A Nintendo ainda não divulgou detalhes da nova Switch. Mas já se sabe que continuará a ser uma consola híbrida, capaz de funcionar em modo portátil e em modo TV. É provável que, neste modo, a consola possa apresentar jogos em resolução 4K. Espera-se, ainda, novos comandos Joy-Con, mais precisos e fiáveis, com sistema de fixação magnética. NINTENDO Switch 2 Lançamento: março a julho de 2025 Preço: N.D. www.nintendo.com
Smartwatch com medição de glicose
Vários rumores apontam para uma novidade, na próxima geração do Apple Watch, capaz de melhorar significativamente a qualidade de vida das pessoas: a integração de um sensor de glicose não invasivo. A Apple estará a desenvolver esta tecnologia para que seja possível monitorizar de forma constante o nível de glicose no sangue, para, por exemplo, detetar situações de pré-diabetes. Apple Watch Series 11 Lançamento: setembro Preço: desde €500 www.apple.com
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O próximo sucesso da Tesla
Não é segredo para ninguém que a Tesla está a dar os “últimos toques” na nova versão do Model Y, que já foi revelada no mercado da Ásia-Pacífico. Já se sabe que, como aconteceu com o Model 3, apresentará melhorias na eficiência energética, mais autonomia e mais tecnologia. Neste campo, uma das novidades será o segundo ecrã para os bancos de trás. Em termos de design, tem linhas muito semelhantes às do atual Y, mas com novas óticas ligadas (barra LED entre a ótica esquerda e a direita). As óticas frontais fazem lembrar as óticas da Cybetruck. Espera-se, ainda, a inclusão da versão mais recente do hardware de condução autónoma, seja a nível do computador (bem mais poderoso), seja a nível das câmaras (de maior resolução). Neste campo, o novo Tesla integra uma câmara no para-choques frontal, para obter ainda mais informação visual do que se passa em redor do veículo.
Apesar das melhorias, os analistas esperam que o preço do novo Model Y seja igual ou próximo do preço da versão atual. Embora seja possível que a Tesla comece por comercializar exclusivamente a versão Long Range (dois motores, maior autonomia) e só depois introduza a versão mais acessível. A versão Performance (mais potente e com afinação desportiva, nomeadamente na suspensão e nos travões) deverá aparecer ainda mais tarde. Tesla Model Y Lançamento: primeiro semestre de 2025 Preço: desde €45 000 www.tesla.com
Portátil com ecrã de enrolar
O Lenovo ThinkBook Plus é uma máquina muito portátil, mas que, graças à tecnologia de ecrã enrolável, poderá apresentar uma área de visualização típica de um ecrã de grandes dimensões. Nas imagens, é possível observar um ecrã que se estende verticalmente. O design é semelhante ao conceito de 2023, que também apresentava um ecrã expansível para cima. Aparentemente, a Lenovo pretende que este recurso seja utilizado para melhorar a produtividade em multitarefas. Nas imagens divulgadas, por exemplo, é possível ver um vídeo do YouTube a ser reproduzido na parte inferior do ecrã, enquanto a superior exibe outro conteúdo. Outro exemplo mostra um documento visível por baixo de uma apresentação em PowerPoint.
Ainda não há informações oficiais sobre as especificações técnicas ou preço do novo ThinkBook Plus. No entanto, é de se esperar que ele venha equipado com componentes de alto desempenho e suporte para IA. Lenovo ThinkBook Plus Lançamento: ND Preço: ND www.lenovo.com
Ultraportátil de luxo… acessível
Promete ser um portátil de sonho para os “guerreiros da estrada”, ou seja, para quem procura um computador para levar para todo o lado. Isto porque o Zenbook A14 pesa menos de 1 kg e é mesmo muito fino. O que mais impressiona nesta máquina é o toque quase orgânico do chassis criado numa liga exclusiva da Asus, a que a marca chamou de Ceraluminum – uma liga que resulta da junção, através de um complexo processo, de cerâmica a alumínio. Este material é resistente a riscos e a impressões digitais. O Zenbook A14 vai estar disponível em duas cores, um cinzento e um creme. Cores naturais, criadas através de dois níveis de oxidação do Ceraluminum.
No interior, há um processador Qualcomm Snapdragon X, com unidade dedicada a acelerar algoritmos de Inteligência Artificial. O que significa que o Zenbook A14 é um Copilot+PC, ou seja, inclui ferramentas de IA no sistema operativo. A grande eficiência energética do processador e a bateria de grande capacidade permitem uma autonomia que pode ultrapassar as 30 horas.
De acordo com a informação disponível, um dos trunfos desta máquina será o preço, abaixo do que seria de esperar, considerando as características premium apresentadas. Asus Zenbook A14 Lançamento: início de 2025 Preço: €1299 www.asus.com
Saúde debaixo de olho
A evolução dos wearables prossegue, reforçando o seu papel como ferramentas essenciais para a monitorização da saúde. O Apple Watch Series 11 será, sem dúvida, um dos protagonistas, existindo a forte possibilidade de integração de um sensor de glicose não invasivo. O Samsung Galaxy Watch 8 acompanhará esta tendência, aprimorando as suas capacidades de monitorização e a integração com o ecossistema da marca.
Paralelamente, os anéis inteligentes, como o Oura Ring, ganharão maior proeminência. Marcas como a Samsung, e possivelmente a Fitbit, deverão apresentar as suas novas propostas, combinando um design discreto com a monitorização precisa de dados biométricos, com particular ênfase na qualidade do sono. Uma vez mais, a IA vai ser aplicada para potenciar os algoritmos que vão ser capazes de apresentar diagnósticos e recomendações cada vez mais completas, com base na informação detetada pelos sensores dos wearables.
Realidade Virtual e Aumentada: será desta?
2025 poderá ficar marcado pela democratização da Realidade Aumentada (AR). Muitos esperam que a Apple apresente uma segunda geração dos óculos Vision Pro, ou, em alternativa, uma versão mais acessível, com boa parte da tecnologia disponibilizada da versão Pro. Já no universo da Realidade Virtual (RV), a Meta prosseguirá o desenvolvimento do seu ecossistema com o Quest 4, que se antevê mais leve, com superior resolução e poder de processamento acrescido.
Contudo, o maior potencial de disrupção e popularização reside nos óculos de RA desenvolvidos por outras gigantes tecnológicas. Samsung e Xiaomi, por exemplo, encontram-se a desenvolver os seus próprios dispositivos, e 2025 poderá ser o ano em que esses projetos verão a luz do dia. As implicações desta tecnologia são vastas, desde a sobreposição de informação contextual ao mundo real até à tradução simultânea e à colaboração remota em ambientes 3D. Sobre isto, o desenvolvimento da IA pode funcionar como um fator decisivo para aumentar a atratividade dos óculos de RA e RV.
Inteligência Artificial no bolso
Espera-se que a Samsung antecipe o lançamento da nova série Galaxy S, os smartphones de topo do fabricante sul-coreano. No que ao design diz respeito, não é de prever mudanças relevantes… a não ser na versão Ultra. As evoluções serão, sobretudo, no interior, com a adoção do novo processador de alto desempenho da Qualcomm, o Snapdragon 8 Elite, e, provavelmente, mais memória RAM. Como o S24, o S25 deverá estar disponível em três versões: S25, S25 Plus e S25 Ultra. E deverá ser o Ultra que apresentará maiores diferenças de hardware relativamente à geração atual, com destaque para um ecrã de 6,86”, um pouco maior que o S24 Ultra e sem as margens laterais boleadas, e para a câmara ultragrande-angular, que passa a ser de 50 megapíxeis (em vez dos 12 MP atuais).
As melhorias mais importantes deverão estar na componente Galaxy IA. Funcionalidades que até vão estar disponíveis logo no ecrã de bloqueio. São esperadas melhorias nas ferramentas de desenho, edição de fotografia, tradução em tempo real e análise de textos. Ferramentas que deverão ser facilmente usadas através de pedidos, em voz natural, à assistente digital Bixby da Samsung.
Samsung Galaxy S25 Lançamento: início de 2025 Preço: ND www.canon.com
Robôs humanoides domésticos
A evolução da IA também veio acelerar a evolução da robótica. Incluindo dos robôs humanoides que estamos habituados a ver nos filmes de ficção científica. Os especialistas não acreditam que a popularização desta tecnologia esteja para breve, mas é provável que em 2025 sejam comercializados os primeiros robôs humanoides domésticos, capazes de ajudar em tarefas como limpar a casa, lavar a roupa ou preparar refeições. Robôs com formas similares às dos humanos. Um dos projetos mais avançados é o Tesla Bot, mas é de esperar que este robô comece por operar apenas num contexto industrial nas fábricas da Tesla. O NEO da 1X deverá chegar primeiro, já em 2025, segundo a startup norueguesa.
Artigo publicado na Exame nº 487 de janeiro de 2025
A Xiaomi afirma que o 15 Ultra é anunciados como o primeiro smartphone a oferecer um zoom ótico de nível superior, com distâncias focais que vão dos 14 mm aos 200 mm. No coração do sistema fotográfico está a câmara principal Leica de 1 polegada, com um sensor Sony LYT-900 de 50 MP. A esta junta-se uma câmara teleobjetiva flutuante Leica de 70 mm, concebida para retratos e fotografia macro, uma câmara ultra teleobjetiva Leica de 200MP e uma câmara ultra grande angular Leica de 14 mm.
Além da fotografia, o Xiaomi 15 Ultra suporta gravação de vídeo Dolby Vision a 4K 60 fps e gravação de vídeo Log de 10 bits em todas as distâncias focais. A estabilização ótica e eletrónica da imagem , segundo a marca chinesa, vídeos de qualidade profissional.
O design do Xiaomi 15 Ultra também foi alvo de atenção, com inspiração nas câmaras clássicas, combinando uma construção robusta com um toque de sofisticação. O revestimento em couro PU e a costura de inspiração retro evocam a estética das câmaras icónicas do passado. O ecrã AMOLED WQHD+ de 6,73 polegadas garante imagens nítidas em qualquer condição de iluminação, com um pico de brilho de 3200 nits.
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Ecrãs de bloqueio cinemáticos e HyperOS 2
O Xiaomi 15 Ultra introduz ecrãs de bloqueio cinemáticos com o Xiaomi HyperOS 2. Estes ecrãs oferecem modelos, elementos e temas cinematográficos, proporcionando uma experiência visual mais envolvente. O utilizador pode recorrer a esta funcionalidade para criar ecrãs de bloqueio animados e com efeitos especiais com base nos vídeos gravados com o próprio smartphone.
O HyperOS 2 é a mais recente versão do sistema operativo da Xiaomi, que oferece uma experiência de utilização otimizada com funcionalidades de IA. As funcionalidades incluem IA Writing (escrita de textos com auxílio de IA), AI Speech Recognition (reconhecimento de voz) e AI Creativity Assistant com ferramentas como AI Image Enhancement (melhoria de imagem), AI Image Expansion (expansão de imagem), AI Eraser Pro (apagar elementos de uma imagem), AI Reflection Removal (remoção de reflexos), AI Magic Sky (substituição do céu em imagens) e AI Film (aplicação de filtros cinematográficos em vídeos).
O HyperOS 2 também inclui o Xiaomi HyperConnect, que permite a interação com outros dispositivos, como PCs e plataformas iOS/macOS. As novas funcionalidades incluem Cross-device Camera e Combined Cameras, que permitem usar a câmara de outro dispositivo e combinar feeds de vídeo de vários dispositivos, respetivamente.
O Xiaomi 15 Ultra estará disponível nas cores Black, White e Silver Chrome numa versão com 16 GB de memória RAM e 512 GB de armazenamento. Em Portugal, o preço anunciado é de €1499.
A Exame Informática já está a testar o Xiaomi 15 Ultra e vamos publicar a análise dentro de alguns dias.
Xiaomi 15
O Xiaomi 15 partilha o mesmo processador Snapdragon 8 Elite do Xiaomi 15 Ultra, bem como as funcionalidades de IA do HyperOS 2. A principal diferença entre os dois modelos reside no sistema de câmaras. O Xiaomi 15 possui um sistema de câmara tripla com uma câmara principal Leica, uma câmara teleobjetiva Leica de 60 mm e uma câmara ultra grande angular Leica de 14 mm.
O Xiaomi 15 estará disponível nas cores Black, White, Green e Liquid Silver. Em Portugal, o preço anunciado é de €1099 para a versão com 12 GB de memória RAM e 512 GB de armazenamento.
De 2 a 16 de março de 2025, na compra de um Xiaomi 15 ou Xiaomi 15 Ultra, os clientes recebem um Xiaomi Pad 7 Gray 8GB RAM + 128GB ROM sem custos adicionais.
A Xiaomi anunciou o seu mais recente smartwatch, o Xiaomi Watch S4, que chega com a promessa de combinar estilo, saúde e produtividade num só dispositivo. Com um ecrã AMOLED de 1,43 polegadas, o Watch S4 oferece uma experiência visual nítida e vibrante, com resolução de 466×466 píxeis e brilho máximo de 1500 nits, que deverá garantir boa visibilidade mesmo sob luz solar direta.
A bateria, que promete até 15 dias de utilização normal, é um dos destaques deste smartwatch. Até porque, segundo dados da marca, bastam 5 minutos de carregamento para o Watch S4 conseguir até dois dias de autonomia.
O design do Xiaomi Watch S4 é outro ponto forte, com molduras e braceletes intercambiáveis que permitem personalizar o relógio de acordo com o estilo de cada utilizador. Os mostradores do relógio também foram pensados para oferecer funcionalidades adicionais, como o Clearheaded, que monitoriza os níveis de stress com indicadores animados, e o Wild Walker, que fornece direção e altitude em tempo real.
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No que toca à saúde, o Xiaomi Watch S4 está equipado com um algoritmo atualizado que monitoriza continuamente a frequência cardíaca, oxigénio no sangue, níveis de stress e padrões de sono, com uma precisão anunciada de 98%. O relógio gera um relatório de saúde em cerca de 60 segundos e oferece cursos de treino respiratório para ajudar os utilizadores a melhorar o seu bem-estar.
Para os amantes de desporto, o Watch S4 suporta mais de 150 modos desportivos e integra um GPS avançado L1+L5, que assegura uma localização precisa durante as atividades ao ar livre.
O Xiaomi Watch S4 não se limita a ser um relógio inteligente, mas também um centro de controlo para outros dispositivos. Através do Xiaomi Smart Hub, é possível conectar smartphones, tablets, auriculares e dispositivos domésticos inteligentes para uma gestão unificada. O relógio permite ainda encontrar o telemóvel ou tablet com um simples toque, capturar fotos remotamente e ajustar as configurações dos auriculares.
A Xiaomi introduziu ainda gestos inovadores no Watch S4, como estalar os dedos para rejeitar chamadas ou dispensar notificações, tornando a utilização do dispositivo ainda mais prática.
Com um preço a partir de €159,99, o Xiaomi Watch S4 apresenta-se como uma opção atrativa para quem procura um smartwatch completo, com funcionalidades avançadas de saúde, fitness e produtividade.
Anunciado pelo então ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, em 2022, o Museu de Arte Contemporânea/Centro Cultural de Belém carregava o peso de décadas de promessas e mal-entendidos. Afinal, Lisboa, campeã recente nas estatísticas do turismo global e histórica capital europeia com vistas atlânticas, nunca tinha tido um grande museu de arte contemporânea internacional, hoje obrigatório polo de atração em qualquer grande ou mesmo média cidade, um pouco por todo o mundo. Isso não significa que não houvesse arte moderna e contemporânea, e de qualidade, em museus. Aliás, até data de 1911 a abertura de um museu Nacional de Arte Contemporânea, em pleno Chiado. Mas ele acabaria por ser símbolo do País desfasado com a contemporaneidade que Portugal foi durante grande parte do século XX, transformando-se, mesmo, num instrumento de extremo conservadorismo nas décadas de 50 e 60, fechado a tudo o que cheirasse a “arte moderna.” Fechou, decadente, em 1988 e reabriu em 1994, afirmando-se como um espaço para arte contemporânea portuguesa, mas lutando sistematicamente com orçamentos insuficientes. E havia a Gulbenkian, claro, que em 1984 abria o seu Centro de Arte Moderna, também focado sobretudo em artistas portugueses, dando-lhes um lugar que nunca antes tinham tido.
Em 1993, um ano antes de Lisboa ser Capital Europeia da Cultura, o Centro Cultural de Belém passou, praticamente de um dia para o outro, depois de abrirem as portas, de obra polémica e assustador mamarracho que ia ofuscar os Jerónimos para farol de modernidade a iluminar um futuro radioso. Começou a fazer parte do quotidiano cultural dos lisboetas e visitantes. Em junho de 2007, aquilo que era conhecido como Centro de Exposições, por onde passaram grandes nomes da arte portuguesa e mundial, transformou-se no Museu Berardo, exclusivamente dedicado à coleção do “comendador”, como gosta de ser tratado, Joe Berardo, nascido na Madeira em 1944, construída sobretudo nos anos 90, com a orientação e sabedoria de Francisco Capelo. A qualidade desse acervo, centrado no século XX e com obras de praticamente todos os grandes nomes, europeus e americanos, do cânone das artes plásticas, fez com que o Museu Berardo (um sucesso de público, até porque durante anos a entrada era gratuita) fosse o mais próximo que Lisboa já tinha tido de um grande museu de arte contemporânea, com um estatuto internacional.
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Interferências e desvios
Agora, o nome de Berardo desapareceu da designação e o Museu de Arte Contemporânea/Centro Cultural de Belém (MAC/CCB), inaugurado em 2023, é o projeto que mais configura essa ambição na capital portuguesa. Tem mesmo, desde 2024, uma diretora artística, escolhida por concurso internacional: a espanhola Nuria Enguita, chegada do IVAM, Instituto Valenciano de Arte Moderna. A grande parte do seu acervo ainda é composta pelas obras da coleção Berardo, mas juntaram-se-lhe (ver caixa) a Coleção Ellipse, a Coleção de Arte Contemporânea do Estado e a Coleção Teixeira de Freitas. Além disso, o MAC/CCB apresenta peças emprestadas por muitas outras coleções e instituições (como a Fundação Calouste Gulbenkian, a Coleção da Caixa Geral de Depósitos, a FLAD e várias coleções privadas e arquivos de artistas).
E, agora sim, chegamos à exposição que abriu portas nesta quinta-feira, 27. Juntamente com Objeto, Corpo e Espaço – a revisão dos géneros artísticos a partir da década de 1960, que pode ser vista no piso -1, Uma Deriva Atlântica – as artes do século XX, no piso 2, configura uma exposição permanente que serve de âncora, entre várias mostras temporárias, ao tão sonhado Museu de Arte Contemporânea lisboeta aberto ao mundo. Dissemos “permanente”? “É uma exposição permanente em permanente transformação”, corrige-nos Marta Mestre, curadora da exposição ao lado da diretora artística Nuria Enguita e de Mariana Pinto dos Santos (assessora científica), acrescentando que pode haver entradas e saídas de obras, mas dentro da mesma lógica expositiva.
Esta Deriva Atlântica tem, aliás, uma óbvia e declarada ambição de ser uma exposição com uma identidade própria, com ideias, com uma marca forte do trabalho de curadoria. A ideia é, mesmo, escapar à dimensão “canónica” da coleção Berardo, fugir à facilidade de exibir uma série de obras agrupadas por estilos/géneros em ordem cronológica. Há uma certa cronologia, mas constantemente questionada com “interferências”, desvios, elementos que provocam reflexão e questionamento. O título da primeira sala até acaba, mesmo, com um ponto de interrogação: É Preciso Ser Cubista? É aí que encontramos a peça mais antiga desta exposição: Tête de Femme, de Pablo Picasso; mas também Amadeo de Souza-Cardoso, Modigliani e Sonia Delaunay.
Um dos desafios da curadoria foi, precisamente, colocar em comunicação, e nem sempre de forma óbvia, obras de artistas portugueses e de outras partes do mundo. Esse objetivo é claro quando se entra na penumbra da sala Sombras Readymade. No meio, numa vitrina, está uma das célebres malas de Marcel Duchamp (Boîte-en-valise série C, 1958), à sua volta, nas paredes, várias sombras de Lourdes Castro. “Com percursos e vidas que nunca se cruzaram, e com abordagens artísticas muito diferenciadas, ambos se fascinaram pela vertigem da reprodução técnica, da fotografia ao readymade, do teatro de sombras ao cinema”, lê-se. Mais à frente, o surrealista “telefone-lagosta” de Dalí convive saudavelmente com a liberdade poética de Cesariny e Mário Botas. O lado Atlântico de Lisboa celebra-se numa exposição que nos leva de Paris a Nova Iorque, com muitos desvios pelo meio, terminando no apelo do Hemisfério Sul. É preciso ser contemporâneo?
A expressão “casos e casinhos”, tão popular no governo de António Costa, parece estar a converter-se em “casas e casinos” e a ganhar proporções que podem ser desastrosas para quem tem a missão de governar e em particular liderar um governo.
Tudo começou com a revisão da “Lei dos Solos” que, grosso modo, abre um mundo de oportunidades para quem é proprietário de terrenos rústicos, muitos deles encravados entre habitações (mas a isso poderei dedicar outra crónica).
Com a eventual lei a permitir aos donos de terrenos classificados como rústicos construir casas, é natural que estes pedaços de terra se apresentem como “terras raras”. Entre estes milhares de proprietários estão, obviamente, políticos (desde presidentes de junta, passando por presidentes de câmara, indo até deputados, secretários de estado, ministros, presidente da República), que, enquanto legais representantes do povo, têm em mãos a votação das alterações ao Decreto-lei.
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Até aqui nada de novo. Afinal, um político pode ser político de carreira ou estar político, mas em qualquer dos casos tem uma vida, um passado, um património. Então o que está a correr menos bem com as “casas e casinos”?
Parece-me simples, mas ao mesmo tempo nebuloso!
Simples porque bastaria ao político, no momento em que veste a pele de político, vender a empresa ou a parte que a sua família direta tem no capital. Uma opção que deveria ser obrigatória por quem é empreendedor e a determinado momento da vida entra na política.
Nebuloso porque vender uma empresa ou participação, só porque se quer abraçar a missão de servir o país, nunca levará a um corte umbilical. Eventualmente se houvesse um período de nojo entre o tempo do convite e a efetiva integração no cargo. Mas, de tão ridícula que é, esta opção nem pode ser colocada em cima da mesa.
O que sobra então? Ter um vai e vem de políticos a justificarem-se perante o eleitor? E quem se disponibiliza para tal? Que político está disponível para expor na praça pública os seus bens, muitos deles herdados?
A história mostra que, em Portugal, político que se expõe, é político que enfraquece. Veja-se o exemplo de Álvaro Santos Pereira, ex-ministro da Economia e do Emprego, que numa tentativa de acabar com os títulos a servirem de nome próprio informou que preferia que o chamassem sempre de Álvaro. A chacota foi instantânea, afinal Álvaro vinha de fora e não conhecia o país.
Voltando ao tema “casas e casinos”, creio que sobra ao primeiro-ministro fazer uma pega de caras e justificar-se aos portugueses. Só assim será e deixará uma marca de confiança num país habituado a que os políticos não abordem detalhes da vida privada.
As declarações de sábado à noite e a manobra de deixar o ónus na oposição, não chega. Luís Montenegro tem que explicar com clareza, as operações da empresa que fundou, depois de a deixar, e clarificar que entregas faz a empresa aos clientes e com que recursos, se todo o funcionamento da empresa e a produção de trabalho for realizada sem a intervenção do primeiro-ministro, tem que reconhecer que a devia ter passado logo aos filhos, fazê-lo agora, e seguir em frente.
Se o funcionamento desta empresa, a sua relação com os clientes, a entrega de trabalho e os recursos humanos que produzem o conteúdo não for clara, o primeiro-ministro perde credibilidade política e fica muito difícil para os portugueses perceberem a independência do governo.
O fruto do morangueiro é um alimento muito apreciado em todo o mundo e utilizado nas mais variadas receitas. Ao natural, no iogurte ou batidos, doces ou compotas, sumos naturais ou apenas com açúcar, o morango possui diversos benefícios nutricionais para o organismo.
Embora seja mais consumido entre abril e agosto, o morango é produzido durante quase todo o ano, sendo os seus maiores produtores mundiais os Estados Unidos, México e China. Em Portugal, as maiores produções de morangueiros ficam no Alentejo, Algarve e Ribatejo. O seu consumo, no entanto, é especialmente recomendado dentro de época, devido à sua riqueza nutricional, que atinge o seu pico. “São uma fruta de fácil preparação e consumo, sendo facilmente integrada em lanches e snacks. Recomenda-se que sejam consumidos dentro da sua época sazonal para que os seus atributos nutricionais sejam mantidos”, pode ler-se na página do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da Direção-Geral da Saúde.
Os morangueiros podem ser divididos em duas categorias, os remontantes – plantas que florescem várias vezes ao longo do ano – e os não remontantes – que florescem apenas uma vez. Existem várias variedades de morangos, facilmente distinguíveis pela vivacidade da cor, sementes e folhas. Destacam-se, por exemplo, a Rociera, Candela, San Andreas e Tudla.
Alguns benefícios do morango:
Baixo em calorias – fruto doce e aromático, o morango tem uma baixa quantidade de calorias – aproximadamente de 5 kcal por morango – e é maioritariamente composto (cerca de 90%) por água. Apresenta, no entanto, um baixo valor energético.
Rico em vitaminas e minerais – rico em potássio, magnésio, vitaminas A, C e complexo B, o morango é um alimento nutricionalmente muito benéfico. A vitamina A, por exemplo, ajuda a melhorar a função cognitiva e ocular. Já a vitamina C ajuda a defender o organismo e a fortalecer o sistema imunitário e a B9 e o potássio promovem a saúde cardiovascular e previnem doenças cardíacas. Os elevados nos antioxidantes presentes na composição do morango ajudam também a prevenir a oxidação celular e o ácido elágico e antocianinas – substâncias que conferem ao morango a cor vermelha – têm propriedades anticancerígenas.
Promovem o trânsito intestinal – as sementes do morango são muito ricas em fibra, o que ajuda a regularizar o trânsito intestinal.
Ajuda a controlar os níveis de açúcar no sangue – para além da fibra, os morangos apresentam um baixo índice glicémico, que contribuem para controlar os níveis de açúcar presentes no sangue.
Rico em ácido fólico – essencial na gravidez, o ácido fólico contribui para o normal desenvolvimento do feto e previne malformações para além de ser essencial na formação dos componentes sanguíneos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, devem ser consumidas diariamente 3 a 5 porções de fruta, o que equivale a 160 g de morangos – cerca de 8 unidades.
Nunca vivemos tanto como agora. Também nunca os cientistas se interessaram tanto pela longevidade? A coisa mais positiva dos últimos anos é que há um interesse grande em puxar a Ciência da longevidade para a prevenção das doenças relacionadas com o envelhecimento. As pessoas querem viver até aos 80 ou 90 anos, mas com qualidade. Já querer puxar a longevidade para os 100 ou os 120 anos… há muita gente reticente e eu incluo-me nesse grupo.
Porquê? Ganharmos todos mais anos saudáveis seria o ideal, mas a Ciência que temos agora não nos permite dizer que esse é um cenário possível. O que está a acontecer é prolongar-se o período da velhice. O que vemos é que a qualidade de vida não acompanha os anos.
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E vemos que continuam a valer as mesmas recomendações para a melhorar. Há cada vez mais pressão para se adotar um estilo de vida que não faz sentido nos dias de hoje, mas já temos fármacos para compensar aquilo que o ser humano nunca evoluiu para ser. Por exemplo, a restrição calórica é uma intervenção que permitiria que a maior parte da população vivesse mais saudável durante mais anos. Ela funciona, mas é incompatível com o estilo de vida da sociedade moderna. Muitas pessoas não têm tempo para se alimentar dessa maneira.
Somos sedentários… Tenho uma avó de 92 anos que foi sempre muito ativa e ainda hoje sobe dois ou três lances de escadas, é impressionante. Tem uma atividade que, acumulada durante o dia, lhe permite atingir o exercício físico necessário.
A alimentação da sua avó era diferente da atual. Sim, e a começar logo pela qualidade dos alimentos. Eles já não são tão saudáveis como pensamos, e temos de ter a noção de que isso impacta o nosso envelhecimento de uma forma drástica. A quantidade que tinham de vitaminas e minerais diminuiu nos últimos 50 ou 100 anos, e muitos têm agora muito açúcar e aditivos. O ser humano não evoluiu para ser constantemente bombardeado com uma série de químicos. Daí que cada vez se notam mais desequilíbrios imunitários mais tarde na vida.
Em termos de longevidade, quais são as linhas de investigação mais promissoras? Embora não se saiba como vão funcionar no ser humano, há quatro intervenções que podem vir a ter algum benefício: a rapamicina e a metformina, que são dois fármacos, a remoção das células senescentes e a terapia anticorpos monoclonais. E há uma quinta, sobre a qual ainda é prematuro falar, mas que é uma hipótese.
A rapamicina já foi testada em animais com bons resultados, não foi? Aumentou a longevidade e a qualidade de vida em todos, mas a aplicação ao ser humano é mais complicada. Esse composto foi pensado para ser utilizado após um transplante, porque inibe o sistema imunitário de rejeitar o órgão, e aí a dose era muito mais elevada do que é necessária para a longevidade.
A metformina também parece ter potencial. Tinha-se notado que em pessoas obesas ou com diabetes tipo 2 também retardava o envelhecimento das células. Em testes com animais, tem efeitos promissores de melhorar a longevidade e a qualidade de vida. O problema é que todos os estudos de humanos foram baseados em indivíduos com uma doença ativa. Portanto, não se sabe se terá efeitos positivos em pessoas saudáveis.
E a ideia de remover as células senescentes, que criam um ambiente inflamatório? Em estudos com ratinhos, a remoção dessas células pode melhorar o processo de envelhecimento. Agora, se isso é algo que nós queremos fazer, se é uma avenida que queremos seguir… Não sabemos, porque parece que essas células também evitam certos tipos de cancros. Com fármacos, nada vem de graça, há sempre efeitos secundários.
Também referiu a neutralização de anticorpos monoclonais Num estudo publicado na Nature [em 2024], uma equipa liderada por uma investigadora de Singapura conseguiu aumentar a longevidade dos ratinhos. O mecanismo básico dessa terapia é reduzir a inflamação de uma forma considerável. Não se sabe se vai melhorar a longevidade humana, mas ela já é usada em várias doenças.
E a quinta intervenção, que disse ser prematuro… Essa é mais hipotética: fala-se de compostos como o Ozempic, que controlam a diabetes tipo 2, em que as pessoas perdem peso e mantêm-se mais saudáveis. Não se conhece o efeito a longo prazo, porque ainda não há estudos com animais, mas com aquele tipo de perfil fisiológico é possível que as pessoas vão ter um impacto claro no envelhecimento.
É um mundo. E há um mercado imenso. Numa conferência em que estive no ano passado, que reuniu investigadores, médicos e donos de startups da área do envelhecimento, encontrei médicos, sobretudo norte-americanos, que queriam aprender sobre a Ciência básica para montar uma empresa e administrar fármacos, como a rapamicina e a metformina, e mais uma série de coisas mais experimentais. As pessoas querem isso. Há uma procura imensa.
Que tipo de pessoas? Um médico disse-me que o caso típico são homens com muito dinheiro, da alta finança, que querem um quick fix [uma reparação rápida] e estão dispostos a pagar seja o que for. E contou-me que também vão a casa das pessoas, por exemplo, mudar o sistema de purificação do ar. É incrível! Acho prematuro, mas ao mesmo tempo interessante. Não me parece que seja o modo certo de o fazer, embora, por exemplo, a metformina possa ser eficaz e os efeitos secundários não são importantes. Estamos num mundo em que as coisas avançam a um ritmo alucinante. Os próximos dez anos vão ser muito interessantes.
Em cima da bancada da casa de banho de Bryan Johnson, no primeiro andar da sua mansão em Los Angeles, há um monte de cremes de beleza e um termómetro. Todos os dias, antes de o despertador tocar pelas 5h da manhã, o multimilionário norte-americano levanta-se, toma os três comprimidos deixados de véspera na mesa de cabeceira e mede a temperatura corporal num ouvido, frente a uma caixa de luz que imita a exposição solar.
O termómetro é pequeno, aparentemente vulgar, e dá o resultado em segundos, vemos no início do documentário Imortal: O Homem que Quer Viver para Sempre (2025). Nada de mais, não fosse o protagonista estar em tronco nu para todos nós apreciarmos a sua boa forma física, pouco habitual numa pessoa com 47 anos, e não o acompanhássemos depois até ao rés do chão virado para o jardim, ao estilo californiano, para assistir à rotina diária que segue meticulosamente.
O documentário Imortal… narra a busca obsessiva do multimilionário norte-americano pela longevidade
Na cozinha, Johnson tem uns frascos com mais 54 comprimidos, incluindo metformina e rapamicina (já lá iremos), que engole com uma bebida a que chama “gigante verde”. Só após uma hora de treino no seu ginásio é que come uma grande travessa de legumes variados e temperados. E a última refeição do dia, uma refeição nutritiva à base de frutos frescos e secos, é tomada logo às 11h da manhã, juntamente com mais 34 comprimidos.
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Pelo meio, e até se deitar, sempre às 8h30 da noite, o homem que se autodenomina “o ser humano mais comedido do mundo” faz uma série de terapias, obedecendo a um protocolo rígido, desenhado pelo jovem médico e investigador britânico Oliver Zolman, que tem um orçamento anual de dois milhões de dólares para tentar reverter o envelhecimento biológico do seu paciente e parceiro de negócios. “Não poderia existir melhor cobaia”, diz Zolman, e rapidamente se percebe porquê.
Quando Johnson anunciou o projeto Blueprint, em outubro de 2021, disse que já tinha resultados para mostrar porque a sua jornada começara um ano antes, ao “despedir” o “Bryan Notívago”. Multimilionário desde que vendera, em 2013, a Braintree, uma empresa de pagamentos eletrónicos, não estava a gozar a sua fortuna de 100 milhões de dólares porque se sentia a caminho de uma morte prematura. Decidira, então, atingir a idade biológica mais baixa possível e estava disposto a fazer sacrifícios.
RECEBER PLASMA DO FILHO
Os primeiros três anos de Blueprint foram passados a dominar o básico: sono, dieta, exercício. Só depois Zolman avançou com as intervenções menos ortodoxas. No documentário, vemos Johnson a ser constantemente monitorizado pela equipa médica e a fazer a sua primeira terapia genética, afirmando que já reverteu a idade biológica em cinco anos. “A minha velocidade de envelhecimento é de 0,69 – ou seja, a cada 12 meses, envelheço oito meses.”
O dia a dia de Bryan Johnson é assumidamente um projeto científico para ver quantos anos vai conseguir manter-se vivo e saudável. Não tem sequer um limite na mira. Cem anos? Cento e vinte? Há um ano, numa entrevista à revista Fortune, disse que a sua própria mortalidade não está em causa. O seu objetivo é provar que os seres humanos têm uma “cláusula de exclusão para o aparentemente inevitável [a morte]” – se estiverem dispostos a afastar-se da norma. “Não sabemos até onde isto [a vida] pode ir. É um fim em aberto.”
Viver mais anos é naturalmente um sonho perseguido por muitos, já há muito tempo, e a tentativa de travar o envelhecimento esteve durante séculos nas mãos de mentes muito criativas. O rodapé que temos nas páginas seguintes faz uma resenha das teorias da longevidade mais estranhas que foram surgindo, desde comer cérebro de macaco até à vasectomia a que Sigmund Freud se submeteu alegadamente para retardar um cancro no maxilar. Uma linha do tempo que termina nos anos 1930, quando um homem chamado Giocondo Protti anunciou ter conseguido rejuvenescer velhos através de transfusões de sangue de dadores jovens.
Luísa Lopes Dois ou três cafés por dia previnem a disfunção cognitiva, lembra a neurocientista que estuda a neurobiologia do envelhecimento
Quase um século mais tarde, Johnson recebeu plasma sanguíneo do seu filho Talmage, hoje com 19 anos, mas Zolman concluiu que não valia a pena. É possível que algumas substâncias existentes no sangue jovem, como a taurina, possam ter um efeito rejuvenescedor, mas o mais provável é ele dever-se à remoção de detritos. Em 2020, investigadores da Universidade da Califórnia, em Berkeley, verificaram esse mesmo efeito quando substituíram metade do sangue de um ratinho velho por albumina (uma proteína do sangue) e uma solução salina. Talvez haja vantagens em filtrar e diluir o sangue mais velho, sugeriram então.
Entre as teorias estapafúrdias com que o Homem andou a tentar enganar a morte ao longo dos tempos, não encontramos a restrição calórica – severa –, a única intervenção que, entretanto, a Ciência demonstrou que poderá ser capaz de retardar o envelhecimento em vários animais, incluindo nos primatas.
Em experiências realizadas com macacos mantidos em restrição calórica desde a década de 80, na Universidade de Wisconsin e no Instituto Nacional do Envelhecimento, nos EUA, verificou-se que têm menos doenças relacionadas com a idade, como cancro e diabetes, e que vivem até mais 20 anos. Em seres humanos, foi já há uma década que se colocou um grupo de voluntários a comer 25% menos do que seria normal, durante dois anos, e os resultados foram animadores, mas manter pessoas a vida inteira numa dieta tão parca não é exequível nem desejável.
O STRESSE DE PASSAR FOME
O próprio Bryan Johnson aumentou a ingestão de calorias ao fim de dois anos (de 1 950 para 2 250), porque perdera tanta gordura, incluindo na cara, que as pessoas começaram a compará-lo com a atriz Tilda Swinton. “Apesar dos excelentes biomarcadores, olhavam para mim e diziam: ‘Este tipo está velho.’ Era uma questão de perceção. Mas também era doloroso para mim, porque estava sempre em défice e com fome”, admitiu.
É sabido que o stresse mental de se estar sempre com fome pode levar à depressão, o exercício físico pode tornar-se impossível e a libido diminui. “A restrição calórica pode acrescentar alguns anos à vida, mas não será uma vida que valha a pena ser vivida”, acredita João Pedro de Magalhães, professor de Biogerontologia Molecular no Instituto de Inflamação e Envelhecimento da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, onde trabalha na reprogramação e no rejuvenescimento das células.
As 4 linhas de investigação mais promissoras (+ 1)
Entre os vários fármacos e terapias que já demonstraram ter efeitos positivos na longevidade e na qualidade de vida de ratinhos, estes são os que têm mais potencial
RAPAMICINA É utilizada como imunodepressor para prevenir a rejeição de órgãos transplantados. Estudos realizados em ratinhos de meia-idade aumentaram o seu tempo de vida saudável em 60%. Ela inibe a enzima mTOR, que acelera a divisão celular. Laboratórios e empresas estão agora a tentar atingir zonas a jusante dessa via para desenvolver medicamentos antienvelhecimento que não deixem o sistema imunitário desprotegido, como acontece com a rapamicina.
METFORMINA É um antidiabético oral indicado para o tratamento da diabetes tipo 2, que foi utilizado pela primeira vez na década de 1950, em França. Chegou aos EUA nos anos 90 e, desde então, os investigadores documentam várias surpresas, incluindo uma redução do risco de cancro. Por ser barato, as farmacêuticas não apostam na investigação que o relacionam com a longevidade. Nos EUA, espera-se financiamento para avançar com o Ensaio TAME, seis anos de ensaios em 14 instituições, envolvendo três mil pessoas, para testar se aquelas que tomam metformina sofrem um atraso no desenvolvimento ou na progressão de doenças crónicas relacionadas com a idade.
REMOÇÃO DAS CÉLULAS SENESCENTES Em estudos com ratinhos, demonstrou-se que remover as chamadas células zombies, que criam um ambiente inflamatório, pode melhorar o processo de envelhecimento. A senescência é um estado em que as células deixam de se dividir, acabando a segregar substâncias químicas que prejudicam as outras à sua volta. O grande senão de as remover é que essas células também evitam certos tipos de cancros.
NEUTRALIZAÇÃO DE ANTICORPOS MONOCLONAIS É uma terapia, já usada em várias doenças, que reduz a inflamação de uma maneira considerável. Num estudo publicado na Nature, em 2024, investigadores descobriram que o bloqueio de uma proteína chamada IL-11 pode prolongar significativamente o tempo de vida saudável de ratinhos em cerca de 25%.
OZEMPIC E SEMELHANTES Os recentes fármacos antidiabéticos, que têm a semaglutida como princípio ativo e atuam também na perda de peso, reduzem a morte por todas as causas. Faz sentido, uma vez que as pessoas ficam drasticamente mais saudáveis, mas ainda não se conhece o seu efeito a longo prazo. A farmacêutica Lilly, que produz um deles, está já a monitorizar várias pessoas, para tentar perceber o seu impacto na longevidade.
E a verdade é que os estudos não são conclusivos. “Existe a hipótese de a restrição calórica não retardar o envelhecimento humano, embora possa ter alguns benefícios para a saúde e proteger contra algumas doenças relacionadas com a idade, em particular o cancro, e possa prolongar ligeiramente o tempo de vida”, escreve o investigador no seu site. “Pessoalmente, só consideraria submeter-me [a ela] se tivesse cancro, e mesmo isso teria de ser cuidadosamente ponderado e discutido com o meu médico.”
RAPAMICINA EM PEQUENAS DOSES
Ainda assim, em cima da mesa dos investigadores encontram-se agora medicamentos que parecem produzir efeitos semelhantes aos da restrição calórica. Não são (ainda?) comprovadamente pílulas milagrosas, mas já há quem os tome off label, por sua conta e risco. É o caso da rapamicina, um imunodepressor utilizado em transplantes de órgãos, e da metformina, um fármaco contra a diabetes tipo 2, que estão a ser estudados com grande afinco [Ver caixa As 4 linhas promissoras (+1)].
Foi já em 2009 que se descobriu que a administração de rapamicina a ratinhos de meia-idade prolonga o tempo de vida em 9% a 14%. Dois anos depois, um estudo com ratinhos mais jovens viu o seu tempo de vida prolongado em 10% a 18%. E, em 2014, num pequeno ensaio clínico, melhorou a imunossenescência (processo de deterioração gradual do sistema imunológico decorrente do envelhecimento natural do organismo) em voluntários idosos.
Há um ano, dados preliminares de um estudo realizado na Universidade do Texas, nos EUA, sugeriram que a rapamicina também funciona nos nossos “primos” saguis. Embora o estudo ainda não tenha terminado, o seu autor principal disse na reunião anual da Associação Americana do Envelhecimento que os animais que receberam o medicamento mostraram um aumento de aproximadamente 10% na esperança de vida.
João Pedro de Magalhães tem colegas investigadores que tomam rapamicina, em pequenas doses. “Eu não recomendo, do ponto de vista profilático, porque tem efeitos imunodepressores”, lembra. “E, realmente, há, por exemplo, pessoas que dizem que têm mais úlceras na boca…”
Quanto à metformina, a comunidade científica está suspensa no arranque de um grande ensaio nos EUA, o TAME, que durante seis anos envolverá mais de três mil indivíduos, entre os 65 e os 79 anos. Na Universidade de Wake Forest, na Carolina do Norte, que será o centro coordenador, aguarda-se que a FDA, o regulador norte-americano do medicamento, reconheça o envelhecimento como uma condição tratável. Se isso acontecer em breve, este ensaio marcará uma mudança de paradigma: passa de tratar cada doença médica relacionada com a idade separadamente para tratar essas doenças em conjunto, visando o envelhecimento per se.
Mais recentes, e ainda a serem falados como uma hipotética boa surpresa na área da longevidade, são os medicamentos para a diabetes que começaram a ser usados contra a obesidade, como o Ozempic, que têm o efeito secundário de fazer perder massa muscular, o que leva habitualmente a uma longevidade mais baixa (referidos na mesma caixa sobre as linhas promissoras). Não consta que a cobaia-Johnson tenha tomado o remédio de emagrecimento da moda, mas a verdade é que faz tratamentos regulares para ganhar volume na cara…
+ SAÚDE IGUAL A + LONGEVIDADE
Certo é que são já várias as “empresas da longevidade” a celebrar contratos de prestação de serviços com clientes que assinam termos de responsabilidade e embarcam em tratamentos que ainda não têm evidências claras em seres humanos. “O caso típico são homens com muito dinheiro, a trabalhar na alta finança, que querem um quick fix [uma reparação rápida] e estão dispostos a pagar seja o que for”, ouviu recentemente Filipe Cabreiro, investigador do Imperial College, em Londres, no Reino Unido, e da Universidade de Colónia, na Alemanha, a um médico norte-americano (Ver entrevista).
Olhar para o que já se provou cientificamente funcionar e tentar alcançar um fim idêntico sem sacrifícios associados é um dos caminhos que os investigadores estão a trilhar, como já se viu. Um outro é o desenvolvimento dos medicamentos que sejam capazes de eliminar as células senescentes, corriqueiramente chamadas “zombies”.
Foto: Zerbor/ Dreamstime.com
Com a idade, os mecanismos de reparação e os meios de eliminação enfraquecem, e essas células acabam a prejudicar as que as rodeiam. Já existem medicamentos senolíticos, que as matam, mas, por enquanto, ainda não se descobriu uma maneira de não afetar todas as outras nesse processo. Até agora, os ensaios clínicos com células senescentes em pessoas não correram particularmente bem.
João Pedro de Magalhães lamenta que não haja tanto dinheiro a ser canalizado para a investigação na área da longevidade como há, por exemplo, para o cancro e as doenças degenerativas. “Vai cem vezes mais dinheiro para o cancro, mas não se consegue ter boa saúde sem aumentar a longevidade, porque as pessoas doentes não duram muito”, lembra, não ironicamente.
PESSOAS MAIS FELIZES
“Se conseguirmos abrandar o envelhecimento nem que seja um bocadinho, terá um impacto a nível de várias doenças. E, pelo menos em modelos animais, em minhocas, já se consegue mudar um só gene e aumentar a longevidade dez vezes. Em ratinhos, consegue-se aumentar a longevidade 50%”, sublinha. “É verdade que existe uma diferença grande para os seres humanos – nos ratinhos, os investigadores passam a vida a curar o cancro, é relativamente simples, a toda a hora!”
Poderá persistir um problema de financiamento, mas a sensação que um leigo tem é a de que nunca se falou tanto, nunca se estudou tanto, nunca se investiu tanto nesta área. Os estudos multiplicam-se nas notícias, os eventos acumulam-se no calendário. Em março, até o Vaticano deverá ter uma cúpula dedicada ao envelhecimento.
Claro que outro caminho, que é potencialmente alcançável pelo comum dos mortais, passa por tentar replicar os bons exemplos – mas se o caro leitor está já a pensar naquele seu avô que fumava um maço de tabaco todos os dias e chegou aos 100 anos, pense antes de mais nada nas ditas zonas azuis, regiões do planeta onde os seus habitantes têm uma longevidade invulgar.
O fenómeno foi identificado pela primeira vez há duas décadas por Dan Buettner, um jornalista norte-americano que andou durante 15 anos a visitar populações que vivem mais do que a média. Depois de ter feito reportagens na região de Nuoro, na Sardenha (Itália), nas ilhas de Okinawa (Japão), na Península de Nicoya (Costa Rica), na ilha de Icária (Grécia) e em Loma Linda, na Califórnia (EUA), Buettner concluiu que as zonas azuis são regiões em que as pessoas vivem saudáveis durante muito tempo, sem serem propriamente comedidas.
“Não têm um estilo de vida de restrições. São pessoas felizes, com um nível de stresse muito baixo, relações sociais muito sólidas, dieta alimentar saudável e sem exageros… São o melhor exemplo de compatibilidade entre o ambiente e a longevidade”, acredita Filipe Cabreiro, que se dedica a estudar a relação entre o microbioma intestinal e a forma como envelhecemos.
Sim, a chamada flora intestinal tem influência na nossa esperança de vida. A ligação entre esses triliões de microrganismos com a longevidade foi desenvolvida há mais de cem anos por um microbiologista russo que criou o termo probiótico para as bactérias do ácido lático. Como não tinha provas para a sua tese, em 1908 escreveu um artigo intitulado O Prolongamento da Vida, a que deu o subtítulo de Estudos Otimistas.
Hoje existem provas para as suas suposições, lembra Cabreiro, nomeadamente de que a saúde e o tempo de vida podem ser drasticamente prolongados se transferirmos o microbioma de um animal mais jovem para um mais velho (através do transplante de fezes). O problema com os humanos é que o nosso microbioma está constantemente a mudar.
“Uma pessoa que esteja a consumir vegetais vai ter um microbioma muito diferente de outra pessoa que coma carne. E, se mudar a sua alimentação, o efeito verifica-se em apenas três ou quatro dias”, explica o investigador. “Para já, vamos começar por criar um conjunto de micróbios dos quais saibamos exatamente o que cada um faz e o que produz.”
Uma das boas notícias que os investigadores insistem em repetir é que há muita coisa que pode ser controlada por nós, os comuns dos mortais. O nosso estilo de vida tem influência direta na longevidade – e, sobretudo, na saúde com que eventualmente chegamos aos anos extra. “Gostávamos de ter um medicamento milagroso, porque somos preguiçosos, falta-nos disciplina, mas temos mesmo de estar atentos aos nossos hábitos de vida”, não se cansa de alertar a neurocientista Luísa Lopes, que estuda a neurobiologia do envelhecimento.
“Vivemos mais anos sobretudo porque conseguimos ganhar às doenças infecciosas, embora tenhamos o cancro e as doenças neurodegenerativas em que o envelhecimento ainda é o maior risco”, lembra a investigadora da Fundação GIMM (Gulbenkian Institute for Molecular Medicine). Mas, “numa perspetiva otimista”, vale a pena sublinhar que em grande parte está nas nossas mãos evitar algumas dessas doenças.
“Há 45% dos fatores de risco para a demência que são potencialmente modificáveis. Ou seja, temos controlo de quase metade”, frisa Luísa Lopes.
É essa a conclusão do mais recente relatório dos peritos que constituem a comissão da revista The Lancet sobre prevenção, intervenção e cuidados com a demência – que no verão de 2024 acrescentou o colesterol LDL elevado na meia-idade e a perda de visão na idade tardia, representando respetivamente 7% e 2% de risco, caso não sejam tratados (Ver infografia 14 Fatores de risco para a demência potencialmente modificáveis).
Também vale a pena lembrar que na demência o fator hereditário é menos de 5%. E que, se não é possível alterar os fatores de risco genético, podemos tentar controlar os riscos de que fala a Lancet.
DAR SENTIDO À VIDA
Luísa Lopes costuma também falar num outro fator de risco que ainda não está estabelecido, mas que tudo aponta para que o seja em breve: o sono. “Temos de combater a ideia de que dormimos quando morrermos. É seguro dizer que a qualidade de sono diminui o risco de demência, mas como temos muitas variáveis, é dificilmente diagnosticável.” Afinal, o sono tem um papel importante na regeneração celular, ao permitir uma “limpeza” do “lixo” no cérebro.
Na secretária do seu gabinete, reparamos num copo de café e lembramo-nos de que publicou um estudo que demonstra haver um recetor ligado à cafeína que altera o risco para a disfunção cognitiva (dois ou três cafés por dia previnem-na, para quem não tem contraindicação).
Para breve, a sua equipa tem para publicação um artigo sobre a disfunção circadiana (distúrbio do sono) como risco para a demência. “No fundo”, resume a neurocientista, “estamos a tentar perceber como podemos melhorar a nossa trajetória cognitiva. Daí a importância dos hábitos de vida, mas também de fármacos como o Ozempic. Novos estudos mostram que ele parece diminuir diretamente a demência, o que pode ser uma linha promissora.”
Noutra zona do GIMM, encontramos Joana Neves e Pedro Sousa-Victor, que estudam paralelamente a modulação imunitária para desenvolver novas terapias baseadas em células estaminais que melhorem a saúde dos idosos, através da medicina regenerativa. Um exemplo de aplicação prática? Nas cirurgias da anca, frequentes nos mais velhos.
Joana Neves e Pedro Sousa-Victor Fundaram um laboratório conjunto porque as células estaminais precisam de um bom sistema imunitário
Neste joint-lab, em que uma equipa de 12 investigadores trabalha no músculo esquelético, o sistema imunitário e as células estaminais têm de caminhar de mãos dadas, explicam. “A capacidade regenerativa dos nossos órgãos decai com a idade”, lembra Pedro Sousa-Victor. “Temos de corrigir o ambiente para que a célula estaminal funcione”, remata Joana Neves.
Todos estes avanços da Ciência para prolongar a longevidade só têm interesse se houver saúde, sublinham os investigadores entrevistados. As projeções das Nações Unidas são impressionantes (Ver infografia sobre a evolução da esperança de vida na Europa), mas convém que a vida tenha sentido, acrescenta a gerontóloga Lia Araújo.
“Quando se fazem estudos com octogenários ou centenários, um dos principais motivos que apontam para querer continuar a viver não é a saúde, são as relações sociais”, sublinha a professora na Escola Superior de Educação de Viseu e investigadora no CINTESIS, onde integra o grupo AgeingC, dedicado ao envelhecimento. “A fonte de propósito e de significado de vida são as pessoas que as rodeiam.”
No seu estudo Will to Live (vontade de viver), alguns dos centenários entrevistados diziam mesmo: “Por mim, não vivia mais”, lembra Lia Araújo. “E a maioria daqueles que queriam continuar a viver tinham amigos e família, diziam coisas como ‘Gostava de ver a minha neta casar’, o que reforça a ideia de que uma vida com qualidade é uma vida com sentido. Antes, falava-se em dar vida aos anos. Agora, fala-se em dar sentido aos anos. Foi um ensinamento.”
Há uma década, a gerontóloga participou no estudo PT100, com centenários portugueses. Em março, vai avançar o PT100 Social Care, um levantamento dos centenários que estão em todas as ERPPI (estruturas residenciais para pessoas idosas) e centros de dia ou têm apoio domiciliário. Lia Araújo e os seus colegas vão saber quantos são, qual é o género, há quanto tempo se encontram naquela resposta social e qual foi o motivo – solidão, condição frágil de saúde?
“Se cultivarmos as amizades, a probabilidade de ficarmos sozinhos em velhos é menor. Já em relação à família, a incógnita é maior, pode não estar nas nossas mãos, sobretudo se mantivermos as taxas de emigração”, alerta a gerontóloga. “Com quem iremos tomar café? A dimensão online vai ser importante nas nossas vidas. Certo é que viver mais anos, mas sozinhos, não vale a pena.”
Mesmo Bryan Johnson encontrou espaço na sua agenda para estar com amigos e, sobretudo, com o seu filho Talmage, que também começou a seguir um protocolo semelhante ao seu. A polémica mais recente, aliás, envolve a camaradagem pai-filho que muitos veem como exagerada – havia necessidade de o multimilionário revelar ao mundo quem tem mais ereções durante a noite?
Os 8 hábitos para viver mais 20 anos
Adotá-los pode adicionar 21 anos de vida às mulheres e 24 anos aos homens – mesmo na meia-idade, concluiu um megaestudo em 2024
Ser fisicamente ativo São vários os estudos que tentam provar uma ligação entre o exercício e a longevidade. Em 2017, investigadores da Universidade Brigham Young, no Utah, EUA, descobriram que, pelo menos, 30 minutos de corrida no caso dos homens e 40 minutos no caso das mulheres, cinco dias por semana, podem retardar o processo de envelhecimento celular, ao ponto de uma pessoa parecer biologicamente nove anos mais nova. A falta de atividade física foi associada a um risco de morte 30% a 45% superior.
Não ter dependência de opiáceos Em causa está um comportamento aditivo e não, por exemplo, a toma de medicamentos para reduzir a dor, por determinação médica. O efeito na longevidade prevista foi estimado entre 30% a 45%.
Não fumar Num estudo publicado em 2017, em que foram analisados registos de saúde de mais de 600 mil pessoas, investigadores do Instituto Usher, em Edimburgo, no Reino Unido, concluíram que, em média, fumar um maço de tabaco por dia reduz a esperança de vida em sete anos. Quem nunca fumou na vida viu a sua longevidade prevista aumentada em 30% a 45%.
Gerir o stresse O stresse prolongado leva à libertação contínua de cortisol, uma hormona que, em níveis elevados, contribui para problemas de saúde cardiovascular, diminuição da resposta imunitária e envelhecimento celular rápido. De acordo com um estudo do Instituto Finlandês para a Saúde e o Bem-Estar, publicado em 2020, o stresse pode reduzir o tempo de vida de uma pessoa em cerca de dois anos e oito meses. Conseguir gerir o stresse foi associado a 20% de longevidade adicional.
Ter uma boa alimentação Um estudo de 2023, liderado por um investigador da Universidade de Bergen, na Noruega, que utilizou a base de dados do Biobanco do Reino Unido, concluiu que a esperança de vida pode aumentar até dez anos após uma mudança sustentada para regimes alimentares mais saudáveis. O efeito foi de 20% na longevidade prevista.
Não beber regularmente álcool em excesso Alguns estudos sugerem que o consumo ligeiro a moderado de álcool pode ter um efeito positivo na longevidade. Em 2018, a neurocientista Claudia Kawas, da Universidade da Califórnia em Irvine, nos EUA, passou 15 anos a analisar a saúde e os hábitos de 1 500 pessoas com mais de 90 anos e descobriu que aquelas que bebiam um a dois copos de cerveja ou vinho por dia tinham 18% menos probabilidade de ter uma morte prematura. Evitar o consumo excessivo de álcool foi associado a 20% de longevidade adicional.
Ter uma boa higiene do sono Em 2024, um estudo publicado na revista científica QJM, que envolveu mais de 170 mil adultos norte-americanos, concluiu que os homens que dormem o suficiente vivem cerca de cinco anos mais do que os que não dormem. Para as mulheres, são dois anos. A higiene do sono foi associada a 20% da longevidade esperada.
Ter relações sociais positivas Qual é uma das principais conclusões de um estudo com mais de 80 anos (e ainda em curso), sobre o desenvolvimento humano na Universidade de Harvard, nos EUA? “A mensagem mais clara que retiramos deste estudo é a seguinte: as boas relações mantêm-nos mais felizes e saudáveis. Ponto final.” Ter boas relações sociais conduziu a um efeito de 5% na longevidade prevista.
Fonte: Impacto de 8 Fatores do Estilo de Vida na Mortalidade e na Esperança de Vida entre os Veteranos dos Estados Unidos, estudo realizado com mais de 719 mil pessoas, publicado no The American Journal of Clinical Nutrition, em2024
Luís Montenegro prometeu fazer um esclarecimento sobre as suspeitas que recaíam sobre a sua vida empresarial, mas acabou por não conseguir ser elucidativo e, muito menos, clarificar o que pretende fazer politicamente.
Perante novas suspeitas sobre a sua atividade empresarial e o avolumar de diversas notícias que precisam de explicação cabal, o que o País esperava do primeiro-ministro era simples e objetivo: uma postura de total e absoluta transparência, através de um discurso claro e direto, sem direito a segundas interpretações, como é exigível numa sociedade democrática, num momento solene como o de um discurso à Nação. Essa exigência aumentou quando, ainda por cima, ele optou por se apresentar nos ecrãs, numa coreografia previamente ensaiada, acompanhado por todos os seus ministros.
Em vez disso, Luís Montenegro optou pela ambiguidade. Ao longo de 20 minutos de comunicação, reafirmou que já deu todas as explicações em relação às suspeitas que o perseguem e anunciou que vai cortar a ligação com as empresas familiares em causa. Depois, falou da família, de forma emocionada, e elencou, pasta a pasta, o que considera serem as maiores “conquistas” do seu executivo. Mas deixou para o fim, naturalmente, a mensagem que queria passar, através de uma frase que é, por si só, quase um lema para uma próxima campanha eleitoral: “A crise política deve ser evitada, mas pode ser inevitável”.
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Ao enfrentar uma crise séria de credibilidade, o primeiro-ministro optou por fazer abanar o fantasma da crise política e a possibilidade de novas eleições antecipadas – que, como já se percebeu, não é a solução desejada por nenhum dos partidos com assento parlamentar.
Só que, apesar da tática ter sido muito ponderada e demoradamente avaliada, não deixou de se revelar também muito trapalhona. De tal forma que, no final do discurso, ninguém ficou a saber se Montenegro pretende mesmo apresentar ou não uma moção de confiança ao Governo, no caso de continuarem a avolumar-se as suspeitas a seu respeito.
A ambiguidade não foi, no entanto, inocente. Ela ajuda a criar incerteza e, dessa maneira, a fazer apontar as culpas sobre quem for o responsável por uma nova e suposta crise política. E, com isso, desviar o debate e as atenções. Com uma dúvida que precisa, no entanto, de ser esclarecida nos próximos dias: a moção de confiança esgrimida por Montenegro é uma arma de destruição massiva ou uma simples manobra de diversão?
Luís Montenegro acha que já deu todas as explicações sobre a sua vida patrimonial e a sociedade familiar. E não vê motivos para sair, quando “a crise política deve ser evitada”, mesmo que diga que não ficará “a qualquer custo” e que, por isso, deverá apresentar uma moção de confiança no Parlamento, se a pressão política se mantiver.
Numa declaração feita ao país em São Bento, às 20h, depois de uma muito curta reunião do Conselho de Ministros, Luís Montenegro vincou que está “em exclusividade” como primeiro-ministro, mas falou longamente sobre os serviços prestados pela Spinumviva, dando até muitos pormenores sobre a atividade da Solverde, uma das empresas que mantêm avenças com a sociedade familiar que criou e cuja quota passou à mulher com quem está casado em comunhão de adquiridos quando chegou ao Governo.
Sem dar novas explicações sobre os clientes da Spinumviva nem apresentar informações que justifiquem a forma como pagou a pronto dois apartamentos no centro de Lisboa por 715 mil euros, mais do que tinha declarado, Montenegro optou por se vitimizar.
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Lembrando os dados que revelou no debate da moção de censura, afirmou que “como já se esperava, estes elementos não foram suficientes”.
“Nunca serão suficientes”, declarou o primeiro-ministro, atacando aqueles que, em seu entender, lançaram “insinuações para que o assunto nunca se encerrasse”.
“Este é um círculo vicioso que muitos desejam e de que muitos não desejam sair”, afirmou Montenegro, defendendo a legitimidade de manter em atividade a empresa, embora passando-a para os filhos, deixando a sua mulher de ser sócia.
“Nada disto tem que ver comigo”, insistiu, dizendo ser “trabalho puro” o que foi feito pela Spinumviva, como consultora, para a qual trabalham dois juristas próximos de Hugo Soares, o seu braço-direito”
“Nunca quem não quer perceber vai dizer que entendeu a explicação”, entende Montenegro, que diz que “ninguém descobriu nada” e que “está tudo” nas suas declarações de interesses, mesmo com as dúvidas suscitadas pela manchete deste sábado do Correio da Manhã.
Para Luís Montenegro, o importante é manter “o país em movimento”, com o que considera serem os bons resultados da sua governação, até porque nada lhe pesa na consciência. “Não pratiquei ninhem crime nem tive nenhuma falha ética”.
“Temos de confiar nas pessoas e nas instituições”, defendeu.