia 15 de março, numa deliciosa exposição que povoa todas as salas do número 246 da Rua da Palma. Mas não se distraia o leitor com a ilusão do tempo, porque ele passa célere. R.R. Arquivo Municipal de Lisboa/Fotográfico > R. da Palma, 246, Lisboa > T. 21 817 1330 > até 12 abr, seg-sáb 10h-18h > grátis

4. Nicholas Nixon – Coleções Fundación MAPFRE, Centro Cultural de Cascais

Rigor do enquadramento, virtuosismo técnico, modulação da luz, controle da narrativa. Deambulando por entre as mais de 200 fotografias patentes nesta ambiciosa exposição, todas estas ferramentas estão presentes. Mas ficam aquém: este universo a preto e branco usou uma grande angular emocional. Nixon, um norte-americano do Michigan nascido em 1947, formado em Literatura e sensível ao realismo de Faulkner ou Steinbeck, começou a trabalhar nas suas séries fotográficas nos anos 1970. “Quando cheguei a Boston vindo do Centro-Oeste dos EUA, tudo me parecia surpreendente. A convivência entre o velho e o novo, as sombras e as luzes (…) ainda hoje, 30 anos depois, continua a emocionar-me”, contou. Se as fotografias inaugurais, captadas com a Leica, alinharam com o movimento visual emergente dedicado às metrópoles urbanas, geométricas e vazias, o retrato transformou-se depois na sua verdadeira missão.

Nicholas Nixon não assume uma ideologia, mas captou as populações mais desfavorecidas (revelando laços e tensões raciais), os idosos (a sua decrepitude e o alheamento, quase aproximando-os de criaturas fantásticas), os infetados com sida (em imagens reveladoras do poder da dor). E ainda casais (em planos fechados), a sua família (a imensa devoção à mulher, Bebe, os filhos, as cunhadas) em que se destaca a famosa série Irmãs Brown. O curador Carlos Gollonet sublinha que a sua fotografia trata de “captar tudo aquilo que não se vê, como o amor, a paixão, a felicidade, a dor, a intimidade, a passagem do tempo ou a solidão”. Privilegiados são os que observam deste lado. Centro Cultural de Cascais > Av. Rei Humberto II de Itália, Cascais > T. 21 481 5660/5 > 16 nov-16 fev, ter-dom 10h-18h (última entrada 17h40) > €5

5. Viagens na Minha Terra, de Augusto Brázio, Narrativa

Almeida Garrett pode ter inspirado o título para os ensaios fotográficos que Augusto Brázio publica desde 2015, integrados no projeto com Nelson d’Aires, em que cada fotógrafo desenvolve trabalho nas fronteiras dos concelhos, freguesias, lugares. Uma panorâmica singular sobre o Portugal contemporâneo.

Foto: Augusto Brázio

Mas a Umberto Eco, e à sua “irrealidade quotidiana”, pode roubar-se o título para descrever Viagens na Minha Terra, exposição que, pela primeira vez, sintetiza esta produção visual de Brázio. É que a vintena de fotografias revela uma via diferente da desocultação fácil, da narrativa-pronta-a-consumir, da reação visual à realidade social. O fotógrafo usou, aqui, um filtro diferente, criando uma produção algo enigmática: paisagens por vezes indecifráveis, figuras apanhadas em coreografias que nos escapam, objetos a iludirem a sua função natural, deixando o contexto na sombra.

“Estas fotografias são o outro lado do espelho”, diz o autor à VISÃO. Acrescenta: “O fotógrafo é uma pessoa que toma decisões; aqui, o importante não é apenas o que revelo, mas o que não revelo [no enquadramento]. Estes ensaios fotográficos são o resultado de uma estratégia pensada, para que as imagens não sejam óbvias e para que as narrativas visuais não sejam fechadas em si próprias.” Este é igualmente o princípio do cinema, sublinha, uma influência estendida ao idioma visual: “Criei uma fotografia específica, resultante de um cuidado com a luz, que é muito homogénea em todas as cenas. Há luz com utilização de flash, luz construída, quase uma fotografia de cena…”, descreve. As cenas foram captadas em Águeda, Covilhã, Ponte de Sor, Torres Novas, e a alguns destes lugares o fotógrafo nunca tinha ido. Isso foi importante: “Quando trabalhamos nos mesmos sítios, temos vícios do olhar; o primeiro olhar é sempre mágico.” A viagem começa aí. Narrativa > R. Dr. Gama Barros, 60, Lisboa > até 22 fev, qua-sex 14h-19h, sáb 14h-17h > grátis

6. And Your Flesh Becomes a Poem, de Tamara Alves, Galeria Underdogs

Em Marvila, a Underdogs abre o ano com uma exposição individual de Tamara Alves (a última vez que expôs na galeria foi há cinco anos). A figura feminina continua a ser foco central no trabalho da artista e ilustradora que, em And Your Flesh Becomes a Poem, apresenta 27 novas obras (aguarelas, desenhos, dípticos e esculturas), em materiais diversos, como a resina e a madeira. “Nestes últimos cinco anos”, explica Tamara Alves, “tenho-me interessado pela mensagem da ausência, do silêncio. Pelo invisível, pela sedução do não-dito”. Tamara Alves pintou também um mural na parte de trás da galeria. The Wolf Awaits, inspirado numa frase de Abbas Kiarostami, “convida à contemplação e à reflexão sobre a nossa própria essência”. I.B. Galeria Underdogs > R. Fernando Palha, 56, Lisboa > até 8 mar, ter-sáb 14h-19h > grátis

6. Intimidades em Fuga. Em Torno de Nan Goldin, MAC/CCB

Foto: Nan Goldin

Nan Goldin ainda nos estremece com a honestidade da série The Ballad of Sexual Dependency, em que documentou vida, vícios e afetos da sua tribo de amigos e amantes entre 1979 e 1986, numa Nova Iorque vibrante. É um diário visual que elimina distâncias confortáveis entre público e privado, um ensaio vérité. As 126 imagens captadas pela fotógrafa norte-americana alinham-se como um fio de Ariadne no MAC/CCB – como um travelling, um corrimão visual que (des)ampara os visitantes, confrontando e pontuando as obras de outros 35 artistas nas salas fronteiras. Pintura, desenho, vídeo, fotografia, exploram narrativas, autorrepresentação, subjetividade, numa diversidade de possibilidades de trabalhar o corpo e a intimidade num tempo pós-Big Brother orwelliano (e televisivo, e instagramável). Observamos. Somos testemunhas, intérpretes, cúmplices, voyeurs? Somos quem se debate, hoje, com a “fuga da intimidade” – e isso dá-nos um novo olhar sobre estas obras. MAC/CCB – Centro Cultural de Belém > Pç. do Império, Lisboa > T. 21 361 2878/21 361 2913 > até 31 ago, ter-dom 10h-18h30 > €7 a €12

7. Santo António na Publicidade, Museu de Lisboa – Santo António

A imagem de Santo António colada a lotarias, vinhos e bengalas? Essa foi – e é – uma realidade que já vem pelo menos desde o século XIX, mostra-nos o Museu de Lisboa – Santo António nesta exposição que reúne cartazes, anúncios da imprensa, selos, rótulos, pagelas (estampas religiosas), peças de barro, medalhas, copos, caixas de fósforos. Formas diversas de publicidade, que vão “refletindo os gostos de cada época e realçando a estreita ligação da produção publicitária com o santo a quem tudo se pede em momentos difíceis”, pode ler-se na nota de imprensa. I.B. Museu de Lisboa – Santo António > Lg. de Santo António da Sé, Lisboa > até 20 abr, ter-dom 10h-18 > €3

8. Jean Painlevé, Culturgest

Geneviève avec pinces homard. Foto: Jean Painelevé

A Culturgest anuncia “a maior exposição” dedicada a Jean Painlevé (1902-1989), pioneiro documentarista e fotógrafo de vida animal. Entre meados da década de 1920 e o início da década de 1980, Painlevé realizou cerca de 200 curtas-metragens, nas quais retratou um insólito bestiário subaquático. Nesta exposição, é apresentada uma seleção de filmes raros e impressões fotográficas de Jean Painlevé e Geneviève Hamon, sua companheira, e colaboradora mais próxima, desde que se conheceram em 1924, até à sua morte. O documentarista francês tinha a convicção de que “a ciência é ficção”, empregando arrojo estético e experimental aos seus filmes e imagens através de técnicas de filmagem e edição criativas. Nos dias 25 de janeiro e 8 de março, realiza-se uma visita guiada à exposição com Ana Gonçalves (às 16h). I.B. Culturgest > R. Arco do Cego, 50, Lisboa > T. 21 790 51 55 > até 23 mar, ter-dom 11h-18h > €5, dom grátis

9. William Klein – O Mundo Inteiro É um Palco, MAAT

Foto: Pedro Pina

O fotógrafo franco-americano que comprou uma primeira câmara a Henri Cartier-Bresson não se preocupava com o momento decisivo ou a discrição: o acaso e a conversa com os desconhecidos criavam as suas imagens. William Klein – O Mundo Inteiro É um Palco é a maior exposição dedicada ao artista desde o seu desaparecimento: são 150 obras, que dão conta do Klein curioso, performático, multifacetado, viajado. Fotografias que pertencem ao A-Z da contemporaneidade, sim, mas também as pinturas (foi aluno do pintor Fernand Léger e artista experimental), os filmes delirantes (Broadway by Light, curta-metragem abstratizante sobre as luzes de Nova Iorque, fez Orson Welles dizer que, se havia um filme que merecesse ter cores, era aquele…) e os registos do Maio de 68 (teve como consultor Alain Resnais e Serge Gainsbourg como ator…). E as provas de contacto pintadas, as capas, os cartazes, as imagens tiradas em Nova Iorque, Paris, Moscovo, Roma, Tóquio (só em dois dias, no Japão, Klein captou mais de seiscentas imagens). MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia > Av. Brasília, Lisboa > até 3 fev, qua-seg 10h-19h > €6 a €11

10. CAM – Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian

Exposição Linha de Maré

As exposições inaugurais do novo CAM evidenciam questões sociais e de sustentabilidade – vejam-se as 80 obras patentes em Linha de Maré, refletindo sobre a relação dos seres humanos com a bioesfera, ou o gesto social e político da instalação monumental de Leonor Antunes que evoca as mulheres do modernismo, contrariando a sua “subalternização” histórica. A nova Galeria da Coleção abriga as Reservas Visitáveis, e no Espaço Engawa, está O Calígrafo Ocidental, mostra fotográfica e documental sobre a estada de Fernando Lemos no Japão, enquanto bolseiro da Gulbenkian e estudante de caligrafia na década de 1960. No átrio do CAM, há H BOX, sala de vídeo itinerante concebida por Didier Faustino. Centro de Arte Moderna > R. Marquês de Fronteira, 2, Lisboa > Leonor Antunes até 17 fev, Linha de Maré até 11 mai, Espólio de Fernando Lemos até 17 mar > €8, grátis dom a partir das 14h

Miguel Arruda, eleito pelo círculo eleitoral dos Açores pelo Chega, vai passar a deputado independente, confirmou esta tarde uma fonte próxima do parlamentar à agência Lusa.

O político açoriano, que afirma estar inocente, acredita que esta “decisão individual” o deixa mais livre para preparar “provar a [sua] inocência sem levar o partido atrás”. À CNN Portugal, José Manuel Castro, advogado de Miguel Arruda, garantiu que o deputado “vai esclarecer com toda a brevidade o que se está a passar” e que não irá refugiar-se na imunidade parlamentar. “Quando se der um levantamento da imunidade parlamentar, que se o Ministério Público não pedir – que parece que irá pedir -, o próprio deputado Arruda irá fazê-lo com toda a brevidade. [Só aí] É que podemos esclarecer realmente, e ser esclarecidos, sobre o que é que se está a tratar”, defendeu.

De acordo com a mesma fonte da Lusa, Arruda pretende pedir, ainda hoje, a José Pedro Aguiar-Branco, presidente da AR, que levante a sua imunidade parlamentar para poder prestar esclarecimento sobre os factos de que é acusado junto das autoridades.

Arruda foi alvo de buscas da Polícia de Segurança Pública (PSP) na passada terça-feira pela alegada prática de furto qualificado e contra a propriedade. O agora antigo deputado do Chega é suspeito de furtar malas dos tapetes de bagagens das chegadas dos aeroportos de Lisboa e de Ponta Delgada, quando viajava de e para os Açores no início e no final da semana de trabalhos parlamentares. A PSP está a investigar o caso desde novembro do ano passado.

Foi na passada terça-feira que se ficou a conhecer as alegações contra o deputado açoriano do Chega, Miguel Arruda, suspeito de crimes de furto qualificado de malas dos tapetes de bagagens das chegadas dos aeroportos de Lisboa e de Ponta Delgada.

O caso tem suscitado, nos últimos dias, muitas piadas e “memes” pelas redes sociais, que têm feito as delícias dos internautas. No Instagram, Threads ou Facebook, são várias as partilhas de imagens, criadas pelos seus utilizadores, que pretendem dar humor ao assunto. Algumas marcas, como a Licor Beirão e a Feliciano Créditos & Seguros, também se juntam à tendência, tendo desenvolvido cartazes publicitários que fazem referência ao caso. 

Também na rede social X – anterior Twitter – têm sido partilhadas várias piadas e até alguns vídeos sobre o assunto.

Donald Trump já tinha falado durante a campanha presidencial da intenção de libertar Ross Ulbricht, o fundador do Silk Road, mercado online no qual traficantes de droga e outros criminosos conduziam atividades ilícitas avaliadas em mais de 200 milhões de dólares, usando criptomoedas. Ulbricht foi preso em 2013 e condenado a prisão perpétua em 2015. Agora foi libertado, depois de Donald Trump ter assinado um perdão “completo e incondicional”.

“A escumalha que trabalhou para o condenar tem alguns dos lunáticos que estavam envolvidos na moderna utilização do governo como arma contra mim”, afirmou Trump na rede social Truth Social. “Depois de uma década encarcerado, esta decisão oferece ao Ross a oportunidade de recomeçar, de reconstruir a sua vida e contribuir positivamente para a sociedade”, declarou o advogado de Ulbricht. A administração de Trump deve inverter a tendência começada durante a administração Biden para regular o setor das criptomoedas.

A prisão de Ulbricht foi justificada pelos defensores públicos para colocar fim a um mercado negro online que operou durante dois anos, desde 2011, e que foi usado por mais de cem mil pessoas para comprar e vender mais de 214 milhões de dólares em drogas, armas e serviços ilícitos. O mercado Silk Road operava no protocolo Tor para permitir comunicações anónimas e aceitar pagamentos em bitcoin, lembra a Reuters.

O pirata assumia online o nome de Dread Pirate Roberts, numa referência a uma personagem de um filme de 1987 e, segundo a acusação, tomou medidas extremas para proteger a operação, incluindo encomendar o assassinato de pessoas vistas como ameaças, embora não haja evidências de que estes assassinatos tenham chegado a acontecer.

A defesa, no entanto, alegava que Ulbricht criou o mercado sim, mas que terá entregado as rédeas a outros, tendo sido depois atraído de volta e acabado por ser condenado. “Quis empoderar as pessoas para poderem fazer escolhas nas suas vidas e ter privacidade e anonimato”, defendeu-se Ulbricht em 2015.

A Google anunciou novidades no Gemini que está integrado nos Galaxy S25 da Samsung. Pela primeira vez, o assistente da Google é o predefinido nos equipamentos Samsung, colocando a solução Bixby em segundo plano. Nestes telefones, o Gemini vai ser capaz de executar tarefas em diversas aplicações a partir de uma única interação do utilizador.

A Google deu como exemplos a possibilidade de se procurar uma tipologia de restaurante numa cidade e enviar os detalhes para um contacto ou procurar os jogos marcados de um clube e adicioná-los ao calendário, noticia o The Verge. A possibilidade de tarefas em múltiplas aplicações está disponível em várias aplicações da Google e algumas apps de terceiros, como o WhatsApp ou o Spotify, de forma limitada, chegando também a apps da Samsung, como o Calendário, as Notas, os Lembres ou o Relógio.

Também o Gemini Live, o assistente baseado em voz, vai receber melhorias, mas apenas para os Galaxy S24, S25 e Google Pixel 9, com os utilizadores a poderem partilhar imagens, ficheiros, vídeos do YouTube na interface do chat e pedir feedback ou mais informações ao Gemini. Para o futuro, a Google revela estar a trabalhar na partilha de ecrã e transmissão de vídeo em direto.

Outra novidade passa pelas melhorias no emparelhamento dos dispositivos Android com leitores de braille ou assistentes auditivos.

A sonda Rosalind Franklin vai partir em busca de sinais de vida em Marte em 2028, mas a Agência Espacial Europeia não vai ficar por aqui e já está a recolher a tecnologia e a preparar a capacidade para o envio de missões mais avançadas em meados da próxima década.

De acordo com um relatório publicado no mês passado, a agência recomenda que a Europa “avance os desenvolvimentos de sondas de entrada guiada e nas tecnologias associadas, evitando becos sem saída à medida que as capacidades progridem”. O objetivo, pelo que se percebe, é conseguir ter tecnologia para pousar uma sonda em Marte com precisão.

A meta está traçada para que em meados da década de 2030 ocorra um lançamento, mas a agência sugere que se comece este trabalho antecipadamente para se obter “elementos necessários para a prontidão tecnológica, cronologias de lançamentos e estimativas de orçamentos” para aumentar as probabilidades de a missão continuar depois de uma reunião importante do organismo, marcada para novembro.

De acordo com a notícia do Space.com, outra razão para esta iniciativa é que o ano de 2035 é o mais favorável para lançamentos na próxima década. As janelas de lançamento para Marte são períodos de poucas semanas que se registam a cada 26 meses devido ao posicionamento relativo dos dois planetas e representam fases em que se consegue fazer o lançamento usando o mínimo de combustível possível.

A Canon voltou a elevar a fasquia na área da captação de imagem com o lançamento de um novo sensor CMOS de 35 mm (full frame) e com 410 megapíxeis de resolução. Este sensor é capaz de captar imagens com 24.592×16.704 píxeis, o equivalente a 24K de resolução. Em termos comparativos, é 12 vezes superior à resolução 8K e 198 vezes superior à resolução HD.

O sensor capta imagens de 410 megapíxeis, o equivalente a 24K de resolução

Segundo a Canon, trata-se do maior número de píxeis jamais alcançado num sensor de 35mm. Por agora, este avanço não se destina às câmaras digitais de consumo. “O sensor foi projetado para aplicações industriais, como vigilância e medicina, que requerem resoluções extremas e estão dispostas a pagar um preço elevado”, explica a Canon em comunicado.

Inovação tecnológica

O novo sensor utiliza um padrão de circuito redesenhado e uma estrutura empilhada retroiluminada, na qual os segmentos de píxeis e de processamento de sinal estão intercalados. Graças a esta arquitetura, o sensor atinge uma velocidade de leitura de 3.280 megapíxeis por segundo, permitindo capturar imagens em resolução total a uma velocidade de oito fotogramas por segundo.

A Canon também desenvolverá uma versão monocromática deste sensor, equipada com uma função de “binning” (agrupar dados) de quatro píxeis. Esta técnica melhora a sensibilidade à luz fraca ao combinar quatro píxeis adjacentes como um só. Embora reduza a resolução geral, permite captar vídeos monocromáticos a 100 megapíxeis e 24 fotogramas por segundo.

Resoluções tão altas geralmente exigem sensores maiores e equipamentos de grandes dimensões. Com esta tecnologia num sensor de apenas 35 mm, compatível com muitas lentes full-frame, torna-se possível desenvolver equipamentos de captação mais compactos.

O sensor vai ser exibido ao público no pavilhão da Canon na SPIE Photonics West, uma das principais conferências globais de ótica e fotónica, que decorrerá em São Francisco, nos EUA, de 28 a 30 de janeiro de 2025.