A cerimónia de investidura de Daniel Chapo, 48 anos, está a decorrer na Praça da Independência, no centro de Maputo, sob fortes medidas de segurança no exterior e no acesso ao recinto, face ao anúncio de manifestações e protestos, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados das eleições de 9 de outubro.

Chapo leu o termo de posse e prestou juramento às 11h12 locais (menos duas horas em Lisboa), perante os aplausos dos convidados. Conforme previsto no programa da cerimónia, a presidente do Constitucional, Lúcia Ribeiro, recebeu os símbolos do poder pelo Presidente cessante, Filipe Nyusi, e poucos minutos depois fez a investidura de Daniel Chapo como novo Presidente da República de Moçambique.

O programa oficial da cerimónia inclui ainda discursos oficiais, momentos culturais, 21 salvas de canhão, a revista à Guarda de Honra das Forças Armadas de Defesa de Moçambique pelo novo comandante-em-chefe e um desfile militar.

Os Presidentes da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, são os únicos chefes de Estado presentes na cerimónia de hoje, com 2.500 convidados, que incluem três vice-Presidentes, (Tanzânia, Maláui e Quénia), os primeiros-ministros de Essuatíni e do Ruanda e oito ministros, incluindo o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Rangel.

A eleição de Daniel Chapo tem sido contestada nas ruas desde outubro, com manifestantes pró-Mondlane — candidato que segundo o Conselho Constitucional obteve apenas 24% dos votos mas que reclama vitória — em protestos a exigirem a “reposição da verdade eleitoral, com barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.

No passado dia 8 de janeiro, Derek Thompson, do The Atlantic, escreveu um texto em que declarou que o nosso século é o século “anti-social”. O seu argumento baseia-se em dados que mostram que os cidadãos americanos fazem cada vez mais refeições sozinhos, passam menos tempo com amigos e mais tempo sozinhos em casa: “Americans are spending less time with other people than in any other period for which we have trustworthy data, going back to 1965.” Claro que isto não é apenas uma tragédia americana – como tudo aquilo que é americano, também este fenómeno é global.

A conveniência que o smartphone trouxe para o seio da vida do cidadão comum está a tornar-se, como apontou Thompson, uma maldição. É por isso que defendo, hoje mais do que nunca, que ter experiências coletivas – sejam elas de que índole forem – é uma necessidade básica do Humano. O exemplo mais elementar será, porventura, o da experiência cultural: ir ao cinema e experienciar um filme com mais pessoas que decidiram, a uma determinada hora, num determinado local, assistir ao mesmo filme. Há poesia neste acaso. Uma sala de cinema nada mais é do que um sítio onde totais desconhecidos se sentam para apreciar uma obra de arte, sabendo que correm o risco de ouvir o vizinho do lado a comer pipocas a alto e bom som – é preciso coragem para isto. Ver em casa podia ser mais cómodo? Talvez sim. Mas está a tornar-se notório que faz falta interagir com o outro, nem que seja para pedir “com licença” ou para lançar um “shiu!” passivo-agressivo àquela pessoa que não para de comentar o filme com o seu date. O mesmo se aplica, diga-se, ao ato de ir às livrarias comprar livros, em vez de se recorrer ao conforto viciante da Amazon ou qualquer outra plataforma online. O Ser Humano precisa de conviver com o seu igual, precisa de estar numa livraria e ficar irritado com o cliente que não sai da estante onde também ele quer também procurar pelo seu livro ideal. Urge ainda ir aos concertos ouvir música ao vivo e lutar por uma pequena brecha no meio da multidão numa arena esgotadíssima. A luta pelo espaço, pelo conforto no meio do caos social que é o exterior é um dos grandes desafios dos dias de hoje.

O excesso de conforto que o online possibilita está a retirar ao Humano uma das suas potencialidades mais extraórdinárias: viver em comunidades organizadas de forma civilizada, seguindo códigos morais e de comportamento. E isto implica precisamente lidar com pessoas que não seguem os mesmos comportamentos ou ideais que nós – é assim que se desenvolvem as ferramentas para lidar com os ódios inorgânicos forjados por quem pretende tirar proveito de uma reclusão voluntária da sociedade por percepções de insegurança ou ansiedade social.

Portanto, que se jante fora e se olhe para a mesa do lado para ver o que tem bom aspeto; que se beba café na rua e se diga “bom dia!” de volta ao desconhecido que confundiu a nossa pessoa com uma outra que ele conhecerá de outros walks of life.

É bom que se volte, rapidamente, a falar com quem se discorda sem saber a priori que, efetivamente, tem uma posição diferente sobre seja lá o que for. A facilidade com que é possível saber, de antemão, as crenças de uma pessoa, acabou com o efeito surpresa que só uma conversa espontânea pode despoletar. É, pois, na diferença que está o maior asset no trabalho constante que é a igualdade. A cultura e a vivência no exterior expõe o indivíduo ao conflito e à adversidade. O quentinho do lar é bom, mas é nos passeios das cidades que se conhece o mundo.

Não somos senão aquilo que vem antes de nós. Toda a interação pressupõe um passado – um conjunto de experiências e vivências – que dá força aos impulsos mais defensivos. Quem sabe, seja altura de agarrar nos impulsos e desáfia-los.

Pode parecer um salto peculiar, mas é nos pequenos passos – nas idas ao cinema, às livrarias, aos restaurantes, aos cafés, onde for – que se começa a melhorar a discussão política e a combater a polarização obscena que se verifica no paradigma político internacional e que em Portugal se vai fazendo sentir com o crescimento de movimentos descendentes da extrema-direita, criadores e disseminadores de desinformação. Só uma sociedade capaz de interagir é capaz de ter um discurso porque a comunicação implica a existência de interlocutores. Se o cidadão comum está em processo de isolamento, é normal que a política – que, por natureza, é uma arte de convencer – tenha passado para um plano que faz lembrar echo chambers: os eleitores passaram a falar sozinhos e os partidos fizeram o mesmo.

“Self-imposed solitude might just be the most important social fact of the 21st century in America”, escreveu o jornalista americano, e eu acrescentaria apenas à frase “and the world”. A cura? Comecemos pela ida ao cinema e ao café do bairro. Depois logo se vê.

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Até 31 de janeiro:

  • Rendas: Esta é a data-limite para os proprietários comunicarem, através do Portal das Finanças, os valores que receberam dos seus inquilinos em 2024 relativos ao pagamento de arrendamentos, subarrendamentos, cedência de uso de um prédio ou parte dele, aluguer de maquinismos e mobiliários instalados no imóvel locado.

Até 17 de fevereiro:

  • Alteração do agregado familiar: Tem até esta data para comunicar à Autoridade Tributária (AT) alterações nos dados do agregado familiar como, por exemplo, o nascimento de filhos, casamento, divórcio, morte do cônjuge, mudança de residência permanente, dependentes em guarda-conjunta, ou filhos que deixaram de ser dependentes. Caso esta comunicação não seja concretizada, a AT irá considerar válidos os dados que constam na última entrega da declaração do IRS;
  • Despesas com rendas do interior do País: este é também o prazo limite para declarar despesas com rendas resultantes da transferência de uma residência permanente para o interior do país;
  • Arrendamento de longa duração: Os proprietários de imóveis que tenham celebrado ou renovado pela primeira vez ou cessado um contrato de arrendamento de longa duração têm até 17 de fevereiro para informar a AT desse facto, para poderem usufruir de uma taxa especial de IRS mais baixa;
  • Despesas com arrendamento de estudantes deslocados: Os contribuintes que tiverem a seu cargo estudantes deslocados num território do Interior ou numa região autónoma que habitem numa casa ou num imóvel arrendado devem registar as despesas com o arrendamento até esta data.

Até 25 de fevereiro:

  • Despesas no e-fatura: Uma das datas mais importantes e que deve mesmo estar atento. Todos os contribuintes têm até esta data para consultar, registar ou confirmar as faturas de despesas no portal e-fatura. Um processo que deve ser feito por todos os membros do agregado, incluindo as crianças. Caso tenha obtido rendimentos de trabalho independente no ano passado e optado pelo regime simplificado, deverá também indicar no portal a natureza das despesas (pessoais, profissionais ou mistas).

De 16 a 31 de março

  • Despesas para dedução: A partir de 16 de março, os montantes apurados para deduções no IRS (por exemplo, despesas em saúde, educação, habitação ou lares de idosos) ficam visíveis para consulta na área pessoal do Portal das Finanças. Para além das despesas comprovadas por faturas podem ainda ser consultados outros gastos dedutíveis no IRS incluindo os juros do crédito à habitação, rendas da casa, taxas moderadoras ou propinas de estabelecimentos de ensino públicos.

Até 31 de março

  • Consignação do IRS e IVA: Este é o prazo limite para – quem assim o desejar fazer – consignar o IRS e/ou o IVA para uma entidade que deseje apoiar antes da entrega do IRS.
  • IBAN: Os contribuintes têm também até 31 de março para registar ou atualizar o seu IBAN para efeitos de reembolso, no Portal das Finanças.

De 1 de abril a 30 de junho

  • Entrega do IRS: O prazo mais importante a cumprir deste calendário, a entrega do IRS referente a 2024, ocorre entre 1 de abril a 30 de junho, no Portal das Finanças, independentemente da categoria de rendimentos. Muitos contribuintes têm já acesso ao IRS automático. Depois de entregar a declaração pode e deve consultar o seu estado no portal das Finanças, dado que podem existir erros que devem ser corrigidos Caso a declaração esteja “certa” e tenha direito a reembolso, a AT tem até 31 de agosto para devolver o IRS.

Palavras-chave:

Os parlamentares cristãos rondam os 87%, enquanto a população cristã está nos 62%, em contraste com o início dos anos60, quando nove em cada dez adultos dos EUA se identificavam como cristãos, segundo a Gallup.

De entre as religiões representadas no congresso, por 461 parlamentares, a maioria é protestante (295) todavia são menos oito do que na legislatura anterior. Em 1961 chegou a haver 398 membros ligados ao campo protestante, mas houve menos de 300 protestantes em seis das últimas nove sessões na última década e meia. Deste o maior grupo é o dos baptistas (75), seguido de metodistas (26), presbiterianos (26), episcopais (22) e luteranos (19).

O congresso conta ainda com 150 católicos e 9 mórmons, 32 judeus, 4 muçulmanos, 4 hindus, 3 budistas e 3 unitaristas universalistas. Depois ainda há os congressistas inquiridos que não identificaram a sua filiação religiosa (21) ou não puderam ser contactados.

O instituto de pesquisa CQ Roll Call, uma editora de Washington DC, que acompanha de perto o Congresso há décadas, citado pelo Pew Research Center, não inquiriu os congressistas sobre as suas crenças ou práticas, solicitando-lhes apenas a filiação religiosa e, depois, comparou os dados recolhidos com as pesquisas nacionais sobre a população americana.

Conclui-se assim que a nova composição do congresso americano é mais religiosa do que a população do país. Acresce que 28% dos americanos (quase 3 em cada 10) serão ateus ou agnósticos, portanto sem filiação religiosa, ou afirmam que a religião para eles não é relevante, quando menos de 1% dos congressistas se enquadram nessa categoria (3), 2 democratas e 1 republicano. Apesar de estes cidadãos, conhecidos como “nones”, terem vindo a aumentar rapidamente (passaram de 16% em 2007 para 28% de acordo com os últimos estudos), a sua representação no Capitólio continua a ser irrelevante.

A análise dos membros do congresso, que iniciou recentemente uma nova legislatura, se efetuada do ponto de vista religioso pode parecer uma perspetiva estranha, mas apenas para quem não conhece a sociedade americana. A acelerada secularização da Europa – fenómeno a que os EUA não fogem, mas onde é muito mais lenta – funciona como cortina de fumo que impede uma visão clara neste caso. Com efeito, enquanto o continente europeu acedeu à modernidade através do secularismo, a América fê-lo através da religião. Apesar de a separação entre estado e religião ser igualmente uma marca institucional americana, a verdade é que aquela sociedade ainda é marcada profundamente pelo fenómeno religioso, ao contrário da Europa.

O excesso de representação dos cristãos – representação indireta, é claro! – do ponto de vista religioso no congresso, resulta da antiga ideia de que os cristãos precisam de estar nos corredores do poder para o influenciar e não deixar a outras orientações religiosas esse papel.

Billy Graham foi chamado o “pastor da América” devido à sua persistente notoriedade e integridade a toda a prova, tendo desempenhado as funções de conselheiro de inúmeros presidentes na Sala Oval, décadas a fio. Um dia propuseram que se candidatasse à presidência dos Estados Unidos, coisa que ele recusou de imediato, afirmando que não estava disposto a trocar a sua função religiosa por uma posição política que, por muito prestigiante que fosse, era em seu entender muto menos útil e relevante para o seu propósito de vida.

A experiência mostra, e facilmente se conclui, que não é por estarem mais ou menos congressistas cristãos sentados no Capitólio, ou em qualquer parlamento do mundo, que o país passa a ser melhor, mais justo e harmonioso. Teoricamente até poderia ser, mas na realidade não é, porque uma vez eleitos passam a meter a ética religiosa na algibeira e a priorizar e atender interesses políticos pessoais e de grupo. O apóstolo Paulo advertia Timóteo na sua segunda carta que lhe terá dirigido (3:1-5) quando falava de homens que, tendo aparência de piedade, negavam a eficácia dela. E pedia-lhe que se afastasse dos tais.

Curiosamente, o fundador da fé cristã nunca se interessou por palácios, centros de poder civil ou religioso, preferindo desenvolver a sua ação no meio das pessoas e para elas, sem distinções. Jesus Cristo não virava costas aos ricos e poderosos como Nicodemos ou o jovem rico, mas nunca se deixou prender pelos seus interesses específicos. Veio para todos, morreu por todos e oferece salvação universal a todos, independentemente da cor da pele, extrato social, género, idade, linhagem, condição política ou cultura.  

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Quando Deus rima com surpresa

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

“Vamos começar a cobrar àqueles que lucram às nossas custas com o comércio, e eles começarão a pagar, FINALMENTE, a parte que lhes cabe”, anunciou o presidente eleito dos Estados Unidos, numa mensagem que publicou na sua rede social, Truth Social.

O Serviço de Receitas Externas (ERS, na sigla em inglês), como se designará, será lançado a 20 de janeiro, dia da tomada de posse do republicano como 47.º Presidente dos Estados Unidos, em que se espera que tome as primeiras decisões do seu segundo mandato na Casa Branca (2025-2029).

Donald Trump criticou também os “acordos comerciais suaves e pateticamente fracos” até agora em vigor. “A economia norte-americana proporcionou crescimento e prosperidade ao mundo, enquanto nos tributava a nós mesmos”, afiançou.

O tema das tarifas aduaneiras – “tarifa”, assumiu Trump, é “a palavra mais bonita do dicionário” – tem sido recorrente nos seus discursos nos meses. O presidente eleito anunciou que imporá uma taxa aduaneira de 25% ao México e ao Canadá sobre todos os produtos que entrem no país e tenciona aplicar outra, de 10%, a todos os produtos chineses, até que Pequim trave a entrada de fentanil em território norte-americano.

Neste momento, ainda com janeiro por terminar, já há três candidatos a Belém: o almirante Gouveia e Melo, o ex-líder do PSD e comentador Marques Mendes, e o líder do Chega, André Ventura. Um já anunciou, e os outros dois aguardam a conjugação das estrelas. Cada um tenta consolidar o seu potencial eleitorado e atrair os indecisos e independentes.

Falta, obviamente, o candidato que será apoiado pelo PS, e talvez por outros partidos, sendo quase garantido que o Bloco de Esquerda também escolherá um candidato próprio. Somando estas opções, já temos sete certezas, embora algumas ainda sem nome definido. Convém também não esquecer que nestas eleições é habitual surgirem figuras conhecidas, ou não, que se consideram aptas para disputar a Presidência.

A questão, por agora, não é saber se haverá uma segunda volta presidencial, mas antes alocar os candidatos conhecidos a um espectro político. Os independentes tentam escapar a esta categorização, mas as sondagens revelarão para quem se inclina o eleitorado.

Parece evidente que tanto Gouveia e Melo como Marques Mendes deverão anunciar a sua disponibilidade e candidatura mais rapidamente do que se previa. Antes do início da Primavera será provavelmente o momento certo — para eles e para todos os outros. Portugal, felizmente, conta com homens e mulheres extraordinariamente qualificados para o cargo, que está muito longe de ser apenas simbólico ou meramente honorífico.

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Nos últimos dias Portugal tem sido afetado por uma massa de ar polar, proveniente do interior do continente europeu, que tem feito baixar – e muito – os termómetros. Contudo, e embora a semana tenha arrancado com tempo estável e seco, a situação meteorológica poderá vir a mudar já no próximo fim de semana.

O tempo soalheiro e as temperaturas muito baixas devem estender-se até ao final desta semana, existindo um aviso amarelo em vigor para quarta-feira, dia 15, em todo o território continental, devido ao frio que se fará sentir. De acordo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), 14 distritos já se encontram em estado de alerta amarelo – o menos grave de uma escala de três – aos quais se juntarão mais quatro (Faro, Beja, Évora e Portalegre) a partir das 9 horas de quarta-feira. O aviso prolonga-se até às 9h de quinta-feira.

Em algumas regiões do interior Norte e Centro, de acordo com a Meotored Portugal, prevêem-se temperaturas mínimas abaixo do 0ºC. Já no interior Norte e Centro, as temperaturas máximas deverão rondar entre os 9 e os 11ºC e, no Algarve, espera-se que os termómetros cheguem a atingir valores iguais ou superiores a 15ºC.

Mas até quando vai durar este frio?

Segundo as previsões da Meteored, só a partir do próximo sábado é que a massa de ar polar poderá começar a enfraquecer e a permitir a chegada de uma frente fria de fraca atividade ao continente, proveniente do Atlântico. Caso se verifiquem estas previsões, é possível que ocorra alguma precipitação no norte do País, nas regiões do Minho (distritos de Viana do Castelo e Braga) e, possivelmente, no distrito do Porto, que pode resultar na subida das temperaturas mínimas.

Palavras-chave:

À margem de um encontro com associações de doentes da área de oncologia, em Lisboa, Ana Paula Martins respondeu a várias questões dos jornalistas relacionadas com o plano de inverno do Sistema Nacional de Saúde.

“Não posso reconhecer de maneira nenhuma que o plano de inverno esteja a falhar. Desde logo porque o plano de inverno, que foi feito por todas as nossas unidades de saúde familiar, apresenta níveis de contingência muito claros e eles têm sido respeitados”, sublinhou a ministra, que salientou ainda que coberturas de vacinação contra a gripe e a Covid-19 foram “muito positivas este ano”.

Ana Paula Martins destacou também a importância da prescrição de análises e exames a partir dos lares, o que “nunca tinha acontecido” e retira os idosos das “portas do centro de saúde” ou das “portas dos hospitais”.

Em marcha continua o plano, através de novos acordos, para retirar os casos sociais dos hospitais e integrá-los na Rede Nacional de Cuidados Continuados e nos lares, mas este não é um problema que se resolva “de um dia para o outro, nem de um ano para o outro”. “Uma parte da pressão que acontece nos hospitais nesta altura também tem que ver com o facto de termos (…) mais de um milhar [de doentes] nos hospitais e que não deviam lá estar”, sublinhou.

Segundo a Lusa, a ministra acredita que se consiga melhorar esta situação ainda este inverno, graças os esforços que têm sido feitos com os ministérios do Trabalho e da Segurança Social e das Finanças, bem como às verbas do Plano de Recuperação e Resiliência e aos novos acordos que estão a ser celebrados.

O problema das urgências

Sobre os serviços de urgência de alguns hospitais, a ministra reconheceu que a tutela tem “uma preocupação evidente” com essas unidades que, “pela pressão que estão a sofrer, apresentam tempos de espera muito acima daquilo que não só é recomendado sob o ponto de vista clínico, mas até sob o ponto de vista humano”.

“Sabemos que todos os invernos, apesar de nos prepararmos muitíssimo, este é sempre um teste enorme de resistência, de resiliência ao Serviço Nacional de Saúde. É aqui, em Inglaterra, em Espanha, em França. Mas a verdade é que os nossos cidadãos precisam de respostas e nós (…) procuramos dia a dia” encontrá-las.

Ainda questionada sobre se a resposta que está a ser dada nas urgências é eficaz com equipas constituídas também por internos com pouca experiência, a ministra escusou-se a responder, porque a organização destes serviços “depende, e bem, dos diretores dos serviços de urgência e dos diretores clínicos das instituições”, sendo muito variável no País.

“É uma matéria de auditoria clínica e que compete aos clínicos e, neste caso, à Direção Executiva, juntamente com os diretores clínicos de hospitais rever se eventualmente funcionou pior ou melhor num sítio ou noutro”, concluiu.

A Polícia de Segurança Pública (PSP) venceu a edição de 2024 do concurso anual de fotografia da Europol, o Capture24, na categoria “Votação do Público”. A fotografia, com a autoria da chefe Sara Teixeira, do Comando Distrital de Bragança, mostra um Careto de Podence, montado numa mota, ao lado de um polícia de trânsito da PSP e pretende representar “de forma simbólica a ligação entre a segurança e a tradição transmontana”.

A competição de fotografia estava aberta às forças de segurança de todos os Estados-membros da União Europeia e contava ainda com outras duas distinções: uma votada pela comunidade internacional de polícias representada na sede da Europol e outra pelos chefes de comunicação das autoridades policiais europeias. O espanhol Sérgio Chicharro e a dinamarquesa Connie Maria Wesergaard foram os premiados.

A polícia portuguesa considera que “este reconhecimento sublinha o compromisso da PSP com a segurança e proximidade à comunidade” e “leva além-fronteiras as tradições culturais portuguesas”, pode ler-se num comunicado.

A vencedora do concurso ganhou uma viagem aos Países Baixos e uma visita às instalações da Europol. O trabalho fotográfico de Sara Teixeira irá ainda constar no calendário de 2025 da Europol.

Figuras típicas do carnaval de Trás-os-Montes e Alto Douro, os Caretos de Podence são Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO desde 2019.

Quatro. Número natural, par, que vem depois do três e antes do cinco. No entanto, para o setor aeroespacial em Portugal, representa algo muito mais significativo: é o número de satélites portugueses que terão sido enviados para órbita até ao final do dia de hoje (se tudo correr como planeado), desde março de 2024.

Portugal continua a afirmar-se no setor aeroespacial, com o lançamento iminente de mais dois satélites desenvolvidos em território português: o Prometheus-1 e o PoSAT-2. Estes satélites serão lançados para órbita por volta das 18:50, hora de Lisboa, nesta terça-feira. Este marco sucede os lançamentos do Aeros MH-1, em março passado, e do ISTSat-1, em julho, consolidando a presença de Portugal na exploração espacial.

Os dois satélites serão lançados a partir da Base Espacial de Vandenberg, na Califórnia, EUA, a bordo do veículo espacial Falcon 9, da SpaceX, e têm missões e objetivos distintos. O PoSAT-2, desenvolvido pela empresa LusoSpace, custou cerca de um milhão de euros e permitirá receber dados sobre a localização de navios, alertar as embarcações sobre condições meteorológicas adversas ou possíveis ameaças de pirataria, bem como enviar mensagens de socorro. Já o Prometheus-1, desenvolvido pela Universidade do Minho (UMinho), apresenta uma abordagem bem diferente. Este projeto, inserido no âmbito da parceria internacional Carnegie Mellon Portugal, com a Universidade de Carnegie Mellon, nos EUA, tem como principal missão aproximar os alunos da realidade espacial, permitindo-lhes interagir diretamente com um satélite igual ao que estará no Espaço.

O objetivo deste satélite é permitir que os alunos tenham contacto com o Espaço desde cedo

A ideia partiu de Alexandre Ferreira da Silva, docente dos cursos de Engenharia Electrónica e Aeroespacial da Universidade do Minho, no momento em que ingressou na instituição e participou no lançamento do curso de Engenharia Aeroespacial. “Para o lançamento do curso, procurei formas diferenciadoras de ensinar. Percebi que havia bastante atenção em rockets e drones, mas pouco se falava de satélites,” explicou em entrevista à Exame Informática.

O professor Alexandre Ferreira da Silva liderou o projeto

Foi através de um contacto com um colega norte-americano que surgiu a oportunidade de construir um “pocket cube”, um satélite com dimensões semelhantes a um cubo de Rubik, com cinco centímetros de lado e apenas 250 gramas. “Ele apresentou um desenho preliminar e, com base nesse modelo, realizámos uma revisão. Apesar de alguns atrasos devido à falta de componentes, conseguimos concretizar o projeto.”

Missões e inovações tecnológicas

O Prometheus-1 foi batizado em alusão ao titã Prometeu, figura da mitologia grega que roubou o fogo aos deuses e o entregou à humanidade. “Nós não queremos roubar nada [risos], mas sim trazer o Espaço para dentro da sala de aula,” afirmou o docente. O satélite, pensado e desenvolvido ao longo de dois anos, tem como principal missão validar o modelo educativo que inspira o próprio design. O Prometheus-1 estará em órbita a cerca de 550 km de altitude e é muito idêntico às unidades utilizadas pelos alunos em sala de aula, demonstrando que é possível construir um satélite funcional com recursos acessíveis.

Equipado com uma pequena câmara, o Prometheus-1 também realizará experiências simples de classificação de imagens e controlo de altitude. “Quando um satélite é colocado em órbita, vai aos trambolhões. Desenvolvemos estruturas para estabilizá-lo e vamos explorar isso durante a missão,” acrescentou Alexandre Ferreira da Silva, de 40 anos.

Embora o desenvolvimento tenha envolvido apenas um aluno de forma dedicada, a experiência acumulada servirá, também, para motivar futuros alunos a propor novas iniciativas espaciais num futuro próximo.

Outra inovação significativa foi a experiência de lidar com os processos burocráticos de lançamento. Desde licenças de comando e controlo até à coordenação de frequências, a equipa adquiriu competências valiosas que serão transmitidas aos alunos. O custo do lançamento foi de cerca de 18 mil euros, valor financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.

O projecto foi liderado pela Universidade do Minho, mas conta também com uma colaboração com o Instituto Superior Técnico (IST), responsável pela estação terrestre que permitirá comunicar com o satélite.

O satélite tem apenas 5 centímetros de lado e pesa 250 gramas

O tempo de ‘vida’

Composto por PCB (Placas de Circuito Impresso), uma escolha estratégica para reduzir o peso e os custos de construção, o satélite tem diversos componentes eletrónicos integrados diretamente numa única placa. “Esta abordagem foi adotada com uma lógica educativa, por isso a radiação, ao longo do tempo, acabará por determinar o fim da vida útil do satélite”, explica o professor.

O satélite tem uma vida útil estimada de “alguns meses até um ano” e, durante este período, qualquer pessoa com equipamento de rádio amador poderá receber os sinais, bem como dados sobre a temperatura e o estado da bateria. Para comunicações mais avançadas, como a transmissão de imagens, será necessária a estação terrestre do IST.

Com um custo de produção inferior a mil euros, o Prometheus-1 pretende demonstrar ser um modelo viável para projetos educacionais e quer inspirar o desenvolvimento de futuros satélites. “Queremos que os alunos tenham contacto directo com o Espaço desde cedo e que Portugal continue a estar na crista da onda no setor aeroespacial,” concluiu Alexandre Ferreira da Silva.

Portugal tem, em conjunto com Espanha, o objectivo de lançar uma constelação de satélites para o Espaço nos próximos anos, o que significa que o crescimento luso na área do Espaço certamente não ficará por aqui.

Base Espacial de Vandenberg

Está localizada na costa do Oceano Pacífico, a cerca de 240 km a noroeste de Los Angeles. Esta localização estratégica permite lançamentos em trajetórias polares, o que é ideal para missões de observação da Terra, pois permite que os satélites passem sobre todas as regiões do planeta à medida que a Terra gira. A base tem sido um ponto crucial para lançamentos de satélites de diversas agências espaciais e empresas privadas.